Angola > Colonato de Cela > Aldeia de Freixo > Família de colonos, oriunda do distrito da Guarda, uma das 22 que partiram para Angola, em 10 de março de 1953. Do lado direito, um padre católico, missionário, de chapéu colonial na mão.
Fonte: Capeia Arraiana, 10 de março de 2015 (com a devida vénia...)
Legenda:
Salazar quis colonizar as terras do interior angolano enviando da metrópole pessoas oriundas da província, de modo a construir as chamadas 'aldeias novas', que constituíam os Colonatos.
Muitas dessas aldeias receberam os nomes das aldeias de onde os camponeses eram originários. Exemplo disso foram as aldeias de Vimieiro, Freixo e Santiago de Adeganha, que faziam parte de um conjunto de 15 aldeias, que foram sendo construídas ao longo do Rio Cossoi, na região de Cela, distrito de Cuanza Sul, na zona de transição entre as regiões cafeícolas e o Planalto Central Angolano, cobrindo uma área de cerca de 300.000 hectares.
Legenda:
"Colonos da Guardam parte para Angola:
No dia 10 de Março destacamos a partida de Lisboa de famílias do distrito da Guarda para colonizarem Angola em 1953.
Há 62 anos 22 famílias oriundas do distrito da Guarda partem de Lisboa para Angola a bordo do navio Benguela, a fim de se fixarem no planalto Amboim.
Há 62 anos 22 famílias oriundas do distrito da Guarda partem de Lisboa para Angola a bordo do navio Benguela, a fim de se fixarem no planalto Amboim.
Salazar quis colonizar as terras do interior angolano enviando da metrópole pessoas oriundas da província, de modo a construir as chamadas 'aldeias novas', que constituíam os Colonatos.
As habitações eram similares às das aldeias de onde os colonos eram originários e o objectivo era a exploração agrícola dos terrenos angolanos.
Muitas dessas aldeias receberam os nomes das aldeias de onde os camponeses eram originários. Exemplo disso foram as aldeias de Vimieiro, Freixo e Santiago de Adeganha, que faziam parte de um conjunto de 15 aldeias, que foram sendo construídas ao longo do Rio Cossoi, na região de Cela, distrito de Cuanza Sul, na zona de transição entre as regiões cafeícolas e o Planalto Central Angolano, cobrindo uma área de cerca de 300.000 hectares.
Os novos colonos foram instalados pela Brigada de Colonização Europeia dos Serviços de Agricultura. Em Maio de 1951, foram iniciadas as obras de instalação. A 23 de Julho de 1952, por força da Portaria Provincial nº 7884, foi criada a Secção de Colonização, sediada em Nova Lisboa (Huambo), à qual ficaram afectos as obras de colonização da Cela e os Colonatos de Caconda e 31 de Janeiro. Os primeiros colonos chegaram ao Colonato de Cela, mais precisamente à aldeia do Vimieiro."
Fonte: Capeia Arraiana (jornal regiuonal "on line", diário, de .acesso gratuito. Tem âmbito: nacional mas "privilegiando o concelho do Sabugal, a região raiana, os distrito da Guarda e de Castelo Branco, as Beira Alta e Beira Baixa e a emigração").
(i) Angola (1974)
População europeia total: ~335 mil /350 mil
Distribuição aproximada:
Observação: Angola tinha um núcleo urbano e rural de colonos estáveis (alguns de há 2 / 3 gerações), sobretudo no planalto central e em Luanda.
População europeia total: ~200 mil / 250 mil
Distribuição aproximada:
Observação: Lourenço Marques (Maputo) concentrava cerca de ⅓ dos europeus; havia também forte presença na Beira, Nampula e zonas de agricultura do Vale do Zambeze.
Total geral de “retornados” (1974–1976)
Estimativa mais consensual: c. 500 mil / 520 mil pessoas.
Aproximadamente 62/65% (menos de 2/3) vieram de Angola, 35/36% (pouco mais de 1/3) de Moçambique, e uma pequena fração das restantes colónias.
