quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Guiné 61/74 - P20249: Brasões, guiões ou crachás (8): A nossa bicharada de estimação ou o bestiário da nossa guerra... dava uma tese de doutoramento em antropologia!


































Fonte: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2019)


1. Não sei se algum camarada, com espírito de colecionador, tem a lista completa com os "nomes de guerra" das nossas unidades e subunidades, nomeadamente as que passaram pelo TO da Guiné entre 1961 e 1974. (E também os seus lemas ou divisas...)

A mim, particularmente, interessava-me conhecer e analisar o "bestiário da Guiné": pelo breve apanhado que fiz (ver acima alguns brasões, crachás e/ou miniguiões,trata.se de  um amostra de conveniência...) , temos todos e mais alguns nomes da bicharada da arca de Noé, dos Tigres do Cumbijã (CAV 8351), aos Leões Negros (CCAÇ 13), passando pelos Falcões (CART 1525) e os Abutres (CCAÇ 3545) ... Os Lacraus (CART 11) também eram/são criaturas de Deus e temidos pela sua peçonha. E, para não parecermos racistas, é até criámos umas Águias Negras (BART 645), umas Onças Negras (CCAÇ 6) e uns Gatos Pretos (CCAÇ 5).

Não sei se alguém já teve a ideia de fazer um apanhado desta bicharada, ou do nosso "bestiário"... Do céu à terra, e se calhar ao mar, há cá de tudo,dos Répteis de Contuboel (CCAÇ 3547), dos Jagudis (CCAÇ 3, ou pelo menos, de um grupo de combate da CCAÇ 3, comandado pelo nosso camarada e amigo A. Marques Lopes). Os camaradas da CCAÇ 3325, por sua vez, eram os Cobras de Guileje.

Temos muitos animais, dos felinos às aves de rapina, há cá tudo como no Jardim Zoológico, dos Gaviões (Pel Caç Nat 52, mas também  CCAÇ 2796) aos Leopardos (38ª CCmds), sem esquecer os Jacarés (CCAÇ 1586) e os Panteras, em duplicado (CCAÇ 3538 e CART 1742)., uns talvez mais "astutos e ferozes" do que outros.

Será que havia ratos, sapos, doninhas... ? Ninguém gosta de ratos...E símbolos de paz, como os pombos ou as aves do paraíso  ou as borboletas ? Não deveria haver. Até cães havia...Mas os Elefantes, ainda não os encontrei...em os Hipopótamos, os Tubarões ou as  Baleias...

Em boa verdade, seria ridículo as Baleias ou as Avezinhas do Paraíso iram para o mato...Os "nomes de guerra" são isso mesmo, são para impressionar e intimidar o inimigo... Ou servem tudo para reforçar a identidade e o espírito de corpo dos militares e do seu grupo ?

De qualquer modo, também aqui os bravos da Guiné não se mediam aos palmos: veja-se o caso  dos Lassas (CCAÇ 763), um formidável exército de formigas ("lassas"), guiadas por cães e comandadas por um "leão", o Leão de Cufar...

O Leão (mais o Milhafre ou o Açor ?) aparece no brasão da CCAÇ 2726, mobilizada pelo BII 18 (Açores). E quem também não podia faltar era o patriótico Galo de Barcelos, a "mascote" dos Magriços de Guileje (CCAÇ 2617). De igual modo,  a CCAÇ 4143 tem o Leão (Jubas) , o rei dos animais, no seu guião, leão que também  aparece no brasão dos bravos da CCP 121 / BCP 12.

Ah!, também os Vampiros (CCAÇ 2367) fizeram a guerra da Guiné... sem esquecer os veteranos da CCmds da Guiné (Brá, 1965/66): o alferes António Vilaça  comandava  o Gr Cmds Vampiros,  de que faziam parte entre o Jamanca e o Justo (, integrarão mais tarde  a 1ª Companhia de Comandos Africanos, tendo sido executados pelo PAIGC, já depois da independência).

Nessa época. a nossa imaginação era mais limitada, bem como o próprio bestiário: ainda não havia a mania dos Dinossauros nem o T. Rex, o Tyrannossaurus, tinha chegado às salas de cinema... Mas já era popular o King Kong, o Gorila Gigante, desde os anos 30...

