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segunda-feira, 25 de julho de 2016

Guiné 63/74 - P16329: Notas de leitura (862): “Capitães do Fim… do Quarto Império”, por António Inácio Nogueira, Âncora Editora, 2016 - Para entender a pátria exausta: os Capitães do Fim do Império (3) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 15 de Julho de 2016:

Queridos amigos,
Porventura são estes testemunhos na primeira pessoa a matéria mais aliciante para o leitor que foi combatente, pela diversidade, pela sinceridade, pelo feliz entrosamento entre a memória e um distanciamento que não deixou rancores.
O livro de António Inácio Nogueira merecia andar pelas mãos de todos. Estes jovens capitães, salvo melhor opinião, são um inequívoco termómetro da atmosfera que se vivia em muitos pontos da Guiné, são testemunhos que não iludem a desmotivação, a descrença, o salve-se quem puder. A despeito deste estado de espírito, é impressionante como a generalidade destes jovens capitães sentiu a responsabilidade do mando e a vontade de trazerem todos os seus homens nas melhores condições físicas e psíquicas. E muitos não escondem o orgulho de isso ter acontecido, ou quase.

Um abraço do
Mário


Para entender a pátria exausta: os Capitães do Fim do Império (3)

Beja Santos

O livro “Capitães do Fim… do Quarto Império”, por António Inácio Nogueira, Âncora Editora, 2016, é o mais minucioso olhar até hoje lançado àqueles a quem depreciativamente se chamavam os capitães proveta, naquele dado momento em que nos batalhões os oficiais do quadro permanente se cingiam ao comando e por vezes à CCS, aquelas centenas de jovens de oficiais que tinha sido aprovados nos cursos de comandantes de companhia, dados em Mafra passaram a ser os executantes operacionais por excelência.

Na análise que temos estado a efetuar, abordou-se a síntese que o autor nos dá sobre o enquadramento histórico e político da guerra, os modos de seleção e formação dos jovens capitães, passou-se em revista textos autobiográficos de cinco desses jovens capitães e entrou-se num importante capítulo abarcando cerca de três dezenas de testemunhos na primeira pessoa. Obviamente que nos cingimos ao que se escreve sobre a Guiné, sem prejuízo, é dito insistentemente, que o documento é suficientemente importante para ser lido do princípio ao fim por qualquer combatente de qualquer dos três teatros de guerra.

Vejamos o que nos diz José Fernando Real Magalhães Mendes que embarcou para a Guiné em Setembro de 1971 e deixou Bissau em Dezembro de 1973. Depois do 25 de Abril, ligou-se à LUAR e até se envolveu no assalto à Embaixada de Espanha. Teve pressão e recompôs-se, acabou os estudos e foi para advocacia. Ofereceu-se como voluntário, fez estágio em Angola na zona dos Dembos. Coube-lhe Bajocunda na Guiné. Investiu na população, andou nos trabalhos de reordenamento. Não esconde que de vez em quando investia pelo Senegal adentro para trazer vacas, pagava sempre, a contrapartida era o médico e o enfermeiro tratarem a população. “Um dia veio um sujeito muito atrapalhado dizer que tinha a mulher grávida e estava muito mal. Eu fui com o pelotão do alferes Sequeira ao Senegal. Fomos até lá, levámos o furriel enfermeiro e depois pedimos uma evacuação para junto da fronteira, o furriel enfermeiro disse que a mulher ia morrer se não fosse tratada. Veio um helicóptero e levou-a para Bissau, soube depois que ela se safou e o filho também, isso caiu muito bem na população”. Permaneceu em Bajocunda os 27 meses. Guarda na memória alguns aspetos chistosos:
“Quando saiu legislação que nos permitia entrar no quadro permanente, o comandante do batalhão chamou-me: 
- Ó Mendes, saiu agora uma lei… Você frequente lá aquilo não sei quanto tempo, é promovido ao quadro. Você tem capacidade, aproveite. 
Apresentou-me um papelinho e eu respondi: 
- Meu comandante, vou pensar. Nesse dia reuni os meus alferes todos, mandei vir uma garrafa de uísque, rasguei o papel e peguei-lhe fogo. 
Mais tarde disse: 
- O meu comandante desculpe, mas quero acabar o meu curso de Direito. 
- É uma pena para si, é uma boa carreira – retorquiu ele”.

