Guiné > Região do Cacheu > Zona Oeste > Sector 01 (Teixeira Pinto) > Jolmete > "Eu com o Dandi Djassi, futuro capitão de milícia, em pose para a foto".
Foto de Manuel Resende. ex-alf mil, CCaç 2585/BCaç 2884, Jolmete, Pelundo e Teixeira Pinto, 1969/71.
Major General Hélio Esteves Felgas (1920-2008): duas comissões na Guiné (Bula, 1963/64; Mansoa, Tite, Bafatá, 1968/69); um dos militares portugueses da sua geração mais condecorados, autor de dezenas de livros e artigos sobre a "luta contra o terrorismo", a guerra ultramarina... Comparou a Guiné ao Vietname. Também considerava que a solução para a Guiné não era militar mas política... Foi, todavia, um crítico de Spínola que lhe terá roubado, entretanto, a ideia dos reordenamentos (aldeias estratégicas) (1). Um oficial intelectualmente brilhante mas controverso, dizem alguns dos seus pares, mais novos. (Foto gentilmente cedida ao nosso blogue pela filha, Dra. Helena Felgas, advogada, que era amiga do prof Jorge Cabral.)
1. Na altura, a "partilha do segredo" do António Medina (1939-2025) (*) provocou diversos comentários (**) que merecem ser aqui revistos, incluindo a resposta do autor (que infelizmente acaba de nos deixar no início deste ano). Também o Vasco Paris (1948.2016), camarada da diáspora lusófona já não está entre nós (morreu no Brasil).
(i) Vasco Pires (1948-2016) (ex-alf mil. cmdt, 23º Pel Art, Gadamael, 1970/72),
terça-feira, 24 de junho de 2014 às 20:25:00 WEST
PS - (...) Fiz a citação do major-general Sherman, por se tratar de um militar da terra de adoção do camarada Medina.
Citei-o também, por ser o autor da célebre frase "War is hell", repetida até hoje à exaustão.
Transcrevi a frase seguinte, por ter sido feita, por um militar considerado intransigente, num momento de decisão particularmente difícil - a evacuação e incêndio de Atlanta.
Quanto a juízos de valor,nada tenho contra quem os faz, contudo, eu tento não os fazer. (...)
(ii) Luís Graça, editor
Nunca é demais recordar uma das regras básicas do nosso blogue, sem a qual não pode haver "partlha de memórias e de afetos":
(...) "recusa da responsabilidade coletiva (dos portugueses, dos guineenses, dos fulas, dos balantas, etc.), mas também recusa da tentação de julgar (e muito menos de criminalizar) os comportamentos dos combatentes, de um lado e de outro" (...)
(iii) Manuel Carvalho Manuel Carvalho (ex-fur mil armas pesadas inf, CCAÇ 2366 / BCAÇ 2845, Jolmete e Quinhamel, 1968/70)
Portanto o António Medina não assistiu aos "fuzilamentos", ouviu contar.
Não digo que não possam ter acontecido, todas as guerras são sujas, tudo é possível, até o assassínio de três majores e um alferes, mais dois guias, gente do meu CAOP 1, em 1970, militares desarmados que iam em negociações de paz, exactamente na estrada do Pelundo para o Jolmete.
Estive sete meses em Teixeira Pinto, em 1972/73, estive no Jolmete em 1972, jamais ouvi esta história. Eu sei que já haviam passado oito anos, mas "fuzilamentos" deste tipo costumam deixar lastro na memória das gentes.
Gostava que estes "fuzilamentos" fossem confirmados por mais pessoas que se possam pronunciar com verdade, com factos, não de ouvir contar. (...)
(v) Joaquim Luís Fernandes (ex- alf mil, CCAÇ 3461/BCAÇ 3863, Teixeira Pinto, 1973, e Depósito de Adidos, Brá, 1974):
(...) Eu sou um sentimentalão! E se calhar muito ingénuo.
Ao ler esta narrativa sentia uns arrepios e um desgosto profundo e interrogava-me: Como terá sido possível tão medonho ato por parte de um corpo do exército português, formado e enquadrado por valores éticos,que condenariam em absoluto tal procedimento? Ou havia nesse tempo outra doutrina que eu desconheço?
E porque duvidar da verosimilhança da descrição do camarada António Medina?...
