segunda-feira, 16 de setembro de 2019

Guiné 61/74 - P20151: Controvérsias (139): o atentado terrorista de 1/11/1965, em Farim e a versão da PIDE sobre o "dinheiro sujo"... os alegados 14 contos a pagar pelo crime eram, na época, uma pequena fortuna, era quanto o Júlio Pereira, gerente da sucursal da Ultramarina, pagaria a um camponês de Farim por 14 toneladas de mancarra (!)



Não chegaram a ser pagas as 140 notas de 100 pesos que alegadamente o Júlio [Lopes] Pereira, gerente da sucursal da casa Ultramarina, terá prometido ao renegado milícia Issufo Mané para cometer o hediondo crime de 1 de novembro de 1965... E se tudo não passou de uma falsa confissão, arrancada pela PIDE sob tortura ?  14 contos, na época, na Guiné, era uma pequena fortuna, o equivalente á produção de mancarra... num campo de 23 hectares, 46 campos de futebol...

Infogravura: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2019)






Citação:

(1965), Sem Título, CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_35160 (2019-9-12)
Casa Comum
Instituição: Fundação Mário Soares
Assunto: Dificuldades na fronteira Norte (Senegal) apresentadas pelo Responsável Lourenço Gomes.
Remetente: Lourenço Gomes
Destinatário: Luís Cabral
Data: Quarta, 3 de Março de 1965
Observações: Doc. incluído no dossier intitulado Relatórios IV 1963-1965.
Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral
Tipo Documental: Correspondencia

(Reproduzido com a devida vénia...)


1. Voltamos a publicar esta carta, datilografada, a duas páginas,  com data de 3 de março de 1965, dirigida por Lourenço Gomes, representante do PAIGC, em Samine, Casamansa, Senegal, ao Luís Cabral, da Direção do Partido, em Conacri (*)... 

Através dela, podemos ficar com uma ideia, bastante clara, das grandes dificuldades, nomeadamente financeiras,  por que passavam os responsáveis e os militantes do PAIGC a viver no Senegal... 

Lourenço Gomes é o responsável de "toda a fronteira norte", dede 1964, está sozinho, cansado, esgotado, sem meios para resolver todos os problemas que lhe surgem: não tem dinheiro para pagar os "fiados" na farmácia local, não tem medicamentos nem material médico-cirúrgico para socorrer os feridos que vêm da frente Norte, não tem dinheiro para meter gasolina no carro e levar 10 camaradas até Dacar, de acordo com instruções recebidas superiormente.... 

Lourenço Gomes admite mesmo a hipótese de, inclusive, pedir a substituição no cargo por  se sentir impotente para continuar a desempenhar a sua missão, que, no fundo, é a do "bombeiro" que é chamado para apagar todos os fogos... Compara a sua situação, desesperante, com a da fronteira sul, onde há pelo menos 3 responsáveis de zona: em Koundara, em Gaoual, em Boké...

Enfim, a carta é mais um dos seus  "desabafos",  dirigido à pessoa do Luís Cabral, mas ao mesmo tempo é uma crítica velada ao Aristides Pereira e à sua incapacidade para compreender e minimizar as dificuldades por que ele, Lourenço Gomes, estava a passar. O dinheiro, desde dezembro de 1964, chegava tarde e a conta gotas à delegação do PAIGC em Samine...

Face ao teor desta carta,  o mínimo que se pode dizer é que o PAIGC, na época, no 1º trimestre de 1965, dois anos após o início  da  "luta armada", tinha grandes "dificuldades de tesouraria" (, para além de graves problemas de logística na área da assistência médico-hospitalar)... 

Diríamos mesmo, em linguagem de caserna, que não tinha dinheiro para cantar um cego (ou, por outras palavras, e com mais propriedade, para mandar cantar um "didjiu").

2. Pode por isso pôr-se em causa alguns detalhes (importantes) da versão que a PIDE de Farim mandou para Lisboa, através de mensagem rádio (e de que existe cópia no Arquivo Oliveira Salazar, 1908-1974 - Arquivo Nacional Torre do Tombo) (**), a propósito do "atentado terrorista" de 1 de novembro de 1965:

(...) "No dia 1 de Novembro de 1965, cerca das 20 horas, [foi] lançado um engenho explosivo para o meio dos africanos que se encontravam num batuque em Farim. A explosão teria provocado 63 mortos e feridos, na sua maioria mulheres e crianças.

