Ana Ferreira Carneiro, na sua casa da Madalena, Vila Nova de Gaia, em 19/6/2019, no dia do casamento do filho mais novo, mas já com o diagnóstico da doença, a mielodisplasia, que deveria estar na origem da sua morte, quatro anos depois, em 24 de março de 2023. Foto (e legenda): © Luís Graça (2019). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné] A Tabanca de Candoz ficou mais pobre, a partir de anteontem, com a morte da "Nitas"... Ana Ferreira Carneiro Pinto Soares (Candoz, Paredes de Viadores, Marco de Canaveses, 15/1/1947 - Porto, 24/3/2023) A engenheira técnica Ana Carneiro, carinhosamente conhecida por "Nitas", formou-se em 1973 e trabalhou desde então, e durante quatro décadas, no ISEP - Instituto Superior de Engenharia do Porto, no departamento de Engenharia Química, Laboratório de Tecnologia Química. Fez parte, já reformada, de vários grupos musicais (coros e cavaquinhos). Era irmã da Alice Carneiro e cunhada do nosso editor Luís Graça. Era casada com o Augusto Pinto Soares, "Gusto", economista, e gestor, reformado, mãe do médico José Soares e do inspetor tributário Luís Filipe. Tinha dois netos. Morava na Madalena, Vila Nova de Gaia. As cerimónias fúnebres realizaram-se em dois locais: (i) igreja do Padrão da Légua, São Mamede de Infesta, Matosinhos, com velório a partir das 18h00: missa de corpo presente às 10h00, amanhã, sábado; (ii) seguindo depois o féretro para a sua terra natal, que ela tanto amava; o corpo desceu à terra por volta das 15h00, no cemitério da freguesia de Paredes de Viadores, Marco de Canaveses. |
Marco de Canaveses > Paredes de Viadores > Festa da família Ferreira > 7 de setembro de 2013 > Juntou mais de 100 pessoas. A festa realiza-se há cerca de 30 anos. A última tinha sido em 2011.
Neste vídeo mostra-se a exibição de um grupo de mulheres da família que cantam lindamente os tradicionais cantaréus da região do Douro Litoral (que só podem ou devem ser cantados pelas mulheres, e estão hoje praticamenmte extintos, o termo aliás nem sequer está, lamentavelmente, grafado pelo Dicionário Periberam da Língua Portuguesa): "Nitas", Mi, São (mulher do maior violonista da região, Júlio Veira Marques, também presente na festa, nosso camaradas da CCAÇ 1418, Bissau, Bula, Buruntuma, Camajabá, Ponte Caium e Fá Mandinga, 19654(/67)... e Dolores Carneiro... A "Nitas" está de óculos escuros e xaile tradicional.
Vídeo (1' 59''). Alojado em You Tube / Luís Graça (2013) (*)
1. Oração fúnebre dita da missa de corpo presente, igreja do Padrão da Légua, Matosinhos, dia 15 de março de 2023, cerca das 11h00 (**):
Instrumental
Ó farol de Montedor, ó ai, ó ai,
Ó farol de Montedor,
(Vd. aqui a interpretação do Coro Académico da Universidade do Minho com o Grupo de Música Popular da Universidade do Minho: Ó farol de Montedor - Trad. do Minho / harm.: Mário Nascimento XIII Encontro de Coros Universitários - 2017)
3. Joaquim Costa comentou na Tabanca Grande Luís Graça, com data de 24 de março último:
Amigo Luís, é nestes momentos que as palavras nos faltam para exteriorizar a tristeza que nos aperta o coração, pelo amigo que perde alguém muito querido.
As minhas condolências a toda a família e amigos da minha colega Eng Tec, que não tive o prazer de conhecer mas que com certeza nos cruzámos nos corredores do então IIP - Instituto Industrial do Porto (hoje ISEP)
(*) Vd. 24 de setemebro de 2020 > Guiné 61/74 - P21388: Manuscrito(s) (Luís Graça) (191): Quinta de Candoz: vindimas, a tradição que já não é o que era... (Augusto Pinto Soares) - Parte I
Querida Nitas:
Hoje há lágrimas e suspiros. Hoje é o dia mais triste das nossas vidas. Agora que partiste para a tua última viagem, aquela que não tem retorno, há um nó na garganta que nos sufoca e não nos deixa dizer tudo o que nos vai na alma.
