terça-feira, 8 de setembro de 2020

Guiné 61/74 - P21337: Manuscrito(s) (Luís Graça) (190): Há festa na Tabanca de Candoz: Parabéns, mano Zé Carneiro!... "Querido Zé, mesmo à distância social, / Que outra Senhora, a má Covid, nos impõe, / Aceita o nosso abraço fraternal./ Nas vindimas juntos haveremos de estar, / E, na nossa Candoz onde tudo se compõe, / Logo os parabéns te prometemos cantar."


Marco de Canaveses > Paredes de Viadores > Candoz > Quinta de Candoz > 21 de outubro de 2012 > O Zé Ferreira Carneiro, apanhador de  sentieiros (cogumelos).

Foto (e legenda): © Luís Graça (2012). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Angola > 1969/71 > CCAÇ 313 / BCAÇ 13  (1969/71) > Camabatela > José Ferreira Carneiro, 1º cabo, operador de transmissões, de rendição indvidual,  andou a guardar os cafezais do norte de Angola...  A BCAÇ 13 pertencia à Região Militar de Angola, esteve operacional entre agosto de 1967 e abril de 1974. 

Foto: © José Ferreira Carneiro  (2012). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. O José Ferreira Carneiro faz hoje anos 72 anos. Nasceu no dia da festa de Nossa Senhora da Natividade do Castelinho, a 8 de setembro de 1948. O mais novo de 7 irmãos, 3 rapazes e 4 raparigas (das quais uma morreu, ainda criança), da Casa de Candoz, Paredes de Viadores, Marco de Canaveses-

Como todos os rapazes da sua geração, foi chamado a servir o país, durante a guerra do ultramar. Ele e o irmão mais velho, o António. Esteve em Angola. Foi 1º Cabo Transmissões de Infantaria, de rendição individual, numa companhia que guardava os cafezais lá região, no norte de Angola, perto de Negage e de Quitexe. Hoje, Camabatela, sede do município de Ambaca, pertence à província de Quanza Norte. 

Esteve na CCAÇ 313, do BCAÇ 13, sedeado em Vila Salazar. (A CCAÇ 312 estava Belongongo e CCAÇ 311 em Mussungo.)

O Zé, o nosso "mano mais novo".   nunca teve grandes saudades do seu tempo de tropa e de guerra. Recebia e escrevia muitas cartas e aerogramas, isso sim. Das que recebeu (dos manos, pais, cunhados, amigos, amigas ...) guardou-as todas, e arquivou-as, uma a uma, por autor e data... Só da irmã, Alice Carneiro, a "Chita", tem mais de 100, no seu arquivo. 

Essa coleção é já um hoje um fonte de informação interessante não só para a história da família mas também sobre o quotidiano da guerra em África, e das necessidades e preocupações que os nossos militares deixavam transparecer. As saudades da terra eram sempre mais do que muitas, as referências às festas anuais, à matança do porco, às vindimas, ao Natal, etc., eram frequentes. Era isso que fazia lembrar a pátria distante... Nos dois anos que lá esteve, nunca veio a casa, que as viagens eram caríssimas. Já aqui e no blogue A Nossa Quinta de Candoz publicamos uma seleção dessas cartas

Mas hoje vamos mandar-me um "so(r)neto" de parabéns. O abraço, ao vivo, em carne e osso, fica para as vindimas que já estão marcadas para o dia 19 do corrente.

 

Um so(r)neto de parabéns para o mano Zé

Já fez ontem o mano Zé setenta e um

Aninhos, ele qu’ era de todos o mais novo,

Dessa família respeitada, que, p´ró povo,

Carneiro só há um, o de Candoz mais nenhum.

 

Hoje faz mais um, e merece um miminho,

Mesmo que estejamos em plena pandemia,

Qu’ ele nasceu noutro tempo de festa e romaria,

A da Senhora da Natividade do Castelinho.

 

Querido Zé, mesmo à distância social,

Que outra Senhora, a má Covid, nos impõe,

Aceita o nosso abraço fraternal.

 

Nas vindimas juntos haveremos de estar,

E, na nossa Candoz onde tudo se compõe,

Logo os parabéns te prometemos  cantar.


Alice e Alice, Tabanca da Lourinhã, 8/9/2020

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Nota do editor:

Último poste da série >  18 de agosto de 2020 > Guiné 61/74 - P21265: Manuscrito(s) (Luís Graça) (189): A Alice Carneiro, Rainha do Dia e Por um Dia...

2 comentários:

Fernando Ribeiro disse...

Passei uma vez por Camabatela (quando regressei à Metrópole no fim da minha comissão, em 1974) e a imagem que me ficou na memória não foi a de cafezais. Foi a de criação de gado bovino, confinado por vedações de arame farpado, em propriedades que se estendiam ao longo da estrada a caminho de Salazar (isto é nome que se dê a uma cidade?). É claro que também me lembro da grande e vistosa igreja da vila, que se «metia pelos olhos dentro».

Anónimo disse...


Na minha aldeia chamam-se róclos, São óptimos, estes últimos dois anos houve muitos. Parabéns ao apanhador, por todos os motivos.

Francisco Baptista