Tudo isto mexe comigo. Porque vivi aí os meus primeiros medos e pisei esse chão incerto e instável,sou remetido para as questões que tantas vezes coloquei a mim próprio: Porquê a antipatia que via espelhada nos rostos dos manjacos e a sua desconfiança e má vontade?
Teria a ver com a memória desses factos, ou eram memórias bem mais antigas, do tempo de Teixeira Pinto ou ainda mais antigas do tempo dos escravos do Cacheu?
Em 1973, em Teixeira Pinto, coabitávamos em paz aparente com a população local,(velhos, mulheres alguns jovens adolescentes e crianças) mas sentia que eramos "personas non gratas". Toleravam-nos enquanto os serviamos Diziam-me os meu soldados: "Eles fazem de nós seus criados".
Também ainda não consegui encaixar bem toda a tramoia dos assassinatos dos três majores, do alferes e dos acompanhantes, em 1970. Apesar de tudo o que li, ficaram-me vários hiatos sem explicação. Agora fico com mais esta dúvida: Será que um acontecimento não tem nada a ver com o outro? A minha intuição diz-me que sim. Pelo menos o local escolhido foi o mesmo. Porquê?... Esta história tem muito por contar! (...)
Julio Abreu (Crupo de Comandos Centurioes, ex-Guiné Portuguesa)
(vii) Manuel Luís Lomba (ex-fur mil cav, CCAV 703/BCAV 705, Bissau, Cufar e Buruntuma, 1964/66):
Sem pretender sindicar a memória do camarada António Medina, acho algo de estranho. Aquele comandante exortava-nos à implacabilidade em relação à gente que nos recebesse à bala ou granada, mas incitava-nos ao cuidado de poupar populações. Enfatizava o dilema das mesmas - colocados entre a tropa e os "terroristas".
(viii) António Rosinha (ex-fur mil, Angola 1961/62, e topógrafoda TECNIL, Guiné-Bissau, 1987/93)
(...) Todos os crimes e fuzilamentos e atrocidades cometidos pelos tugas estão adaptados ao discurso anticolonial conveniente às autoridades revolucionárias que tomaram conta do poder em toda a África.
Isto desde o início da guerra em 1961, sempre se acreditou em tudo o que vinha de Argel, Moscovo e Brazaville e Conacry.
Desde os números arredondados tipo os 50 mártires do Pidjiquiti até aos milhares de turras da UPA lançados ao mar, pelos luxuosos PV2 da FAP, tudo está "provado" e "comprovado".
Só falta descobrir o segredo das valas comuns e da contagem dos respectivos cadáveres. (...)
quinta-feira, 26 de junho de 2014 às 13:51:00 WEST
(ix) António Medina (1939-2025) (ex-fur mil, OE, CART 527 / (Teixeira Pinto, Bachile, Calequisse, Cacheu, Pelundo, Jolmete e Caió, 1963/65).
(...) Acabo de tomar conhecimento de comentários feitos por alguns camaradas, mostrando certa relutância em aceitar a narrativa dos factos acontecidos na área de Jolmete. Cada um tem o direito de aceitar ou discordar e até pedir provas mais concretas desde que estejam disponíveis.
” Aquele comandante exortava àimplacabilidade em relação às gentes que nos recebessem à bala ou granada mas incitava-nos ao cuidado de poupar populações" ,
Ora, o que foi feito em Jolmete ?
Pouparam, sim, a vida das mulheres e crianças. Mas sem condescendência, como vingança, exterminaram os homens da tabanca,considerando o facto que talvez fossem coniventes com os autores da tal emboscada ou assim evitar o perigo de virem a pegar em armas. Foi uma ação bastante secreta como é obvio.
Se enquadra ou não na teoria operacional daquele comandante ?
Sabemos que casos semelhantes aconteceram não só na Guiné mas também em Angola e Moçambique, em grupos ou a nível individual.
O camarada Manuel Carvalho se refere ter estado em Jolmete em 1968, quatro anos depois , assim como que a pouca população que havia em Jolmete tinha sido recuperada no mato. isto vai ou não ao encontro do que escrevi, da fuga da população que restou e se refugiou no mato?