De resto, na Guiné, não havia gorilas, só em Angola, em Cabinda, na floresta do Maiombe. O BCAÇ 11 (Cabind, Angola, 1970/72) foi buscar a figura do Gorila de Maiombe para sua mascote. Na Guiné havia o chimpanzé (o "dari", em crioulo), mas não creio que alguém tenha aproveitado a ideia de o meter num brasão militar...

2. Não tenho espírito de colecionador, mas admiro os colecionadores. Não sou persistente o suficiente (nem obsessivo, perfeccionista, metódico, muito menos rico...) para fazer uma colecção do que quer que seja (borboletas, caricas, notas e moedas, caixas de fósforo, livros raros, obras de arte, ...até às loiras e aos carros!).


Minto, tive em tempos uma colecção de recortes de jornais e revistas, devidamente tratada, com os artigos ou notícias recortados e colados em folhas de papel A4... Isto muito antes da era dos computadores e da Internet. 

Cheguei a ter, no "escritório" do meu sótão, .largas e largas dezenas de arquivadores, de A a Z, com alguns vinte mil recortes (incluindo coisas, poucas, da "guerra colonial",  já que naquele tempo, antes e depois do 25 de Abril,o tema era tabu) ...

Um dia deu-me uma fúria danada e fiz um "auto de fé" (neste caso, acabou tudo ingloriamente, anos de trabalho, não no "papelão" (ainda não havia o "papelão" nem "vidrão"),  mas no caixote do lixo indiferenciado... Tal como o Zé Manel, o nosso Josema, da Régua, fez com os poemas que ia compondo religiosamente, todos os dias, nas patrulhas de segurança, à nova estrada em construção Mampatá, Nhacobá, Colibuia, Salancaur, etc. O seu suplício de Sísifo!

Um dia o mesmo vai acontecer (ou já com aconteceu, infelizmente, acontece todos os dias, sempre que um ex-combatente morre) com as nossas fotos, álbuns, objectos, aerogramas, cartas, diários, poemas, agendas, rascunhos, segredos, fardamento, roncos, estatuetas, e por aí forma... 

Um dia vai acontecer o mesmo com o nosso corpinho (1 metro e 72, 75 quilos): sete palmas de terra, um caixão, umas pasadas de terra e cal... Ou então, crematório, com ele, que é para não ficar cá a feder...e a roubar espaço aos vivos...

Os vivos, em todas as culturas e em todas as épocas, apressam-se a queimar os pertences dos mortos, depois de queimarem ou enterrarem o seus corpos... Com uma única excepção: o ouro, a prata, o vil metal, as notas de banco e os títulos de propriedade dos bens imobiliários... Dizem que é para os "purificar" dos "pecados terrenos"...

Por isso eu só posso aplaudir a iniciativa dos nossos camaradas António J. Pereira da Costa (, o "Tó Zé"), do Eduardo MR, do Carlos Coutinho e dos demais coleccionadores da nossa Tabanca Grande e demais tabancas... Guardemos o que pudermos para um futuro museu da(s) Guerra(s) de África... Simplesmente por "dever de memória"!... Ou por respeito por nós!... Sobretudo por respeito por nós!...

Eu até já tenho, sem querer,  um pequeno núcleo, desde uma espada de régulo (mandinga, creio eu) que me ofereceu o Juvenal Amado até alguns emblemas e sobretudo livros, até as cartas e aerogramas (centenas) que o Beja Santos escreveu à Cristina e que eu estou incumbido de entregar, um dia, ao Arquivo Histórico-Militar...

Mas podemos pensar melhor: talvez um dia possamos mesmo ter um museu (ou núcleo museológico) dedicado à Guiné (1961/74)... Tem é que haver uns carolas com sentido de missão e capacidade organizativa para esta missão, se possível com alguma formação museológica...

Com a idade em que estamos e com os problemas de saúde que aí vêm, é difícil arranjar alguém que lidere esta iniciativa... Se calhar é preferível optar por soluções mais expeditas: doar o corpo ao departamento de anatomia de uma faculdade de medicina (, como fez recentemente um amigo que morreu de cancro) e os nossos pertences (de guerra) ao Arquivo-Histórico Militar...

A lista dos objectos pode ser publicada no nosso blogue, para saber onde param os itens, qual a a sua origem, significado, dono ou fiel depositário, etc.

