Bom, João, não se pode dizer que é "humor... negro", porque a expressão (pelo menos, até há pouco tempo) é ou era "politicamente incorreta"... nem muito menos "humor... branco", para mais na tua "nova terra prometida", os "United States of America" (USA)... Seríamos logo apodados de racistas ou supremacistas...
Mas se a sentinela do Enxalé viu, é porque viu. É pressuposto a sentinela ver tudo, para lá e para cá do arame farpado...Na época (c. 1965/67) não havia drones, por isso os nossos postes de vigia, no Enxalé, estavam acima das nossas cabeças bem como do arame farpado.
Mas essa "cena", digamos, de tipo "porno bizarro", e que ajudou a matar o tédio da tua sentinela, não é coisa assim tão invulgar como isso, na vastidão dos nossos campos ou ou nos exíguos espaços dos nossos apartamentos...
As parafilias, incluindo as zoofilias, são um catálogo quase infindável... E a internet está cheia de vídeos de zoofilias (pornográficas), em que os pobres animais são vítimas de exploração sexual... (Mas, também é verdade, nunca vi os respeitáveis e púdicos partidos dos animais indignarem-se publicamente contra contra esta e outras violações dos direitos dos animais.)
Mas, abreviando... Esta "cena" diz muito sobre o "teatro do absurdo" que era aquela p*ta de guerra, bem como sobre a "miséria" do nosso quotidiano, nos Enxalés da Guiné...
Alguns de nós estavam à beira da loucura: a sorte da tropa é que não havia psiquiatras, e os loucos já viviam enterrados nos seus manicómios (do Enxalé a Missirá, de Mansambo a Guileje, de Jumbembém a Gadamael, do Xime a Canquelifa, etc., sem esquecer o manicómio maior que era Bissau, onde estavam os loucos mais famosos...).
João, no Enxalé, hoje estaríamos todos agarrados aos telemóveis (como estão, dizem os "mentideros" das redes sociais, os desgraçados dos soldados norte-coreanos arrebanhados para a guerra da Ucrânia, a devorar, pobres diabos, filmes pornográficos e a "tocar pívias" entre duas barragens de artilharia...).
Felizmente, João, que hoje aquele tipo de guerra, a do nosso tempo, de guerrilha e contra-guerrilha ("subversiva e contrassubversiva", diziam os nossos "man...jores"), do toca-e -foge- senão - eu-mato-te, não mais é possível, de um lado e do outro...
A Guiné está cada vez mais desflorestada... E com os satélites, os drones, os robôs, a inteligência artificial, o laser, etc., não há mais "heróis do ultramar" nem muito menos "combatentes da liberdade da Pátria"...
Além disso, João, no nosso tempo havia a 5ª Rep, o Café Bento, onde, de um lado e do outro, se propalavam as pequenas grandes mentiras daquela guerra... Hoje tens uma gigantesca 5ª Rep, à escala mundial, globalizada, a trabalhar para os multimultimilionários que são os donos disto tudo...
João, começo a ter saudades das piedosas mentirolas do Café Bento... E até desses grandes dois grandes atores de opereta que eram o Cabral e o Spinola...
Obrigado, mano, por este pequena preciosidade, que te ocorreu quando ias a caminho do teu ginásio, lá no teu "bairro" de Queens, em Nova Iorque... Não és só tu a rir-te sozinho com "cenas caricatas" (e afinal tão humanas) como estas, a do "dono" da bezerrinha atrás do patife do "djubi" violador... (Quiçá de bisturi em punho, já que o homem era o "barbeiro-sangrador" da companhia: eis um detalhe picaresco com que podes enriquecer a próxima versão desta "estória"...).
Notas do editor:
(*) Vd,. poste de 10 de janeiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26369: Humor de caserna (93): o guardador das vacas do Enxalé que violou... a bezerrinha do furriel enfermeiro (João Crisóstomo, ex.afl mil, CCAÇ 1439, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67)
Último poste da série > 6 de janeiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26353: Pensamento do dia (27): "Se pudéssemos identificar, desagregar, selecionar e juntar o melhor de cada povo, teríamos o melhor da humanidade" (Luís Graça, em Dia de Reis)
1 comentário:
Caros amigos,
O autor do Poste fala de "cenas caricatas" (e afinal tão humanas) !
Na verdade, sao tao humanas que posso confirmar que, entre os povos criadores de gado como os fulas (aos quais eu pertenço com todo o orgulho) e agora os outros povos animistas também (balantas papeis, manjacos etc...) estas cenas sao normais ou normalizadas entre os mais jovens e sao toleradas com toda a humanidade possivel, necessaria e, até imprescindivel, em certas circunstancias, para os jovens que, tendo atingido a idade de casar ainda continuam solteiros e, muitas vezes, obrigados a passar a maior parte da sua vida atras dos ditos animais.
No meu caso e mais uma vez, como aconteceu com a ida a tropa, nao tive o privilégio e a sorte de poder experimentar, pois ainda era muito pequeno e logo logo fui obrigado a deixar a aldeia para continuar a escola no Ciclo e Liceu de Bafata, mas sabia que eram praticas correntes entre os pastores essas tentativas de satisfaçao sexual que, na verdade, nao passavam de isso mesmo, de pura curiosidade juvenil sendo que os tamanhos, a altura do animal e a natureza dos orgaos de uns e outros nao sao compativeis, pelo menos foi a minha constataçao pessoal.
Nao obstante, confirmo que, na altura, os rapazes mais velhos proibiam aos mais novos de se aproximarem das suas "predilectas", sendo que, na primeira e ultima vez que assisti a tal pratica ao vivo, o autor nao tinha sido bem sucedido pois a bezerra, por inexperiencia do autor ou outra razao qualquer, ao sentir a mao penetrante vagina dentro vazou encima do violador uma enxurrada de urina amarelada e quente que o deixou todo molhado e mal cheiroso, tendo ganhado ainda para o resto da vida a alcunha de "Banel" ou seja o nome da vaca que tentara penetrar.
Voltando ao presente Poste, acho que o Antonio Carvalho disse o essencial da narrativa e com toda a razao no seu comentario quanto aos sentimentos do Furriel Enfermeiro, relativamente a jovem bezera sua "predilecta". Sendo bem caricato, todavia acontece e é bem humano.
Cordialamente,
Cherno Baldé
Enviar um comentário