(x) César Dias, ex-fur mil sapador, CCS/BCAÇ 2885, Mansoa, 1969/71)
(...) Camaradas, não tenho dificuldade nenhuma em considerar veridica a narrativa do António Medina, já era diferente se estes episódios se tivessem passado durante a era de Spinula, tanto quanto me apercebi não era possivel uma situação destas, com ou sem PIDE. (...)
segunda-feira, 30 de junho de 2014 às 13:06:00 WEST
(xii) João Lemos (ex-alf mil sapador, CCS/BART 6521/72, Pelundo, 1972/74)
(...) Pertenci à CCS do BART 6521/72, onde era alferes miliciano sapador. Estive no Pelundo desde 1972 até à entrega deste quartel, tal como os de Có e o de Jolmete, ao PAIGC, em 1974. Em Jolmete estava a 3ª Companhia do BART 6521/72.
___________
(*) Último poste da série > 26 de janeiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26428: O segredo de...(48): António Medina (1939-2025) - Parte IV: Acredito na versão do Cajan Seidi sobre a vala comum de Jolmete (Manuel Carvalho, ex-fur mil armas pes inf, CCAÇ 2366 / BCAÇ 2845, Jolmete, 1968/70)
(**) Vd,. poste de 5 de setembro de 2018 > Guiné 61/74 - P18988: Blogues da nossa blogosfera (103): "Memórias de Jolmete", de Manuel Resende: Cajan Seidi, o atual régulo de Jolmete, neto de Cambanque Seidi, o régulo de Jol que, em 1964, foi uma das cerca de 20 vítimas de represálias das NT (Manuel Resende / Eduardo Moutinho Santos)
Outro camarada da diáspora lusófona é o Júlio Costa Abreu, é contemporâneo dos acontecimentos tal como o Manuel Luís Lomba. Camnaradas de épocas diferentes, mas que conheceram o "chão manjaco": Manuel Carvalho, António Graça de Abreu, Joaquim Luís Fernandes e João Lemos, além do António Medina.
(i) Vasco Pires (1948-2016) (ex-alf mil. cmdt, 23º Pel Art, Gadamael, 1970/72),
"War is hell,"
"You cannot qualify war in harsher terms than I will. War is cruelty, and you cannot refine it; and those who brought war into our country deserve all the curses and maledictions a people can pour out. I know I had no hand in making this war, and I know I will make more sacrifices to-day than any of you to secure peace."
General William Tecumseh Sherman
Parabéns, Camarada, por conseguires exorcizar os teus "fantasmas".
"You cannot qualify war in harsher terms than I will. War is cruelty, and you cannot refine it; and those who brought war into our country deserve all the curses and maledictions a people can pour out. I know I had no hand in making this war, and I know I will make more sacrifices to-day than any of you to secure peace."
General William Tecumseh Sherman
Parabéns, Camarada, por conseguires exorcizar os teus "fantasmas".
terça-feira, 24 de junho de 2014 às 20:25:00 WEST
PS - (...) Fiz a citação do major-general Sherman, por se tratar de um militar da terra de adoção do camarada Medina.
Citei-o também, por ser o autor da célebre frase "War is hell", repetida até hoje à exaustão.
Transcrevi a frase seguinte, por ter sido feita, por um militar considerado intransigente, num momento de decisão particularmente difícil - a evacuação e incêndio de Atlanta.
Quanto a juízos de valor,nada tenho contra quem os faz, contudo, eu tento não os fazer. (...)
(ii) Luís Graça, editor
Nunca é demais recordar uma das regras básicas do nosso blogue, sem a qual não pode haver "partlha de memórias e de afetos":
(...) "recusa da responsabilidade coletiva (dos portugueses, dos guineenses, dos fulas, dos balantas, etc.), mas também recusa da tentação de julgar (e muito menos de criminalizar) os comportamentos dos combatentes, de um lado e de outro" (...)
(iii) Manuel Carvalho Manuel Carvalho (ex-fur mil armas pesadas inf, CCAÇ 2366 / BCAÇ 2845, Jolmete e Quinhamel, 1968/70)
(...) Cerca de quatro anos depois junho de 68 a minha companhia 2366 chegou a Jolmete e aí permanecemos cerca de um ano. O Blog tem fotos minhas desse mesmo barracão que era o edifício com mais qualidade que existia em Jolmete.A pouca população que havia tinha sido recuperada no mato. O régulo atual de Jolmete julgo que é o Cajan Seidi. Por acaso não te lembras do nome desse régulo? (...)
(iv) António Graça de Abreu ( ex-alf mil, CAOP1, Teixeira Pinto, Mansoa e Cufar, 1972/74):
Diz o António Medina:
"Não se trata de nenhuma minha criatividade ou ficção, mas sim a descrição verdadeira de factos sucedidos, contados a mim na altura por quem foi testemunha e participante de uma acção bastante degradante e vergonhosa."
