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segunda-feira, 19 de julho de 2021

Guiné 61/74 - P22388: Notas de leitura (1366): “História da Unidade - Batalhão de Caçadores 2845", em verso, por Albino Silva (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 19 de Julho de 2021:

Queridos amigos,
Os nossos poetas populares bem podiam um dia fazer uma jornada de convívio e contribuir para o levantamento destas peças que poderiam ajudar os investigadores do futuro a confirmar acontecimentos passados e bem referenciados pelo estro poético. Como é evidente, esta poesia não é isenta, são testemunhos com muitos abraços fraternos, ninguém comparece nos convívios com estas poesias pronto a fazer guerras pessoais. Acresce, como Albino Silva diz no seu livro, socorreu-se, para falar das companhias operacionais, da história da unidade, e como todos nós sabemos nem tudo ficou registado como exatamente aconteceu. Mas o que apraz neste momento realçar e que devíamos fazer um esforço a que haja um inventário dessa poesia popular da guerra da Guiné, uma verdadeira parente pobre, discreta e apagada da nossa atenção, que poderá vir a ter muita utilidade em novas gerações de historiógrafos.

Um abraço do
Mário


História do BCAÇ 2845 em verso

Mário Beja Santos

Ficará para as próximas gerações de investigadores a tentativa de apurar ou esboçar um inventário da história das unidades militares em verso, missão por ora inextrincável, sabe-se aqui e acolá da existência de poetas populares que procederam a tal registo. Guardo a melhor lembrança que tive quando descobri "Missão Cumprida", por António Alberto Santos Andrade, pertenceu ao BCAV 490, e que me catapultou para escrever "Nunca Digas Adeus às Armas".

Albino P. da Silva foi maqueiro, pertenceu à CCS do BCAÇ 2845, com sede em Canchungo (Teixeira Pinto) e com um conjunto de destacamentos envolvendo Bissorã, Olossato, Jolmete, Pelundo, Bachile e algo mais. Conta o seu itinerário que começou em Braga, esteve depois em Coimbra no Regimento de Serviço de Saúde, foi formar batalhão em Chaves no BCAÇ 10 e daqui partiram para Teixeira Pinto. Ficamos a saber que viveu em Angola, passou-lhe pela cabeça fugir, repensou e fez o serviço militar. Trabalha com quadras, e vê-se que não faz grande esforço para alcançar as rimas. Fora para Angola trabalhar, queria ser comerciante, assustou-se com o início da guerra, fugiu para França e lembrava-se daqueles sete soldados em Camabatela (Angola) que protegiam e guardavam a vila. Lembrava-se que esses sete soldados não tinham medo, e assim veio cumprir o serviço militar, chegam no princípio de maio de 1968 e partem imediatamente para Teixeira Pinto. Gosta de contar as suas brejeirices, o serviço de enfermaria abriu-lhe muitas portas para certas ternuras de ocasião. Aproveita para nos dizer que a CCS era composta por maqueiros e doutores, enfermeiros e eletricistas, mecânicos e condutores, sapadores e analistas, escriturários e cantineiros, cozinheiros e transmissões, SPM e padeiros. Seria incomum que não se queixasse da comida, mas não deixou de exultar as ostras e o camarão.

A sua poesia dirige-se inicialmente para a vivência da CCS, distribuição de muito mezinho, muita bajuda a consolar, dá-nos uma descrição de Teixeira Pinto, inevitavelmente o comércio de comes e bebes e em cada trecho de rapsódia deixa a sua marca de água, Albino Silva maqueiro da CCS. Lembranças não faltam, tanto das morteiradas como das batucadas, e põe a CCS num grande ecrã, de oficiais a praças, faziam as transmissões, os cozinheiros, os quarteleiros, o vagomestre, os mecânicos, não esquece os pintores nem o carcereiro, recorda todos com emoção.

Percebe-se que afina a sua mestria e a sua veia poética a propósito dos convívios, “tiramos fotografias/ alegres também cantamos/ prometemos uns aos outros/ que para o ano voltamos”. Destaca a enfermaria e maternidade em Teixeira Pinto, uma palavra muito especial para o médico, Maymone Martins, alvo de várias imagens. É certo e seguro que os convívios o estimularam a passar da CCS para as outras unidades, as operacionais, sabe exaltar quem mesmo na CCS tinha o corpo mais exposto, caso dos condutores e dos sapadores, manda um abraço ao sacristão militar que era um bom pregador e tudo quanto fazia era apenas por amor, sintetizando todos tinham um fraquinho pelas bajudas pacatas e que se não fosse a tropa também não haviam mulatas. Parece que Portugal inteiro esteve representado neste batalhão, ele vai elencando quem e como e a sua proveniência geográfica. E saudades da Guiné não lhe faltam, quando dela se fala na televisão sente sempre emoção e lança uma saudação e um pedido de cuidados: “O Governo agora é vosso / o território também é / por isso sois vós agora / a governar a Guiné. / Governai bem a nação / nós a malta não esquece / pois só queremos p’ra Guiné / o que de bom ela merece. / Nunca mais andei aos tiros / percam lá essa mania / combatam só os maldosos / que usam a cobardia”.

Chegou a vez de pôr em verso as companhias operacionais (CCAÇ 2366, CCAÇ 2367 e CCAÇ 2368). Agora sim, fala-se de valentia, armamento às costas, emboscadas, operações, citam-se os nomes, seguem-se os louvores, enumeram-se os efetivos, referem-se localidades como Olossato, Ponte de Maqué, Pelundo, Có, Jolmete, exaltam-se façanhas e bravuras. Não deixa de mencionar que houve recompletamentos das companhias, das milícias, das tabancas, o nome de todas as operações, deu-se ao cuidado de ler a história da unidade. E para todos chegou a hora do regresso. Fala de uma África que lhe atravessa o coração, de partilhas, de intensa camaradagem. “Sonhando contigo Guiné / creio ser bom e não mau / Assim se lembrarei sempre, da Guiné e de Bissau. / Guiné foi castigo / Guiné foi verdade / Guiné foi juventude / Guiné hoje saudade”. Agradece a ajuda que lhe deu o Comandante Aristides Monteiro, embora inicialmente tenha aparecido o Tenente-Coronel Martiniano, creio tratar-se do oficial-inquiridor que desceu de um helicóptero em Missirá, ele fora alvo de um processo de inquérito para se apurar como é que aquela mexeruca em duas grandes flagelações perdera 45 camas, centenas de lençóis e cobertores e fronhas, dezenas de pás e picaretas, correias de várias utilidades, até capacetes. Não houve para ali meias verdades, disse ao Sr. Coronel Martiniano que me tinham pedido da CCS para ali descrever nos relatórios das flagelações tudo quanto tinha desaparecido das arrecadações de Bambadinca e que o batalhão anterior descurara de dar baixa. O coronel riu-se e o inquérito foi arquivado. Aqui encontrei uma associação com as recordações poéticas do Albino Silva com o que a vida me ensinou a ser camarada de infortúnios de uma nova CCS, fi-lo com gosto, quem se interessaria em trazer cobertores fedorentos e arreios da I Guerra Mundial como recordações daqueles trópicos onde tudo apodrece?

