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terça-feira, 4 de março de 2025

Guiné 61/74 - P26551: Vivências em Nova Sintra (Aníbal José da Silva, Fur Mil Vagomestre da CCAV 2483/BCAV 2867) (1) Formação do BCAV 2867 - Partida para a Guiné e Chegada a Bissau

CCAV 2483 / BCAV 2867 - CAVALEIROS DE NOVA SINTRA
GUINÉ, 1969/70


VIVÊNCIAS EM NOVA SINTRA

POR ANÍBAL JOSÉ DA SILVA


1 - FORMAÇÃO DO BCAV 2867

No início de Dezembro de 1968 apresentei-me no Regimento de Cavalaria n.º 3, em Estremoz, a fim de ser integrado no Batalhão de Cavalaria 2867, destinado a servir na Guiné. A companhia seria a CCAV 2484. Porém, no primeiro dia de permanência em Estremoz, encontrei o alferes Luís Martinho, que trabalhava comigo na Tranquilidade e que iria fazer parte da CCAV 2483. Sugeriu a hipótese de eu solicitar a transferência de companhia, a fim de ficarmos juntos. Contactei o furriel vaguemestre da 2483, o Vasconcelos, que aceitou o pedido, até porque na 2484 também tinha alguém conhecido. Formalizado o pedido aos capitães das duas companhias, concretizou-se a transferência. Fui colocado na CCAV 2483, os futuros CAVALEIROS DE NOVA SINTRA.
Meses depois senti na pele que a troca me saíra cara. Isto porque fomos destacados para o aquartelamento de Nova Sintra, numa região inóspita, de difícil acesso, sem população, num aquartelamento sem condições e de muitos conflitos. Enquanto isso, ao Vasconcelos saiu a sorte grande. Foi para Jabadá, aquartelamento sobranceiro ao rio Geba, com instalações condignas e com menos sobressaltos.
Estremoz > Regimento de Cavalaria n.º 3
Desfile em Estremoz


2 - PARTIDA PARA A GUINÉ

A 23 de Fevereiro de 1969 partimos de Lisboa no navio Uíge. Tive na despedida, no Cais da Rocha de Conde de Óbidos, a presença do conterrâneo e amigo Belmiro Barbosa, que prestava serviço militar em Lisboa. A viagem durou cinco dias e correu bem, salvo o vomitar do primeiro dia. Todas as noites havia uma sessão de cinema e o pessoal empoleirava-se sobre todo o convés.

Navio Uíge
A despedida no Cais
A bordo
Refeição a bordo


3 - CHEGADA A BISSAU
Bissau à vista
O cais de Bissau
Início da avenida principal

Chegamos a Bissau na manhã do dia 1 de Março de 1969. Desembarcados, fomos transportados para o aquartelamento de Brá. No trajeto, na berma da estrada, os miúdos vendo que éramos novatos, estendiam o dedo indicador e diziam “salta periquito, salta “. Periquito é sinónimo de novato.
Chegados a Brá fomos encaminhados para as casernas destinadas à minha companhia. Dada a elevada temperatura e humidade, a que não estávamos habituados, encharcamos a farda de suor. Andava eu e o inseparável amigo Lima, furriel de transmissões à procura dum chuveiro, quando dei de caras com o primeiro Arcozelense. Era o Neca Camarinha, meu colega de carteira na escola primária. Ele já estava na Guiné há alguns meses e destacado em Bambadinca, na Intendência e ocasionalmente em Bissau.
À noite fui ao centro da cidade ter com o André, de Miramar, encontro previamente marcado pelos nossos pais que eram amigos. Ele prestava serviço na Força Aérea, na base de Bissalanca. Num café/cervejaria, próximo ao cais civil, estivemos a comemorar o encontro, comendo ostras e bebendo umas canecas de cerveja. Às tantas comecei a ouvir rebentamentos de granadas, som que se percebia vir do outro lado do larguissímo rio Geba e dizia o André “é para ali que tu vais “. Não foi o melhor cartão de visita, mas deu para entender o que me esperava.

Quartel de Brá
Salta periquito
Estrada de acesso a Brá

(continua)
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Nota do editor

Vd. post de 25 de fevereiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26526: Tabanca Grande (567): Aníbal José Soares da Silva, grão-tabanqueiro n.º 898, ex-Fur Mil SAM, CCAV 2483/BCAV 2867 (Nova Sintra e Tite, 1969/70)

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