Sabes, na hora da morte dos que nos são queridos, as palavras de pouco nos servem de consolo. Escrevi-te tantos sonetos, quadras e outros textos poéticos, ao longo da tua vida, por ocasião dos teus aniversários e em outros momentos felizes que passámos juntos no seio das nossas famílias… Mas ficou, afinal, tanto por te dizer e partilhar contigo!...
Contra toda a evidência médica, fomos resistindo à ideia de te perder e fomos sempre alimentando a luzinha que, embora muito trémula, ainda era visível ao fundo do túnel, há uns meses atrás. Mas tu sabias que a vida te estava a escapar… não obstante a dedicação e a competência dos “anjos”, que no Hospital de São João, cuidaram de ti, a começar pelo teu hematologista, dr. Ricardo Pinto.
Recordo o que me escreveste, há um ano, agradecendo as palavras que eu te mandei, em meu nome e da tua mana Alice, por ocasião dos teus 75 anos. “Querido Luís: Quando partirmos para o outro lado do rio de Caronte, como tu dizes, o que fica para a posteridade, é o que tu escreves agora para nós… Tantas e tão lindas recordações. De nós pouco fica… Obrigada mais uma vez, a todos, por todo o carinho que recebo.” (Fim de citação).
Não, Nitas, de ti fica muito. Antes de mais, fica, em nós, uma saudade imensa. De ti, fica o teu sorriso luminoso, a tua grande bondade, a contagiante alegria de viver, a tua beleza interior, a tua gentileza, a tua fotogenia, o carinho com que tratavas as tuas plantas e flores na Madalena e em Candoz, o prazer com que ias para o coro e o cavaquinho, o orgulho, a ternura e o amor que tinhas pelo teu marido, Gusto, e pelos teus filhos Luís Filipe e José Tiago, o desvelo e o carinho que manifestavas pelos teus netos, e as tuas noras e a tua grande família: manos, cunhados, sobrinhos, etc.
Fica o exemplo extraordinário de abnegação e de resistência que deste ao longo de quatro anos de luta contra uma doença crónica degenerativa, cruel, irreversível, incurável, injusta. Tu não merecias este desfecho.
E fica o teu Gusto, sempre discreto mas eficiente e presente, sempre a teu lado, nos piores e melhores momentos, o Gusto, o teu grande companheiro de jornada, de estrada, o grande amor da tua vida. Fica o seu exemplo, para todos nós, de um extraordinário cuidador. Sem um ai, sem um ui, escudando-se muitas vezes na sombra, fora das luzes da ribalta, sem procurar protagonismo. Porque ele sabia que tu farias exatamente o mesmo por ele. Essa, sim, é uma grande prova de amor.
Fica ainda o exemplo do resto da tua família, que esteve sempre a teu lado, que soube ser carinhosa, fraterna e solidária na grande provação que foi a tua doença. Sem esquecer os teus bons amigos e antigos colegas, do ISEP - Instituto Superior de Engenhria do Pporto e dos grupos do coro e do cavaquinho…
Na tua morte, querida Nitas, todos morremos um pouco contigo. Falo em meu nome, em nome dos meus e dos teus, e de todos os demais que muito te amaram e que te vão recordar pela vida fora. Prometemos nunca te esquecer enquanto ainda tivermos do lado de cá do rio. Também já temos a moeda para dar ao barqueiro Caronte que nos há levar ao teu encontro, na outra margem. Até lá vamos falando contigo, mesmo por entre lágrimas e suspiros. Recusamos dizer-te adeus, até sempre. Apenas, adeus, até um dia destes, querida Nitas!
Hoje há lágrimas e suspiros. Hoje é o dia mais triste das nossas vidas. Agora que partiste para a tua última viagem, aquela que não tem retorno, há um nó na garganta que nos sufoca e não nos deixa dizer tudo o que nos vai na alma.