"Não se trata de nenhuma minha criatividade ou ficção, mas sim a descrição verdadeira de factos sucedidos, contados a mim na altura por quem foi testemunha e participante de uma acção bastante degradante e vergonhosa."
Portanto o António Medina não assistiu aos "fuzilamentos", ouviu contar.
Não digo que não possam ter acontecido, todas as guerras são sujas, tudo é possível, até o assassínio de três majores e um alferes, mais dois guias, gente do meu CAOP 1, em 1970, militares desarmados que iam em negociações de paz, exactamente na estrada do Pelundo para o Jolmete.
Estive sete meses em Teixeira Pinto, em 1972/73, estive no Jolmete em 1972, jamais ouvi esta história. Eu sei que já haviam passado oito anos, mas "fuzilamentos" deste tipo costumam deixar lastro na memória das gentes.
Gostava que estes "fuzilamentos" fossem confirmados por mais pessoas que se possam pronunciar com verdade, com factos, não de ouvir contar. (...)
(v) Joaquim Luís Fernandes (ex- alf mil, CCAÇ 3461/BCAÇ 3863, Teixeira Pinto, 1973, e Depósito de Adidos, Brá, 1974):
(...) Eu sou um sentimentalão! E se calhar muito ingénuo.
Ao ler esta narrativa sentia uns arrepios e um desgosto profundo e interrogava-me: Como terá sido possível tão medonho ato por parte de um corpo do exército português, formado e enquadrado por valores éticos,que condenariam em absoluto tal procedimento? Ou havia nesse tempo outra doutrina que eu desconheço?
E porque duvidar da verosimilhança da descrição do camarada António Medina?...
Tudo isto mexe comigo. Porque vivi aí os meus primeiros medos e pisei esse chão incerto e instável,sou remetido para as questões que tantas vezes coloquei a mim próprio: Porquê a antipatia que via espelhada nos rostos dos manjacos e a sua desconfiança e má vontade?
Teria a ver com a memória desses factos, ou eram memórias bem mais antigas, do tempo de Teixeira Pinto ou ainda mais antigas do tempo dos escravos do Cacheu?
Em 1973, em Teixeira Pinto, coabitávamos em paz aparente com a população local,(velhos, mulheres alguns jovens adolescentes e crianças) mas sentia que eramos "personas non gratas". Toleravam-nos enquanto os serviamos Diziam-me os meu soldados: "Eles fazem de nós seus criados".
Também ainda não consegui encaixar bem toda a tramoia dos assassinatos dos três majores, do alferes e dos acompanhantes, em 1970. Apesar de tudo o que li, ficaram-me vários hiatos sem explicação. Agora fico com mais esta dúvida: Será que um acontecimento não tem nada a ver com o outro? A minha intuição diz-me que sim. Pelo menos o local escolhido foi o mesmo. Porquê?... Esta história tem muito por contar! (...)
(vi) Júlio Costa Abreu (ex-1º cabo 'cmd', Grupo Centuriões, Cmds do CTIG, Brá, 1964/66)
(...) Ser ou não ser , e questão ter ou ter razão.
(...) Ser ou não ser , e questão ter ou ter razão.
E de quem foi na culpa de terem fuzilado em Banbandinca depois do 25 de Abril tantos soldados Comandos, como por exemplo o Jamanca e muitos outros, ou será que depois de eles terem confiado nos novos donos da Guiné foi a paga que lhes deram?
Isso também motivo para serem assassinados ? E guerra realmente nunca foi limpa mas isso e normal.
Julio Abreu (Crupo de Comandos Centurioes, ex-Guiné Portuguesa)
(...) Terei sido contemporâneo destas circunstância.Chegamos a Bissau (BCav 705) em 26/7/64 e a minha subunidade (CCav 703) foi de intervenção para Bula em Agosto, fez o seu baptismo de fogo em Naga e durante 20 dias reforçou a atividade operacional o BCaç 507, comandado pelo então tenente-coronel Hélio Felgas - que alinhava no mato.
Sem pretender sindicar a memória do camarada António Medina, acho algo de estranho. Aquele comandante exortava-nos à implacabilidade em relação à gente que nos recebesse à bala ou granada, mas incitava-nos ao cuidado de poupar populações. Enfatizava o dilema das mesmas - colocados entre a tropa e os "terroristas".