Confessa que cometeu muitos erros, por ser muito novo.

José Manuel Nunes Marques fez estágio na Guiné, em Aldeia Formosa, era já licenciado em Engenharia Civil. Esteve em Cumbijã, depois Nhacobá. “Não me aconteceu rigorosamente nada, mas vi muita gente morrer”. Viveu uma situação disciplinar tumultuosa em Bolama, acabou por ir parar a Jemberém. Um dia, pelas três da manhã, chegou uma comunicação encriptada para abandonar Jemberém, foram para Cacine. A desmotivação era enorme, ninguém estava para arriscar a vida. Seguiu-se um alto de averiguações pelo modo como se tinha feito a desocupação de Jemberém, ficou tudo abafado, o castigo foi tirarem-lhe o comando da companhia. Nas novas funções, andou a fazer entrega de vários aquartelamentos ao PAIGC.

Há um capitão que foi depois coronel, Luís de Jesus Ferreira Marcelino, esteve na Guiné entre Junho de 1972 e Agosto de 1974. Ingressou na GNR mais tarde, terminou a sua carreira como coronel, Chefe do Estado-Maior da Brigada de Trânsito. No comando de uma companhia independente percorreu diversos sítios da Guiné: Aldeia Formosa, Mampatá, Colibuia. Não esquece a vida em tabanca, as missões humanitárias, o reordenamento das populações. Manuel da Silva Ferreira da Cruz teve uma vida difícil em Cobumba, antes da incorporação fez estágio como engenheiro técnico de química e depois de 1974 reiniciou a sua vida profissional numa empresa da indústria de plástico. Fez estágio no Leste de Angola, o IAO realizou-se em Bolama, seguiu-se Mansambo no Leste, participou numa operação gigantesca e depois seguiu para Cobumba, que o PAIGC classificava como zona libertada, houve inúmeros ataques. Dá relevo a um episódio passado durante uma visita do Comandante do COP 4 à sua Companhia. O oficial disse-lhe que “a companhia não apresentava ações e contactos significativos com o IN, que deveria ativar mais a companhia, já que os soldados deveriam estar preparados psicologicamente para morrer, se necessário fosse – tudo dito assim a frio”. Ao que Ferreira da Cruz retorquiu que iria chamar o pessoal e que ele, enquanto comandante, lhe transmitiria esta mensagem. Ao que o comandante do COP 4 respondeu: “Não, não é assunto urgente”.

Ainda há mais histórias, conto abreviadamente. Marcos António Blanch da Fonseca Dinis foi colocado em Piche, a seguir ao 25 de Abril a sua guerra foi de papel e polícia, a impedir roubos nas lojas. Nuno Álvares da Graça Matias Ferreira considera-se um privilegiado, não teve nenhuma experiência de guerra, era licenciado em Direito, foi delegado do procurador da República da Guiné, Fidélis Cabral Almada pediu-lhe para ficar até ao último dia. Óscar António Soeiro Soares andou por Caboxanque, Cadique e outras paragens. “No aquartelamento de Caboxanque, em 6 meses, sofri 14 ataques com artilharia. Tentava responder, mas os nossos morteiros tinham menor alcance que os canhões sem recuo deles. Era só para fazer barulho”. Em Bissau, participou na detenção do General Bettencourt Rodrigues. “Ouvi o Bettencourt nas telecomunicações, na noite de 24 para 25 perguntar ao chefe da PIDE: que unidades é que temos do nosso lado? E o da PIDE respondeu: que eu saiba nenhuma”. Raul Manuel Bivar de Azevedo andou pelo Chão Felupe. Rui Jorge Martins Pedro e Silva foi um dos capitães da operação “Grande Empresa”.

