Guiné > Algures > Maio de 1973 > Costa Gomes, Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas, dá início, a 25 de maio de 1973, a uma visita ao Comando Territorial Independente da Guiné (CTIG), para se inteirar do agravamento da situação militar e analisar medidas a tomar com vista a garantir o espaço de manobra do poder politico em Lisboa.
Na foto, vê-se o Gen Costa Gomes à direita de Spínola, falando com milícias guineenses. Foto do francês Pierre Fargeas (técnico que fazia a manutenção dos helis AL III, na BA 12, Bissalanca), gentilmente enviada pelo nosso camarada Jorge Félix (ex-Alf Mil Pil Heli, BA12, Bissalanca, 1968/70).
Foto (e legenda): © Pierre Fargeas / Jorge Félix (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
- Salazar, o "Botas";
- Humberto Delgado, "General sem medo";
- António Spínola, general (e depois marechal) , "Caco", "Caco Baldé", "Bispo", "O Velho", "Homem Grande de Bissau";
- Francisco Costa Gomes, marechal e presidente da República, "Rolha";
- Mário Soares, "Bochechas";
- Ramalho Eanes, general e presidente da República, "Cara de Pau";
- Otelo Saraiva de Carvalho, "Otelo";
- Salgueiro Maia, "capitão de Abril";
- Aníbal Cavaco Silva, "Cavaco";
- Durão Barroso, “Cherne”;
- Amália Rodrigues, “A Rainha do Fado”;
- Zeca Afonso, “Zeca”;
- Eusébio, “A Pantera Negra”;
- Cristiano Ronaldo, “CR7”;
- José Mourinho, “The Special One”, etc.
- Gordo, Cruel, Louca, Casto...
- Venturoso, Bravo, Conquistador, Desejado, Piedoso...
- Gordo/Gafo (D. Afonso II), Piedosa/Louca (D. Maria I); Justiceiro/Cruel (D. Pedro I); Magnânimo / Freirático (D. João V).
(i) Diferença entre cognome e alcunha
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Cognome (do latim cognomen) é um epíteto que se cola ao nome próprio ou ao título de uma figura histórica, geralmente usado em contexto oficial, literário ou historiográfico (D. Afonso Henriques, "o Conquistador");
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Alcunha é um termo mais popular, frequentemente de origem oral e não-erudita, podendo ser depreciativo, humorístico ou simplesmente descritivo (D. Afonso, o Gordo"; D. Maria I, a Louca").
"grafadas" nos textos de cronistas e depois nos livros de História, passam a ganhar o estatuto de cognomes.
A alcunha (ou "apelido", no Brasil) é, na sua essência, de origem popular e informal. Nasce da convivência social, do dia a dia, e é atribuída por familiares, amigos ou até inimigos, para destacar uma característica marcante de um indivíduo ou um episódio, mais ou menos anedótico, da sua história de vida.
Já o cognome real detém um peso histórico e uma função de identificação que transcendem a informalidade.
Estes cognomes podiam exaltar as virtudes e os grandes feitos do monarca, como é o caso de D. Afonso Henriques, "O Conquistador", ou D. Dinis, "O Lavrador".
É curioso que alguns monarcas tenham dois epítetos diferentes:
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D. Afonso II → "O Gordo" / "O Gafo" (provavelmente sofreu de lepra, daí "gafo", leproso).
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D. Maria I → "A Piedosa" / "A Louca" (o primeiro pela sua religiosidade, o segundo pelo declínio da saúde mental).
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D. Sancho II → "O Piedoso" / "O Capelo" / "O Crasso" / "O Indolente" (dependendo de quem escrevia sobre ele).
Isto mostra que não havia unanimidade: um mesmo rei podia ser visto de forma oposta por diferentes grupos sociais, facções políticas ou cronistas.
(iiI) Quem atribuía os cognomes?
- Eram frequentemente atribuídos postumamente por cronistas, historiadores ou pelo próprio povo, com base no balanço do seu reinado.
Durante a vida do rei: algumas alcunhas podiam surgir no seio do povo ou mesmo da corte, refletindo a aparência física (ex.: "o Gordo", D. Afonso II) ou o comportamento (ex.: "o Piedoso", D. Sancho I).
Depois da morte: muitos epítetos foram fixados ou até inventados por cronistas, nobres ou historiadores, com base na 'reputação" ou "imagem" deixada pelo rei; por exemplo, Fernão Lopes e outros cronistas do século XV tiveram enorme peso em consolidar certas designações.
Em certos casos, a atribuição podia ter uma intenção política: enaltecer a memória de um rei (ex.: "o Venturoso", D. Manuel I), ou, pelo contrário, manchar a imagem de alguém (ex.: "o Cruel", D. Pedro)
O cognome de D. Afonso II, que reinou entre 1211 e 1223, é um dos mais citados quando se aborda a natureza por vezes "depreciativa" destas designações.
No entanto, é crucial entender que, embora o cognome "O Gordo" possa ter uma conotação negativa nos dias de hoje, na época, a sua função primordial era a de o distinguir dos seus antecessores e sucessores, dentro da tanto mais que haveria mais Afonsos...
Assim, o seu cognome, embora baseado numa característica física, serve como um "marcador" histórico que, indiretamente, reflete a natureza do seu reinado; um monarca mais "sedentário", mais focado na governança do que na matança...
(v) Em suma, a diferença fundamental reside na intencionalidade e na formalização:
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