Antes que tudo acabe, tristemente, na feira da Vandoma (no Porto) ou na Feira da Ladra (em, Lisboa)... E depois vá parar à estranja (Américas, Alemanhas, Inglaterras, China etc.) para estudo dos historiadores dos conflitos geo-estratégicos que nunca molharam o cu numa bolanha nem apanharam um balázio no ombro ou ficaram sem um pé numa mina ou tiritaram de frio com paldudismo...

Camaradas, amigos, camarigos: TUDO ISTO É PATRIMONIO e, embora imaterial, tem um valor incalculável... Porra, tenhamos orgulho nas nossas coisas, grandes, médias, pequenas ou micro... Até nas nossas ninharias!... A começar pelos brasões, crachas e guiões...

Um dia, estes gajos todos, dos pipis aos fanfarrões, que nos sucederem, ainda vão olhar para a nossa geração e dirão:

- Fogo!, gente do carago!

3. Esta matéria já foi abordada neste blogue pelo nosso camarada de armas Carlos Coutinho, que é um dos maiores coleccionadores nacionais desta temática. Muito dedicado, possui, segundo me disse, há uns anos atrás,  cerca de 2 mil emblemas e mini-guiões de Unidades que cumpriram as suas comissões no Ultramar (, não sei se em suporte físico ou em formato digital)... [Hoje são mais de 3 mil!).

Aliás o Carlos Coutinho ofereceu-nos já, em tempos,  um CD com centenas desse emblemas, que temos vindo a usar em diversos postes no blogue.

O Carlos inclusivamente já solicitou, num anterior poste do blogue, que quem tivesse algum emblema (brasão, guião ou crachá)  em casa, e nunca os tivesse ainda visto no blogue, fizesse o especial favor de o mandar para nós, editores, para publicação. Assim, o Carlos, posteriormente, faria a respectiva recolha e juntaria as novas peças no dito CD.

Quanto à criação no blogue de um banco de dados sobre brasões, crachás e guiões (, sugestão do António. J. Pereira da Costa, no poste P7513, de 27 de dezembro de 2010), penso ser interessante e importante conhecer a experiente opinião do Carlos Coutinho, que já tem muito trabalho desenvolvido sobre esta matéria na Internet e nos poderá informar de tal viabilidade neste blogue e a quem vou enviar uma cópia deste poste.

Para eventuais contactos, aqui fica o e-mail do Carlos: ccbitton@gmail.com

Os "emblemas" acima reproduzidos são de várias fontes, a começar pela  coleção do incontornável Carlos Coutinho, grande parte da qual está publicada no portal UTW, Dos Veteranos da Guerra do Ultramar, trabalho esse (do Coutinho e da valorosa equipa dos nossos camaradas do Ultramar TerraWeb) de se lhe tirar o chapéu (neste caso o boné, a boina ou o quico!)... Só da Guiné são mais de 900  fichas completas.

A todos, o nosso obrigado. E continuem alimentar esta série... que tem estado parada desde 2009 (*)

PS - Em suma, temos material para uma tese de doutoramento em antropologia, com a indispensável colaboração do... Carlos Coutinho 3 da equipa do UTW.. A coleção está feita, falta-nos são as histórias do "making of" de cada brasão, guião e crachá, a ideia, o design, a inspiração, a heráldica, etc. E, naturalmente, uma análise exaustiva por categorização temática, a começar pelo "bestiário"...
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Nota do editor

(*) Vd. postes desta série:

10 de novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3429: Brasões, guiões ou crachás (1): CCAÇ 2797, Pel Caç Nat 51 e Pel Caç Nat 67, Cufar, 1970/72 (Luís de Sousa)

14 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3453: Brasões, guiões ou crachás (2): CCAV 678, 1964/66 (Manuel Bastos)

22 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3501: Brasões, guiões ou crachás (3): CAOP 1: BCAÇ 2885; CART 2732 e CCAÇ 5 (Jorge Picado/Carlos Vinhal/José Martins)

1 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3551: Brasões, Guiões ou Crachás (4): CCAÇ 728; CCAÇ 2617; CCAÇ 3566; PEL CAÇ NAT 63; CCAV 677 e CCAÇ 2402 (José Martins)

7 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3580: Brasões, guiões ou crachás (5): BCAÇ 2893, CART 730 e 23339, CCAÇ 726, 1426, 2406, 2636, 2701 e 3477 (José Martins)

14 de dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3622: Brasões, guiões ou crachás (6): BART 2917 e 2924, BCAÇ 507 e 512, CCAV 1484, Pel Caç Nat 52 e Pel Mort 4574 (José Martins)

25 de fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3938: Brasões, guiões ou crachás (7): Pelotão Independente de Morteiros 912 (Santos Oliveira)

12 comentários:

Valdemar Silva disse...