Há notas avulsas, o nosso confrade Vasco da Gama é um dos contadores. Aqui chegamos ao fim de um trabalho de doutoramento, alguém que andou à procura dos Capitães do Fim passados mais de 40 anos do seu regresso da guerra.

Uma história muito bem contada que deve ser por todos conhecida.
____________

Nota do editor:

Vd. postes anteriores de:

18 de julho de 2016 > Guiné 63/74 - P16314: Notas de leitura (859): “Capitães do Fim… do Quarto Império”, por António Inácio Nogueira, Âncora Editora, 2016 - Para entender a pátria exausta: os Capitães do Fim do Império (1) (Mário Beja Santos)
e
22 de julho de 2016 > Guiné 63/74 - P16325: Notas de leitura (860): “Capitães do Fim… do Quarto Império”, por António Inácio Nogueira, Âncora Editora, 2016 - Para entender a pátria exausta: os Capitães do Fim do Império (2) (Mário Beja Santos)

quarta-feira, 4 de março de 2015

Guiné 63/74 - P14320: Inquérito online: resultados finais (n=112): três em cada quatro reconhece que mudou muito, fisica e/ou psicologicamente


Resultados finais da última sondagem (que decorreu, "on line", de 25/2 a 3/3/2015)


1. Recorde-se a nossa pergunta, de 25 de fevereiro último (*):

Camaradas, será que mudámos assim tanto, física e psicologicamente, ao fim destes 40/50 anos ?... Ao ponto de um irmão e camarada (Manuel Carvalho) não conseguir reconhecer outro irmão e camarada (o Carvalho de Mampatá, o Toni), numa foto de agosto de 1974 ? Vd. poste P14296 (*).

2. Total de respondentes: 112.

Resultados finais da sondagem: "Ao fim destes 40/50 anos, mudei muito, física e psicologicamente " (Resposta múltipla) 

1. Sim, mudei muito > 37 (33%)

2. Mudei muito fisicamemte > 53 (47%)

3. Mudei muito psicologicamente > 39 (35%)

4. Não, não mudei muito > 29 (26%)

5. Não mudei muito fisicamente > 18 (16%)

6. Não mudei muito psicologicamente > 29 (26%)

7. Não sei > 2 (2%)

Votos apurados: 112
Sondagem fechada em 3/3/2015

3. Alguns comentários de camaradas da Tabanca Grande (**)

 (i) Eduardo Santos

Olá caro (s) amigo (s). Em resposta ao vosso inquérito, é evidente que, no meu caso pessoal, a resposta está nos pontos 2 e 3: mudei muito física e psicologicamente. Para o melhor, mas também para o pior.

É a lei normal da vida, o que não impede que ainda hoje sinta uma certa nostalgia desses tempos. Era o auge da vida, convém lembrar. Não concordando politicamente com o Governo de então, limitei-me a cumprir a minha obrigação (imposta) para com o país. Sinto dever cumprido, não fugi como muitos, arrostei com o que foi necessário. Fiz mais de 22 meses na Guiné como 1º cabo entre 1967/69. Conservo com muito orgulho um louvor que me foi outorgado como militar distinto, com um sentido de profissionalismo (era operador cripto) elevado e exemplo a seguir (era da praxe dos louvores de então).

Para todos os meus ex-camaradas um abraço amigo. Eduardo

(ii) Leão Varela

Olá, Amigos e Camaradas: Achei piada a esta sondagem bem como aos comentários complementares...

Oh! Amigo e Camarada Luís Graça, achas que passadas mais de 45 Luas (no meu caso) que não mudei muito?  Claro que mudei... não muito, mas mudei...principalmente fisicamente (o contrário só se tivesse sido "embalsamado" aos 30 anos e agora "ressuscitado").

Contudo, acho que psicologicamente a mudança - até à data - não foi muito acentuada (salvo quanto a uma maior dificuldade em fixar e relembrar-me nomes e fisionomias - o que aliás, diga-se, foi quase desde sempre um defeito muito meu)...pois continuo o mesmo Varela com os seus pontos fracos e fortes mas sempre com os mesmos valores que sempre me pautaram - quer na guerra quer na paz - e que herdei dos meus saudosos pais e que fui adaptando e actualizando a cada momento da minha vida.