E desejo ao Albino Silva que nos continue a dar conta de todos os seus convívios, já que a saudade é muita que também deseje melhor sorte à nossa querida Guiné.
Destacamento de Jolmete com a sua pista de aviação
Rua Principal de Olossato, fotografia da CCAÇ 2367 (1968-1970), com a devida vénia
Festa dos Manjacos em Bachile, do site Conversas ao Acaso, com a devida vénia
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Nota do editor

Último poste da série de 12 DE JULHO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22366: Notas de leitura (1365): “Oito Viagens, Uma Voz”, por Sérgio Matos Ferreira; Edições Vieira da Silva, Lisboa, 2018 (Mário Beja Santos)

terça-feira, 12 de maio de 2020

Guiné 61/74 - P20966: Memórias de um Soldado Maqueiro (Albino Silva, ex-Soldado Maqueiro da CCS / BCAÇ 2845) (6): Composição da CCAÇ 2367/BCAÇ 2845

1. Mensagem do nosso camarada Albino Silva, ex-Soldado Maqueiro da CCS/BCAÇ 2845 (Teixeira Pinto, 1968/70), com data de 6 de Maio de 2020:

Boa tarde Carlos Vinhal
Mais trabalho para ti e para a Tabanca. Para completar o BCAÇ 2845, envio a composição das CCAÇ 2367 e CCAÇ 2368.
Tenho acompanhado tudo que na Tabanca é publicado e, claro está, gosto de nela passar algum tempo.
De momento resta-me enviar um abraço para todos, especialmente para vocês Chefes de Tabanca.


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Nota do editor

Último poste da série de 5 de maio de 2020 > Guiné 61/74 - P20945: Memórias de um Soldado Maqueiro (Albino Silva, ex-Soldado Maqueiro da CCS / BCAÇ 2845) (5): Composição da CCAÇ 2366/BCAÇ 2845

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Guiné 63/74 - P15276: Recortes de imprensa (76): Ribamar da Lourinhã: inaugurado em 20/9/2015 o monumento aos combatentes da terra, que prestaram serviço em África e no Oriente (Sofia de Medeiros, jornal "Alvorada", 15/10/2015)



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Texto e foto: Sofia Medeiros. "Alvorada", Lourinhã, 15 de outubro de 2015 
(Reproduzido com a devida vénia)


Comentário de L.G.:

Nestas últimas semanas, ainda não passei por lá, por Ribamar, terra onde tenho muitos parentes, do clã Maçarico... (A minha bisavó materna, nascida por volta de 1864, era de lá). Gostaria de lá poder ter estado, e dado um braço ao meu parente Luís Maçarico (**), que esteve prisioneiro na Índia (em 1961/62), e que foi um dos elementos da comissão organizadora deste evento. 

O recorte foi-nos enviado pelo ten cor inf ref José [Costa] Pereira, do Núcleo de Torres Vedras e Lourinhã da Liga dos Combatentes, em 19 do corrente, com a seguinte nota:

"Por iniciativa de uma comissão encabeçada pelos senhores, lenente-general Jorge Silvério, Luís Maçarico e Pedro Cruz foi inaugurado um monumento aos combatentes de Ribamar, em 20 de Setembro de 2015.

Este evento que teve a presença de uma força da Escola das Armas, foi presidido pelo senhor presidente da Câmara da Lourinhã, Engº João Duarte, e teve o apoio da Liga dos Combatentes, através do seu Núcleo de Torres Vedras e Lourinhã."

Natural de Ribamar, e morto por "acidente com arma de  fogo", em 23/7/1968,  no TO Guiné era o Albino Cláudio, sold at inf da CCAÇ 2368 / BCAÇ  2845 (Fonte: Portal UTW - Ultramar TerrwaWeb)

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Notas do editor:

(**) Ultimo poste da série > 14 de outubro de 2015 > Guiné 63/74 - P15252: Recortes de imprensa (75): "Guiné-Bissau, um dia de cada vez", fotorreportagem de Adriano Miranda, Público -Multimédia, 11/10/2015... Quatro dezenas de fotos, a preto e branco, que nos emocionam e interpelam (António Duarte, ex-fur mil at, CART 3493 e CCAÇ 12, dez 1971/jan 1974)

(**) Vd. poste de 27 de janeiro de  2012 > Guiné 63/74 - P9405: Efemérides (84): Luís Filipe Maçarico e Joaquim Isidoro dos Santos, dois bravos da Lourinhã, que ficaram prisioneiros das tropas indianas em 19 de dezembro de 1961

(...) Luís Filipe Maçarico, nascido em 1939, em Ribamar, chegou à India, em 1960, com 21 anos. Cumpriu 28 meses de serviço militar como cozinheiro, primeiro no Hospital Militar de Panjim, e depois – os últimos cinco meses – no campo de prisioneiros (onde continuou a cozinhar para os seus camaradas). O Luís é, além disso, uma pessoa muito estimada na sua terra, estando ligado à organização de eventos como os dois primeiros encontros dos Maçaricos de Ribamar ou à dinamização do Rancho Folclórico de Ribamar. (...)

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Guiné 63/74 - P8476: As nossas melhores fotos (2): O Major Pereira da Silva, num zebro, no Rio Mansoa, com outros oficiais, incluindo eu (J. Pardete Ferreira)


Foto: ©  J. Pardete Ferreira (2011). Todos os direitos reservados.


1. Primeira parte de mensagem do novo membro da nossa Tabanca Grande, J. Pardete Ferreira (*):


De: J. Pardete Ferreira 


Data: 26 de Junho de 2011 22:36
Assunto: Desfazendo suposições.