(iv) Conclusão:
Último poste da série > 11 de agosto de 2025 > Guiné 61/74 - P27110: A nossa guerra em números (30): 17 milhões de portugueses perderam a nacionalidade com a descolonização e a independência dos antigos territórios do "ultramar português" em África
(Ver aqui, nos Arquivos da RTP, um documentário de 20' 26'', sobre o Colonato de Cela, com data de 22 de março de 1961. Foi um dos maiores e mais ambiciosos projetos agrícolas de colonização branca em Angola, implantado nos anos 1950 na região do planalto do Cuanza-Sul, mais precisamente na Cela, na altura, Santa Comba Dão, hoje município do Waku Kungo, a cerca de 300 km a sudeste de Luanda.)
Fonte: Capeia Arraiana (jornal regiuonal "on line", diário, de .acesso gratuito. Tem âmbito: nacional mas "privilegiando o concelho do Sabugal, a região raiana, os distrito da Guarda e de Castelo Branco, as Beira Alta e Beira Baixa e a emigração").
1. O termo “colonos”, em Angola e Moçambique (mas também em São Tomé e Príncipe e, em menor grau, na Guiné.Bissau) remete para uma categoria algo difusa.
Nos últimos anos da guerra colonial havia uma percentagem relevante de população de nacionalidade portuguesa que estava em África de forma não permanente (sobretudo militares e pessoal administrativo destacado).
(i) Angola (1974)
População europeia total: ~335 mil /350 mil
Distribuição aproximada:
- Colonos permanentes (famílias, comerciantes, agricultores, técnicos, etc.): ~270 mil / 280 mil;
- Funcionários civis do Estado (professores, médicos, enfermeiros, magistrados, etc.): ~15 mil / 20 mil
- Militares destacados (rotação 2 anos, incluindo quadro permanente e milicianos): ~40 mil / 50 mil
Observação: Angola tinha um núcleo urbano e rural de colonos estáveis (alguns de há 2 / 3 gerações), sobretudo no planalto central e em Luanda.
(ii) Moçambique (1974)
População europeia total: ~200 mil / 250 mil
Distribuição aproximada:
- Colonos permanentes: ~160 mil / 180 mil;
- Funcionários civis: ~10 mil / 15 mil;
- Militares destacados: ~25 mil / 35 mil
Observação: Lourenço Marques (Maputo) concentrava cerca de ⅓ dos europeus; havia também forte presença na Beira, Nampula e zonas de agricultura do Vale do Zambeze.
(iii) Total Angola + Moçambique
População europeia total: ~535 mil / 600 mil
População europeia total: ~535 mil / 600 mil
- Colonos permanentes: ~430 mil / 460 mil
- Funcionários civis: ~25 mil / 35 mil
- Militares destacados: ~65 mil / 85 mil
(iv) O êxodo
“Colonos”: a categoria não engloba todos os europeus; nos censos coloniais, “europeu” incluía não só os colonos permanentes, mas também militares em serviço temporário e pessoal administrativo que não tinha intenção de permanecer.
Grande parte dos militares regressou a Portugal logo em 1974/75; a saída massiva de famílias de colonos aconteceu entre meados de 1974 e 1976.
Em Angola, a transição para a independência (1975) foi acompanhada de guerra civil e violência urbana, acelerando o êxodo. Em Moçambique, o Acordo de Lusaca e as políticas iniciais da FRELIMO levaram também a uma saída rápida, embora um pouco mais ordenada.
2. Quais as estimativas mais credíveis do número de “retornados” que chegaram a Portugal, vindos de Angola e Moçambique em 1974, 1975 e 1976 ?
Vamos então ao número dos “retornados” (termo usado em Portugal para designar quem regressou das antigas colónias após 1974).
Convém ter presente que:
“Colonos”: a categoria não engloba todos os europeus; nos censos coloniais, “europeu” incluía não só os colonos permanentes, mas também militares em serviço temporário e pessoal administrativo que não tinha intenção de permanecer.
Grande parte dos militares regressou a Portugal logo em 1974/75; a saída massiva de famílias de colonos aconteceu entre meados de 1974 e 1976.
