Assunto: Ainda o Cheche (*)
Meu Amigo Luis Graça (c/c Paulo Raposo)
Antes de mais um abraço, depois de tão longa ausência. Aproveito, a propósito, para te dizer que nada justifica o meu afastamento do teu blogue, a não ser alguma preguiça e o desvio para outros blogues onde às vezes escrevo. E o tempo não dá para tudo...
Posto este esclarecimento, passo a responder ao que me pedes, sobre o desastre do Cheche.
Reitero tudo o que disse o Paulo Raposo. E não o faço pela grande amizade que lhe tenho. Faço-o porque o que ele diz é a verdade.
Com efeito, como já antes escrevi e como já antes disse telefonicamente ao próprio Cap Aparício, foi ele mesmo quem deu a ordem ao Alf Diniz.
E também escrevi que este Alferes alertou o Cap Aparício para o facto de a ordem que lhe estava por ele a ser dada ser contrária às instruções que tinha. Isto é, que a jangada não poderia suportar uma lotação superior a dois grupos de combate, sendo certo que a ordem do Cap Aparício significava o embarque do dobro dessa lotação.
Escrevi também então, que o Alf Diniz, contrariado, se conformou com a ordem recebida e lhe deu execução, em virtude da patente mais alta do Cap Aparício.
Quanto ao major, tanto quanto julgo lembrar-me, era um oficial com funções de 2º comandante da operação comandada pelo Cor Hélio Felgas.
Sempre estive convencido que ele estava no lado sul do rio. Pelo menos sei que o vi por lá. Talvez durante as travessias anteriores. Mas se o Raposo afirma que na altura do acidente ele estava já no lado norte, não tenho razões para duvidar do que ele diz.
Porque, sem querer que pareça que estou com ele a trocar galhardetes, o Paulo Raposo é um homem por cuja idoneidade e seriedade seria capaz de pôr as mãos no lume. E admito que neste caso do major a minha memória já me tenha atraiçoado.
Onde ela não me atraiçoa, e essas imagens ainda hoje as tenho presentes, é na própria catástrofe e no diálogo entre o Cap Aparício e o Alf Diniz. Passassem cem anos e jamais esqueceria...
Finalmente, os parabéns pela excelente qualidade do teu blogue que atingiu nestes poucos anos um patamar cimeiro na blogosfera nacional. Sei-o pelo que vejo e pelos testemunhos de inúmeras pessoas que a ele se referem.
Rui Felício
______________
Nota de L.G.:
(*) Vd. último poste da série:
21 de Fevereiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5859: Ainda o desastre do Cheche, em 6 de Fevereiro de 1969 (3): O oficial mais graduado que ia na jangada era o Cap Aparício, comandante da CCAÇ 1790 (Paulo Raposo)
2 comentários:
Seria de confrontar estas afirmações acerca da origem da ordem de sobrecarregar a jangada com a pergunta do LGraça em 7 de Fevereiro, em comentário ao post P5778, a qual poderia induzir juízos precipitados
P5778
(...)
Pergunta de L.G.: Quem seria este major que estava na margem direita do rio, junto com o Paulo Raposo ? Seria o mesmo que havia pressionado o Alf Mil Diniz a violar as normas de segurança, levando o dobro (100/120 homens) na jangada, quando o limite de segurança era 50/60 ?
Desejo ainda sublinhar que julgo não ter havido qualquer major páraquedista envolvido na operação com funções de comando ou coordenação.
SNogueira
Todos os que lêem o blogue já tinha percebido que a ordem tinha partido do então capitão Aparício.
Mas faltava aquilo que se diz preto no branco ainda bem que o camarada Rui Felício esclarece sem motivo para dúvidas.
Eu próprio já tinha feito a pergunta a um camarada e amigo do coronel Aparício sobre o desastre de Cheche e a resposta foi que ele nunca lhe falou em tal situação,deve ser uma ordem que lhe deixou marcas para toda a vida e de certeza se fosse possível revogar ele o tinha feito de imediato.
Não conheço o coronel Aparício mas as informações que tenho é que é um homem com um carácter humano muito digno.
Os meus cumprimentos de agradecimento.
Colaço.
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