(iii) Carlos Milheirão

Acho pertinentes as questões postas. De um modo ou de outro, todos mudámos tanto física como psicológicamente. No que me diz respeito, se não fossem as rugas, as cãs e, como é óbvio, as manchas da velhice, podia considerar-me igual ao outro eu de 1973/74.

Mantenho e tenho mantido ao longo dos anos, as mesmas medidas de roupa. O peso andou sempre nos 65/70 kg. Quanto à parte psicológica, a juventude intelectual ainda por cá mora apesar de ter sofrido algumas (poucas) restrições. Pelo menos assim o penso porque, de vez em quando, ainda gosto de fazer as minhas incursões na noite com alguns amigos. Cantam-se uns fados e bebem-se umas "bazukas".

Abraço a todos os Tabanqueiros, Carlos Milheirão

 (iv) Luís Marcelino

Caríssimo camarada Luís Graça: É com muito prazer que participo na sondagem, para dizer: 4. Não, não mudei muito; 5. Fisicamente também não mudei muito; 6. Não mudei muito psicologicamente

Um abraço, Luis Marcelino

(v) Carlos Vinhal 

Caro Luís:  Quando respondi ao inquérito, fui o segundo a dizer que tinha mudado muito. Folgo por a rapaziada se estar a aproximar do meu ponto de vista. Somo já quase um terço dos respondentes. É que,  se somarmos o aspecto físico com a inevitável alteração psicológica, a verdade andará pelos 80%. Atendamos a que mesmo entre os que cumpriram a sua comissão só em Bissau havia muitos (inexplicavelmente?) apanhados do clima.

28 de fevereiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14309: Pensamento do dia (21): Por que é que este blogue é tão importante para os ex-combatentes (Torcato Mendonça)... E por que é que eu me sinto tão bem ao pé deles... (Jorge Rosales)

27 de fevereiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14307: (Ex)citações (263): Eu respondi à sondagem "4. Não, não mudei muito"... Mas acho que mudei, não sei se para melhor, se para pior (Hélder Sousa, ex-fur mil, trms TSF, Piche e Bissau, 1970/72)

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Guiné 63/74 - P14291: Fotos à procura de... uma legenda (53): Os "Unidos de Mampadá", à despedida, em Nhala, em agosto de 1974... (António Murta / António Carvalho / José Manuel Lopes)


Foto 1A


Foto 1B


Foto 2A


Foto 2B

Guiné > Região de Tombali > Nhala (a nordeste de Buba) > 1974 > Agosto de 1974 >  Os "Unidos de Mampatá", em final de comissão, foram despedir-se dos "periquitos" de Nhala (2ª CCAÇ/BCAÇ 4513)... Recorde-se que a CART 6250 foi mobilizada, pelo RAP 2, partiu para o TO da Guiné em 27/6/1972 e regressou em 24/8/1974. Esteve em Mampatá e Ilondé.Comandante: cav mil inf  Luís de Jesus  Ferreira Marcelino, nosso grã-tabanqueiro.

Fotos (e legenda): © António Murta (2015). Todos os direitos reservados [Edição: LG]


1. Comentário do António Murta (*) [ex-alf mil inf , Minas e Armadilhas, 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513. Aldeia Formosa, Nhala e Buba, 1973/74]

Olá, José Carlos [Gabriel]. Então não te lembras do rapazinho do saco da TAP? Era o Alf Capelão e chegou a ir várias vezes a Nhala em diligências do seu ofício, sujeitando-se às partidas escabrosas dos alferes anfitriões.

Não recordo o nome dele, nem da maioria dos que aparecem nas fotos, embora me lembre de todos. Agora sei os nomes do António Carvalho (camisa aberta, cinturão, cigarro na boca), e do José Manuel Lopes (à esquerda, camisola azul, bigodinho), porque os encontrei aqui na Tabanca Grande. 

