1. O nosso querido amigo e camarada
Recorde-se o seu percurso de vida: jurista, advogado de barra, docente universitário, ex-alf mil at art, cmdt Pel Caç Nat 63, Fá Mandinga e Missirá, setor L1, Bambadinca, 1969/71. Foi nomeadamente durante 4 décadas professor de direito penal, no Instituto Superior de Serviço Social de Lisboa e depois na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias.
É autor, entre outras obras, de "Estórias Cabralianas", vol. I, ed José Almendra, 2020, 144 pp. Muitas alunas e alunos, amigos e amigos, além de camaradas de armas, o recordam com muita saudade.
Reproduzimos aqui uma pequena amostra das mensagens que lhe deixaram neste dia, na sua página do Facebook. E voltamos a reproduzir uma das suas deliciosas "estórias cabralianas" (**), a nº 74, que ele, todavia, não selecionou para o 1º volume. Muito provavelmente iria incluí-la no II volume, que tinha em preparação ou praticamente concluído quando a doença e depois a morte o surpreenderam.
O "alfero Cabral cá mori"... Fisicamente, morreu, mas continua bem presente na nossa memória e no nosso coração. Há um ano atrás, havíamos-lhe escrito o seguinte (***):
(...) Mestre do microconto, da "short story", senhor de uma ironia fina, é responsável por alguns dos melhores postes que aqui fomos publicando, entre 2006 e 2016. É pena, porém, que os "mais novos", os "periquitos" da Tabanca Grande, não o conheçam. De há meia dúzia de anos a esta parte, foram rareando as "estórias cabralianas", série que chegou quase à centenas de postes.
Fazendo votos para que o "alfero Cabral" ainda tenha forças, saúde, coragem, motivação e o tal "grãozinho de loucura" que dá pica à vida, para publicar o seu prometido 2º volume das "estórias cabralianas" (infelizmente o seu editor também adoeceu, entretanto), republicamos hoje, em dia de festa, um das "pérolas literárias" com que em tempos nos brindou (e que está no seu livro, é a estória nº 17) (...).
Fazendo votos para que o "alfero Cabral" ainda tenha forças, saúde, coragem, motivação e o tal "grãozinho de loucura" que dá pica à vida, para publicar o seu prometido 2º volume das "estórias cabralianas" (infelizmente o seu editor também adoeceu, entretanto), republicamos hoje, em dia de festa, um das "pérolas literárias" com que em tempos nos brindou (e que está no seu livro, é a estória nº 17) (...).
Há dias que não podemos esquecer um amigo virtual...! Para a Eternidade que está toda iluminada e em festa , que chegue esta minha pequena homenagem de Parabéns.
06.11.2022
06.11.2022
(iii) Luís M. Matias
{ Gritam e vociferam - "Abaixo a Lei! Fora o Direito! Morra o Professor!"
Tento intervir e, nada! O fogo alastra e ardem-me as barbas! Balbucio timidamente - Oh! Almas! O Direito também é uma ciência oculta! }
(iv) Ana Margarida Esteves Candeias
Saudades suas! Um grande beijinho onde quer que esteja. Oh Alma…
(v) Fátima Matos
Um grande beijinho para o Céu, querido Professor! Único e insubstituível!!
Podemos não cortar a rua para celebrar a “ressurreição”, como combinado há um ano atrás na festa de aniversário improvisada, mas o eterno professor Jorge Almeida Cabral estará sempre nas memórias e esteja onde estiver certamente estará em festa e a celebrar a pessoa, o docente e as boas memórias que nos deixa a tod@s.
Guiné > Região de Bafatá > Sector L1 (Bambadinca) > Missirá > 1971 > Pel Caç Nat 63 > Os furriéis milicianos do "alfero Cabral": da esquerda para a direita, Pires, Branquinho e Amaral, o saudoso Amaral. O António Branquinho é irmão do Alfredo Branquinho, membro da nossa Tabanca Grande.
Foto (e legenda): © Jorge Cabral (2007). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].
2. Estórias cabrailanas > Danado para as cúpulas ?
por Jorge Cabral (1944-2021)
– Branquinho, eu era danado para as cúpulas ? – perguntei-lhe um dia destes, porque habitualmente me socorro da sua memória.
Ainda há meses, logo depois do almoço da CCS do BArt 2917, em Guimarães, no qual contaram tantas estórias do meu Missirá, tive de procurar confirmação junto dele. Praticamente eram todas invenções, pois também têm direito…
A esta questão, o Branquinho nem soube responder.
A esta questão, o Branquinho nem soube responder.
–Cúpulas ? Quais cúpulas?
Lá lhe relatei o encontro com o Belmiro, um rapaz dos Morteiros, que esteve connosco largos meses. Vinha com um cunhado e a certa altura afiançou-lhe:
–Aqui o Alferes era danado para as cúpulas!
Não percebi. Sorri e concordei:
– Pois era ! – mas a expressão não me saiu da cabeça.
Danado para as cúpulas? Matutei, matutei e penso que descobri.
Em Missirá, a mesa das refeições servia também de secretária, na qual escrevíamos as nossas cartas e aerogramas. No início até me pediam para escrever às namoradas. Mas depois da má experiência, documentada na estória “O Básico Apaixonado”, passei a funcionar como uma espécie de Ciberdúvidas [da Língua Portuguesa]:
– Meu Alferes, como se escreve isto? Meu Alferes como se escreve aquilo?
Ora, uma tarde o Belmiro perguntou-me:
– Meu Alferes, f…..é com u ou com o?
– Mas para quem estás a escrever? Põe copular, é assim que se diz.
Não sei se seguiu o meu conselho. A carta era para o irmão e certamente o Belmiro gabava-se das suas proezas sexuais.
Mais de quarenta anos depois deve ter relembrado a palavra.
Não sei se seguiu o meu conselho. A carta era para o irmão e certamente o Belmiro gabava-se das suas proezas sexuais.
Mais de quarenta anos depois deve ter relembrado a palavra.
– Mas atenção, Belmiro, como a outra, esta também se escreve com um o.
Bem, aqui entre nós, o ou u não interessa mesmo nada. Até porque é bem melhor de fazer do que de escrever…
Jorge Cabral
__________
Notas do editr:
(**) Vd. poste de 1 de outubro de 2012 > Guiné 63/74 - P10463: Estórias cabralianas (74): Danado para as cúpulas... (Jorge Cabral)
1 comentário:
No FB encontravam-se,ontem,páginas do Prof. José Zaluar e outras, que presumo serem de antigas alunas,todas elas com dezenas de comentários...o Cabral deixou muitas saudades.
Um grande amigo e camarada.
P.Santiago
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