Sabes, na hora da morte dos que nos são queridos, as palavras de pouco nos servem de consolo. Escrevi-te tantos sonetos, quadras e outros textos poéticos, ao longo da tua vida, por ocasião dos teus aniversários e em outros momentos felizes que passámos juntos no seio das nossas famílias… Mas ficou, afinal, tanto por te dizer e partilhar contigo!...
Contra toda a evidência médica, fomos resistindo à ideia de te perder e fomos sempre alimentando a luzinha que, embora muito trémula, ainda era visível ao fundo do túnel, há uns meses atrás. Mas tu sabias que a vida te estava a escapar… não obstante a dedicação e a competência dos “anjos”, que no Hospital de São João, cuidaram de ti, a começar pelo teu hematologista, dr. Ricardo Pinto.
Recordo o que me escreveste, há um ano, agradecendo as palavras que eu te mandei, em meu nome e da tua mana Alice, por ocasião dos teus 75 anos. “Querido Luís: Quando partirmos para o outro lado do rio de Caronte, como tu dizes, o que fica para a posteridade, é o que tu escreves agora para nós… Tantas e tão lindas recordações. De nós pouco fica… Obrigada mais uma vez, a todos, por todo o carinho que recebo.” (Fim de citação).
Não, Nitas, de ti fica muito. Antes de mais, fica, em nós, uma saudade imensa. De ti, fica o teu sorriso luminoso, a tua grande bondade, a contagiante alegria de viver, a tua beleza interior, a tua gentileza, a tua fotogenia, o carinho com que tratavas as tuas plantas e flores na Madalena e em Candoz, o prazer com que ias para o coro e o cavaquinho, o orgulho, a ternura e o amor que tinhas pelo teu marido, Gusto, e pelos teus filhos Luís Filipe e José Tiago, o desvelo e o carinho que manifestavas pelos teus netos, e as tuas noras e a tua grande família: manos, cunhados, sobrinhos, etc.
Fica o exemplo extraordinário de abnegação e de resistência que deste ao longo de quatro anos de luta contra uma doença crónica degenerativa, cruel, irreversível, incurável, injusta. Tu não merecias este desfecho.
E fica o teu Gusto, sempre discreto mas eficiente e presente, sempre a teu lado, nos piores e melhores momentos, o Gusto, o teu grande companheiro de jornada, de estrada, o grande amor da tua vida. Fica o seu exemplo, para todos nós, de um extraordinário cuidador. Sem um ai, sem um ui, escudando-se muitas vezes na sombra, fora das luzes da ribalta, sem procurar protagonismo. Porque ele sabia que tu farias exatamente o mesmo por ele. Essa, sim, é uma grande prova de amor.
Fica ainda o exemplo do resto da tua família, que esteve sempre a teu lado, que soube ser carinhosa, fraterna e solidária na grande provação que foi a tua doença. Sem esquecer os teus bons amigos e antigos colegas, do ISEP - Instituto Superior de Engenhria do Pporto e dos grupos do coro e do cavaquinho…
Na tua morte, querida Nitas, todos morremos um pouco contigo. Falo em meu nome, em nome dos meus e dos teus, e de todos os demais que muito te amaram e que te vão recordar pela vida fora. Prometemos nunca te esquecer enquanto ainda tivermos do lado de cá do rio. Também já temos a moeda para dar ao barqueiro Caronte que nos há levar ao teu encontro, na outra margem. Até lá vamos falando contigo, mesmo por entre lágrimas e suspiros. Recusamos dizer-te adeus, até sempre. Apenas, adeus, até um dia destes, querida Nitas!
