segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Guiné 63/74 - P5868: Ser solidário (56): Zé Teixeira, a perda de uma mãe é sempre irreparável, mas nada nem ninguém te vai roubar a sua doce memória e o seu exemplo inspirador (Editores)

1. A Tabanca de Matosinhos, através do Álvaro Basto, deu-nos esta manhã, segunda-feira, 22 de Fevereiro de 2010, a funesta notícia: Faleceu a mãe do Zé Teixeira

Porque e a vida é feita infelizmente também destas coisas, cumpre-nos informar que faleceu a mãe do nosso querido, mais que camarada, amigo, Zé Teixeira.

Doente havia já algum tempo, o Zé andava sempre numa azafama com ela. Com o coração despedaçado, confessávamos muitas vezes como era difícil vê-la a definhar ora com uma pneumonia, ora com outra qualquer insuficiência.

Ontem ao final da tarde recebi a noticia pela boca embargada do Zé que se tinha finalmente acabado a provação da sua mãe.

Ao Zé e a toda a sua família, a nossa solidariedade e os nossos mais sinceros pêsames.

O corpo encontra-se depositado na capela da Igreja de Ermesinde e o funeral está marcado para amanhã, terça-feira, às 10h00.

[Álvaro Basto]
2. Comentário de L.G.:

Tinha acabado de celebrar os seus 89 anos... Tinha nascido em 1921... Era uma mulher sábia, de uma sabedoria construída e reconstruída na escola da vida, sem nunca ter ido à escola do ler, contar e escrever, como muitas outras mulheres da sua geração.

O Teixeira era o menino da sua mãe. Fala(va) dela com uma ternura comovente. Imagino como se terá sentido ao receber a notícia, sempre brutal, da morte (mesmo que anunciada e esperada) da sua mãe. Alguns de nós já são órfãos de mãe. É uma perda tremenda, imagino. São as nossas raízes. É a nossa metade, a metade do nosso ADN, do nosso genoma. A nossa mãe foi quem nos gerou, alimentou, cuidou, amou, acarinhou, quem nos deu o ser, quem nos manteve ligados à vida pelo cordão umbilical...

A dor da perda de um mãe é profunda. O Zé precisa hoje, mais do que nunca, de uma palavra amiga, de um ombro amigo. Precisa também dos amigos e camaradas da Guiné, que são e sabem ser solidários... Por que as mães dos nossos camaradas também foram nossas mães, com a sua morte, com o seu desaparecimento também morremos, também desaparecemos um pouco...

Estamos de luto, Zé, estamos contigo ao teu lado. E da tua mãezinha guarda, num cantinho secreto da memória, as melhores recordações, histórias, palavras, silêncios, gestos, emoções, sentimentos... Como este diálogo, tão lindo, que tu já aqui reproduziste, entre ti e a tua mãe, na véspera da tua partida para a guerra (*)... São palavras de um grande nobreza, desse ser único que é uma mãe, que era a tua mãe:

(... )" Duas coisas, te peço. Apenas duas: Primeiro, mesmo que a vida te transporte para caminhos tortuosos, mesmo que sintas a Fé a fugir-te, mesmo que não sintas a presença de Deus em ti, nunca deixes de rezar, nunca deixes de pelo menos uma vez por dia parares um pouco para O deixares entrar. Rezar nunca fez mal a ninguém (dissera-me ela muitas vezes). Pode ser uma âncora a que te poderás agarrar nos momentos difíceis.

"Segundo pedido. Tenta viver sem teres de matar. Vais para uma guerra numa terra desconhecida. De usos e costumes possivelmente estranhos. Não faço ideia do que será uma guerra, mas sei que na guerra se vive e se morre. Tenta voltar de modo a que a consciência não te perturbe no resto da tua vida. Vão ser dezoito longos meses de espera, mas a minha fé diz-me que voltarás são e salvo´"...