"Foi detida meia centena de pessoas. Confissões obtidas levaram à detenção de um tal Issufo Mané, que declarou pretender atingir militares (?). Para o fazer, teria recebido 14 contos de Júlio Lopes Pereira, o qual, por seu lado, actuara por indicação do chefe da Alfândega de Farim, Nelson Lima Miranda. E este teria vindo a declarar que a bomba fora lançada a mando da direcção do PAIGC (AOS/CO/UL- 50-A, Informações da PIDE, 1965-1966, 86 subdivisões, pasta 2, fls. 636, 637, 638, 641 e 642)."
[Citado por Dalila Cabrita Mateus] (**)


A versão que consta da história do BART 733,(***)  é ligeiramente diferente no que toca, nomeadamente, à proveniência do "dinheiro sujo":

(...)" O engenho foi fabricado com o fim de ser lançado num batuque ou ajuntamento festivo por um nativo que prestava serviço na Companhia de Milícias [nº 5] [, o soldado Issufe Mané], e que se prontificou a fazer tal trabalho a troco de 14.000$00.

"Foram apreendidos pela PIDE 18500$00, destinados ao PAIGC, donde sairiam os 14000$00 para o autor do lançamento que não [os] chegou a receber porque após o incidente [sic] foram as prisões dos indivíduos suspeitos." (...)


2. Quatorze contos é  equivalente hoje, de acordc com o conversor da Pordata,  a 5.485,20 € (ou tratando-se de escudos da Guiné, 4936,68 €, dada a diferença cambial real de 10%, na época,  entre o escudo da metrópole e o "peso" local)...

Donde terão vindo, então, os tais 14 contos (!) que alegadamente o Júlio Pereira teria recebido, diretamente de Conacri, para subornar o soldado milícia da Companhia de Milícia nº 5, o Issufe Mané ? Dos cofres do PAIGC ou, eventualmente, de coleta feita entre os militantes e simpatizantes do PAIGC de Farim ou até do próprio bolso do "autor moral do atentado" ?...


Em qualquer dos casos, temos de reconhecer que 14 contos era, na época (1965), uma pequena fortuna...Será que o agente da PIDE de Farim tinha a noção do ridículo ? Será que o homem conhecia a realidade da economia local, os preços do mercado, e todas essas coisas elementares que qualquer "agente das secretas" tem a obrigação de conhecer ?

Em 1965, 14 contos era quanto o Júlio Pereira, gerente da sucursal da Sociedade Comercial Ultramarina, do BNU, pagaria a um camponês de Farim por 14 toneladas (!) de mancarra, ou sejam, 14 mil quilos, 140 sacos de 100 quilos, a 1 escudo, 1 peso, por quilo! (***)

Em 1965, a Guiné exportou 15,2 mil toneladas de mancarra, a 4,23 contos por tonelada (contra 40,0 mil em 1961, a 3,17 contos por tonelada)... o que dá uma ideia da margem de lucro dos intermediários (comerciantes locais, casas comerciais, exportadores), a par do dramático decréscimo da produção e da produtividade na primeira metade da década de 1960, na sequência do início e agravamento da guerra...

Em meados da década de 1960, a área cultivada pelos produtores de mancarra atingia os 100 mil hectares, ou seja, um 1/4 do total da área cultivada da província, comprometendo a segurança alimentar da população!... A produtividade, em contrapartida,  era muito baixa: 600 kg / ha (2 mil kg /ha em casos excecionais)(****) 


O camponês de Farim para ganhar 14 contos, de rendimento bruto, precisava de cultivar mais de 23 hectares de mancarra!... O milícia Issufe Mané, se tivesse chegado a receber os "trinta dinheiros" da sua safadeza, ou sejam, os 14 contos, teria ficado rico!... 

14 contos era o valor que um soldado meu, da CCAÇ 12, recebia,  em dois anos de guerra, entre meados de 1969 e meados de 1971, no meu tempo: um soldado de 2ª classe, do recrutamento local, ganhava, de pré, 600 escudos (pesos), por mês... 

Independentemente do apuramento da verdade sobre os factos ocorridos nesse trágico dia 1 de novembro de 1965, e sobre a autoria moral, política e material do atentado, a "narrativa" da PIDE e do comando do BART 733 continua a merecer-nos todas as reservas (*****)... 

Oxalá, Inshallah, Enxalé!... que apareçam outros testemunhos, credíveis, sobre o que o se passou nesses dias de terror e contraterror em Farim,  bem como sobre o antes e o depois...Sabemos que houve mais prisões na Região nesse mês de novembro de 1965, não só em Farim, como em Bigene e Cuntima (aqui, o comerciante César de Ramos Fonseca, por exemplo, foi detido e entregue, em Farim, pela CART 732) ... Estes acontecimentos (, incluindo as prisões em massa,) marcaram indelevelmente a história da vila de Farim e das suas gentes...  (LG)