Luís Graça
2. Letra da canção do cancioneiro minhoto, "Ó Farol de Montedor", interpretado por um coro "ad hoc" (sem acompanhamento instrumental), Cemitério de Paredes de Viadores, Marco de Canaveses, 25 de março de 2023, 15h00
Ó Farol de Montedor
Instrumental
Ó farol de Montedor, ó ai, ó ai,
Ó farol de Montedor,
Alumia cá pra baixo, ó ai, ó ai
Alumia cá pra baixo, ó ai, ó ai
Instrumental
Eu perdi o meu amor, ó ai, ó ai
Eu perdi o meu amor,
Foi-se embora o meu amor, ó ai, ó ai
Foi-se embora o meu amor,
Instrumental
Ó farol de Montedor, ó ai, ó ai,Ó farol de Montedor,
Alumia cá pra baixo, ó ai, ó ai
Instrumental
Eu perdi o meu amor, ó ai, ó ai
Eu perdi o meu amor,
Às escuras não no acho, ó ai, ó ai
À escuras não no acho, ó ai, ó ai
Instrumental
É noite, e o sol já está posto, ó ai, ó ai
É noite, e o sol já está posto
À escuras não no acho, ó ai, ó ai
Instrumental
É noite, e o sol já está posto, ó ai, ó ai
É noite, e o sol já está posto
E o meu amor que não vem, ó ai, ó ai
E o meu amor que não vem, ó ai, ó ai
Instrumental
Ou o mataram a ele, ó ai, ó ai
Ou o mataram a ele,
E o meu amor que não vem, ó ai, ó ai
Instrumental
Ou o mataram a ele, ó ai, ó ai
Ou o mataram a ele,
Ou ele matou alguém, ó ai, ó ai
Ou ele matou alguém, ó ai, ó ai
Instrumental
Ó farol de Montedor, ó ai, ó ai
Ó farol de Montedor,
Ou ele matou alguém, ó ai, ó ai
Instrumental
Ó farol de Montedor, ó ai, ó ai
Ó farol de Montedor,
Iça a bandeira de luto, ó ai, ó ai
Iça a bandeira de luto, ó ai, ó ai
Instrumental
Iça a bandeira de luto, ó ai, ó ai
Instrumental
Foi-se embora o meu amor, ó ai, ó ai
Foi-se embora o meu amor,
Tenho pena, choro muito, ó ai, ó ai
Tenho pena, choro muito, ó ai, ó ai
Tenho pena, choro muito, ó ai, ó ai
Instrumental
Ó farol de Montedor, ó ai, ó ai,
Alumia cá pra baixo, ó ai, ó ai
Alumia cá pra baixo, ó ai, ó ai
Alumia cá pra baixo, ó ai, ó ai
Amigo Luís, é nestes momentos que as palavras nos faltam para exteriorizar a tristeza que nos aperta o coração, pelo amigo que perde alguém muito querido.
As minhas condolências a toda a família e amigos da minha colega Eng Tec, que não tive o prazer de conhecer mas que com certeza nos cruzámos nos corredores do então IIP - Instituto Industrial do Porto (hoje ISEP)
Um grande abraço deste amigo que muito te considera.
Joaquim Costa
______________
Notas do editor:
Notas do editor:
(*) Vd. 24 de setemebro de 2020 > Guiné 61/74 - P21388: Manuscrito(s) (Luís Graça) (191): Quinta de Candoz: vindimas, a tradição que já não é o que era... (Augusto Pinto Soares) - Parte I
25 comentários:
Mesmo quando já é esperada, a morte de alguém que amamos é sempre devastadora. É em ocasiões como esta que sentimos a nossa impotência perante algo que nos transcende. Já na guerra muitos de nós sentiram isto mesmo. Quero manifestar a minha solidariedade à tua esposa e também a ti, camarada Luís Graça.
Um abraço
Fernando de Sousa Ribeiro
P.S. - O farol de Montedor (talvez se devessse escrever Monte Dor) fica na terra natal do companheiro Valdemar Queiroz, ali mesmo à esquerda de quem, em Afife, está virado para o mar.
Nesta hora de dor pela perda de quem vos é tão querido, o meu abraço solidário e as minhas sentidas condolências.
Eduardo Estrela
Grande abraço.
Os meus sentidos pêsames. Força para os que ainda cá estão.
João Rodrigues Lobo
Obrigado,camaradas,foi pungente (e ao mesmo tempo apaziguador) cantarmos em coro (umas 20 vozes, a maior parte de antigos/as colegas) esta canção, lancinante, do Farol de Monte Dor (a gráafia correta é Montedor). Era uma das favoritas da nossa Nitas (que cantava muito bem e tocava cavaquinho).
