Alentejo em tons verdes
Com a devida vénia a Platonismo Político
1. Do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66) três belíssimos poemas, da sua autoria, enviados entre outros, durante a semana, ao nosso blogue, que publicamos com prazer:
O cabo das tormentas…
Quanto mais longa a vida.
Mais cedo ou mais tarde.
Enegrece o horizonte....
Chovem pedras sobre a casa.
Vindas donde?
Se passam noites sem pregar olho.
É o dinheiro que não chega.
Para tanta necessidade.
A saúde que se esvai.
E o remédio que não vem.
Há um filho que descamba.
É a lama… é a lama…
O amor gelado que não aquece,
Quase apaga.
O emprego que se esconde.
A esperança e fé que quase morrem.
De tudo vem.
Não há ninguém que se não queixe.
De repente, vem a bonança.
Sorri o sol e a lua encanta.
Ganham cor e brilho os nossos olhos.
Se alisaram todos os escolhos.
Por obra e graça,
Não sei de quem.
Apagou-se a ventania.
Vem a graça e vem a força,
Em alvorada...
A alegria reverdece.
A vida é bela.
Tudo esquece…
Aleluia!...
Mafra, 2 de Abril de 2017
8h16m
Jlmg
************
Pelo Alentejo verde…
Dia de sol brilhante.
Atravesseamos o Tejo,
Alentejo ao mar....
Até Melides.
Diáfano o céu azul.
Verde e florido o chão
Coberto de pinheiros mansos e de sobreiros.
Jorrava o sol em feixes
Através das ramagens.
A estradita estreita serpenteava,
Serena e solitária.
De vez em quando, lá vinha um carro.
Era preciso encostar bem à berma
Para ambos cabermos.
Fomos visitar um casal,
Casado quando nós,
Já lá vão umas boas dezenas.
Nunca mais os vimos.
Cristina e Júlio.
A vida é assim...
Fugidos do bulício urbano,
Ali se acoitaram.
Silêncio e paz.
Mergulhados na natureza virgem.
Valeu a pena.
Lindas horas de conversa
E de relembranças!...
Mafra, 31 de Março de 2017
8h55m
Jlmg
************
Transparência da mulher…
Mais que no homem
Reluzem as transparências na mulher.
Um dado comprovado.
Não as do corpo.
Sim as da alma.
Razões da história
Ou da genética.
São rudes e enigmáticos
Os bustos das celebridades
Através das eras.
Têm máscaras os seus rostos.
Nos painéis e nos museus.
Impenetráveis.
Indecifráveis os seus olhares.
Distantes ou sorumbáticos.
Só lhes ressaltam a gravidade.
Nos olhos fundos
Ou no sulco grave
Das suas rugas.
Nada transmitem.
Apenas figuras.
Muito se ostentam
E pouco falam.
Diverso o porte e expressão
Das nossas damas.
Seu ar é leve.
Olhar de águia.
Equidistante.
Um ser total.
É transparente.
Nada de sombras.
Devassando tudo.
Mas, revelando a alma.
Ao pé e ao longe.
É transparente.
Bar "Caracol" em Mafra 29 de Março de 2017
9h07m
Jlmg
____________
Nota do editor
Último poste da série de 31 de março de 2017 > Guiné 61/74 - P17191: Blogpoesia (502): "Os mortos desse dia" - Aos valorosos militares do BCAÇ 3872 caídos em combate (Juvenal Amado, ex-1.º Cabo Condutor Auto)
Sem comentários:
Enviar um comentário