Há já alguns anos esta fotografia foi publicada no nosso blogue (**). Com a força que a minha presença na foto atesta, posso descrever:


De esquerda para a direita: 


(i) Major Pereira da Silva (Sherlock Holmes dos bigodes);


(ii) [Por detrás do Major, um ] Capitão Miliciano, cujo nome não me lembro, vindo do Pelundo ou de Có, substituir o Capitão Barbeitos;


(iii) Marinheiro,  manobrador do Zebro, [, a navegar no Rio Mansoa, ] com os dois motores Mercury de 40 CV cada, uma bomba para a época; 


(iv) Tenente Coronel Pinheiro, 1º Comandante do BCaç  [2845, Teixeira Pinto, 1968/70] que dava a logística ao CAOP;


(v) Capitão Comando Jorge Duarte de Almeida (abatido no quartel do Batalhão de Infantaria da GNR por um cabo "pirado da mona" - diz-se - mas... uns anos mais tarde;  possuidor de linda voz;  esta de um gajo andar na guerra e não lhe ter acontecido nada de grave e vir a morrer dum tiro é do caraças!);


(vi) [E, por fim, em primeiro plano, à direita,] Este vosso camarigo, qual Ícaro renascido das cinzas, visto que num dos pontos me confundiram com o Alferes [Mil Cav Op Esp, Joaquim João Palmeiro Mosca], que foi morto com os Majores;


(vii) [Fotógrafo, que obviamente não aparece na fotografia, o] 2º Comandante do BCaç da Logística [, BCaç 2845,], Major Guilhermino Nogueira da Rocha.


Sei que a memória já nos vai pregando partidas. Não me considero infalível. E é por isto que a Tabanca Grande tem de continuar: hoje eu digo isto, amanhã tu acrescentas-lhes aquilo... ou apresentas a tua versão dos factos: porque não ?!. (***)

2. Comentário do editor:

O BCAÇ 2845  foi mobilizado pelo GACA 2. Partiu para a Guiné em 1/5/1868 e regressou a 3/4/1970. Esteve em Teixeira Pinto e teve três comandantes: Ten Cor Inf José Martiniano Moreno Gonçalves; Ten Cor Inf Aristides Américo de Araújo Pinheiro [, que aparece aqui na foto]; e Ten Cor Inf Armando Duarte de Azevedo.

Undiades de quadrícula:

(i) CCAÇ 2366 (Teixeira Pinto, Jolmete, Bissau, Quinhamel; Comandante: Cap Mil Art Fernando Lourenço Barbeitos);

(ii) CCAÇ  2367  (Olossato, Có, Teixeira Pinto, Cacheu, Bissau; comandantes. Cap Inf José Júlio da Silva de Santana Pereira; e Cap Inf José Augusto da Costa Abreu Dias); e

(iii) CCAÇ 2368 (Cacheu, Bissorã, Teixeira Pinto: comandante: Cap Inf Manuel Joaquim Sampaio Cerveira).

Fonte: Adapt. de Matos Gomes, C.; Afonso, A. - Os anos da guerra colonial: volume 9: 1978 - Continuar o regime e o império. Matosinhos: QuidNovi. 2009.
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Notas do editor:


Guiné > Chão Manjaco > 1970 > Os três majores (Pereira da Silva, Passos Ramos e Osório) em acção psico, numa lancha a motor. O Alferes, que aparece em primeiro plano, poderá ser o Palmeiro Mosca, também assassinado em 20 de Abril de 1970. Por lapso, num post anterior, os três majores apareceram por outra ordem, errada.

Foto: Cortesia de Afonso M.F. Sousa (2007)

(***) Último poste da série > 18 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7632: As nossas melhores fotos (1): O obus 14, Bedanda, 1971 (Amaral Bernardo) e 1972 (Vasco Santos)

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Guiné 63/74 - P6552: Convívios (248): Encontro do pessoal da CCAÇ 2368, ocorrido no dia 30 de Maio de 2010 (Albino Silva)

1. Mensagem de Albino Silva* (ex-Soldado Maqueiro da CCS/BCAÇ 2845, Teixeira Pinto, 1968/70), com data de 2 de Junho de 2010:

Olá Carlos, e todos os Chefes da Tabanca Grande.
Sou o Albino Silva, e de novo a dar mais um bocado de trabalho, mas nesta altura do ano até entendo que será normal, olhando aos Convívios que se fazem por todo este País, e é precisamente por isso que eu aqui venho mais uma vez, para apresentar este trabalho relacionado com uma Companhia de meu Batalhão, a CCaç 2368, Feras.

Aproveito para informar toda a Tabanca que no dia 10 de Junho vai ser realizado, aqui em Fão, o Dia do Ex-Combatente, Organizado pela Junta de Freguesia de Fão. Será servido almoço pelo preço de 5 Euros para os ex-Combatentes, sendo grátis para as esposas.

Os interessados devem contactar a Junta de Freguesia através do telefone 253 982 143.
Venham todos.

Um grande Abraço para todos os Tertulianos.
Albino Silva


GRANDE RONCO da CCaç 2368 "FERAS"

30 de Maio


Foi esta a data escolhida pela Companhia de Caçadores, 2368 Feras, para comemorar 0s 40 Anos de regresso da Guiné.

Em 1968 todos nós em Batalhão embarcámos no dia 1 de Maio no navio Niassa, e dias depois chegaríamos à Guiné para cumprir a nossa missão, que viria a terminar em Abril de 1970, já lá vão 40 anos.

Já habituados a fazer Ronco todos os anos, este seria especial para os Feras pela data acima mencionada.

Em anos diferentes e não distantes, os Feras se juntavam sempre em grande número pelo que este julgava-se que aumentasse, para comemorar os 40 anos de nosso regresso, mas afinal foram ainda muitos menos a comparecerem na formatura junto à Caserna, pois muitos não responderam à chamada e estão em falta.

De alguns conhecemos o motivo, porque fomos contactados, mas de outros nada sabemos, pois
nada disseram. Sabemos ainda que há camaradas que nunca vieram, daí pensarmos que estão no estrangeiro, até porque há dias recebi um mail de Toronto (Canadá), de um camarada que para lá emigrou após a vinda da Guiné, e nunca teve por isso contacto com mais nenhum camarada. Teve sim a felicidade para ele e graças à internet de encontrar o site onde o Albino Silva, eu, apresenta trabalhos relacionados com o Batalhão, e por isso ver todos os Camaradas da sua Companhia e do BCaç 2845, muito embora sem conhecer ninguém, segundo ele, porque já são 40 anos.

É claro que há Feras em todos os recantos do mundo e por isso ser dificil estarem presentes nestes Roncos, que por vezes até desconhecem que os organizamos ano após ano. Também há quem saiba e não queiram aparecer.

Cada vez é mais dificil ter camaradas presentes, porque a idade vai avançando e os efeitos da mesma vão surgindo, incapacitando alguns de fazerem a viagem , e outros que por motivo de saúde também não podem vir e isso se compreende, mas creio que em qualquer dos casos deviam informar a Organização.

Nós queremos ajudar-te se estiveres doente. Na presença de todos nós poderás até melhorar e te sentires outro para enfrentares as dificuldades da vida. Sei que infelizmente há muitos camaradas a necessitar de Psicólogos e do apoio de todos nós, que também pensamos em ti, e sabemos que a presença de Camaradas é uma espécie de medicamento que tanto bem faz e nos faz esquecer um pouco a rotina do dia a dia. Sim porque estes encontros são saudáveis e transmitem alegria a todos, mesmo aos traumatizados e stressados daquela guerra vivida há 42 anos, pois procuramos sempre um incentivo e uma forma de te dar coragem e moral de que tanto necessitas, dando-te ainda a felicidade de estares presente entre nós Feras, Fortes e Altivos.