Já quanto ao Alf Carlos Farinha, (por trás à esquerda, de óculos escuros, a esconder-se do fotógrafo, aliás, todos os alferes ficaram na parte de trás do grupo), quanto a ele, dizia, nunca me esqueci do seu nome nem do seu rosto, porque chegámos a ser parceiros de "quarto", aquando da minha estadia em Mampatá com o meu Grupo de Combate. 

O Capelão, confesso, não sei se pertencia à CART 6250 de Mampatá. Que eram todos camaradas magníficos, não tenho dúvidas, Cap Luís Marcelino incluído, também ele camarada tabanqueiro.

António Murta (ou só Murta, para os conhecidos!)

22 de fevereiro de 2015 às 00:35 


2. Comentário do António Carvalho (*) [ex-Fur Mil Enf da CART 6250/72, Mampatá, 1972/74]

Com referência à 2ª foto [2A e 2B]

Na cabine do Unimog: o Zé Manel, da Régua, na frente, de calções às riscas;  e, por trás, o Nina (Mecânico). [Foto 2A]

Entre as Bandeiras: na frente o levanta-minas (Vilas Boas) , de óculos, sentado [Foto 2A]; por trás,  o Vieira da Madeira, de cigarro na boca e bandeira na mâo; por trás deste, o Carlos Farinha (só se lhe vê a cabeça) era o Alferes que substituía o Capitão [Foto 2A].

À direita das bandeiras ( da esquerda para a direita): Quarto da frente, Rato (de camisola vermelha), eu (de camisa camuflada, calças nº 1 e chinelos de dedo), o capelão do Batalhão e o Simões (professor da companhia) [Foto 2B].

Sete de trás: Benvindo ?  Transmissões? Alferes do Pel Caç Nat,  Pinto... O rapaz da camisa à Jimmy Hendrix, seria o  Murta? Alferes Esteves, de Mirandela e o Fernandes de Lisboa (cigarro na mão esquerda) [Foto 2B] (**)

Carvalho de Mampatá

22 de fevereiro de 2015 às 03:37


3. Poema do Josema [José Manuel Lopes], já aqui publicado há uns largos atrás, e onde se evocam alguns dos supracitados "Unidos de Mampatá" (***)... 

[Na altura, em março de 2008, ainda não o conhecia pessoalmente, falávamos ao telefone... Dele escrevi que se tratava de "uma voz muito original, pessoal, uma surpreendente revelação da escrita poética sobre a guerra colonial na Guiné".] (LG]

Calor, cansaço, suor,
saudades de tudo
e de um rio...
mas podia ser pior,
pois há ali o Corubal
com sombras e água boa;
nem tudo é mau, afinal,
não é o Douro, eu sei,
nem o Tejo de Lisboa,
são outros os horizontes,
falta o xisto e o granito,
as encostas e os montes,
mas diga-se, na verdade,
há o Carvalho, 
há o Rosa,
há um hino à amizade,
há o Gomes e o Vieira,
a sonhar com a Madeira,
há o Farinha e o Polónia,
gestos [d]e solidariedade,
há o Esteves e o Pinheiro,
amigos e sinceridade,
há o Nina e até amor,
também sofrimento e dor,
há o desejo de voltar
e um apelo à liberdade.

Josema

Mampatá, 1974


[fixação de texto: LG]
________________


(**) Último poste da série > 15 de fevereiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14261: Fotos à procura de... uma legenda (52): a boeira, de Candoz, também conhecida por alvéola ou lavandisca, noutros sítios (Luís Graça)

(***) Vd. poste de 28 de março de 2008 >  Guiné 63/74 - P2694: Poemário do José Manuel (5): Não é o Douro, nem o Tejo, é o Corubal... Nem tudo é mau afinal.... Há o Carvalho, há o Rosa...

Para ter acesso à maioria dos poemas publicados (série "Poemário do José Manuel"), vd  poste de 29 de setembro de  2009 > Guiné 63/74 - P5033: Poemário do José Manuel (30): O sol queima em Colibuia...

