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terça-feira, 4 de março de 2025

Guiné 61/74 - P26552: Tabanca dos Emiratos (16): Visita nas férias de Natal ao antigo Ceilão, a Taprobana de "Os Lusíadas", hoje Sri Lanka (Jorge Araújo) - Parte IV

Jorge Alves Araújo, ex-Fur Mil Op Esp/RANGER, CART 3494
(Xime-Mansambo, 1972/1974)



TABANCA DOS EMIRATOS

Visita nas férias de Natal ao antigo Ceilão,
a Taprobana de “Os Lusíadas”, hoje Sri Lanka

Região Centro/Sul do território do Sri Lanka onde, no interior do círculo ponteado a amarelo, se situam algumas das atracções turísticas da cidade de Ella.
Mapa do distrito de Badulla onde pertence a cidade de Ella


► Continuação do P26453 (III) (3.2.2025)

1. – INTRODUÇÃO

Com o presente texto, o penúltimo sobre este tema, damos continuidade à prometida fotorreportagem da visita ao Sri Lanka (antigo Ceilão) realizada na segunda quinzena de Dezembro último, cujo território fora conquistado e ocupado pelos portugueses durante século e meio (1505-1651), feito militar atribuído ao capitão-mor Lourenço de Almeida (Martim, c. 1480 - Chuil, Índia. 1508). Esta Parte IV volta a ter por cenário a região de ELLA, que em cingalês significa “queda de água”, cidade incluída no distrito de Badulla e na província de UVA (ver mapa acima). Situa-se a 1.041 metros de altitude, a 54 km a leste de Nuwara Eliya, a 135 km a sudeste de Kandy e a 200 km a leste da capital, Colombo (distâncias por estrada).

A cidade encontra-se numa região montanhosa com grande biodiversidade, com numerosas variedades de flora e fauna, estando coberta de florestas nubladas e plantações de chá. Devido à altitude, o clima é mais fresco do que as planícies próximas, que se avistam de Ella Gap.


2. – ATRACÇÕES TURÍSTICAS

ELLA, como referido anteriormente, é uma das cidades com maior oferta turística do interior do Sri Lanka. De entre as diferentes atracções, como foi o caso das “quedas de água de Ravana“, abordada no poste anterior (P26453), apresentamos agora algumas das imagens relacionadas com a “Ponte dos Nove Arcos” ou “Ponte dos Nove Céus” e o Caminho de Ferro a ela associado.


֎► A PONTE DOS NOVE ARCOS

♦ A “Ahas namaye palama” (“Ponte dos Nove Céus”) em cingalês, é uma ponte construída em Gotuwela, localidade situada no Distrito de Badulla, entre duas estações ferroviárias – Ella e Demodara – projecto executado durante o período designado por Ceilão britânico (British Ceylon), então uma colónia do Império da coroa britânica, mantida entre 1802 e 1948, sendo a maior do Sri Lanka, cuja bandeira e brasão dessa época se reproduzem acima.

Localizada a quase 3.100 pés (940 metros) acima do nível do mar, esta ponte de 99,6 pés (30 metros) de altura é chamada de “Ahas namaye palama”.

Esta designação simbólica significa que quando alguém passa por baixo dela e olha para cima, observa uma vista de “nove céus” através dos nove arcos, daí o nome cingalês. Esta ponte também é chamada de “A Ponte no céu” devido à sua altura.

▪ Descrição: – Esta ponte maciça foi construída inteiramente de pedras sólidas, tijolos e cimento sem usar uma única peça de aço. A ponte foi finalmente comissionada em 1921. A Ponte Demodara tornou-se num local icónico para turistas dos cinco continentes, bem como das populações do Sri Lanka, sendo uma das estruturas mais fotografadas.

Há um relato popular sobre a construção desta ponte, e que conta: - Quando as obras de construção começaram na ponte, a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) irrompeu e a remessa de aço designada para este local foi apreendida e usada para projectos relacionados com a guerra. Quando a obra parou, os moradores locais apresentaram-se e construíram a ponte com tijolos de pedra sólida e cimento, sem aço.