Há baixas na Companhia sim, pois recentemente faleceu o Capitão Sampaio Cerveira.

Lembras-te que o ano passado esteve entre nós e tudo parecia bem, mas de repente perdeu também ele esta batalha da vida.

Como ele outros mais, somos ex-combatentes mas não somos eternos.

A estes camaradas desaparecidos do combate, nós os recordaremos sempre e lhes prestaremos sentida homenagem mantendo-os assim entre nós até que a Companhia ou Batalhão seja todo excluído deste mundo onde tanto sofremos a partir dos nossos vinte anos, ao ver e a derramar sangue naquelas terras da Guiné já de si também com uma cor vermelhada.

A estes camaradas que agora estão dispensados de formar, nós os recordamos sempre, e tal como eles já o fizeram por outros, nós lhes guardamos um minuto de profundo silêncio.

Aos camaradas que simplesmente não querem fazer parte destas formaturas e que nunca vieram, só quero que saibam que esquecidos não estarão, nem na Companhia nem no
Pelotão, porque todos os anos perguntamos por vós, embora teimeis em não querer conviver com os vossos camaradas. Sei que é assim, até porque quando os Convívios são realizados a escassos metros de casa, mesmo assim não compareceis, e é porque certamente esquecesteis aqueles camaradas que se calhar por vezes repartiu convosco daquilo que também pouco tinha, como a água de seu cantil e a própria Ração de Combate, e por vezes até o moral e coragem vos deu.

Para ti Camarada, lembra-te que estamos todos contigo e que esperamos um dia ver-te aqui bem disposto, trocando uns abraços e contando um pouco da tua própria história. Assim verás e dirás que os encontros de camaradas que são saudáveis, como saudável era há 40 anos atrás.


PALAVRAS BONITAS

Ao longo da festa, foram muitos os camaradas que de microfone em punho usaram a palavra, e foram impecáveis, em tudo aquilo que nos disseram, o que aliás, já estamos habituados.
O que apreciei, foi o que nos disse o Matos Almeida, ex-Alf e ainda Moutinho dos Santos, o ex-Capitão da CCaç 2366 que veio expressamente trazer um abraço desde os Periquitos Atrevidos, até ás Feras, dedicando uma boa parte da tarde a todos os camaradas.

Sinceramente foi lindo o gesto, e é caso para dizer um Periquito Atrevido entre Feras.


AOS FERAS

Especialmente àqueles que estão espalhados pelo mundo, o nosso abraço.


LOUVOR

Quero aqui louvar todos os organizadores dos Roncos dos Feras, pelo esforço e dedicação que têm prestado ao longo dos anos, pois todos os Convívios por eles realizados têm tido sucesso, para bem da Companhia. Continuem.


LINDO

Que lindo é ver jovens nos nossos Convívios, quando estes estão atentos ao que vamos dizendo sobre o nosso passado na Guiné.

Creio que cada um vai confirmando aquilo que os pais já lhes disseram, quando lhes contam histórias vividas naquela Guerra.

É claro que nós dizemos a verdade, mas sei que muitos jovens gostam de nos ouvir, pois do nosso passado só nós falamos, e somente nós sabemos falar dele, pois ainda hoje vivemos isso.

Assim tenho falado com alguns que me afirmam que seus pais virão aos Convívios, porque eles próprios fazem questão de os trazer e isso é realmente muito lindo.

Neste ronco (festa) tive realmente um jovem casal que me disse isso mesmo, ou seja, que eles mesmo fazem questão de os trazer até junto de todos os camaradas.

Há dias, ou seja no dia 1 de Maio no convívio da CCaç 2367 Vampiros, havia um Sargento com a bonita idade de 83 anos, Luís Rafael dos Santos, que mostrou todo o interesse em participar na festa de sua Companhia realizada em Buarcos, pois tinha saudades dos camaradas que já não via há 41 Anos, porque veio mais cedo que nós um ano.

É claro que se achou incapaz de realizar a viagem desde o Laranjeiro (Almada), devido a sua idade e consequentemente cansaço, mas disse-me que adoraria vir ter com os camaradas, mas na impossibilidade, me pediu para falar dele a todos, e dar um grande abraço.

No dia seguinte, de novo me ligou, e então feliz, a confirmar três pessoas, seja para ele, sua esposa e sua filha, esta que vendo a vontade de seu pai em nos querer ver, se ofereceu em trazer seu pai ao nosso encontro.

Que lindo seu gesto minha senhora, seu pai era o homem mais feliz naquele Convívio, onde muito falou comigo alegremente.

Que lindo seria todos os filhos e agora até netos procedessem assim, porque nós já velhos e cansados adoramos.

A todos vós bons filhos e jovens, obrigado pela alegria que dais ao vosso pai, avô ou familiar e guarda bem para ti, que ele foi um grande combatente e que soube honrar a bandeira de Portugal.

Obrigado
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Louvores à CCAÇ 2368

Por despacho de 8 de Novembro de 1968 do Exmo. Comandante do Batalhão de Caçadores N.º 2851 é citada a CCAÇ 2368:

Teve este Batalhão sob o seu Comando Operacional para a Operação “Vamos Ver“, a CCAÇ 2368.
A forma altamente consciente da responsabilidade da missão com que actuou e, que se manteve intacta apesar de ter sido a subunidade que deparou com o mais forte contacto com o IN, sofrendo baixas, tornam a CCAÇ 2368, credora do apreço que com muita satisfação, este Comando manifesta.

( O.S. N.º 86 do BCAÇ 2851, de 8 de Novembro de 1968)
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Lovor ao 3.º Grupo de Combate da CCAÇ 2368

Por despacho de 9 de Maio de 1969 de Sua Ex.ª o Comandante Militar do CTIG é Louvado o 3.º Grupo de Combate/CCaç 2368 destacado em Bachile :

Pelo alto espírito de camaradagem com que efectuaram a evacuação de um Soldado Milícia gravemente ferido por acidente naquele Destacamento, ao ser verificada a impossibilidade de se efectuar a evacuação por meios aéreos, por ter caído a noite e a impossibilidade de Transmissões com a Sede, conscientes do risco que iam correr, uma vez que não tinha sido feita a picagem do itinerário e dada a gravidade do ferido, com total desprezo pelo perigo, meteram-se a caminho dignificando a sua farda, a bandeira e a Unidade a que pertencem, resultando deste acto uma materialização da acção psicológica na população e de uma igualdade de soldado metropolitano e milícia.

