Lisboa > Associação da Força Aérea Portuguesa (AFAP) > 8/8/2011 >
Data do 50.º aniversário do 1º Curso de Enfermeiras Parquedistas (1961)... Da esquerda para a direita, 4 das 6 Marias, Mª do Céu Policarpo, Mª Arminda Santos, Mª Ivone Reis (†) e Mª de Lurdes Rodrigues. (Foto da Maria Arminda Santos, reeditada e reproduzida aqui com a devida vénia...) (Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, 2025)
A então ten graduada enf pqdt Ivone Reis (1929-2022), em Cacine, 12/12/1968. Foto: António J. Pereira da Costa (2013) |
1. Excerto do poste P21766 (*), com parte do depoimento da Maria Ivone Reis, publicado em 2004 na "Revista Crítica de Ciências Sociais". Não tínhamos, no nosso blogue, o descritor "saneamento", vocábulo que nos ficou dos tempos ("conturbados") do pós-25 de Abril.
De qualquer modo, a Maria Arminda Santos (hoje a decana das antigas enfemeiras paraquedistas) no nosso último poste da série "Humor de caserna", levantava aqui, com luvas de veludo e pinças, essa questão, sensível e delicada, não tanto dos "saneamanentos" (que atingiram muitas das nossas instituições e organizações a seguir ao 25 de Abril) como sobretudo dos "mal amados", os antigos combatentes, em 26 de Abril (**):
(...) Vivi o 25 de Abril toda contente, a bater palmas, porque finalmente acabava a guerra. Mas, ao fim de uma semana fiquei triste, deixei de perceber o que estava a acontecer.
_____________
(**) 7 Vd. poste de 7 de janeiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26357: Humor de caserna (92): "Então a senhora não me conhece ?!...Foi-me buscar a Bambadinca quando eu fui ferido!"... (Maria Arminda Santos, ex-ten grad enfermeira paraquedista, FAP, 1961/70)
(...) [O 25 de Abril e as suas contradições]
(...) Vivi o 25 de Abril toda contente, a bater palmas, porque finalmente acabava a guerra. Mas, ao fim de uma semana fiquei triste, deixei de perceber o que estava a acontecer.
Eu tinha regressado após tantos anos de África e estava na Força Aérea, a trabalhar no Hospital. Fui saneada a 17 de Abril de 1975 e isso surpreendeu-me. O hospital, no qual tanto me empenhara, ia abrir em Janeiro de 1976.
Nunca me disseram a razão do meu saneamento e para que efectivamente eu saísse tinha de assinar uma rescisão de contrato com a Força Aérea.
Andei um ano e meio naquela situação, falei com o General Costa Gomes, mas nunca me disseram a causa e eu nunca assinei nada. Após a eleição do General Eanes fui reintegrada na vida ativa hospitalar até à minha reforma. (...) (***)
Notas do editor:
(*) Vd. poste de 13 de janeiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21766: (De)Caras (169): Maria Ivone Reis, major enfermeira paraquedista reformada, faz hoje 92 anos e é uma referência para outras outras mulheres e para nós, seus camaradas: excertos de um seu depoimento, publicado em 2004 na Revista Crítica de Ciências Sociais - Parte II (e última)
(Comentário de Luís Graça):
(...) A Arminda que é uma mulher sábia e experiente, com 9 anos de guerra (1961/70), toca aqui também num ponto delicado e sensível, e que, como tal, tende a ser esquecido nos nossos escritos: os "mal amados" do dia 26 de Abril... Foram, afinal, todos os antigos combatentes...
No dia 26 começaram a ser, não direi hostilizados, mas "mal amados"... Todos eles, incluindo as enfermeiras paraquedistas... Todos deixámos de falar da "guerra do ultramar" (que passou a ser "guerra colonial")... Todos nos esquecemos, que tínhamos participado nessa guerra, uma geração inteira !... (Má consciência, culpa, pudor, vergonha ?!... enfim, um filme que já tínhamos visto noutras "salas de cinema"!),
E algumas enfermeiras paraquedistas deverão ter tido os seus problemas por estes dias de 74/75...A Maria Ivone, por exemplo, foi "saneada" pelos seus "camaradas" da Força Aérea e só foi reintegrada, felizmente, no tempo do Ramalho Eanes... Mas a mágoa ficou...
No dia 26 começaram a ser, não direi hostilizados, mas "mal amados"... Todos eles, incluindo as enfermeiras paraquedistas... Todos deixámos de falar da "guerra do ultramar" (que passou a ser "guerra colonial")... Todos nos esquecemos, que tínhamos participado nessa guerra, uma geração inteira !... (Má consciência, culpa, pudor, vergonha ?!... enfim, um filme que já tínhamos visto noutras "salas de cinema"!),
E algumas enfermeiras paraquedistas deverão ter tido os seus problemas por estes dias de 74/75...A Maria Ivone, por exemplo, foi "saneada" pelos seus "camaradas" da Força Aérea e só foi reintegrada, felizmente, no tempo do Ramalho Eanes... Mas a mágoa ficou...
Luís Graça | 2025 M01 7, Tue 14:07:57 GMT (...)
(***) Último poste da série > 29 de novembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26211: S(C)em Comentários (53): O drama dos felupes, que estão a perder o seu chão e a sua identidade, afetados pelas alterações climáticas (Cherno Baldé)... E que agora perderam uma grande amiga, a antropólogia Lúcia Bayan , falecida no passado dia 26
(***) Último poste da série > 29 de novembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26211: S(C)em Comentários (53): O drama dos felupes, que estão a perder o seu chão e a sua identidade, afetados pelas alterações climáticas (Cherno Baldé)... E que agora perderam uma grande amiga, a antropólogia Lúcia Bayan , falecida no passado dia 26
1 comentário:
Há pouca (ou nenhuma---) informação, naNet, sobre este período, nos serviços de saúde DA FAP.
Sabemos que o Hospital da Força Aérea (HFA) foi o principal estabelecimento de saúde da FAP, durante anos, integrandp o complexo da Base do Lumiar (Lisboa).
Parece haver uma disprância com a infiormação pela nossa saudosa Maria Ivone Ries: Segundo a Wiklipedia, o HFA foi criado em 1972: chamava-se então Núcleo Hospitalar Especializado da Força Aérea Nº1 (NHEFA1) e tinha como base o Centro de Diagnóstico e Tratamento do Quartel de Adidos da Força Aérea, instalado em 1966.
"Em 1975 é extinto o Núcleo Hospitalar Especializado da Força Aérea Nº 2, o qual havia sido criado em 1946 na Ilha Terceira, Açores, com a denominação de Hospital Militar da Base Aérea Nº 4 e adoptado esta designação em 1972. A partir daí o NHEFA1 torna-se a única instalação hospitalar de carácter geral da Força Aérea Portuguesa.
"Em 1979 o NHEFA1 passa a denominar-se Hospital da Força Aérea.
"No âmbito das leis orgânicas de Bases da Organização das Forças Armadas e do Estado-Maior General das Forças Armadas de 2009, o Hospital da Força Aérea tornou-se no actual Hospital das Forças Armadas, estando situado ainda no agora Complexo do Lumiar, servindo os três ramos das Forças Armadas. Posteriormente outro núcleo será criado no norte do país, no Porto."
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