Vd. ainda poste de 27 de fevereiro de 2008 >  Guiné 63/74 - P2585: Blogpoesia (8): Viagem sem regresso (José Manuel, Fur Mil Op Esp, CART 6250, Mampatá, 1972/74)

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Guiné 63/74 - P13814: Parabéns a você (806): Para o camarada Luís Marcelino, com um obrigado pelo acolhimento em Mampatá (António Murta, ex-Alf Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513/72)



Colibuia, 10JUN73(74?) - Em baixo, a partir da esquerda: (i) Cap Mil João Luís Brás Dias, CMDT da 1.ª CCAÇ - Buba; (ii) Cap Mil Joaquim M. Guerreiro Dias, CMDT da 3.ª CCAÇ - Aldeia Formosa, faleceu em Agosto de 2013;  (iii) Cap Mil Luís Marcelino, CMDT da CART 6250/72 - Mampatá, integrada no nosso Batalhão; e (iv) Alf Mil António Murta, CMDT do 4.º Pel /2.ª CCAÇ - Nhala.  Atrás, um Tenente do QP, de quem não recordo o nome, que ainda conheci com o posto de Sargento-Ajudante. Excelente pessoa e muito bonacheirão.

Fotos (e legendas): © António Murta  (2014). Todos os direitos reservados [Edição de CV]



1. Mensagem do nosso camarada e futuro tabanqueiro, António Murta, ex-Alf Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513/72, com data de 23 de Outubro de 2014:

Camaradas Carlos Vinhal e Luís Graça:

No próximo dia 28 do corrente é o aniversário do camarada Luís Marcelino, ex-CMDT da CART 6250/72 de Mampatá, 1972-74.

Tinha o maior gosto em dar-lhe os parabéns e oferecer-lhe uma fotografia que lhe fiz nesses tempos longínquos. Será um óbice o facto de eu ainda não ter integrado a Tabanca? Mas eu gostava...

Não sei se ele se recordará de mim, mas eu não o esqueci nem o acolhimento que me deu aquando da minha breve passagem por Mampatá.

O mesmo direi em relação ao camarada ex-Alf Mil Carlos Farinha, (também ele tabanqueiro), de quem me separei abruptamente por ele ter sido ferido em combate.

Tínhamos dormido no mesmo "quarto" na noite que antecedeu esse dia azarado.

Oportunamente penso entrar de novo em contacto convosco - estou a organizar papéis e fotografias - para disponibilizar ao Blog todo o meu álbum que, "enterrado" no meu disco externo, não aproveita a mim nem a ninguém. Qualquer dia dá-me uma "malacueca" e...

Depois precisarei de uma dica para saber a forma mais prática de enviar isso.

Caríssimos Luís Graça, Carlos Vinhal, e demais obreiros da prestigiada e Monumental Tabanca Grande, aceitem um grande abraço de reconhecimento do

António Manuel Murta Cavaleiro,
ex-Alf Mil Minas e Armadilhas da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513
Aldeia Formosa-Nhala-Buba, 1973-74
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Nota do editor

Vd. último poste da série de 28 de Outubro de 2014 > Guiné 63/74 - P13813: Parabéns a você (805): Jorge Fontinha, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 2791 (Guiné, 1970/72) e Luís Marcelino, ex-Cap Mil, CMDT da CART 6250 (Guiné, 1972/74)

Guiné 63/74 - P13813: Parabéns a você (805): Jorge Fontinha, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 2791 (Guiné, 1970/72) e Luís Marcelino, ex-Cap Mil, CMDT da CART 6250 (Guiné, 1972/74)


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Nota do editor

Último poste da série de 21 de Outubro de 2014 > Guiné 63/74 - P13773: Parabéns a você (804): Manuel Moreira de Castro, ex-Soldado Atirador da CCAÇ 2315 (Guiné, 1968/69)

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Guiné 63/74 - P13565: Convívios (621): Encontro do pessoal da CART 6250, realizado no dia 24 de Agosto de 2014 em Leiria (Luís Marcelino)

CONVÍVIO ANUAL DO PESSOAL DA CART 6250/72
REALIZADO NO PASSADO DIA 24 DE AGOSTO DE 2014 EM LEIRIA



1. Mensagem do nosso camarada Luís Marcelino (ex-Cap Mil, CMDT da CART 6250/72, Mampatá, 1972/74), com data de 1 de Setembro de 2014:

No passado dia 24 de Agosto, realizou-se o convívio anual da CART 6250/72, desta vez para comemorar o 40.º ano do regresso da Companhia da Guiné que ocorreu precisamente a 24 de Agosto.