( O.S. N.º 24 de Junho de 1969 do CTIG )
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Albino Silva
Sold Maq N.º 011004/67
Ao vosso dispôr e do Bat Caç 2845
Ver Blogue do Convívio dos Feras em : batcac2845guineteixeirapinto.blogspot.com

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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 11 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6370: Blogopoesia (72): Escondam-se que eles vêm aí (Albino Silva)

Vd. último poste da série de 5 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6539: Convívios (162): Almoço convívio C.Caç.2381 e 2382, 01 de Maio de 2010 em Mira Daire (Arménio Estorninho)

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Guiné 63/74 - P4552: Convívios (149): Encontro das CCAÇ 2367, CCAÇ 2368 e CCAÇ 2313 (1968/69), (Albino Silva)




1. Mensagem de Albino Silva, ex-Soldado Maqueiro da CCS/BCAÇ 2845, Guiné, 1968/70, com data de 16 de Junho de 2009:
Camaradas,


Um grande abraço a todos os Tertulianos que, aqui na “Tabanca Grande”, vão contando as suas estórias, aventuras e os “saberes”, tal como eu sempre que tenho uma oportunidade.



Não percam nunca, nem a Força, nem a Moral e desabafem porque faz bem (digo eu).


Hoje vou fazer o mesmo, pois entendo que a Nossa Historia é “linda” e merece ser contada, para todos os nossos leitores, mesmo para aqueles que nos desprezam.


Esses não andaram lá, de certeza, e “esquecem-se” propositadamente de nós.


Camarada Carlos Vinhal, já vai longo o tempo em que te contacto, se calhar por vício meu, mas vou continuar este contacto, pois tenho aqui mais “trabalhos” relacionados com as companhias, em que participei nos seus mais recentes Convívios.


São elas a CCAÇ 2367, a CCAÇ 2368 e a CCAÇ 2313.


Foi esta última que me fez sair para o mato, em Teixeira Pinto, quando eu já pensava que não sairia mais do arame farpado para fora, pois contava já com 13 meses de Guiné.


O endereço do blogue onde se podem ver estes maravilhosos convívios é o seguinte: batcac2845guineteixeirapinto.blogspot.com


O meu muito obrigado por me terem vindo a aturar há tanto tempo, mas eu prometo que mesmo assim vos vou continuar a sobrecarregar (risos), por isso, não irei desistir.


Um grande abraço,
Albino Silva
___________

Nota de M.R.:

Vd. último poste da série em:


sábado, 17 de novembro de 2007

Guiné 63/74 - P2275: Estórias avulsas (11): Saídas frequentes para o mato (Albino Silva)

Albino Silva,
ex-Soldado Maqueiro,
CCS/BCAÇ 2845
Teixeira Pinto,
Jolmete,
Olossato,
Bissorã,
1968/70


Começaram as saídas frequentes para o mato

Teixeira Pinto era um Sector bastante difícil, porque era de lá que se abastecia quase sempre, e através de Escoltas, vários destacamentos, designadamente, Có, Pelundo, Jolmete, Bachile, Bassarele, Cacheu e Caió.

As colunas faziam-se em itinerários complicados devido à acção do IN que minava as estradas e abria buracos enormes pela acção de rebentamentos, e só com o apoio do Héli-canhão e Bombardeiros é que se conseguia chegar ao destino.

Por isso e devido à escassez de Enfermeiros, a partir de certa altura da comissão, era a CCS do BCAÇ 2845 que fornecia às outras Companhias, sempre que requisitado, o pessoal do Serviço de Saúde. Havia uma Escala na Enfermaria, mas quase sempre me tocava a mim a alinhar, talvez porque o meu número era baixo ou então por começar na letra A, sei lá.

Se foi verdade que durante sete meses nem do Quartel saí, a partir dessa data fui o que mais vezes saiu, na minha Companhia, como já disse a CCS.

Era o apoio de camaradas operacionais que me encorajavam e faziam com que eu fosse perdendo o receio e que aos poucos me fosse habituando a andar pelo mato.

Entre outras saídas, participei em acções de psico com camaradas da CÇAC 2368 que era do meu Batalhão, bem como em outras missões onde tinha contacto com a população no exterior, dando assistência sempre que era necessário e nisso tinha orgulho e até sentia vaidade.

Alinhei com um pelotão da CCAÇ 2313 em missões de reconhecimento, escoltas, picagens de estrada e até na capinagem, na estrada de Teixeira Pinto-Cacheu, logo após a Ponte Alferes Nunes, entre Teixeira Pinto e o Bachile.


Foto 1> Guiné> Ponte Alferes Nunes entre Teixeira Pinto e Bachile

A minha primeira participação em escoltas foi com o pelotão da CCAÇ 2313 aquartelada em Teixeira Pinto, e para o Bachile, com a duração de 7 horas sem problemas.

No dia 11 de Abril de 1969 participei noutra para Jolmete com a duração de 6h30 sem haver contacto nem se ter encontrado vestígios.

Foto 2> Guiné> Jolmete> Aquartelamento

Em 27 de Maio de 1969, participei numa escolta com o itinerário Teixeira Pinto-Jolmete-Teixeira Pinto, que teve a duração de 8 horas e segurança montada pela CCAÇ 2585, recentemente chegada a Jolmete, e por um pelotão da CCAÇ 2313 onde eu ia integrado. Tratava-se de uma escolta de reabastecimento à CCAÇ 2585, em Jolmete desde 17 de Maio 1969, e para transporte da CCAÇ 2366 que deixava Jolmete e regressava a Teixeira Pinto, de onde partiria para Bissau e depois Quinhamel.

Nas primeiras horas, cerca das 9 da manhã, foram encontrados detonadores de minas anti-carro numa curva da estrada e em zona onde já tinham havido emboscadas, mas devido à presença das NT, não chegaram a montar nenhuma mina, tendo o IN refugiado-se na mata, que por acção do Héli-Canhão e Bombardeiros que batiam a zona, a escolta não teve problemas. Tanto a CCAÇ 2366, como a CCAÇ 2313, onde eu me integrava, regressaram a Teixeira Pinto.

Momentos depois e já dentro do Quartel, chega a informação via rádio que na CCAÇ 2585 também já dentro do Quartel em Jolmete, tinha havido um acidente com arma de fogo que causou as seguintes baixas:

Feridos graves evacaudos para o HM 241

1.º cabo - 19983868 - Francisco Inácio da Paz
Soldado - 15606668 - José Martins de Almeida
Soldado - 18119468 - António Antunes Lopes
Soldado - 18457168 - Henrique Pinto Araújo
Soldado - 18450068 - António Fernandes Barbosa, que viria a falecer pouco depois
Soldado Mil - 50/67 - João da Silva - PEL MIL 128

Nós que tínhamos feito a escolta com eles, ficamos muito chocados com este triste acontecimento, pois sabíamos que iria ser bastante difícil levantar o moral daqueles camaradas que choravam a morte do camarada morto, que não sendo em combate complicava mais a situação. Sabia-se que o descuido por vezes era fatal e infelizmante eram muittos os casos.

