sábado, 11 de janeiro de 2025

Guiné 61/74 - P26378: Os nossos seres, saberes e lazeres (662): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (187): From Southeast to the North of England; and back to London (5) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 5 de Setembro de 2024:

Queridos amigos,
Se a memória não me atraiçoa, a primeira vez que por aqui passarinhei chovia a cântaros, bátegas ininterruptas, felizmente que se trouxera farnel onde não faltava o obrigatório termo com chá bem quentinho, scones e fruta. Reduziu-se a visita às termas romanas, jurei a mim mesmo que quando houvesse uma oportunidade, uma promessa de céu aberto, aqui regressaria para uma visita mais espraiada. Tem-se sorte quando se viaja em grupo com gente cordata com quem é possível previamente delinear a itinerância, correu tudo muitíssimo bem para o tempo disponível, não desmerecendo nas chamadas visitas de médico viu-se por fora o que justificadamente se devia ver por dentro, e razão tinha a menina do turismo em propôr uma visita de 3 dias. Fica para a próxima, como diz o outro a viagem nunca acaba, quem pode acabar é o viajante no limite da idade ou por falta de curiosidade.

Um abraço do
Mário



Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (90):
From Southeast to the North of England; and back to London – 6


Mário Beja Santos

Pouco mais de 80 km separa Faringdon, no condado de Oxford, de Bath, no Somerset, uma viagem com muitos prados, florestas e pequenas povoações. Aonde quer que chegue, a primeira preocupação é pedir a papelada turística, não que desconfie do Michelin, mas há eventos que possam suscitar interesse. Fiquei de beiço caído em frente do teatro Ustinov (presumo que o nome é uma homenagem ao grande ator Peter Ustinov), anunciava num cartaz uma das mais belas peças para barítono ou tenor com acompanhamento de piano, de Schubert, Viagem de Inverno, para meu desconsolo não era espetáculo para aquele dia. A menina do turismo, sem mais nem menos, depois de me dar as boas-vindas, sugeriu uma estadia de 3 dias, não se esqueça dos belos edifícios georgianos, não se esqueça que há um belo museu maçónico, impõe-se uma visita ao teatro real, não é só a cidade e os seus monumentos, experimente fazer a viagem no velho comboio no vale do rio Avon, experimente ir a Chippenhaim, também tem muito para ver… Não me descosi, agradeci a lembrança, de papelada na mão avancei para o centro, não é a primeira vez que venho a Bath, é cidade opulenta, a igreja abacial é mais bela por fora do que por dentro, a estrutura do Circus e do Royal Crescent é de cortar o fôlego, Património da Humanidade, as termas, provenientes da presença romana na Britânia, deixam qualquer um de nós impressionado, tal como os jardins dentro e circundando Bath, não esquecendo que se pode à volta da maravilhosa Pulteney Bridge. Como o tempo é escasso, nem pensar em visitar o interior dos espaços onde viveram Mary Shelley, a autora do livro Frankenstein, e Jane Austen. E procuro não perder mais tempo em divagações inúteis, amanhã tudo mudará, serão 2 dias completos em Londres, mas agora quero viver o presente, Bath é mais do que aprazível.

Teatro Ustinov, fiquei de monco caído, Wintereisse, de Schubert, não é para hoje
Bath Abbey, uma referência do gótico inglês, uma torre impressionante, há que subir 212 degraus, ali se pode ver a cidade por toda a volta
Na mesma rua, o acesso às termas romanas, multidões para entrar
Bem procurei o nome desta belíssima peça que ornamenta a praça, contígua à catedral, não encontrei, fico-me pela boa impressão do labor desta pedra
Um pormenor da Bath Abbey, deixei-me levar pela imaginação de que aquela torre gigantesca chegava às nuvens
Bath é local de vilegiatura para gente endinheirada, disposta a pagar conforto em hotéis de indiscutível imponência. Este é um exemplo entre muitos
Aqui me deixei ficar especado em Pulteney Bridge, há todas as razões e mais uma para que quem aqui arriba queira demorar o olhar na ponte e no rio, ocorreu-me pensar em algo que tem as suas parecenças, a Ponte Vecchio, a mais famosa de Florença, enfim, não passou de uma reminiscência, talvez descabelada
Aqui vos deixo a prova provada sobre a beleza destes jardins, bem sugeriu a menina do turismo que não seria fastidioso um programa de 3 dias para desfrutar de tanta beleza
A grandiosidade arquitetónica de Bath, reside em primeiro lugar nesta pedra amarelada, utilizada em dois espaços icónicos, primeiro o Circus, de que se mostra um pormenor, é uma praça circular com quatro quarteirões simétricos, as casas alinhadas, tudo estilo georgiano, em curvas e contracurvas, é um prazer aqui circundar antes de subir para um outro espaço icónico, o Royal Crescent.
Estas árvores gigantescas davam uma sombra agradável naquele princípio de tarde tão ensolarado
É a marca mais opulenta de Bath, por isso tentei reter a enormidade do espaço em quatro imagens, a UNESCO foi sensível a este conjunto de arquitetónico que abrange o Circus, o Royal Crescent e a Pulteney Bridge, está tudo no reconhecimento de Património da Humanidade e, separadamente, as termas romanas
Já estou a contar os minutos sobrantes, é a fachada da casa de Mary Shelley, a criadora de Frankenstein, dizem-me que vale a pena visitar a casa para conhecer melhor o génio desta mulher
Não sei se se justifica fazer um comentário ao talentoso aproveitamento de uma cabine telefónica que alguém com engenho e arte transformou em radioso mobiliário urbano
E despeço-me de Bath frente à casa onde viveu Jane Austen entre 1801 a 1808, creio que escreveu aqui duas das suas obras, visitar o seu centro permite uma imersão no génio desta escritora do período da Regência. Bath recorda-a graças ao festival Jane Austen, que se realiza em setembro. Agora é regressar à base e pela manhazinha cedo encaminhar-me para Londres, aceitando todos os imprevistos que a antiga capital do império britânico oferece.

(continua)

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Nota do editor

Vd. post de 28 de dezembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26321: Os nossos seres, saberes e lazeres (660): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (185): From Southeast to the North of England; and back to London (5) (Mário Beja Santos)

Último post da série de 4 de janeiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26346: Os nossos seres, saberes e lazeres (661): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (186): O que é próprio do traço vivo é ser justo e trair. Trai o que desconhece (Júlio Pomar dixit) (Mário Beja Santos)

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