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segunda-feira, 24 de novembro de 2025

Guiné 61/74 - P27461 A nossa guerra em números (46): de 1958 a 1974, em 25 cursos (CEORN / CFORN), foram incorporados 1712 cadetes da Reserva Naval, 3/4 dos quais entre 1967 e 1974; cerca de mil oficiais RN foram mobilizados para o ultramar - Parte III


Almada >  Perímetro Militar do Alfeite > Escola Naval >   21º CFORN (1972) > Juramento de bandeira dos 93 cadetes incorporados. Foto do blogue Reserva Naval,do Manuel Lema Santos (com a devida vénia...)



Manuel Lema Santos (1942-2025).
Foto: Manuel Resende

1. Não conheço melhor elogio da Reserva Naval do que o que foi feito pelo nosso amigo e camaraada Manuel Lema Santos (1942-2025), 1º ten RN (1965-72), e que serviu na Guiné como imediato da LFG Orion (1966-68), com o  posto de 2º ten RN.(*)

1.1. Eis, entretanto, alguns números coligidos por ele com referência à Reserva Naval:

  • dos 1712 oficiais RN formados em 25 cursos (1958-1974), 71 ingressaram no QP dos Oficiais da Armada (4,1%);
  • desses 71,  56 ingressaram na classe de Fuzileiros (78.9%);
  • tomando como referência os 16º e 17º CFORN, de 1970, frequentado por 166 cadetes,  57% foi mobilizado para o ultramar;
  • em 63 Destacamentos de Fuzileiros Especiais (DFE) distribuídos pelos TO de Angola, Guiné e Moçambique, da totalidade de 139 oficiais neles integrados, 82 eram Oficiais RN (56%);
  • e, mesmo dos 57 dos Quadros Permanentes que comandaram os DFE, mais de uma dezena tinham desempenhado missões anteriores como oficiais da Reserva Naval e vieram a optar pelo ingresso no QP;
  • com referência só às Companhias de Fuzileiros: das 45 Unidades que nos mesmos teatros operacionais estacionaram, considerando incluídos os Pelotões Independentes e de Reforço (também em Cabo Verde), 217 dos 328 Oficiais (66%) que integraram o Comando das Companhias pertenciam à Reserva Naval; 
  • e entre estes últimos, 11 pertenciam à Classe de Médicos Navais e alguns Comandantes daquelas unidades eram igualmente oriundos da Reserva Naval;
  • ainda numa outra perspectiva, em finais daquele ano de 1974, do total de Oficiais que prestavam serviço na Armada, 24% pertenciam à Reserva Naval e, considerando apenas os Oficiais subalternos, essa percentagem aumentava para 40%;
  • morreram 6 oficiais RN durante a sua prestação de serviço, dos quais 4 fuzileiros; 3 por doença, 2 por acidente de viação e 1 em combate (em Angola, em 2 de junho de 1973; subtenente FZ  RN António Bernardino Apolónio Piteira , do 18º CFORN, 1971); 
  • 6 outros oficias RN (dos quais 5 fuzileiros) foran licenciados por invalidesz, resultante de ações em campanha: 1 em Angola e 5 na Guiné.

1.2. Excertos do Blogue Reserva Naval  > 1 de fevereiro de 2023 >   Reserva Naval 1958-1992
 

(...) A Reserva Naval da Marinha de Guerra Portuguesa encarnou, para todos os Oficiais que por lá desfilaram, muito mais do que uma forma, dita civilizada, de cumprimento do serviço militar obrigatório.

Ao tempo, uma opção pessoal possível num percurso universitário completo ou em vias de o ser, passagem obrigatória no rumo de vida traçado, ao serviço da cidadania e do país onde nasceram. Diria melhor e mais correctamente, da Pátria.

A evasão temporária ao amplexo paternalista, algum inconformismo e a necessidade inadiável de transpor aquela linha no horizonte terão sido algumas das motivações. Outras tantas, eventualmente condicionadas por aspectos pessoais, profissionais, familiares e também económicos.

De um lado, incertezas, anseios, dúvidas tumultuosas, sentimentos contraditórios e algumas perspectivas goradas, mas também natural confiança e esperança. Do outro, o salto no desconhecido, arrojado mas sonhador, a aventura e o desejo de bem cumprir.

Se para muitos configurou uma escolha alternativa enquanto no desempenho de um dever cívico, para outros terá representado uma ponte provisória para a vida profissional. Ainda para alguns, em menor número, mas mais tarde a própria carreira profissional.

Escola Naval, viagem de instrução e juramento de bandeira marcaram, em sucessão, formação académica e humana, camaradagem e também crescimento.