Lembro-me ainda do dia em que o Comandante do Batalhão visitou o Pelundo.

O Comandante tinha ido ao Pelundo para participar no funeral de um Soldado Milícia. Terminadas as cerimónias, regressou a Teixeira Pinto para logo de seguida lhe ser comunicado que no regresso de uma acção de rotina nos arredores do destacamento de Pelundo, realizada pelo 3.º GCOMB/CCAÇ 2313 se tinha verificado, já no Aquartelamento, um acidente com arma de fogo (LGF 6 cm) de que resultaram as seguintes baixas:

Mortos:

Soldado - 04366267 - Orlando da Silva Lopes - CCAÇ 2313
Soldado Mil - 100/64 - Possu Djabu - Pel Mil 127
Soldado Mil - 104/64 - José Upá - Pel Mil 127

Feridos evacuados para o HM 241:

1.º cabo - 04556567 - Albino de Oliveira Coelho - CCAÇ 2313
Soldado - 04258467 - Custódio Videira Passos - CCAÇ 2313

Este foi o primeiro caso grave que vivi na Guiné em que tive de intervir com muita coragem. Desejei não mais ter de passar por situações semelhantes, pois era doloroso ver partir jovens como eu, na força da vida.

Albino Silva

Fotos e texto: © Albino Silva (2007). Direitos reservados.
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Notas de CV:

Vd. posts de:

3 de Novembro de 2007> Guiné 63/74 - P2236: Estórias avulsas (9): Um soldado que não queria sair do quartel (Albino Silva)

10 de Novembro de 2007> Guiné 63/74 - P2254: Estórias avulsas (10): 8 de Dezembro de 1968 - Dia da Mãe (Albino Silva)

sábado, 27 de outubro de 2007

Guiné 63/74 - P2220: Louvores e condecorações (4): Louvores atribuídos ao BCAÇ 2845 e às suas Companhias Operacionais (Albino Silva)



Albino Silva (1), ex-Soldado Maqueiro, CCS/BCAÇ 2845, Teixeira Pinto, 1968/70

BCAÇ 2845 (Teixeira Pinto, Jolmete, Olossato, Bissorã, 1968/70)


Louvores atribuídos ao BCAÇ 2845 e às suas Companhias Operacionais

1. Por Despacho de 22 de Julho de 1968 do Exmo. Comandante do BCAV 1897 é louvada a CCAÇ 2367:

Porque apesar de estar ainda no início de sua Comissão de Serviço e de se encontrar no Olossato apenas à cerca de 3 meses, já se revelou, quer no aspecto operacional quer nos contactos com a população, uma subunidade de Escol, da qual muito há a esperar.

De elevado espírito de corpo que, logo aos primeiros contactos, se sente presente em todos os componentes. Bem preparada na paz para melhor servir a guerra, a CCAÇ 2367 já se revelou uma Subunidade de inegável valor combativo e os seus elementos, sob o comando dum Capitão experiente e decidido, mostraram um profundo desejo de cumprir, em todas as circuntâncias, já comprovado em alguns golpes de mão bem planeados e executados com perícia e determinação.


2. Referência elogiosa à CCAÇ 2366

Feita através da Nota n.º 2788-P.º 331.01 de 5 de Setembro de 1968 pelo Comando do Agrupamento 2951 e dirigida às seguintes Unidades: BCAÇ 1912, BCAV 1915, BCAÇ 1932, BCAÇ 1933, BCAÇ 2845 e BCAÇ 2851 e, enviada para conhecimento ao QG/CTIG.

Assunto: Referências Elogiosas ao comportamento de uma Companhia

a) - A CCAÇ 2366 terminou o seu treino operacional em Junho do ano corrente, sendo portanto uma Unidade com pouca experiência de combate.

Aquartelada em Jolmete, numa área díficil, pessimamente instalada, tem esta Companhia desenvolvido uma acção de tal modo dinâmica e com tão bons resultados que, sem desfavor, merece a honra de divulgação perante todas as Unidades do Agrupamento Oeste.

A busca do IN tem sido incessante, as saídas inopiadas em exploração de notícia regente são de uso frequente, o prolongamento das Operações impostas sempre que surgia uma oportunidade propícia é atitude corrente nesta Companhia.

Dignificante o modo como tem sido comandada, relevante o destemor dos seus Oficiais, grande brio dos Sargentos e altamente meritório o comportamento das suas Praças.

Por duas vezes sua Ex.ª o Comandante Militar prestou justiça e deu o seu incitamento ao pessoal da Companhia, e por uma vez este Comando teve ocasião de felicitar a CCAÇ 2366 pelos mesmos motivos.

b) - As acções em que a CCAÇ 2366 teve sucesso foram (salvo omissão provável, por deficiência de consulta) :

20 de Junho de 1968
Operação Aquiles

Em que com excepcional espírito de decisão, na exploração de informações colhidas durante a Operação, e revelando uma maturidade em experiência de combate que não possuia, fez ao IN 1 morto, vários feridos, apreendeu 1 pistola e mais material.

06 de Julho de 1968

Em Operação de sua iniciativa, após o regresso duma emboscada, destrói 2 tabancas, faz 2 mortos e 4 feridos e, captura munições e apreende 1 espingarda.

20 de Julho de 1968
Operação Alertar

Após captura de elementos desarmados inimigos, do seu interrogatório nasce um prolongamento da Operação, com os seguintes resultados: 1 morto, 3 feridos e captura de vários documentos.

Em observação feita pelo Comandante do Batalhão se declara que o IN está vivendo "num clima de insegurança, motivado pelo espírito de iniciativa e de agressividade mostrado por esta Companhia".

21 de Julho de 1968

Em exploração de notícias fornecidas por 3 elementos na Operação da véspera, foi executado um golpe de mão em Piosse. Acção violenta, enérgica e rápida, na qual foram feitos ao IN 3 mortos confirmados e vários feridos também confirmados.
A Operação foi muito bem planeada e muito bem conduzida e executada, tendo sido capturados documentos vários.

05 de Agosto de 1968

Montada por iniciativa da Companhia a Operação Armamar, fez ao IN 1 morto e 2 feridos, na sequência de uma acção agressiva, movimentada e variada , colhendo vários prisioneiros e obtendo mais informações.

09 de Agosto de 1968

Operação Acepipe, na qual é destruído um acampamento com 24 moranças, são feitos ao IN 6 mortos e vários feridos confirmados, capturada 1 pistola metralhadora e munições. Esta Operação, pelas suas características ousadas na exploração imediata de notícias, mereceu elogios de sua Ex.ª o Brigadeiro Comandante Militar e também deste Comando.

