sábado, 1 de fevereiro de 2025

Guiné 61/74 - P26447: Os nossos seres, saberes e lazeres (666): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (190): From Southeast to the North of England; and back to London (9) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 19 de Setembro de 2024:

Queridos amigos,
Compra-se o mapa do museu por 1 libra e fica-se logo derreado, 145 salas, há de tudo como na botica, Ásia, mundo islâmico, as tapeçarias de Rafael, a China e o Japão, os tempos medievais e a renascença, isto no rés do chão, o primeiro andar é dedicado à Grã-Bretanha, o segundo Artes Decorativas do século XX, o terceiro tem pintura britânica vidros e muitíssimo mais, o quarto andar é um vendaval de cerâmicas; há espaços de lazer no rés do chão, em determinado momento, já com os pezinhos sobreaquecidos, fui tomar um café num espaço jardim de interior, depois da pausa, quando pensava tirar-me à contemplação da arte de William Morris, o génio do movimento Arts and Crafts, enganei-me e fui para a sala do budismo, lá retifiquei e voltei aos séculos XIX/XX, aqui fica o registo de meia jornada, ainda há muito para ver.

Um abraço do
Mário



Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (190):
From Southeast to the North of England; and back to London – 9


Mário Beja Santos

A minha anfitriã de Hammersmith, Fiona Leach, avisou-me à noite que, tudo ponderado, deixa-se a incursão na City para a manhã da minha partida, levantar cedo e cedo erguer, palmilhar aquele território do centro, regressar, amesendar bem e tomar o tube para Heathrow, aterrar em Lisboa pela calada da noite. Não tinha a contestar, o que me sugeria para começar o dia seguinte, foi terminante, ia acompanhar-me ao V&A, competia-me fazer a escolha entre os milhares de objetos do único rival do Museu Britânico, está ali a maior coleção de artes decorativas do mundo. Já por lá andei, por uso e costume escolho sempre um bocadinho para não sair do museu com confusão de imagens do que foi visto e merece boiar na memória. À cautela, documentei-me. Este edifício monumental foi fundado com os lucros da Grande Exposição de 1851, a ideia era “juntar uma esplêndida coleção de objetos representando a aplicação das Belas Artes às indústrias.” Mas as doações vieram em catadupa. O edifício começado em 1899 foi acabado 1909. Abriga nas suas 145 galerias importantes coleções de pintura, retratos em miniatura, escultura, trajes históricos, instrumentos musicais, papel de parede e mobiliário inglês; é possuidor da maior exposição de arte indiana fora da própria Índia. Objetos vindos de toda a parte, Sião, Japão e muito mais. Com este aparato e volume de objetos, entrei ali com pezinhos de lã, a viagem de Hammersmith a South Kensignton é pouco mais de meia hora, sugeri que começássemos pela arte italiana, no balanço do fim da visita não me arrependi das escolhas, há mais marés que marinheiros, gostaria muito de voltar.

Fachada principal do Museu Victoria and Albert
Monumento funerário do condottiere Spinetta Malaspina, esta escultura estava por cima do sarcófago, construído durante os séculos XV e XVI e restaurado no século XIX
Grade do coro baixo da igreja holandesa‘s-Hertogenbosch, da autoria de Conrad von Norenberch, início do século XVII, o significado arquitetónico desta peça era a de separar leigos dos religiosos
Aqui perdi-me na infinidade destas esculturas barrocas com reminiscências do mundo antigo, e com carga mitológica, o espaço não deixa de ser impressionante
Na arte japonesa, senti-me profundamente atraído pela altíssima qualidade dos desenhos destes dois quimonos
Esta taça veio de Málaga, ainda são tempos muçulmanos, emocionou-me muito por ter uma caravela com as nossas quinas, era exportação árabe para países do Mar do Norte e do Egito, inícios do século XV
Uma peça destinada à Corte do mundo islâmico do próximo Oriente. Trata-se de arte Fatímida, dos séculos X a XII, em cristal de rocha. Os artistas Fatímidas concorriam com os Abássidas e Bizâncio. Tenho pena que a imagem não permita mostrar o fulgor e o requinta da gravação da peça
Sem tirar nem pôr taças da arte Iznik, são aparentadas com outras taças que fazem parte do acervo da Fundação Calouste Gulbenkian, fica-se estupefacto com o brilho deste azuis e verdes, parece que saíram ontem da mufla
Queimador de incenso em bronze, Japão, peça requintada
Conjunto azulejar reproduzindo uma miniatura de pintura persa, século XVII
O tapete Ardabil, é um dos maiores e mais elaborados tapetes de todo o mundo. Ardabil é uma província do Azerbaijão no noroeste do Irão, século XVI
Vestuário do Afeganistão, século XX, destinado para grandes cerimónias. Peça em veludo, fio de algodão, fio de metal e vidrinhos

(continua)

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Nota do editor

Último post da série de 25 de janeiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26423: Os nossos seres, saberes e lazeres (665): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (189): From Southeast to the North of England; and back to London (8) (Mário Beja Santos)

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