Confesso que foram dois dias muito intensos, com muitas emoções. A família é muito grande e a Nitas tinha/tem muitos amigos. Mais uma vez confirmei que a maneira, individual e colectiva, de se lidar com a morte é diferente no Norte e no Sul. Podemos de falar de uma socioantropologia diferencial da morte e do luto.
Agradeço em meu nome e da Alice aos camaradas da Tabanca Grande que quiseram e puderam estar presentes nas cerimónias fúnebres da mana Nitas: caso do Eduardo Ferreira Campos e do Julio Vieira Marques, que moram perto da igreja de Padrão da Légua.
Muitos outros amigos e camaradas da Guiné telefonaram-me ou deixaram mensagens no telemóvel e na caixa do correio: Céu e Pinto Carvalho; Jaime Silva; Laura Fonseca; Maria Irene Fleming e Virgínio Briote; Dina e Carlos Vinhal; Albano Costa...
São alguns nomes de que me lembro. Seria impossível individualizar os cento e tal comentários deixados na página do Facebook da Alice. Ou na nossa página, Tabanca Grande Luís Graça. Sensibiliza-nos a vossa solidariedade na dor.
Vamos ficar pelo Norte mais duas semanas, passando cá a Páscoa. É preciso acarinhar (e cuidar de) os vivos. Luis e Alice.
Palavras do filho mais velho, Luís Filipe, na capela da Sra do Socorro, Paredes de Viadores, 25/3/2023, às 15h00 (Reproduzidas aqui, com a devida vénia):
"Antes de mais queria agradecer a todos a vossa presença aqui, isto significa muito para nós e significaria muito para ela também pois a coisa que ela mais cultivou ao longo da vida foi a amizade.
Desde a ultima vez que falei para a maioria dos presentes, que foi no casamento do meu
irmão, muitas coisas mudaram, mas a principal, o facto de a minha mãe estar na primeira fila, sendo ela a protagonista.
Para mim a minha mãe, entre tantas, definia-se com estas palavras:
Honestidade – Deverá ser a par do meu pai a pessoa mais honesta que conheci, tudo para ela
era sobre fazer o bem e corretamente. Devo-lhes isso e todos os dias faço o meu melhor para
que se orgulhem de mim e o que me ensinaram não tenha sido em vão…
Sensibilidade – Não era sensível, era híper sensível, conseguia chorar em todos as situações, más ou boas e muitas delas sem razão aparente, mas a ironia tem destas coisas… e hoje aqui estamos …todos a chorar e ela não.
Agradecimento - A primeira palavra que lhe saía da boca para qualquer coisa de bom que lhe
acontecia era a palavra “Obrigado”. Mesmo quando era comigo que a situação era boa ela
obrigava-me a agradecer e não descansava enquanto não o fizesse. E aproveitando esta
palavra em especial ela quereria neste momento, assim como nós, agradecer ao Dr. Ricardo
Couto o seu empenho, profissionalismo e amizade pela minha mãe e que fez com que
prolongasse o máximo da vida dela e, portanto, a nossa felicidade. Não existem palavras
suficientes para agradecer a ele e a todos os profissionais do Hospital de S. João que trataram com carinho e amor a minha mãe, portanto vou ser prático e dizer como a minha mãe me ensinou “Muito Obrigado”.
Regateadora – Possivelmente uma das maiores regateadoras que o mundo já viu, conseguia os
melhores descontos com uma técnica muito apurada… um misto de paciência e determinação
e provavelmente sendo um pouco somítica. Para comprovar tenho uma história, era eu criança
e fomos comprar umas sapatilhas para mim na Rua de Costa Cabral, entramos e saímos de
todas as lojas para vêr todos os preços e voltamos à primeira que tínhamos visitado. Depois de experimentar e de pedir para as levar pediu o inevitável descontinho, ao que o Dono da loja disse que não podia de maneira nenhuma, porque até estavam com 40% de desconto em
plena época de saldos. Ela não cedeu e meia hora depois saímos com as sapatilhas na mão e
com mais 20 escudos no bolso… Portanto tinha valido a pena!!!
Amor – Acima de tudo um amor incondicional aos irmãos, cunhados, sobrinhos, amigos, ao
amor da vida dela de 50 anos, aos filhos, às noras e principalmente aos netos que foram no
fundo a razão maior para ter lutado tanto tempo pela vida, pois queria acompanhar o máximo
da vida deles.
