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1. Continuação da publicação da brochura "Expedicionários do Onze a Cabo Verde (1941/1943)", da autoria do capitão SGE ref José Rebelo (Setúbal, Assembleia Distrital de Setúbal, 1983, 76 pp. inumeradas, il.) [, imagem da capa, à direita].(*)
José Rebelo, capitão SGE reformado, foi em plena II Guerra Mundial um dos jovens expedicionários do RI I1, que partiu para Cabo Verde, em missão de soberania, então com o posto de furriel (1º batalhão, RI 11, Ilha de São Vicente, ilha do Sal e ilha de Santo Antão, junho de 1941/ dezembro de 1943).
O nosso camarada Manuel Amaro diz do José Rebelo:
(...) "Por volta de 1960, fez a Escola de Sargentos, em Águeda e, após promoção a alferes, comandou a Guarda Nacional Republicana em Tavira, até 1968. Como homem de cultura, colaborava semanalmente, no jornal "Povo Algarvio", onde o conheci, pessoalmente. Em 1969, já capitão, era o Comandante da Companhia da Formação no Hospital Militar da Estrela, em Lisboa." (...).
Não temos informações atualizadas sobre este nosso velho camarada que é credor de toda a nossa simpatia, apreço e gratidão. É pouco provável que ainda hoje seja vivo, mas oxalá que sim, tendo então a bonita idade de 96 ou 97 anos. No caso de já ter morrido, estamos a honrar a sua memória e a dos seus camaradas, onde se incluiram os pais de alguns de nós, mobilizados para Cabo Verde, por este e por outros regimentos.
A brochura, de grande interesse documental, e que estamos a reproduzir, é uma cópia, digitalizada, em formato pdf, de um exemplar que fazia parte do espólio do Feliciano Delfim Santos (1922-1989), que foi 1.º cabo da 1.ª companhia do 1.º batalhão expedicionário do RI 11, pai do nosso camarada e grã-tabanqueiro Augusto Silva dos Santos (que reside em Almada e foi fur mil da CCAÇ 3306 / BCAÇ 3833, Pelundo, Có e Jolmete, 1971/73).
[Foto, à direita, do então furriel José Rebelo, expedicionário do 1º batalhão do RI 11]
Trata-se de um conjunto de crónicas publicadas originalmente no jornal "O Distrito de Setúbal", e depois editadas em livro, por iniciativa da Assembleia Distrital de Setúbal, em 1983, ao tempo do Governador Civil Victor Manuel Quintão Caldeira. A brochura, ilustrada com diversas fotos, dos antigos expedicionários ainda vivos, tem 76 páginas, inumeradas. Por se tratar de zincogravuras, a qualidade das imagens que reproduzimos, infelizmente, é fraca ou muito fraca.
O batalhão expedicionário do RI 11, Setúbal, com pessoal basicamente originário do distrito, partiu de Lisboa em 16 de junho de 1941 e desembarcou na Praia, ilha de Santiago, no dia 23. Esteve em missão de soberania na ilha do Sal cerca de 20 meses (até 15 de março de 1943), cumprindo o resto da comissão de serviço (até dezembro de 1943) na ilha de Santo Antão.
As páginas que publicamos hoje [de 42 a 45] não vêm numeradas no livro. Destaque para a transcrição de um excerto do diário de um dos expedicionários, Fernando Pais (, entretanto emigrado na América):
"(...) A Ilha [do Sal] é seca, árida e arienta, outras vezes parece terra queimada, da sua origem vulcânica; andamos mil metros, temos a visão da miragem; depois essa miragem desaparece. Aqui não há hortaliças, nem legumes nem frutas, pois que ela não possui água, dado que não chove. A que existe em pequena quantidade é salobra e salgada; os meus companheiros diziam que ela era boa, digestiva e purgativa, mas no fim de uns três dias tivemos que a deixar, pois as diarreias de sangue e as fortes dores intestinais e depois as baixas à Enfermaria, onde os medicamentos próprios não abundavan, a tal nos obrigavam.
"Parece que a desolação e a morte caíram sobre algumas palhotas que enconteri num pequeno morro ao norte da Terra Boa, isto entre a Palmeira e a Pedra Lume" (...)
Para além de 16 mortos, o batalhão expedicionário do RI 11 terá tido um número impressionante de baixas por doença, cerca de metade, segundo o depoimento do nosso autor, o José Rebelo.Ao fim de 20 meses de permanência na Ilha do Sal, e na véspera de partir para a Ilha de Santo Antão, os expedicionários doOnze estavam reduzido a 16 oficiais, 22 sargentos e 460 praças...