17 de Agosto de 1968

Por iniciativa da Companhia, fez-se um patrulhamento com 3 GCOMB a 8 Km do Quartel. Durante o mesmo, em exploração imediata de notícias, procedeu a um golpe de mão sobre 20 elementos armados IN, fazendo-lhes 4 mortos e 5 feridos, capturando 5 espingardas, 1 bandeira do PAIGC e recuperado 7 elementos.

26 de Agosto de 1968

Em patrulhamento por sua iniciativa, por ter encontrado vestígios de passagem do IN, em exploração imediata detectou um acampamento com 20 elementos armados, aos quais fez 4 mortos confirmados, 5 feridos e 1 preso.

Capturou 2 espingardas automáticas, munições, 9 disparadores de mina, 7 detonadores e um variadíssimo material de propaganda, fardamento e utensílios. Foi destruído o acampamento.

02 de Setembro de 1968

Nova e última acção da CCAÇ 2366, em golpe de mão (acção inopinada) sobre um acampamento IN, causando 3 mortos confirmados e 4 mortos prováveis, capturando 1 espingarda automática, 5 PPSH, 1 PM chinesa, 1 GND, bastantes munições, medicamentos, objectos de enfermagem e fardamento. Foi destruído o acampamento.

c) - Solicito a V. Ex.ª se digne divulgar por todas as Companhias o teor desta Nota.


3. Por Despacho de 8 de Novembro de 1968 do Exmo. Comandante do BCAÇ 2851, é citada a CCAÇ 2368.

Teve este Batalhão sob o seu Comando Operacional, para a Operação "Vamos Ver", a CCAÇ 2368.
A forma altamente consciente da responsabilidade da missão, com que actuou e, que se manteve intacta apesar de ter sido a Subunidade que deparou com o mais forte contacto com o IN, sofrendo baixas, tornam a CCAÇ 2368, credora do apreço que com muita satisfação, este Comando manifesta.
(O.S. N.º 86 do BCAÇ 2851 de 8 de Novembro de 1968)


4. Por Despacho de 2 de Maio de 1969 de Sua Ex.ª o COM CHEFE Interino das FAG é louvada a CCAÇ 2366.

Pela forma notável como sempre actuou ao longo de 11 meses de permanência no Sector que lhe foi atribuido. Inicialmente inexperiente, após um Treino Operacional realizado na Sede do Batalhão em que não teve oportunidade de contacto com o IN, esta Companhia tomou a responsabilidade do Sector de Jolmete em 5 de Junho de 1968.
Com o propósito firme de conhecer a sua área e acabar nela, de vez com o mito de invencibilidade do IN, dando-lhe caça implacável, foi gradualmente a Companhia estendendo a sua acção, irradiando por todos os lados, numa explosão de energia e de vontade.
Se é certo que foi feliz de início conseguindo com a captura de elementos IN a obtenção dos primeiros êxitos, não é menos certo que só à sua audácia se devem os subsequentes. "A Felicidade Ajuda os Audazes".
Ao longo de toda a sua permanência no Sector os sucessos foram-se acumulando: captura de elementos IN e recuperação de população, exploração imediata e inteligente dos mesmos, emboscadas, assaltos e destruição de inúmeros acampamentos e combatentes IN, captura de muito material e munições, etc.
Enquadrada de graduados ousados e desprezando o perigo, é de salientar a valentia , energia debaixo de fogo, entusiasmo contagiante e sem desfalecimentos, astúcia na mata, mentalização profunda de espírito de missão de todo o pessoal combatente, que lhe permitiu resistir ao inevitável desgaste físico consequente de tão grande movimentação.
De realçar também a muito meritória obra de acção psicológica junto das populações dispersas pelo mato e sob controle IN e a este subtraídas num exemplo de dissociação do binário população IN, e as quais uma vez acolhidas à proteção das NT em Jolmete, destas já não se quiseram afastar, sentindo-se amparadas e seguras, e ainda a actividade que, paralelamente à operacional, foi realizada no plano de melhoria progressiva de instalações, conseguindo ao fim do referido período de 11 meses uma remodelação total quase das mesmas o que permitiu ao pessoal um mínimo de conforto e segurança, quase inexistente de início.
Merece assim especial realce e merecido Louvor a actuação da CCAÇ 2366, da qual o seu Batalhão justamente se orgulha e também com justiça altamente conceituada entre todas as Subunidades do TO da Guiné.
A CCAÇ 2366 honra, assim o seu Batalhão, o Exército e a Nação Portuguesa.
(O.S. N.º 17/69 de 28 de Maio de 1969 do C.C. das FAG)


5. Por Despacho de 9 de Maio de 1969 de Sua Ex.ª o Comandante Militar do CTIG é louvado o 3.º GCOMB da CCAÇ 2368, destacado em Bachile

Pelo alto espírito de camaradagem com que efectuaram a evacuação dum Soldado Milícia gravemente ferido por acidente naquele Destacamento, ao ser verificada a impossibilidade de se efectuar a evacuação por meios aéreos, por ter caído a noite e a impossibilidade de transmissões com a Sede.

Conscientes do risco que iam correr, uma vez que não tinha sido feita a picagem do itinerário e dada a gravidade do ferido, com total desprezo pelo perigo, meteram-se a caminho dignificando a sua Farda,a sua Bandeira e a Unidade a que pertencem, resultando deste acto uma materialização da Acção Psicológica na população e de uma igualdade de Soldado Metropolitano e Milícia (O.S. 24 de 5 de Junho de 1969 do CTIG)


6. Por Despacho de 3 de Junho de 1969 de Sua Ex.ª o COMCHEFE das FAG é louvada a CCAÇ 2366

Pela forma de muitos aspectos invulgar como desempenhou a missão que lhe foi atribuída na "Op Aquiles I" a partir de 6 de Fevereiro de 1969, data em que passou a actuar sob Comando Operacional do CAOP.

Actividade operacional constante, espírito marcadamente ofensivo e sobre tudo determinação e audácia, foram carecterísticas salientes da sua actuação onde se destaca ainda, pelo que apresentou de espírito de missão, a permanente procura de contacto de que resultaram constantes inseguranças para o IN e êxitos para as NT, traduzidos pela quantidade de material capturado e pelo elevado número de baixas infligidas.

Todos os seus valorosos elementos não se eximiram nunca do perigo e ao sacrifício demonstrado com frequência ousadia e decisão e sempre comportamento honroso frente ao IN.