Mãe, estas palavras são agora para ti, foste a melhor mãe do mundo, estou-te agradecido por
tudo que fizeste por mim, o teu amor e o teu carinho, a tua sensibilidade e honestidade
fizeram de mim o que sou hoje e apesar da tua aparente fragilidade foste a mais corajosa e
lutadora de todos os que conheci, amo-te muito! Sei o que querias para mim e espero estar à
altura.
De todas duas palavras deixei duas ultimaa para o fim e que nunca pensei dizer tão cedo.
Adeus Mãe."
Homenagem da amiga da família, Laura Fonseca (Porto) (aqui reproduzida com a devida vénia(:
O que sempre vi e retenho da querida Nitas:
Em primeiro lugar, a Nitas era uma mulher intensa e que apreciava a vida vivida com
intensidade
mulher que “da vida não queria só metade”
intensa no amor ao seu marido Gusto; aos seus filhos Filipe e Tiago; a sua menina/neta e seu
menino/neto; aos seus irmãos e irmãs e sobrinhos; aos seus amigos e colegas
intensa em viver a vida que poderia estar ao seu alcance
intensa na generosidade
intensa no cuidado de si e das suas coisas
intensa no trabalho e no seu lugar profissional
intensa nas relações de amizade
intensa a congregar todos os que viviam à sua volta
intensa na dedicação e no acolhimento
intensa na alegria de viver
intensa nas suas convicções
intensa nos seus afectos
Em segundo lugar, a Nitas era uma mulher poderosa, concentrada e fazedora
mulher que se mobilizava e sabia bem o que queria para si (e para os seus); sabia bem onde
colocar as suas energias e forças
mulher que tinha a sabedoria de determinar e prosseguir a sua vida;
a arte de saber criar o seu bem viver;
sabia alimentar as suas forças e convicções
apreciava a festa e sobretudo apreciava fazer a festa
apreciava a música, o canto, as festividades, as viagens…
Em terceiro lugar, a Nitas era uma mulher de bem consigo e contaminada pela sua vida
Vivia satisfeita, apaziguada e de bem com a sua vida.
Era uma mulher esmerada e que sabia bem o que valia, o que queria e gostava muito de si
assim;
apreciava a sua estética, o seu fazer, a sua forma de vida;
sabia o que podia exigir de si e por isso desenvolvia e valorizava esse seu potencial.
Em quarto lugar, e por tudo isto, a Nitas era uma mulher inteligente e tinha a SABEDORIA parafazer bem e intensamente tudo o que apreciava
Sentia que tinha consigo e em si o melhor do mundo
Contigo Nitas vivi bons momentos nestes últimos anos de saúde… senti o teu carinho, a partilha do que achavas belo e oportuno.
Tive o aconchego e um lugar à tua mesa e nas tuas casas, apreciava o prazer de te mobilizares para partilhar o que tinhas de melhor.
Pude apreciar os sabores dos teus petiscos e as tuas coisas boa e que fazias menção de
partilhar senti bem a tua solidariedade e disponibilidade… em momentos difíceis
Obrigada sempre… sempre muito obrigada
Lapso do Luís Filipe:
O nome do médico do Hospital de São João que acompanhou a sua mãe, é o dr. Ricardo PInto (e não Couto).
Pertence ao Corpo Clínico de Hematologia Clínica do Hospital de São João, tal como o seu sogro (e pessoa que eu muito admiro, e com quem tive o privilégio de trabalhar, na ENSP / Nova, no âmbito das funções do Conselho Escolar, a que ele presidiu durante 6 anos, o prof Manuel Sobrinho Simões).
Luís,
Na minha sala, em lugar de destaque, tenho um quadro pintado por um artista vianense, avô de um grande amigo meu da Meadela, Viana do Castelo, do farol de Montedor, que me foi oferecido nos meus anos. Tenho belas recordações das várias vezes que visitei o farol. A carga emotiva que este transporta, vai crescendo ao longo do tempo.
Vou enviar-te uma foto do mesmo para o teu e-mail.