▪ Antecedentes históricos: – Uma história um tanto desconhecida foi publicada no jornal Mawbima sobre a origem desta ponte. De acordo com esse artigo, a construção desta ponte foi dada a uma pessoa chamada PK Appuhami que vivia em Keppitipola, em Maliyadda.

De acordo com um dos seus netos, que viveu na sua casa, o avô, PK Appuhami, nasceu em 1870 e foi um baterista popular e um dançarino espantoso. Um dia, ele perdeu uma competição de percussão para outro baterista durante um evento de dança de Ritos de Thovil e voltou para casa com a tradicional fantasia de diabo.

Naquela época, a ferrovia estava a ser construída como parte da interesseira expansão da colónia britânica para as terras altas do, então, Ceilão britânico, com o objectivo de transportar chá e café das plantações para Colombo, e depois para o exterior.

Entretanto, o britânico que o vira actuar durante o evento de dança ficou admirado ao reconhecê-lo perto da Estação Ferroviária Ohiya, a 67.ª estação da linha principal (que se estende entre Colombo e Badulla, esta inaugurada em 5 de Abril de 1924, ou seja, trinta e um anos mais tarde), sendo a terceira estação ferroviária mais alta do Sri Lanka, localizada a 1.774 m acima do nível do mar e inaugurada em 1893.

Foto 1 - Estação de Ohiya inaugurada em 1893.

Depois, um relacionamento bem-sucedido entre os britânicos e PK Appuhami ajudou no sentido da construção da ferrovia naquela região fornecendo a mão-de-obra aos responsáveis pela continuação do projecto.

Quando a construção chegou a um vale entre duas colinas, os engenheiros britânicos ficaram preocupados devido a um atoleiro no fundo desse vale. Ancorar com segurança as colunas de uma ponte ao solo era o (um) problema. PK Appuhami, nessa altura, havia garantido a confiança aos engenheiros e pediu-lhes para lhe entregar, a si, a construção dessa enorme ponte. Depois de, no início, ver rejeitada a sua proposta, os engenheiros finalmente concordaram em entregar essa tarefa gigantesca a Appuhami.

O cingalês começou a trabalhar por volta de 1913, onde os seus homens começaram por derrubar grandes pedras nessa abertura até que elas preenchessem o fundo e então ele construiu as colunas de tijolos nesse leito de pedra. O trabalho ficou concluído em cerca de um ano e o custo da construção foi tão baixo que os britânicos não tinham certeza da integridade estrutural da ponte.

PK Appuhami garantiu que se deitaria sob a ponte na primeira viagem de comboio através dela e, reza a história, que ele cumpriu a promessa quando a linha ferroviária foi inaugurada.

Com base na tradição da região, consta-se que os ingleses procederam ao pagamento do soldo, carregando ele quatro carroças cheias de moedas de prata de Colombo, e que depois decidiu oferecer refeições aos moradores de Parabedda e Puranwela durante dois dias, além de dar a cada um deles uma moeda de prata.


3. – FOTOGALERIA

As fotos que se seguem sevem para enquadrar o texto acima.
Foto 2 – Ponte dos Nove Arcos
Foto 3 – Ponte dos Nove Arcos
Foto 4 – Comboio repleto de passageiros com uma carruagem sem cobertura
Foto 5 – O mundo é pequeno… encontro de uma família de portugueses conhecidos.
Foto 6 – À aproximação do comboio todos querem ficar com uma recordação.
Foto 7 – A passagem do comboio para mais uma recordação.
Foto 8 – O comboio em direcção da ponte
Foto 9 – Imagem à procura de uma legenda.
Foto 10 – Depois do comboio… circulam os visitantes.
Foto 11 – Escadaria de acesso à linha férrea, com dezenas de degraus.
Foto 12 – E a caminhada continua até à Ponte dos Nove Arcos.

Continua…

Obrigado pela atenção.
Com um forte abraço de amizade e votos de muita Saúde.
Jorge Araújo
24FEV2025

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Nota do editor

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