A confiança que o CAOP sempre depositou na actuação da CCAÇ 2366 foi uma justa homenagem ao valor desta força, que reitera com o presente Louvor, ao deixar de tê-la sob o seu Comando. (O. S. N.º 25 de 12 de Junho de 1969 do CTIG)

Albino Silva
Soldado Maqueiro
CCS/BCAÇ 2845
___________________

Nota do co-editor CV:

(1) Vd. Post de 26 de Outubro de 2007> Guiné 63/74 - P2217: Breve história do BCAÇ 2845, Teixeira Pinto, Jolmete, Olossato, Bissorã, 1968/70 (Albino Silva)

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Guiné 63/74 - P2217: Breve história do BCAÇ 2845, Teixeira Pinto, Jolmete, Olossato, Bissorã, 1968/70 (Albino Silva)

Albino Silva (1),
ex-Soldado Maqueiro,
CCS/BCAÇ 2845,
Teixeira Pinto,
1968/70





Breve história do BCAÇ 2845

Depois de ter terminado o IAO em Santa Margarida, no dia 1 de Maio de 1968, o BCAÇ 2845 deixava este Campo Militar cerca da 1h00 da madrugada. Partimos de comboio para Lisboa e chegámos às 6h00 à Gare Marítima de Alcântara, onde já se encontravam muitos familiares e amigos para darem um abraço de despedida.

Depois de realizado o desfile perante as autoridades presentes, o Batalhão entrou no N/N Niassa.

Eram já 9h00 da manhã quando foram soltas as amarras do navio e este começou a afastar-se do cais suavemente, iniciando a descida no Tejo.


Brasão do BCAÇ 2845, cujo lema foi: Sempre Excelentes e Valorosos


Entre lenços brancos e gritos íamos assim deixando nossos familiares e amigos, e pouco tempo depois já em pleno Atlântico, só pensávamos naquilo que nos aguardava que era a Guiné.

Depois de uma viagem de cerca de 5 dias sulcando os mares, na espectativa de chegar breve ao destino, o N/N Niassa, arvorado em T/T, chegou finalmente ao largo de Bissau pelas 20h00 do dia 6 de Maio de 1968.

Após a chegada, o pessoal do Comando da CCS e da CCAÇ 2366 foi transbordado com as suas bagagens para a LDG Alfange que fez o transporte para Teixeira Pinto, onde desembarcou numa manhã cheia de luminosidade, com fé e esperança na alma, no dia 7 de Maio.

Em 8 de Maio de 1968, entrou o BCAÇ 2845 em Sector, tomando à sua responsabilidade uma vasta área situada no Noroeste da Província, designada militarmente por Sector 01A, até então confiada ao BCAÇ 1911. Nesse mesmo dia foram apresentados ao comando os cumprimentos de boas vindas, por parte das autoridades locais e população de Teixeira Pinto.

Recebeu o BCAÇ 2845 as seguintes Subunidades em Sector: CCAÇ 1622, CCAÇ 1681, CCAÇ 1682, CCAÇ 2313, Pel AML 1143, 05 Pelotões de Milícias e o PEL CAÇ NAT 58, localizados conforme o dispositivo adiante referido.

Por sua vez, as CCAÇ 2367 e CCAÇ 2368 do BCAÇ 2845 desembarcaram em Bissau no dia 7 de Maio 1968, ficando a última instalada durante alguns dias no Aquartelamento de Santa Luzia. A CCAÇ 2367 na data do desembarque seguiu em coluna auto para o Olossato a fim de fazer o treino operacional, onde posteriormente entrou em quadrícula.

Junto do Batalhão em Teixeira Pinto, para treino operacional, apenas ficou a CCAÇ 2366 que, em 5 de Junho de 1968, seguiu em escolta para Jolmete a fim de render a CCAÇ 1622.

A CCAÇ 2368 estacionada em Bissau após o desembarque, marchou por via marítima para o Cacheu, onde chegou a 16 de Maio, a fim de iniciar o treino operacional neste Sector, seguindo posteriormente para Bissorã.

De referir que não houve período de sobreposição para o Comando do Batalhão, tendo o BCAÇ 1911 regressado a Bissau em 8 de Maio, utilizando o mesmo transporte que nos trouxe até Teixeira Pinto, ou seja a LDG Alfange.

Para efeito de controle operacional o Batalhão ficou subordinado ao Agrupamento 2952, instalado em Mansoa.

Limites: O Sector 01A, foi confiado à responsabilidade do BCAÇ 2845 em 7 de Maio.
Situado na parte Noroeste da Província, é delimitado a Norte pelo Rio Cacheu, a Leste pelo limite do Sector 01 (Rio Ponate-Limite de Regulado-Rio Cajagal-Rio de Có-Rio Mansoa) e a Sul pelo Canal do Geba (Ilha de Bissau) e Rio Mansoa e a Oeste pelo Oceano Atlântico.
As Ilhas de Jeta e Pecixe fazem parte da Z.A. atribuída ao BCAÇ 2845, embora nelas não se encontre tropa estacionada.

Comando do BCAÇ 2845

Ten Cor José Martiniano Moreno Gonçalves - Comandante
Ten Cor Aristides Américo de Araújo Pinheiro - Comandante
Major Inf Guilhermino Nogueira Rocha - 2.º Comandante
Major Inf José Pedro Milheiriço Eitor Marques - Of Op Inf
Cap Inf Nelson João dos Santos - Of Pes Reab
Alf do QSG Manuel Joaquim Paulo Dias - Chefe de Secção
Alf Mil Médico Fernando António Maymon Martins
Alf Mil António dos Santos Ferreira - Of Transm
Alf Mil José Manuel Bessa Leite Faria - Of Man Mat
Alf Mil Mário Moreira da Silva Lamares - Chefe da Cont
Alf Mil Dinis Eduardo Lemos V. Corais - Tesoureiro do CA
Alf Mil Máximino José Vaz da Cunha - Médico
Alf Mil José Luis Pinto Bessa de Melo - Médico
Alf Grad Francisco da Costa e Silva - Capelão
Sarg Ajud António Maria Mano - Aux.Secret.

Distribuição da População por Etnias

Sem existir um censo rigoroso da População, os habitantes do "Chão Manjaco", distribuem-se mais ou menos, como se segue:

Manjacos...46.000
Brames (Mancanhas)...6.000
Balantas ...5.000
Felupes...500
Outra Etnias...2.500


Área de maior concentração demográfica (Habitantes)

Costa de Baixo - Teixeira Pinto - 15.000
Caió - Pecixe - 10.000
Canhobe - Tame - 8.000
Bassarel - Calequisse - 6.000
Có - 5.000
Pelundo - 4.000

Albino Silva
Ex-Sold Maqueiro
CCS/BCAÇ 2845
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Nota do co-editor CV:

(1) Vd. Post de 13 de Outubro de 2007> Guiné 63/74 - P2168: Tabanca Grande (36): Apresenta-se Albino Silva, ex-Soldado Maqueiro (CCS/BCAÇ 2845, Teixeira Pinto, 1968/70)