Havia bastantes presos, junto à casa da guarda que recebiam o rancho geral e não me apercebi de maus tratos. Isto dois meses após esses eventuais factos. Cercar tabancas e fazer capturas foi o nosso dia a dia nosso de cada dia operacional.
Aconteceram atos lamentáveis? Com certeza. Mas o fuzilamento dos capturados diferido dois meses suscita melhores provas. Luís Cabral não refere esse evento no seu livro "Crónica da Libertação". E aquele foi o tempo da prisão de importantes paigcistas, como Rafael Barbosa, Fernando Fortes, sem esquecer os que vieram a conspirar e assassinar Amílcar Cabral que não foram eliminados. (...)
(viii) António Rosinha (ex-fur mil, Angola 1961/62, e topógrafoda TECNIL, Guiné-Bissau, 1987/93)
(...) Todos os crimes e fuzilamentos e atrocidades cometidos pelos tugas estão adaptados ao discurso anticolonial conveniente às autoridades revolucionárias que tomaram conta do poder em toda a África.
Isto desde o início da guerra em 1961, sempre se acreditou em tudo o que vinha de Argel, Moscovo e Brazaville e Conacry.
Desde os números arredondados tipo os 50 mártires do Pidjiquiti até aos milhares de turras da UPA lançados ao mar, pelos luxuosos PV2 da FAP, tudo está "provado" e "comprovado".
Só falta descobrir o segredo das valas comuns e da contagem dos respectivos cadáveres. (...)
quinta-feira, 26 de junho de 2014 às 13:51:00 WEST
(ix) António Medina (1939-2025) (ex-fur mil, OE, CART 527 / (Teixeira Pinto, Bachile, Calequisse, Cacheu, Pelundo, Jolmete e Caió, 1963/65).
(...) Acabo de tomar conhecimento de comentários feitos por alguns camaradas, mostrando certa relutância em aceitar a narrativa dos factos acontecidos na área de Jolmete. Cada um tem o direito de aceitar ou discordar e até pedir provas mais concretas desde que estejam disponíveis.
Segundo a teoria aplicada pelo comandante do Batalhão de Bula , ver comentaário do camarada Manuel Lomba porque assim reza o seu segundo parágrafo:
” Aquele comandante exortava àimplacabilidade em relação às gentes que nos recebessem à bala ou granada mas incitava-nos ao cuidado de poupar populações" ,
Ora, o que foi feito em Jolmete ?
Pouparam, sim, a vida das mulheres e crianças. Mas sem condescendência, como vingança, exterminaram os homens da tabanca,considerando o facto que talvez fossem coniventes com os autores da tal emboscada ou assim evitar o perigo de virem a pegar em armas. Foi uma ação bastante secreta como é obvio.
Se enquadra ou não na teoria operacional daquele comandante ?
Sabemos que casos semelhantes aconteceram não só na Guiné mas também em Angola e Moçambique, em grupos ou a nível individual.
O camarada Manuel Carvalho se refere ter estado em Jolmete em 1968, quatro anos depois , assim como que a pouca população que havia em Jolmete tinha sido recuperada no mato. isto vai ou não ao encontro do que escrevi, da fuga da população que restou e se refugiou no mato?
Estava eu em Bissau como empregado do BNU quando em 1970 se deu o caso dos três majores, um alferes e outros na estrada de Jolmete. Não obstante fossem militares e em guerra, o caso consternou os civis da cidade de Bissau. Teria sido vingança do PAIGC sobre a tropa colonial ? (...)
(x) César Dias, ex-fur mil sapador, CCS/BCAÇ 2885, Mansoa, 1969/71)
(...) Camaradas, não tenho dificuldade nenhuma em considerar veridica a narrativa do António Medina, já era diferente se estes episódios se tivessem passado durante a era de Spinula, tanto quanto me apercebi não era possivel uma situação destas, com ou sem PIDE. (...)
segunda-feira, 30 de junho de 2014 às 13:06:00 WEST
(xi) Carlos Pinheiro (ex-1.º cabo trms op msg, Centro de Mensagens do STM/QG/CTIG, Bissau, 1968/70):
(...) Fiz a minha comissão na Guiné de outubro de 68 a novembro de 70. Desembarquei cá no dia da Operação Mar Verde.
(...) Fiz a minha comissão na Guiné de outubro de 68 a novembro de 70. Desembarquei cá no dia da Operação Mar Verde.