Também existiram 'Os Lacraus' da CCAÇ.1794-BCAÇ.1934, de Moçambique.
Não sei se anterior ou posterior aos 'Os Lacraus' da CART.11, da Guiné.
Julgo tratar-se de coincidências, que não serão as únicas.

Valdemar Queiroz

Tabanca Grande Luís Graça disse...

aldemar, o que nos interessava e saber (parapoder partilhar aqui no blogue), é como que é que vocês criaram o vosso brasão, de quem foi a ideia do "lacrau" como mascote, etc.

O vosso crachá não consta na coleção do Carlos Coutinho. O que lá aparece é a CCAÇ 11. A CCAÇ 12 também não consta.

Valdemar Silva disse...

Luís
Em Paunca, no final da nossa comissão, a CART.11 passou a CCAÇ.11.
Os da CCAÇ.11 também fizeram um crachá com as cores e feitio semelhante ao nosso e também existe outro 'mais oficial' em formato quadrado, de tons de azul, a corneta dos caçadores, o lacrau e 'Os Lacraus de Paunca'.
Evidentemente, o nosso CART.11 é que é o original e não percebo por que não está na colecção do Carlos Coutinho.
Já expliquei a razão de 'Os Lacraus' que nada tem a ver com qualquer efeito filosófico que lhe possa ser dado.
A razão foi por, quando chegamos a Bissau, a rapaziada ter sido colocado nos Adidos em tendas de campanha e serem 'visitados' por vários lacraus e, depois, em Contuboel também voltaram a ter 'visitas' dos mesmos aracnídeos e também em Nova Lamego. Alguém teria dito 'porra os lacraus não nos largam'.
E assim nasceu a ideia de arranjar um bicharoco para o crachá da nova CART.11.
Como, também, já expliquei a ideia e o desenho foram da minha autoria, que foi preferida à ideia/desenho do Pechincha que seria CART.11 'A POP CART'.

Valdemar Queiroz

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Ah!, sim, estou lembrado, já tinhas contado parte dessa história... Aqui fica a tua síntese brilhante sobre o "making off" do brasão da CART 11, mais tarde CCAÇ 11... O Pechincha estava noutra onda, com essa de 'A POP CART'...

Quanto ao lacrau, é um animal a quem temos que bater a pala...É muito mais velho do que os dinossauros e, claro, do que nós... Já existia há mais de 400 milhões... E quando desaparecermos, como espécie, ele continuará por cá...

Valdemar Silva disse...

Luís
Ainda sobre 'Os Lacraus' e as 'visitas' dos ditos, acresce dizer que o Renato Monteiro foi um dos picados por um lacrau em Contuboel, até levou a injecção contra o veneno em plena parada, e ele também foi da opinião em relação ao 'bicho' escolhido para o crachá.

Valdemar Queiroz

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Vamos esclarecer alguns termos aqui usados, a malta às vezes confunde-os:

heráldica | s. f.
fem. sing. de heráldico

he·rál·di·ca
substantivo feminino
1. Ciência dos brasões.

2. Conjunto dos emblemas do brasão.


"heráldica", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://dicionario.priberam.org/her%C3%A1ldica [consultado em 17-10-2019].
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brasão | s. m.

bra·são
substantivo masculino
1. [Heráldica] Escudo de armas (de família nobre).

2. Heráldica.

3. [Figurado] Honra; glória.


"brasão", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://dicionario.priberam.org/bras%C3%A3o [consultado em 17-10-2019].

_________________

escudo | s. m.
1ª pess. sing. pres. ind. de escudar

es·cu·do
(latim scutum, -i, escudo oval de madeira revestido de couro)
substantivo masculino
1. Arma defensiva destinada a proteger o corpo dos golpes de armas brancas.

2. [Heráldica] Peça onde se representam as armas da nobreza.