________________José Rebelo, capitão SGE reformado, foi em plena II Guerra Mundial um dos jovens expedicionários do RI I1, que partiu para Cabo Verde, em missão de soberania, então com o posto de furriel (1º batalhão, RI 11, Ilha de São Vicente, ilha do Sal e ilha de Santo Antão, junho de 1941/ dezembro de 1943).
O nosso camarada Manuel Amaro diz do José Rebelo:
(...) "Por volta de 1960, fez a Escola de Sargentos, em Águeda e, após promoção a alferes, comandou a Guarda Nacional Republicana em Tavira, até 1968. Como homem de cultura, colaborava semanalmente, no jornal "Povo Algarvio", onde o conheci, pessoalmente. Em 1969, já capitão, era o Comandante da Companhia da Formação no Hospital Militar da Estrela, em Lisboa." (...).
Não temos informações atualizadas sobre este nosso velho camarada que é credor de toda a nossa simpatia, apreço e gratidão. É pouco provável que ainda hoje seja vivo, mas oxalá que sim, tendo então a bonita idade de 96 ou 97 anos. No caso de já ter morrido, estamos a honrar a sua memória e a dos seus camaradas, onde se incluiram os pais de alguns de nós, mobilizados para Cabo Verde, por este e por outros regimentos.
A brochura, de grande interesse documental, e que estamos a reproduzir, é uma cópia, digitalizada, em formato pdf, de um exemplar que fazia parte do espólio do Feliciano Delfim Santos (1922-1989), que foi 1.º cabo da 1.ª companhia do 1.º batalhão expedicionário do RI 11, pai do nosso camarada e grã-tabanqueiro Augusto Silva dos Santos (que reside em Almada e foi fur mil da CCAÇ 3306 / BCAÇ 3833, Pelundo, Có e Jolmete, 1971/73).
[Foto, à direita, do então furriel José Rebelo, expedicionário do 1º batalhão do RI 11]
Trata-se de um conjunto de crónicas publicadas originalmente no jornal "O Distrito de Setúbal", e depois editadas em livro, por iniciativa da Assembleia Distrital de Setúbal, em 1983, ao tempo do Governador Civil Victor Manuel Quintão Caldeira. A brochura, ilustrada com diversas fotos, dos antigos expedicionários ainda vivos, tem 76 páginas, inumeradas. Por se tratar de zincogravuras, a qualidade das imagens que reproduzimos, infelizmente, é fraca ou muito fraca.
O batalhão expedicionário do RI 11, Setúbal, com pessoal basicamente originário do distrito, partiu de Lisboa em 16 de junho de 1941 e desembarcou na Praia, ilha de Santiago, no dia 23. Esteve em missão de soberania na ilha do Sal cerca de 20 meses (até 15 de março de 1943), cumprindo o resto da comissão de serviço (até dezembro de 1943) na ilha de Santo Antão.
As páginas que publicamos hoje [de 42 a 45] não vêm numeradas no livro. Destaque para a transcrição de um excerto do diário de um dos expedicionários, Fernando Pais (, entretanto emigrado na América):
"(...) A Ilha [do Sal] é seca, árida e arienta, outras vezes parece terra queimada, da sua origem vulcânica; andamos mil metros, temos a visão da miragem; depois essa miragem desaparece. Aqui não há hortaliças, nem legumes nem frutas, pois que ela não possui água, dado que não chove. A que existe em pequena quantidade é salobra e salgada; os meus companheiros diziam que ela era boa, digestiva e purgativa, mas no fim de uns três dias tivemos que a deixar, pois as diarreias de sangue e as fortes dores intestinais e depois as baixas à Enfermaria, onde os medicamentos próprios não abundavan, a tal nos obrigavam.
"Parece que a desolação e a morte caíram sobre algumas palhotas que enconteri num pequeno morro ao norte da Terra Boa, isto entre a Palmeira e a Pedra Lume" (...)
Para além de 16 mortos, o batalhão expedicionário do RI 11 terá tido um número impressionante de baixas por doença, cerca de metade, segundo o depoimento do nosso autor, o José Rebelo.Ao fim de 20 meses de permanência na Ilha do Sal, e na véspera de partir para a Ilha de Santo Antão, os expedicionários doOnze estavam reduzido a 16 oficiais, 22 sargentos e 460 praças...
Hoje quem escolhe a "ilha paradisíaca do Sal" como destino turístico, não faz a mínima ideia do que era esta "terra do demo" (José Rebelo) há três quartos de século atrás...
Nota do editor:
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