O convívio foi realizado em Leiria, depois dos ex-militares se terem concentrado em Fátima, onde participaram na Missa.

Estiveram presentes um número significativo de militares, acompanhados por suas famílias, vivendo-se momentos de muita descontração, alegria, e confraternização.

O almoço, que consistiu em porco no espeto, foi bem regado pelos melhores vinhos das regiões dos presentes e adocicado com uma excelente variedade de bolos regionais.

Houve muita música que exteriorizou a alegria dos presentes.




Como tem sido hábito, houve muita animação, da responsabilidade de vários ex militares presentes, preenchendo agradavelmente o tempo do convívio.

A terminar, foi partido o bolo comemorativo.





No final, ficou a convicção de que todos se divertiram e a vontade de prosseguir, no futuro, com estes convívios, ficando já decidido que para o próximo ano, iremos até à Bairrada.

Um abraço
Luís Marcelino

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Nota do editor

Último poste da série de 2 de Setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13559: Convívios (620): O próximo Encontro da Magnífica Tabanca da Linha será no dia 11 de Setembro de 2014, na estrada do Guincho, em Cascais (José Manuel Matos Dinis)

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Guiné 63/74 - P6752: Convívios (261): Encontro do pessoal da CART 6250 "UNIDOS" DE MAMPATÁ (Luís Marcelino)

1. O nosso Camarada Luís Marcelino (ex-Cap Mil, CMDT da CART 6250/72, Mampatá, 1972/74), enviou-nos uma mensagem dando-nos notícias da festa da sua Companhia, em 13 de Julho de 2010:


ENCONTRO DOS "UNIDOS" DE MAMPATÁ


Tal como em anos anteriores, os militares da CART 6250 fizeram festa este ano.

Foi no dia 10 de Julho e realizou-se em Paços de Ferreira, em casa do Alfredo Barbosa da Silva.

O encontro começou cedo.

Pelas 11 horas já tinha chegado um número apreciável de elementos.

Acompanhados de familiares, o encontro contou com 42 ex-militares.

O número de participantes foi bastante numeroso e todos estavam imbuídos do já tão habitual sentimentos de fraternidade e grande amizade.

Estiveram caras novas, já que compareceram pela primeira vez.

Outros, que anteriormente não faltavam a um encontro, não compareceram por qualquer razão.

Um deles, infelizmente não pôde estar presente por nos ter deixado definitivamente.
Foi o Napoleão.

Um homem que em vida e nestes encontros, dava nas vistas pela sua boa disposição e grande alegria que a todos contagiava.


Mas a esposa e filha quiseram estar presentes para o lembrar, entregando uma foto a todos os presentes.

Com muita emoção fizemos-lhe uma singela homenagem.

A festa durou toda a tarde.

O almoço partilhado estava muito variado, tendo cada um apresentado a sua melhor especialidade gastronómica para encanto de todos.

Não faltou a animação musical que a todos envolveu, ajudando a criar um ambiente de alegria e divertido.

Terminado o Encontro ao fim da tarde, já ficou marcado o próximo, que se realizará em Santo Tirso no ano de 2011.

Um abraço de muita estima e amizade.
Luís Marcelino
Cap Mil, CMDT da CART 6250
____________
 

Notas de M.R.:

Vd. último poste desta série em:

8 de Julho de 2010 > Guiné 63/74 - P6693: Convívios (175): Convívio do pessoal da CCAÇ 2701, Saltinho, 1970/72 (Mário Migueis)

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Guiné 63/74 - P5887: Os Unidos de Mampatá, por Luís Marcelino, ex-Cap Mil da CART 6250/72 (Mampatá, 1972/74 ) (4): Actividades desenvolvidas

1. Mensagem de Luís Marcelino (ex-Cap Mil, CMDT da CART 6250/72, Mampatá, 1972/74), com data de 7 de Fevereiro de 2010:

Caríssimos editores e amigos,
Junto envio um apontamento mais da CART 6250
Um abraço


OS UNIDOS DE MAMPATÁ (4)

Olá Luís, demais editores e amigos tertulianos.