3. [Agricultura] Pedaço de casca com borbulha que se tira de uma árvore para enxertar noutra.

4. Prato ou concha de balança.

5. [Economia] Unidade monetária de Cabo Verde (código: CVE).

6. [Economia] Antiga unidade monetária de Portugal (símbolo: $; código: PTE), em circulação até 2002 e substituída pelo euro.Ver imagem

7. [Figurado] Amparo; defesa.


"escudo", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://dicionario.priberam.org/escudo [consultado em 17-10-2019].
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arma | s. f. | s. f. pl.
2ª pess. sing. pres. ind. de armar

ar·ma
(latim arma, -ae)
substantivo feminino
1. Nome genérico de qualquer instrumento ofensivo ou defensivo (ex.: arma contundente; arma militar).

2. Arma portátil de fogo.

3. Meio ou motivo de agredir.

4. Força, poder.

5. [Militar] Cada uma das principais divisões do exército.


armas
substantivo feminino plural
6. A vida militar.

7. [Heráldica] Brasão; escudo.

8. [Figurado] Proezas; feitos de armas.

9. Travessas que sustentam o alfeizar da serra.

10. Chavelhos.


"armas", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://dicionario.priberam.org/armas [consultado em 17-10-2019].

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Continuando: guião, emblema e crachá


guião | s. m.

gui·ão
(francês antigo guion, o que guia, hoje francês guidon)
substantivo masculino
1. [Antigo] Pequena bandeira de guerra levada à frente das tropas ou das procissões. = ESTANDARTE, PENDÃO

2. [Antigo] Pessoa que carrega essa bandeira. = PORTA-GUIÃO

3. [Cinema, Televisão] Texto de uma obra cinematográfica, radiofónica, teatral ou televisiva, com os pormenores precisos para a realizar. = ARGUMENTO, ROTEIRO

4. Texto com os tópicos principais de trabalho ou discussão. = ROTEIRO

5. [Religião católica] Bandeira que nas procissões vai na frente do pendão.

6. [Música] Sinal em forma de til usado no cantochão.

7. Barra com punhos que, por meio do garfo, imprime movimentos laterais à roda de um velocípede. = GUIADOR, GUIDÃO

8. [Figurado, Pouco usado] Comando, direcção.

Plural: guiões ou guiães.

"guião", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://dicionario.priberam.org/gui%C3%A3o [consultado em 17-10-2019].

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emblema | s. m.

em·ble·ma |ê|
substantivo masculino
1. Figura simbólica.

2. Atributo.

3. Divisa.


"emblema", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://dicionario.priberam.org/emblema [consultado em 17-10-2019].

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crachá | s. m.

cra·chá
(francês crachat)
substantivo masculino
1. Insígnia honorífica que se traz ao peito. = COMENDA, CONDECORAÇÃO

2. Emblema de corporação militar usado em peças de vestuário.

3. Placa metálica identificativa (ex.: exibiu o crachá de polícia florestal).

4. Pequeno cartão com dados pessoais, usado pelo seu portador para fins de identificação (ex.: o conferencista tinha o crachá na lapela).

5. Pequena chapa metálica com ilustrações ou inscrições, usada decorativamente em peças de vestuário.Ver imagem


"crachá", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://dicionario.priberam.org/crach%C3%A1 [consultado em 17-10-2019].

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Valdemar, e porque não "escorpião" (mais erudito) do que "lacrau" (mais popular) ? São sinónimos... È um bicho sinistro e cruel, todos são venenosos, mas só em 25 espécies a picada pode ser mortal para o ser humano... Haverá cerca de 1600 espécies (, até agora catalogadas... Um animal que é um sucesso de adaptação... Só não existe na Antártida... Pormenor interessante: pratica o canibalismo, como o primo e a prima, a mana e o mano, se calhar o pai e a mãe quando não tem as suas presas habituais: insetos e aranhas, mas também lagartos e até pequenos roedores e pássaros...

https://pt.wikipedia.org/wiki/Escorpi%C3%A3o


Ó Valdemar, que raio que mascote vocês foram arranjar ?... Dormi no chão, em tendas, em CContuboel, no CIM, durante cerca de oito semanas (junho / julho de 1969)... Não me lembro de ter sido picado por nenhum lacrau, muito menos pelos "lacraus" da CART 11...