PS - Pela exploração do Arquivo Amílcar Cabral (ou do que resta dele), disponível "on line", no portal Casa Comum, desenvolvido em bora hora pela Fundação Mário Soares, não há "indícios" que apontem para a filiação, como militante do PAIGC, do Júlio Lopes Pereira, genro de um dos maiores "colonos" da Guiné, o Benjamim Correia... Nem do Nelson Lima Miranda, antigo utente da Casa dos Estudantes do Império...  Eles pertenciam à "pequena burguesia" do território da Guiné, na sua maioria com aspirações e simpatias "nacionalistas", ligados ao comércio e às principais casas comerciais... donde, de resto, vieram alguns dos dirigentes, mais políticos do que operacionais, do PAIGC: Luís Cabral, Aristides Pereira, Elisée Turpin... Muitos destes homens (e mulheres) não eram militantes do PAIGC, eram considerados "reviralistas e comunizantes"...
_____________


Notas do editor:

(*) Vd. poste 
de 23 de novembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19224: (D)o outro lado do combate (38): Carta de Lourenço Gomes, datada de Samine, 3 de março de 1965, dirigida a Luís Cabral, expondo a dramática situação da farmácia do PAIGC (Jorge Araújo)

Vd. também poste de 25 de novembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19232: PAIGC - Quem foi quem (11): Lourenço Gomes, era uma espécie de "bombeiro" para situações difíceis ... A seguir à independência era um homem temido, ligado ao aparelho de segurança do Estado (Cherno Baldé, Bissau)

(**) Vd. poste de 18 de agosto de 2007 > Guiné 63/74 - P2060: Bibliografia de uma guerra (14): o testemunho de Pedro Pinto Pereira. "Memórias do Colonialismo e da Guerra", de Dalila Cabrita Mateus (Virgínio Briote)

(***) Vd. poste de 10 de setembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20140: Controvérsias (135): as duas noites de terror, em Farim, as de 1 e 2 de novembro de 1965, para as vítímas (mais de uma centena) do atentado terrorista, e para os indivíduos (mais de sessenta, o grosso da elite económica local) detidos e interrogados pela tropa pela PIDE, por "suspeita de cumplicidade"...

(****) 31 de outubro de 2015 > Guiné 63/74 - P15309: Historiografia da presença portuguesa em África (64): Cem pesos era "manga de patacão" para o camponês guineense, produtor de mancarra... Era por quanto venderia um saco de 100 kg ao comerciante intermediário... Em finais de 1965 o governo de Lisboa garante a compra pela metrópole da totalidade da produção exportável da mancarra guineense e fixa o preço por quilo em 3$60 FOB (Free On Board)

(*****) Último poste da série > 15 de setembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20149: Controvérsias (138): Ainda o atentado terrorista de 1 de Novembro 1965, em Morcunda ou Morocunda, Farim: "pessoal bandido não gostava de fulas e mandingas", era o que se ouvia dizer na época... Vi a "cara amassada" do Júiio Pereira... Infelizmente queimaram-me, em Bissau, o rolo de fotografias que tirei, onde estavam os suspeitos, detidos num campo vedado a arame farpado (António Bastos, testemunha dos acontecimentos)

6 comentários:

António J. P. Costa disse...

Olá Camaradas

Nunca ouvi falar do Lourenço Gomes.
Sendo um homem inteligente e com humor - contrarevolucionário - como se vê quando pede que enviem um camarada "para quem não haja impossíveis" para o seu lugar e fazendo frontalmente a apresentação dos problemas com que se debatia, não lhe auguro grande futuro.
Todos se lembram daquela MSG em que um "superior" dizia: "Teixeira Pinto colonizou essa região sem rádio" A resposta saiu sibilina: "Afirmativo. Solicito envio de um Teixeira Pinto no próximo TPT". Era anedota, mas...
No PAIGC era necessário, como já vimos várias vezes, fingir, simular e enganar para se ficar bem visto
Reparem que ameaça desistir por falta de meios, o que num partido (guerrilheiro e stalinista) como o PAIGC é uma sentença de morte.
É até possível que o mau ambiente que lhe estavam a criar tivesse mesmo essa intenção. O que também é uma característica do "Partido". São aquelas guerrinhas e lutazinhas pelo poder... que às vezes até surgem nos partidos "civilizados".
No PAIGC (de hoje) ninguém se lembra dele e até pode ter sido cobardemente assassinado pelos colonialista, fascistas, salazaristas e lacaios do imperialismo. Se não lhe encontrarmos o rasto nas prisões da "Prestigiosa", podem crer que foi assim...

Um Ab.
António J. P. Costa

Cherno Baldé disse...