Em cenários de guerra como Moçambique, Angola e Guiné, mas igualmente em S. Tomé, Cabo Verde e no Continente, quase quatro mil Oficiais da Reserva Naval desempenharam funções ao serviço da Marinha de Guerra Portuguesa:

  • a navegar ou em terra, como oficiais de guarnição ou nos fuzileiros, todos fazendo parte do transbordante testemunho de solidariedade, generosidade e convívio partilhado com as Unidades e Serviços onde permaneceram;
  • ombreando com militares e camaradas de outros ramos das Forças Armadas;
  • ganhando acrescido sentido de responsabilidade e maturidade;;
  • grangeando pelo cumprimento, pelo exemplo e pela dedicação, a amizade, admiração, respeito e camaradagem de superiores, subordinados e também das populações com que contactaram.

Na memória que o tempo não apaga, esfumam-se relatos, acontecimentos, documentos, registos, afinal História.

História da Reserva Naval e da Marinha de Guerra que lhe deu origem. No espírito Reserva Naval, um passado comum a preservar.

Uma palavra para todos aqueles que nos deixaram prematuramente, chamados para a última viagem. Estarão sempre connosco!  (...)

Manuel Lema Santos

 (Seleção, revisão / fixação de texto: LG

2. Outro grande elogio da Reserva Naval é feitos pelos comandantes A. B. Rodrigues da Costa e Manuel Pinto Machado, autores do  "O Anuário da Reserva Naval: 1958-1975" (edição de autor, Lisboa, 1992, 143 pp.).

 Aqui vão excertos de 2 páginas (com a devia vénia):


 Breve análise dos CFORN



- pág. 26 - 

 

- pág 27 - 

Fonte: excertos de "O Anuário da Reserva Naval: 1958-1975", da autoria dos comandantes A. B. Rodrigues da Costa e Manuel Pinto Machado (edição de autor, Lisboa, 1992, pp. 26 e 27). Sublinhados nossos.

(Seleção, revisão / fixação de texto: LG)

___________________

Nota do editor LG:

 (*) Vd, postes anteriores da série:

19 de novembro de 2025 > Guiné 61/74 - P27443: A nossa guerra em números (44): de 1958 a 1974, em 25 cursos (CEORN / CFORN) e foram incorporados 1712 cadetes da Reserva Naval, 3/4 dos quais entre 1967 e 1974 - Parte I

19 de novembro de 2025 > Guiné 61/74 - P27445: A nossa guerra em números (45): de 1958 a 1974, em 25 cursos (CEORN / CFORN), foram incorporados 1712 cadetes da Reserva Naval, 3/4 dos quais entre 1967 e 1974; cerca de mil oficiais RN foram mobilizados para o ultramar - Parte II

2 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Futuros altos quadros do País, nas mais diversas áreas (economia, finanças, banca, política, governação, justiça, saúde, ensino, investigação, etc.), fizeram o serviço militar na Reserva Naval, entre 1958 e 1974... Muitos deles, eram da Classe de Administração Naval...

"Au voil d'oiseau", reconheço nomes de figuras públicas como Alexandre de Azeredo Vaz Pinto (3º CEORN, 1960); o médico e psicólogo Orlindo Manuel Graça Gouveia Pereira (foi professor an Escola Naval), António José Avelãs Nunes, José Manuel Merêa Pizarro Beleza ( todos do 6º CEORN, 1963); Artur Santos Silva, Ernâni Lopes, Rui Machete (todos do 7º CEORN, 1964); Alípio Dias, Vitor Constâncio (ambos do 9º CFORN, 1966); Adelino Amaro da Costa e Diogo Freitas do Amaral (ambos do 11º CFORN, 1967); Ricardo Espírito Santo Silva Salgado e Manuel Valentim Franco Alexandre (ambios do 15º CFORN, 1969); António Bagão Félix (17º CFORN, 1970); Marinus Pires de Lima (18º CFORN, 1971) (um dos pioneiros da sociologia do trabalho, professor no ISCTE, no meu tempo); António Henriques Rodrigues Maximiano (20º CFORN, 1972); Luís Salgado Matos (22º CFORN, 1973); Luís Valadares Tavares (24ºCFORN, 1974)...

Fonte: "O Anuário da Reserva Naval, 1958-1974".

Zeca Maced, DFE 21-Guine Bissau 73-74 disse...

Do 21 CFORN foi meu camarada Carlos Guedes de Amorim, Eng. Construtor Naval e interprete do fado " Meu Cavalo Alazao.


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