Mas quem deve ter grandes recordações deste Farol é o nosso grande amigo Valdemar. Julgo que ficará agradado se lhe reencaminhares a foto.
Um grande abraço AMIGO.
Joaquim Costa
Tempo de dor e recolhimento. A grande Senhora partiu. Tinha a tua idade, Luís, e a minha, nascidos no ano de 1947. Que descanse em paz! No dealbar dos dias incertos que aí vêm, iremos também partir.
Ao encontro de quem muito amámos, ao encontro da plenitude do vazio.
Grande abraço,
António Graça de Abreu
Luís e Alice.
Hoje, ao acordar, fui como é meu hábito desde 2005 dar uma volta pelo nosso blogue e deixei-me envolver pela tristeza. Senti-me convosco a sofrer o drama da morte. Voltei ao Natal de 2005, quando me recebeu em sua casa na Madalena com um sorriso acolhedor (timbre da família Carneiro). Possibilitou-me conhecer-vos e a partir daí aprofundarmos uma amizade fecunda
Na última conversa que tivemos há dias, pareceu-me, Luís, que a sua doença, embora grave, estava estacionária, mas a vida prega-nos surpresas.
Estou triste. Gostava de ter estado convosco na dor da partida, cujas cerimónias fúnebres até foram na minha terra, no Padrão da Légua.
Lamento só ter sabido hoje.
Estou convosco na vossa dor, queridos amigos.
Luís Graça, os meus sentidos pesemos a toda a família da senhora falecida.
E o que eu gostei de ouvir o "Ai,ai o Farol de Montedor".
Montedor, o popular Monte da Dor, mas o mais provável é ter sido o Monte de Or, da «villa» de Or, das várias «villas» dos primeiros tempos do povoamento. (séc.X 'et Oori et Karrezo')
Montedor é á saída de Carreço e logo avistando Afife,... e começa-se a chorar de encantamento.
Da janela da casa da minha avó via o mar e a sul Montedor. Não se via o farol mas à noite via-se a luz a aparecer, a fugir e outra vez a aparecer, e em dias de forte nevoeiro ouvia-se a "buzinão" a alarmar.
A Carreço, pela caminho da linha do comboio, ia cortar o cabelo, em Afife não havia barbeiro.
E em memória da falecida, parte final do poema "Moinho de quatro velas", de Pedro Homem de Mello
.........
Moinho de quatro velas
Decepadas pelo ar!
Bailam três moços com elas,
Depondo círios no altar
Da minha saudade, à beira
Do farol de Montedor,
Dando luz – luz traiçoeira...
A luz que me há-de queimar!
Valdemar Queiroz
Obrigado também, Zé Saúde, pelo teu cuidado... Sem esquecer as minhas manas da Lourinhã (Graciete e Zairinha, mais novas do que eu e já viuvas) e do Fundão (Beu). E os meus sobrinhos... Obrigado a todos. LG
Caros amigos
Tive oportunidade de falar com a Alice mas não quis estender a conversa para o Luís nem voltei a falar com a Alice.
Estes momentos são sempre um tanto constrangedores, seja por eles em si mesmo, seja por nos transportarem para acontecimentos semelhantes com os que nos são próximos, familiares e/ou amigos.
Por isso não me senti à vontade para escrever mais alguma coisa, tanto mais que o que já li por aqui supera, em muito, em quantidade e em qualidade, as homenagens que é costume fazerem-se nestas ocasiões.
Então resta-me dizer que fica aqui, neste espaço, registado tudo (?) o que poderia caracterizar a "Nitas" e que isso não é de somenos.
Um abraço e um beijinho.
Hélder Sousa
Helder, obrigado, amigo. Já passaste por estas coisas, sabes bem do abalo que dão aos que estão mais próximos. ... Mas dizes bem, vida continua e o blogue também... Ab, Luis
Sentidos pêsames à Alice e ao Luís.
Sentidos pêsames á família enlutada principalmente aos familiares nas pessoas dos
meus queridoa amigos Alice e Luís. É o rolar da roda da vida que não há meio para a parar, por mais que a ciencia avance. Abraço de condolências. Colaço.
Disparate, evidentemente que queria dizer:
Luís Graça, os meus sentidos pêsames a toda a família da senhora falecida
As minhas desculpas.
