1. Mensagem de Luís Marcelino (ex-Cap Mil, CMDT da CART 6250/72, Mampatá, 1972/74), com data de 7 de Fevereiro de 2010:
Caríssimos editores e amigos,
Junto envio um apontamento mais da CART 6250
Um abraço
OS UNIDOS DE MAMPATÁ (4)
Olá Luís, demais editores e amigos tertulianos.
Neste início de ano de 2010, desejo a toda a família da Tabanca Grande muitas alegrias e profícuas realizações.
Após um longo período de ausência venho aqui, uma vez mais, trazer outro apontamento do dia a dia da CART 6250 de Mampatá, relatando sinteticamente algumas das actividades desenvolvidas.
ACTIVIDADES DESENVOLVIDAS
Como é sabido, a actividade em campanha não se esgotava nos patrulhamentos e demais trabalhos de caris operacional.
Sendo aquela a actividade principal, outras tarefas preenchiam o nosso tempo, tornando-o mais agradável, motivante e interessante.
Assim, o tempo extra-operacional era dedicado ao desporto, actividades recreativo-culturais, concursos de trabalhos manuais festivais...
Enfim, várias iniciativas que visavam preencher o tempo com vista a tornar mais suave a ausência das famílias e desanuviar a tensão do dia a dia da actividade operacional, sempre muito exigente e stressante.
Mas o apoio à população era também uma preocupação sempre presente que se manifestava de diversas formas: fornecimento de transporte, apoio sanitário, apoio alimentar, e sobretudo apoio na cultura/educação, através do ensino pré-primário e primário.
Quando chegámos já havia uma escola onde era ministrado o ensino primário.
Porque a existente já era insuficiente para as necessidades daquela povoação, por ordens superiores, iniciámos ainda em 1972, ano da nossa chegada, a construção de uma nova escola, que concluímos no ano seguinte.
Frequentaram a escola durante os anos de 72/73 e 73/74, 221 crianças, na pré-primária, 1.ª, 2.ª, 3.ª e 4.ª classes.
Fizeram o exame da 4.ª classe 16 crianças.
Afecto a esta actividade esteve sempre o Furriel Simões, que deixou de ser um operacional do 1.º GCOMB para passar a ser conhecido pelo Senhor Professor, que ensinava e coordenava toda a actividade escolar.
É claro que esta actividade também muito contribuiu para o óptimo relacionamento existente entre os militares da Companhia e toda a população que ali vivia.
Também os adultos foram objecto da nossa atenção através das escolas regimentais que se destinavam aos militares;
No aquartelamento, que, como já referi em anterior apontamento, era uma tabanca, onde moravam lado a lado os militares e a população, nas mesmas moranças, estavam a Companhia, um Pelotão de Africanos e uma Companhia de Milícias.
Frequentaram as aulas regimentais 25 militares africanos no ano 72/73, na 3.ª e 4.ª classes e 26 no ano 73/74.
Juntamente com militares da Companhia, fizeram exame da 4.ª classe 28 militares.
A Companhia dispunha de uma equipa de obras muito dinâmica. Além da escola já referida, o edifício de Comando, balneários e outras, concretizou um sonho muito antigo da população: construiu um pequeno edifício no centro da Tabanca a que se denominou MESQUITA, onde a população passou a poder fazer as suas orações e actos de culto.
Estou certo que a nossa presença em Mampatá não foi em vão. As obras falam por si e os destinatários poderão testemunhar esta realidade que também serviram para acentuar e alimentar o espírito de coesão e amizade que a todos unia e que fazia jus ao nosso lema e que ainda hoje é uma realidade, traduzido nos encontros que anualmente realizamos expressando sempre uma alegria transbordante.
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Nota de CV:
16 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P4964: Os Unidos de Mampatá, por Luís Marcelino, ex-Cap Mil da CART 6250 (Mampatá, 1972/74 ) (3): Onde mora o perigo
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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2 comentários:
Caro Luis Marcelino
Obrigada, por trazeres á tabanca temas e imagens de Mampatá. Todos nós que por lá passámos antes ficamos sempre anciosos e curiosos por o que se passou depois. Algumas tem sido descritas por vós. Unidos de Mampatá, e bem. Falta um periodo entre a Cart 2519 e a Cart 6250 que pertence á CCAÇ. 3326 que nos rendeu. Espero que um dia o façam.
Já agora a primeira escola que descreves e mostras foi construida por nós, Cart 2519.
Um abraço
Mário Pinto
Caro Luís Marcelino.
Trazes neste texto os “bons exemplos” que a tua Cart. também fez na Guiné, pois para além da guerra, vocês contribuíram e muito para o desenvolvimento das populações locais, convenhamos que para a época já era muito, deve ser elogiado o vosso esforço em prol do povo local, porque nem tudo foi “porrada”.
Um abraço
Manuel Marinho
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