SINOPSE
"Bethencourt Rodrigues é considerado por muitos o melhor general do séc. XX e sê-lo-ia também em qualquer outro Exército.
Foi o único oficial a ser escolhido para três difíceis missões de liderança, nas quais sempre se agigantou: Chefe de Estado-Maior da Região Militar de Angola (61/63), onde combateu a guerrilha no Norte; Comandante da Zona Militar Leste (71/73), onde venceu a Batalha do Leste mediante uma operação militar e um plano de desenvolvimento; Governador e Comandante-Chefe das Forças Amadas da Guine (73/74), onde substituiu o general Spínola depois de este ter desistido de continuar pela força das armas, continuando a senda vencedora que o caracterizava e onde o Golpe Militar de 25 de Abril o foi surpreender.
A forma ignominiosa como foi afastado é a maior mancha da geração de oficiais daquela época. O General José Manuel de Bethencourt Rodrigues foi um grande português, um grande chefe militar, um comandante de aguda inteligência estratégica e muito apreciado pelos bravos."
Sobre o autor, ver entrada na Wikipedia.
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Nota do editor
Último post da série de 18 de outubro de 2024 > Guiné 61/74 - P26055: Agenda cultural (863): Rescaldo da sessão de apresentação do livro "O (Ainda) Enigma da Vida Intelectual e Científica de João Barreto", de Mário Beja Santos, levada a efeito no passado dia 10 de Outubro de 2024, na Sociedade de Geografia de Lisboa
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Nota do editor
Último post da série de 18 de outubro de 2024 > Guiné 61/74 - P26055: Agenda cultural (863): Rescaldo da sessão de apresentação do livro "O (Ainda) Enigma da Vida Intelectual e Científica de João Barreto", de Mário Beja Santos, levada a efeito no passado dia 10 de Outubro de 2024, na Sociedade de Geografia de Lisboa
4 comentários:
Felizmente ainda estou vivo e continuo a não gostar que se refaça a história. Afirmar na sinopse que ... "onde substituiu o general Spínola depois de este ter desistido de continuar pela força das armas" é um ultraje à memória deste ilustre comandante de tropas de combate na guerra do ultramar que com 51 anos, tenente-coronel, se voluntariou e partiu em 1961 para Angola comandando o BCav 345.
O senhor General Spínola nunca desistiu, antes concluiu que não havia saída militar para a guerra da Guiné e disso deu conta ao PM de então que, tolhido pelos integracionistas, entendia que - “Os exércitos fizeram-se para lutar e devem lutar para vencer, mas não é forçoso, que vençam. Se o exército português for derrotado na Guiné depois de ter combatido dentro das suas possibilidades, essa derrota deixar-nos-ia intactas as possibilidades jurídico-políticas de continuar a defender .o resto do Ultramar. E o dever do governo é defender todo o Ultramar.”
Marcelo Caetano ordenaria pois, a exemplo da Índia, que se morresse “com honra” !
O senhor general Bettencourt Rodrigues, ao aceitar o comando-chefe da Guiné "abraçou" o lado errado da história e sofreu as consequências da sua escolha tal como teria acontecido, caso falhassem, aos que travaram a ultima batalha das suas vidas derrubando o regime em 25 de Abril de 1974.
O sucesso militar e social em Angola foi bem visível.
Circunstâncias muito diferentes das condições na Guiné.
A tática do inimigo cubano/soviético não se entendeu com os lideres angolanos, que eram muitos, enquanto na Guiné era apenas Amílcar Cabral.
Os povos também eram, e são, muito diferentes.
Nós é que eramos todos iguais.
Nós, os portugueses que eramos naqueles tempos os portugueses "históricos".
Ambos os Spínola e Bettencourt Rodrigues foram dois enormes Generais que mereciam ser tratados com o maior respeito devido aos grandes homens. Joaquim Mexia Alves
O gen Bettencourt Rodrigues chegou ao CTIG numa altura em que já era pública e notória a degradação da situação político-militar, e o cansaço de ambos os lados (as NT e o PAIGC), ao fim de 10 anos de guerra de guerrilha e contra-guerrilha (a evoluir cada vez mais para uma guerra com meios convencionais, e ainda por cima crescentemente sofisticados como os chamados foguetões 122mm, o morteiro 120mm, o míssil Strela, o canhão de longo alcance 130, e para mais usando como base de fogos da Guiné-Conacri, com quase total impunidadeda). E pior do que tudo: num contexto de agravamento da guerra fria e do irreversível isolamento diplomático, político e militar do país... O "orgulhosamente sós" acabou por ser o suicídio do regime...
Bettencour chegou, podemos bem dizê-lo, na 23ª hora, já praticamente no último trimeste do ano de 1973, considerado pelos historiados como o "annus horribilis" de Marcelo Caetano (e de todos nós, por tabela). Spínola "negociou" com Salazar" em 1968. Bettencourt Rodrigues terá muito simplesmente "acatado uma ordem"... e com isso terá posto a cabeça no cepo. Há uma grande diferença entre ser líder e ser chefe ("cabeça").
Bettencourt terá aceite, por dever de obediência militar (cega ?), mas também "por amizade" (disse-o ele) e, em última análise, por "alinhamento político" e quiçá deslumbramento pessoal (há homens incapazes de dizer não em circunstâncias históricas que os podem transcendem, ultrapassar, esmagar)...
Ele, que já não precisava de "provar nada" para manter limpa e brilhante a sua folha de serviço c astrense, terá acabado por aceitar um "presente envenenado" , aquele que o "amigo" Marcelo Caetano lhe ofereceu...Ou um "presente evenenado" da extrema direita do regime, em pânico por que que sabia (?) que era muito difícil (ou quase impossível) substituir pura e simplemente um comandante experiente e carismático como Spínola que tinha assumido, mal ou bem, que a estratégia é a arte e a ciência do general, o mesmo é dizer que na liderança militar de topo as variáveis militares e políticas são indissociáveis...
Fora do exército, só podia ser um almirante ou um general da FAP a substituir o Spínola... Mas quem queria meter-se naquele atoleiro ?... Um dos nomes indigitados, o general da FAP, pilav, Diogo Neto, terá recusado, por não querer acumular a função de com-chefe (militar) com a de governador (político) (por sugestão, aliás, do próprio gen Costa Gomes, então CEMGFA).
Estou curioso em conhecer, no livro do professor António Pires Nunes, a reconstituição e a análise dos diferentes passos do processo de tomada de decisão que levou o gen Bettencourt Rodrigues de novo ao "poder"...
Parto do princípio que o livro, a ser apresendo numa prestigiada instituição académica, o Instituto Universitário Militar, não é propriamente um "panegírico"m nem um simples trabalho historiográfico, mas uma verdadeira "biografia", para a História, de um general que, no final da sua brilhante carreira, aceitou uma missão que era claramente político-militar (de resto, já tinha sido ministro do Exército, em 1968/70)...
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