Obrigado Costa pela foto da pintura do Farol de Montedor.
Eu e o meu primo íamos pela praia até a um Forte abandonado que está numa bela praia junto dumas cabanas de sargaceiros(?).
Nunca entramos no casarão que dava para a torre muito alta do Farol, até assustava e havia a guarda a fazer a segurança. Íamos apanhar lenha duns pinheiros muito altos que com uma corda conseguíamos partir os ramos secos e depois era mais fácil de transportar puxados pela areia, que trazer do monte às costas.
Eu continuo aflito sem poder sair de casa, talvez melhore com o tempo a aquecer.
Saúde da boa
Valdemar Queiroz
As minhas condolências ao Luís Graça e à sua esposa Alice, neste momento a viverem um drama tão difícil.
Faltam-me as palavras para expressar melhor a minha solidariedade para convosco e restante família. Estes tropeções da vida, deixam-me sempre desarmado, a pesar de já me ter visto envolvido nalguns semelhantes.
António Murta.
A Nitas dizia que estava a ser "tratada por anjos" no serviço de hematologia clínica do Hospital de São João... E que o dr. Riacrdo Pinto era o seu "anjo da guarda". E de facto foi, dyrante estes últimos quatro humanos.
Retifico:
(...) "Pertence, de facto, ao Corpo Clínico de Hematologia Clínica do Hospital de São João" mas não o seu sogro, o prof Manuel Sobrinho Simões, "pessoa que eu muito admiro, e com quem tive o privilégio de trabalhar, na ENSP / Nova, no âmbito das funções do Conselho Escolar, a que ele presidiu durante 6 anos"...
Peço descuçlpa, fiz confusão com os nomes dee pai e filho: quem pertence ao Corpo Clínico de Hematologia Clínica é também um filho do prof Sobrinho Simões, o dr. Manuel Areias Sobrinho Simões... O prof Sobrinho Simões nunca foi "clínico", tem uma especialidade "técnica", é patologista, de resto de craveira mundial... Peço desculpa ao pai e ao filho...
Amigo Valdemar,
Sempre oportuno e assertivo.
Belo poema de um dos poetas maiores do Porto, com uma paixão pela sua Viana, onde passou o maior tempo da sua vida na sua casa de Afife.
Tive a felicidade de o ter como professor de português na Escola Infante D. Henrique no Porto
As tuas melhoras
Grande abraço
Caros amigos Luis e Alice
Nesta hora de tristeza associo-me à vossa dor.
Um abraço,
Ernestino Caniço
Obrigado, camaradas e amigos, em meu nome e da família... Mas já aqui estamos hoje, 3a. feira, na Quinta de Candoz, a trabalhar...Viemos uns doe do Porto e de Matosinhos e outros da Madalena.... Porque a vida continua e é preciso cuidar dos vivos... Claro, entre ais e suspiros, esta casa está cheia de recordações da falecida... A sua energia e alegria enchiam-nos a alma...
Por razões várias não tenho tido oportunidade ultimamente de seguir o blog e foi pelo facebook ( alertado pela Vilma) que soube que a Nitas nos deixou. Foi aí que deixei um breve Post.
Fui esta manhã ao blogue : a enxurrada de pesames/comentários com que deparei falam por si.
A todos me associo nesta manifestação de pesar, muito especialmente aos manos Alice e Luís Graca evidentemente, mas também a todos os que com eles sofrem a partida de mais um nosso(a) camarada. É bom sentir esta fraternidade e amizade, mesmo em momentos difíceis.
Ainda bem que este blogue, como elo e meio de comunicação entre nós, nos possibilita esta partilha. Não fora ele, a maior parte de nós nem teria sabido da existência desta Nitas, que não cheguei a conhecer pessoalmente , mas que pelos testemunhos do Luís Graca e outros membros da família e amigos era uma ser humano extraordinário.
Nestes “comentários” não é difícil sentir a dor de muitos que a conheciam. Numa comunhão de sentimentos, permitam-me um grande abraço de alento : Coragem meus irmãos! Corações ao alto.
João Crisóstomo, Nova Iorque
Enviar um comentário