Neste início de ano de 2010, desejo a toda a família da Tabanca Grande muitas alegrias e profícuas realizações.

Após um longo período de ausência venho aqui, uma vez mais, trazer outro apontamento do dia a dia da CART 6250 de Mampatá, relatando sinteticamente algumas das actividades desenvolvidas.


ACTIVIDADES DESENVOLVIDAS

Como é sabido, a actividade em campanha não se esgotava nos patrulhamentos e demais trabalhos de caris operacional.

Sendo aquela a actividade principal, outras tarefas preenchiam o nosso tempo, tornando-o mais agradável, motivante e interessante.
Assim, o tempo extra-operacional era dedicado ao desporto, actividades recreativo-culturais, concursos de trabalhos manuais festivais...

Enfim, várias iniciativas que visavam preencher o tempo com vista a tornar mais suave a ausência das famílias e desanuviar a tensão do dia a dia da actividade operacional, sempre muito exigente e stressante.

Mas o apoio à população era também uma preocupação sempre presente que se manifestava de diversas formas: fornecimento de transporte, apoio sanitário, apoio alimentar, e sobretudo apoio na cultura/educação, através do ensino pré-primário e primário.

Quando chegámos já havia uma escola onde era ministrado o ensino primário.
Porque a existente já era insuficiente para as necessidades daquela povoação, por ordens superiores, iniciámos ainda em 1972, ano da nossa chegada, a construção de uma nova escola, que concluímos no ano seguinte.

Escola já existente

A nova Escola

Frequentaram a escola durante os anos de 72/73 e 73/74, 221 crianças, na pré-primária, 1.ª, 2.ª, 3.ª e 4.ª classes.
Fizeram o exame da 4.ª classe 16 crianças.

Afecto a esta actividade esteve sempre o Furriel Simões, que deixou de ser um operacional do 1.º GCOMB para passar a ser conhecido pelo Senhor Professor, que ensinava e coordenava toda a actividade escolar.
É claro que esta actividade também muito contribuiu para o óptimo relacionamento existente entre os militares da Companhia e toda a população que ali vivia.

Também os adultos foram objecto da nossa atenção através das escolas regimentais que se destinavam aos militares;

No aquartelamento, que, como já referi em anterior apontamento, era uma tabanca, onde moravam lado a lado os militares e a população, nas mesmas moranças, estavam a Companhia, um Pelotão de Africanos e uma Companhia de Milícias.

Frequentaram as aulas regimentais 25 militares africanos no ano 72/73, na 3.ª e 4.ª classes e 26 no ano 73/74.
Juntamente com militares da Companhia, fizeram exame da 4.ª classe 28 militares.

Professor Simões com seus alunos

A Companhia dispunha de uma equipa de obras muito dinâmica. Além da escola já referida, o edifício de Comando, balneários e outras, concretizou um sonho muito antigo da população: construiu um pequeno edifício no centro da Tabanca a que se denominou MESQUITA, onde a população passou a poder fazer as suas orações e actos de culto.

Festividade religiosa. Ao fundo a Mesquita

Estou certo que a nossa presença em Mampatá não foi em vão. As obras falam por si e os destinatários poderão testemunhar esta realidade que também serviram para acentuar e alimentar o espírito de coesão e amizade que a todos unia e que fazia jus ao nosso lema e que ainda hoje é uma realidade, traduzido nos encontros que anualmente realizamos expressando sempre uma alegria transbordante.

Festividade muçulmana em Mampatá
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Nota de CV:

16 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P4964: Os Unidos de Mampatá, por Luís Marcelino, ex-Cap Mil da CART 6250 (Mampatá, 1972/74 ) (3): Onde mora o perigo