Caros amigos,

Neste link poderao ler um artigo do Publico sobre entrevistas feitas a alguns participantes da cerimonia da proclamaçao da independencia da Guiné-Bissau em 1973 e onde, também, se fala de "Ti Lourenço" como era carinhosamente tratado por ser dos mais velhos dentre os dirigentes do partido. Ele sobreviveu a Guerra colonial e deve ter falecido, por doença/velhice, nos anos 90 do sec. passado.

https://www.google.com/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=11&ved=2ahUKEwjshZvU2NXkAhUTAWMBHYPZBqkQFjAKegQIAxAB&url=https%3A%2F%2Fwww.publico.pt%2F2013%2F09%2F24%2Fjornal%2Fos-camaradas-estao-a-perguntar-se-e-assim-que-se-toma-a-independencia-27139019&usg=AOvVaw18-v-ouk6nL-5YRk4tYBe4

Cherno Baldé

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Havia mais Gomes no PAIGC. Sobre o Juvêncio Gomes (, e não Lourenço Gomes):

(...) "O autor releva o ambiente de grande cordialidade que existiu na generalidade dos encontros. Não deixa, porém, de deplorar procedimentos grosseiros como o de Juvêncio Gomes que já presidente da Câmara Municipal de Bissau e na presença portuguesa mandou apear as estátuas de Teixeira Pinto, Honório Pereira Barreto, Diogo Gomes. Em 14 de Outubro, as autoridades portuguesas ao mais alto nível retiraram-se, a bandeira nacional é arreada nas instalações navais de Bissau e a bandeira é entregue ao Comodoro Vicente Almeida d’Eça." (...)


25 DE ABRIL DE 2016
Guiné 63/74 - P16013: Nota de leitura (833): “A descolonização da Guiné-Bissau e o movimento dos capitães”, por Jorge Sales Golias, Edições Colibri, 2016 (2) (Mário Beja Santos)

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Pergunto-me: por que é que este "atentado terrorista" nunca teve um "inquérito independente" ? ... Por que é que os senhores professores da Academia Militar não põem os seus alunos a fazer trabalhos de investigação sobre a guerra do ultramar / guerra colonial ? ... Num caso como este, o do "massacre de Farim", o bom nome e a honra do exército português só teriam a ganhar... Como explicar aos meninos e meninas de Farim de hoje o significado do monumento local aos "mártires do terrorismo" ? Afinal de contas, o que é isso de "terrorismo" ?

Os futuros oficiais do exército português do séc. XXI não podem ignorar o que se passou na guerra de África / guerra do ultramar 7 guerra colonial, chamam-lhe o que quiserem...

António J. P. Costa disse...

Olá Camarada

O inquérito independente tem ser feito por independentes. Os alunos professores da AM estavam, à partida, sob suspeita podendo ser considerados como "branquedores".
E pior ainda se se conseguisse provar que o Exército nada tinha tido a ver com aquilo.
Como é lógico, terão de ser as autoridades guineenses a explicar aos meninos e meninas de Farim de hoje o significado do monumento local aos "mártires do terrorismo", e, bem assim afinal de contas, o que é isso de "terrorismo"?
Não creio que as autoridades guineenses estejam interessadas em se pronunciar sobre os factos. É muito trabalho para nada. Não compensa.
Claro que as academias militares de todos os países especialmente dos que têm Histórias longas devem familiarizar os seus alunos com as actividades bélicas do país. A título de exemplo direi que o meu curso na AM se chama Caldas Xavier um major que morreu de doença em Moçambique no tempo das Campanhas de Pacificação. E o Mouzinho que é o Patrono da Cavalaria também é bem conhecido...
Quanto à questão das estátuas direi que o Estado Português já devia ter retirado a do Teixeira Pinto que pode ser um herói português mas não é um herói guineense. Acho mal que as estátuas de Honório Barreto e dos navegadores/descobridores não estejam expostas ao público.
Vi que o mesmo procedimento foi seguido em S. Tomé onde nem guerra houve. Só uma negociação com esses países poderá resolver a questão. Mas deixá-las assim "à balda" há mais de 40 anos também não é solução. Digo eu...

Um Ab.
António J. P. Costa

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Tó Zé, é uma ingenuidade minha... Nem sequer é uma provocação... Na História, "a culpa morre solteira"... Haveria milhares de "inquéritos independentes" a fazer, na nossa história, portuguesa e europeia... De algum modo, esse trabalho cabe aos historiadores... Não sei se, nos próximos 50 anos, algum académico se interesse pela "ganga" da história, por "cenas" como esta em que, quase sempre, são as mulheres, os velhos e as crianças, por estarem no sítio errado à hora errada, as vítimas dos "danos colaterais" da guerra, da guerrilha, da contra-guerrilha, em suma, dos conflitos armados...

Enfim, nós, ex-combatentes (, de um lado e do outro!) temos o dever (moral) de não deixar esquecer ou ignorar estes "danos colaterais"... LG