Um chicoração sem ferroada, Luís

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la·crau
(árabe al-'aqrab)
substantivo masculino
[Popular] Escorpião.


"lacrau", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://dicionario.priberam.org/lacrau [consultado em 17-10-2019].


escorpião | s. m. | s. 2 g.

es·cor·pi·ão
(latim scorpio, -onis)
substantivo masculino
1. [Zoologia] Aracnídeo, geralmente venenoso, da família dos pedipalpos. (O escorpião comunica o veneno por dois orifícios, que tem na base do gancho, que lhe termina a cauda.) = LACRAU

2. Antiga máquina de guerra para atirar pedras e flechas.

3. Vara com espinhos, para flagelar os mártires.

4. [Desporto] Movimento feito pelo jogador que inclina o tronco para a frente ao mesmo tempo que impulsiona as pernas esticadas para trás e para cima, dobrando depois os joelhos para chutar a bola no ar com a parte traseira do(s) pé(s).

5. [Astronomia] Constelação zodiacal. (Geralmente com inicial maiúscula.)

6. [Astrologia] Signo do zodíaco, entre Balança e Sagitário. (Geralmente com inicial maiúscula.)

substantivo de dois géneros
7. [Astrologia] Pessoa que pertence a esse signo. = ESCORPIANO


"escorpião", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://dicionario.priberam.org/escorpi%C3%A3o [consultado em 17-10-2019].

Valdemar Silva disse...

Luís
Talvez por lacrau ser mais popular ou mais 'sonoro' e subconscientemente os lacraus serem maus. 'Os Lacraus'... 'Os Maus', mas não foi pensada/premeditada esta razão da escolha do 'bicho' para o crachá.
Deves te lembrar da nossa (furriéis) caserna em Contuboel, ao fundo à direita fazendo 'L' com o refeitório geral. Perto da porta dessa caserna, um dia posemos em duelo dois lacraus rodeados por um circulo de fogo feito com petróleo, não me lembro como foram achados e como acabou o duelo. Doutra vez, no local com várias mangueiras onde dávamos instrução, também apareceram lacraus junto dumas pedras.
Na verdade, havia por lá manga de lacraus.

Valdemar Queiroz

António J. P. Costa disse...

Olá Camaradas

Durante a guerra, as unidades usaram: emblemas de peito ou crachás, emblemas de braço, conforme o local onde fossem colocados. Além disso, eram criados guiões (normalmente trazidos da unidade mobilizadora) de que depois se faziam miniaturas e flâmulas.
Esqueçam a obediência a regras de heráldica. Eram distintivos populares - porque criados pelo povo armado - e em que pesavam várias condicionantes que eu não creio que um "tesa de dótouramento" resolva determinar. Cada caso será um caso e normalmente a história da sua concepção será complicada de determinar.

Um Ab.
António J. P. Costa

José Marcelino Martins disse...

Guiné 63/74 - P6561: Histórias de Carlos Nery, ex-Cap Mil da CCAÇ 2382 (3): Fui o criador do emblema da Companhia, e gosto

Creio que o caso que assinalo acima, não será caso único.
A maioria dos crachás foram "gerados" no terreno e mandados fazer no Porto, numa empresa de estampagem de alumínios: FOTAL.

Os "Ex-Libris" ma sua maioria não obedece a qualquer norma heráldica.

A colecção do Carlos Coutinho está em: http://carloscoutinho.terraweb.biz/

Valdemar Silva disse...

P. Costa
Realmente, os crachás dos 'Deixós Poisar', 'Por Estradas nunca Picadas', 'Até ao fim', 'Os Metralhas', 'Os Vagabundos', 'Os Patos' todos com design divertido e até o 'Somos um caso Sério' com um perfeito desenho de uma mulher nua, estão dentro do que se pode considerar distintivos populares criados pelo povo armado fora do âmbito oficial.
Já quanto ao emblema 'Por Deus e pela Pátria', com o desenho, inquisitório, de uma cruz e de uma espada, tem nitidamente um cariz oficial. A guerra na Guiné, Angola e Moçambique não foi uma guerra religiosa, por isso foi uma ideia muito salazarenta com a agravante de se mandar lixar a 'Família'.
(não identifico a CCAÇ. e local da comissão para não ferir suscetibilidades)

Ab.
Valdemar Queiroz