Em Angola, a transição para a independência (1975) foi acompanhada de guerra civil e violência urbana, acelerando o êxodo. Em Moçambique, o Acordo de Lusaca e as políticas iniciais da FRELIMO levaram também a uma saída rápida, embora um pouco mais ordenada.
2. Quais as estimativas mais credíveis do número de “retornados” que chegaram a Portugal, vindos de Angola e Moçambique em 1974, 1975 e 1976 ?
Vamos então ao número dos “retornados” (termo usado em Portugal para designar quem regressou das antigas colónias após 1974).
Convém ter presente que:
- o termo abrangeu sobretudo civis (colonos permanentes e funcionários), mas também militares do quadro permanente que decidiram não permanecer em África;
- a maior parte regressou entre meados de 1974 e final de 1976;
- os registos não são perfeitos: alguns vieram para Portugal via outros países (África do Sul, Brasil, etc.), outros ficaram em trânsito.
Estimativas mais sólidas (base: Comissão de Apoio aos Retornados e dados do SEF)
(i) Angola
Total estimado de retornados: ~310 mil / 330 mil.
Pico de chegadas: junho / novembro de 1975, coincidindo com a intensificação da guerra civil e a retirada das tropas portuguesas.
Inclui: famílias de colonos, pessoal técnico, comerciantes, agricultores e parte do funcionalismo público.
Total estimado de retornados: ~310 mil / 330 mil.
Pico de chegadas: junho / novembro de 1975, coincidindo com a intensificação da guerra civil e a retirada das tropas portuguesas.
Inclui: famílias de colonos, pessoal técnico, comerciantes, agricultores e parte do funcionalismo público.
(ii) Moçambique
Total estimado de retornados: ~180 mil / 200 mil.
Pico de chegadas: agosto de 1975 / início de 1976, sobretudo após as nacionalizações de empresas e imóveis em 1975.
(iii) Outras colónias:
Guiné-Bissau: ~3 mil / 5 mil (a maior parte militares e funcionários civis).
Cabo Verde: ~20 mil /25 mil
São Tomé e Príncipe: ~15 mil / 20 mil
Total estimado de retornados: ~180 mil / 200 mil.
Pico de chegadas: agosto de 1975 / início de 1976, sobretudo após as nacionalizações de empresas e imóveis em 1975.
(iii) Outras colónias:
Guiné-Bissau: ~3 mil / 5 mil (a maior parte militares e funcionários civis).
Cabo Verde: ~20 mil /25 mil
São Tomé e Príncipe: ~15 mil / 20 mil
Total geral de “retornados” (1974–1976)
Estimativa mais consensual: c. 500 mil / 520 mil pessoas.
Aproximadamente 62/65% (menos de 2/3) vieram de Angola, 35/36% (pouco mais de 1/3) de Moçambique, e uma pequena fração das restantes colónias.
(iv) Conclusão:
Estes valores confirmam que o número de colonos permanentes em Angola e Moçambique somado era claramente inferior a 1 milhão.
Os "retornados" representam, grosso modo, a quase totalidade dessa população fixa de origem europeia, já descontando militares temporários.
(Pesquisa: LG / ChatGPT / Revisão e fixação de texto: LG)
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Nota do editor LG:
Último poste da série > 11 de agosto de 2025 > Guiné 61/74 - P27110: A nossa guerra em números (30): 17 milhões de portugueses perderam a nacionalidade com a descolonização e a independência dos antigos territórios do "ultramar português" em África
1 comentário:
O número (estimado), mais consensual, de "retornados" das colónias portuguesas de África entre 1974 e 1976, situa-se entre o meio milhão e as 600 mil pessoas.
Na história moderna de Portugal, foi um os maiores movimentos migratórios (a seguir à emigração dos anos 60/70 para a França, Alemanha, etc.).
Os dados oficiais dos Censos de 1981 registavam 471 427 migrantes das ex-colónias, mas estudos académicos apontavam para valores superiores: esses números não consideravam os não recenseados, emigrados ou falecidos.
A Madeira terá recebido cerca de 8 mil. E há ainda aqueles que foram diretamente para a África do Sul, Brasil, etc.
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