E acrescentavas tu, Zé:

"Os dois grandes pedidos que a minha mãe me fez, estão gravados a letra de ouro no meu coração e na minha mente. Por educação, quase desde o berço, em que o hábito de se rezar o Terço antes de deitar é uma cerimónia sagrada, seguida de um pedido de bênção aos avós e pais, a oração diária, por mais pequenina que fosse, era para mim um princípio, posto de lado quando aos dez anos abandonei a terra natal para ir trabalhar. Aliado à oração, está o conceito de que matar um ser humano é um pecado grave, conceito esse enriquecido em cada dia, nos caminhos que procurei trilhar e por último, pelo facto de por sorte minha, ter sido escolhido para enfermeiro militar.

"Que Deus te acompanhe, meu filho e sempre te proteja" - disse-me ela pondo fim à nossa conversa" (...).

Para ti, que és crente, essa conversa, agora fisicamente interrompida, irá ser retomada de outra maneira, num outro plano, espiritual. Pensa que a tua mãe agora é um estrelinha, algures no firmamento, que continuará a zelar e a cuidar de ti, que continuará a guiar-nos, a iluminar-nos, a inspirar-nos. Uma estrela protectora, como sempre o foi. Pede-lhe a sua benção, para ti, para a tua família, para todos nós, para o nosso querido país, para os nossos irmãos madeirenses, para o pobre e doente planeta que é a nossa casa... Um grande chicoração. Força, camarada e amigo Zé! Estarei contigo, em pensamento, às 10h de 3ª feira, na hora da derradeira despedida!
_______________

Nota de L.G.:

12 comentários:

Anónimo disse...

Amigo Zé:

Já senti a perda de uma mãe - a minha -.

Por isso expresso a minha dor e o meu sentimento de pesar.

Um ABRAÇO GRANDE,

CMSantos
CART 2339 - Mansambo 68/ 69

Julio Vilar pereira Pinto disse...

Já passei por uma dor igual ao perder a minha com 92 anos, por isso continuo a dizer "as MÃES não deviam morrer".
Um abraço foret.

Anónimo disse...

O meu sentimento de pesar.
Um grande abraço
Jorge Félix

Hélder Valério disse...

Amigo Zé Teixeira

Estas perdas são sempre irreparáveis mas tenho a certeza que saberás encontrar na tua Fé a serenidade necessária para superar este momento.
Um abraço
Hélder S.

Anónimo disse...

Caro Zé Teixeira.

Os meus sentidos pêsames, recebe um abraço de coragem nesta hora difícil para ti.

Manuel Marinho

Sotnaspa disse...

Zé Teixeira
Os meus pêsames, sei que é uma hora dificil, mas força e um forte abraço.

ASantos
SPM2558

José Marcelino Martins disse...

Eu pensava que nestas alturas as palavras eram alturas as palavras soavam sempre a "formalidade".

Mas acompanhadas de um abraço fraterno, ajuda a vencer o "ruir do telhado" que julgamos ser sempre eterno,´mas podes ter a certeza que é, e, cada vez mais, a tua querida mãe estará presente em ti, naquilo que foste, naquilo que és e, sobretudo, naquilo vais que passar a ser.

Um braço solidário e sentido

José Martins

Anónimo disse...

Os meus pêsames.
É sempre doloroso perder alguém.
Pela Sua Mãe rezo uma oração que tenho a certeza será recebida em Deus.
Filomena

Unknown disse...

Amigo J.Teixeira,

Com um abraço te expresso o meu pesar.
Sei o que sentes pois também já passei pelo mesmo.
Coragem.

Victor Condeço

Amilcar Ventura Ex. Furriel Mil da 1ª comp BCAV8323 disse...

OS MEUS SENTIMENTOS AO ZÉ TEIXEIRA NESTA HORA DE DOR PELA MORTE DA SUA MÃE.

UM ABRAÇO AMIGO PARA TI ZÉ TEIXEIRA.

Anónimo disse...

O meu sentido abraço de pesar.

BSardinha

MANUELMAIA disse...

CARO ZÉ TEIXEIRA,

O SENTIMENTO DE PERDA É ALGO DE MUITO DOLOROSO,MAS É UMA INEVITABILIDADE QUE TODOS TEMOS DE
ULTRAPASSAR.
ACEITA OS MEUS SENTIDOS PÊSAMES.
SÓ AGORA TIVE ACESSO AO COMPUTADOR POIS ESTEVE COM UM PROBLEMA DE CABO PARTIDO.
ABRAÇO SOLIDÁRIO

MANUEL MAIA