terça-feira, 18 de junho de 2024

Guiné 61/74 - P25655: Timor-Leste, o passado e o presente (7): Vida e morte em Timor Durante a Segunda Mundial, de José dos Santos Carvalho (Lisboa, 1972, 208 pp.)

Capa do livro de José dos Santos Carvalho: "Vida e Morte em Timor Durante a Segunda Guerra Mundial", Lisboa: Livraria Portugal, 1972,  208 pp. (Livro raro, só possível de encontrar em alfarrabistas, ou então no Internet Archive, em formato digital)


1. Mensagem do cor art ref Morais Silva, nosso grão-tabanqueiro nº 784:

Data - 17/06/2024, 20:05 
Assunto - Ai, Timor...

Caro Luís

Estou “assustado" com o quão pouco sei sobre Timor ao tempo da 2ª Grande Guerra.

Leio em:

https://archive.org/stream/VidaEMorteEmTimorDuranteASegundaGuerraMundial/VidaMorteTimor_djvu.txt 

(...) Uma 'coluna negra' formada por timorenses da cidade de Atambua, na parte holandesa, assaltou o aquartelamento da Companhia de Caçadores de Timor, então situado em Aileu.

Ataque traiçoeiro, a coberto do escuro da noite, não permitiu uma defesa eficaz, morrendo, combatendo, os cabos Evaristo Madeira e Júlio António da Costa, os soldados Álvaro Henrique Maher e João Florindo e vários soldados timorenses.

O comandante da companhia, capitão Freire da Costa, que com sua esposa, o médico Dr. Arriarte Pedroso, o secretário de circunscrição Gouveia Leite e o chefe de posto auxiliar António Afonso,  se encontravam reunidos na residência do comandante, suicidaram-se para não caírem nas mãos dos selvagens que atacavam a casa e lançavam fogo às suas dependências, os quais, certamente, os torturariam e sujeitariam aos piores vexames. (...)


2. O Cap António Maria Freire da Costa, será este ex-aluno da Escola de Guerra,  incorporado em 1917 para Infantaria, e natural de Lisboa: 



3. Vou ter que ler este livro “Vida e Morte em Timor durante a Segunda Guerra Mundial” de José dos Santos Carvalho , médico que se encontrava a prestar serviço em Timor quando se deu a invasão japonesa durante a segunda guerra mundial. 


Além de ser uma descrição emocionada das atrocidades ali­ cometidas, este livro é também uma homenagem a todos aqueles, Portugueses e Timorenses, que resistiram à ocupação, muitas vezes com o sacrifí­cio da própria vida, unidos numa causa comum - a libertação de Timor. 

Como médico, o autor incluiu também as suas notas sobre a situação sanitária no território, durante e após a invasão.

Ab, MS

P.S. Estou a editar o texto que enviarei quando pronto


4. Comentário de LG:

Obrigado, amigo e companheiro destas lides...

Há que aprender e cultivar a nossa memória até ao fim...Eu, que fui para a rua, a favor do direito dos timorenses à autodeterminação, também não sabia nada (ou quase nada) sobre a história deste povo e do seu amor à liberdade e a Portugal...

Tenho um amigo, beirão, da Malcata, Sabugal, o Rui Chamusco (agora também ele membro da Tabanca Grande) que lá vai desde 2016, e que tem um projeto solidário nas montanhas de Liquiçá. Foi ele que me despertou para esta gesta de dor, sofrimento, luta, morte e resistência, nomeadamente na II GG (com a ocupação japonea) e sobretudo depois a partir de 1975 (com a ocupação imndonésia)...

Mas ele também não sabia nada dos bravos portugueses, timorenses e australianos, que resistiram nas montanhas entre 1942 e 1945...

E depois temos, os 23 militares portugueses que estiveram presos dos indonésios, mais recentemente, em 1975/76, incluindo o seu camarada de armas, o cor inf 'cmd' António Ivo do Nascimento Viçoso, já falecido em 2008, e que em 1999, "23 anos depois", lá "abriu o livro", dando uma entrevista ao "Público"...

https://www.publico.pt/1999/10/04/jornal/comandante-militar-em-dili-foi-carcereiro-de-portugueses-124568

Vamos partilhando informação. Se nós sabemos pouco de Timor, o que diremos dos nossos filhos e netos ?

Um abraço, Luis
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Nota do editor:

1 comentário:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

A propósito deste alegado suicídio coletivo... Pode um militar cometer suicídio ? Ou tem de lutar até à última gota do seu sangue ? Como é que o exército na altura classificou o gesto do capitão Freire da Costa ? Há heroísmo no suicídio altruista, ou não ?

Freire da Costa optou pelo suicídio, seu e dasua mulher, tal como os seus demais companheiros de ocasião... Não sabemos pormenores, não terá havido testemunhas... Mas deixou 200 homens sem comando... Terá sido um suicídio altruista, egoista ou anómico ?

No código dos samaurais a vergonha, a derrota, pagava-se com o suicídio...