Ao longo daqueles 25 meses tive conhecimento de tanta coisa mas, como respondi ao inquérito, dessas cenas macabras nunca ouvi falar com consistência. Estava lá quando os 3 Majores e o Alferes foram selvaticamente assassinados nessa zona de Jolmete. Um horror.
Mas estava lá também quando foi a evacuação de Madina de Boé quando morreram aquelas dezenas de militares na jangada que se virou. Mas uma coisa conclui hoje. O comandante de Bula falado no poste foi o mesmo que coordenou o abandono de Madina de Boé. E no ano seguinte levou uma Torre e Espada ao peito no Terreiro de Paço. Coincidências? Não sei. (...)
(xii) João Lemos (ex-alf mil sapador, CCS/BART 6521/72, Pelundo, 1972/74)
(...) Pertenci à CCS do BART 6521/72, onde era alferes miliciano sapador. Estive no Pelundo desde 1972 até à entrega deste quartel, tal como os de Có e o de Jolmete, ao PAIGC, em 1974. Em Jolmete estava a 3ª Companhia do BART 6521/72.
Fui muitas vezes a Jolmete, pois comandei muitas vezes as escoltas entre Jolmete e João Landim. Passei muitas vezes na “2ª bolanha”, onde foram assassinados os Majores, o Alferes e os dois guias negros em 1970.
Cheguei portanto a esta zona 8 anos depois dos factos narrados pelo camarada António Medina. Convivi muito com Dandi Djassi que veio a ser fuzilado, tal como o “Sete”, pelo PAIGC, depois da saída das tropas portuguesas da Guiné Bissau.
Dandi Djassi era de Jolmete, mas vivia no Pelundo, onde, juntamente com as milícias desta localidade, combatia o PAIGC ao lado das tropas portuguesas.
Nunca ouvi falar dos factos narrados pelo camarada António Medina, mas, tal como diz o comentário anterior do camarada Cesar Dias, "não tenho dificuldade nenhuma em considerar verídica a narrativa do António Medina, já era diferente se estes episódios se tivessem passado durante a era de Spínola, tanto quanto me apercebi não era possível uma situação destas, com ou sem PIDE”. (...)
(Revisão / fixação de texto: LG)
___________
Notas do editor:
(*) Último poste da série > 26 de janeiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26428: O segredo de...(48): António Medina (1939-2025) - Parte IV: Acredito na versão do Cajan Seidi sobre a vala comum de Jolmete (Manuel Carvalho, ex-fur mil armas pes inf, CCAÇ 2366 / BCAÇ 2845, Jolmete, 1968/70)
(**) Vd,. poste de 5 de setembro de 2018 > Guiné 61/74 - P18988: Blogues da nossa blogosfera (103): "Memórias de Jolmete", de Manuel Resende: Cajan Seidi, o atual régulo de Jolmete, neto de Cambanque Seidi, o régulo de Jol que, em 1964, foi uma das cerca de 20 vítimas de represálias das NT (Manuel Resende / Eduardo Moutinho Santos)
3 comentários:
Verifico que o nosso camarada João Lemos ainda não é formalmente membro da nossa Tabanca Grande. Não é obrigatório. Mas ficamos honrados (e mais "ricos") se ele aceitar o nosso convite. Foi um dos "últimos soldados do império", deve muito para nos contar desse tempo que não deve ter sido fácil de "gerir"...Um alfabravo, Joáo. LG
Olá Camaradas
O Ten-Cor Hélio Esteves Felgas foi meu professor de "Estudos Ultramarinos" e acerca deste assunto já me pronunciei, Comprei um livro dele em 2.ª ou 3.ª mão com 5 cm de lombada e com uma descrição de Timor onde começou a sua vida profissional, no momento em que os japoneses saíam. Comparem o número de condecorações de um oficial que fez a guerra a sério, com o número de um outro que por aí anda (28) e que terá dificuldade em dizer como é que as espingardas disparam: pelo cano ou pela coronha. Já no meu tempo de cadete o ouvia dizer que se tornava necessário dotar a Guiné de uma rede de estradas asfaltadas, para além da criação de algo parecido com os Reord...
Um Ab.
António J. P. Costa
Inegavelmente foi um oficial puro e duro...Ainda falei com ele ao telefone, uns tempos antes de morrer, a propósito do desastre de Cheche (que o terá abalado muito).
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