quinta-feira, 30 de novembro de 2023

Guiné 61/74 - P24898: Coisas & loisas do nosso tempo de meninos e moços (23): Pequeno glossário do português... à moda do Porto


Porto > 2016 > Zona Histórica do Porto > "Pormenor do Morro de Penaventosa visto do miradouro da Vitória. Casario, Sé Catedral, Paço Episcopal e Igreja de S. Lourenço, mais conhecida como Igreja dos Grilos"... 

Foto (e legenda) do nosso saudoso camarada, e grande fotógrafo, amante da "Invicta", o Jorge Teixeira (Portojo) (1945-2017) (ex-Fur Mil Arm Pes Inf, Pelotão de Canhões S/R 2054, Catió, 1968/70), membro do Bando do Café Progresso.  Publicada  no seu blogue A Vida em Fotos (2 de setembro de 2016), que ele criou em março de 2010 e que alimentou, com grande rigor e  paixão, até fevereiro de 2017, a escassos dois meses de morrer (7 de abril de 2017). É  uma das mais completas fotogalerias do Porto, que eu conheço.  Foto reproduzida aqui com a devida vénia... e com muita saudade.


1. Nesta série sobre os "falares" da gente do nosso tempo de meninos e moços (*), não podia faltar o calão e a gíria do Porto, que é mais do que a cidade, a zona histórica, a  Invicta... "O Porto é uma "Naçom", o Porto e o Grande Porto, ultrapassando as barreiras físicas do rio Douro e da estrada da circunvalação.  

Os nossos camaradas do Norte até trocavavam os bês pelos vês, de indignação,  se a gente não postasse aqui o "galizo" deles... Ora eu não quero que eles digam que eu tenho a mania de ser "dono da estação de São Bento", até porque já tenho uma costela nortenha (daqui a dois anos  vai fazer meio século desde que "cambei" pela primeira vez o rio Douro, na Arrábida, e depois o Tâmega,  em Canaveses)... 

Para que não me chamem mouro, sarraceno, sulista, e outros mimos, aqui vai uma pequena amostra que recolhi, em cima do joelho,  e que atesta a riqueza, a plasticidade, a criatividade, a graça, a verve, o pícaro, o humor  dos falantes da língua portuguesa da "Inbicta"... Outros contributos, e nomeadamente dos camaradas nortenhos, serão bem vindos. Naturalmente que algumas  destas pérolas linguísticas também circulam pelo Sul. E outras podem ter caido em desuso...
LG


Pequeno glossário do português
... à moda do Porto

Alapar –  Assentar
Amarfanhar – Apertar, roubar
Amassos – Troca de carícias
Andar à gosma – Viver à custa dos outros, andar na moinice
Andar de calcantes  Andar a pé
Andor biolete - Desanda
Andrades - Adeptos do FC Porto (não cofundir com "tripeiros")
Apanhador – Pá para o lixo
Arpoar - Fazer uma conquista amorosa
Arreganhar a tachá – Rir à  gargalhada
Arrostar postas de pescada –  Rir à gargalhada
Azeiteiro – Rufia, malandro, chulo

Badalhoca – Porca, desmazelada, prostituta; também nome de uma famosa tasca no Porto
Badeleira  – Mulher que fala demais
Barona – Beata, ponta do cigarro
Basqueiro – Barulho ("Alto basqueiro)
Benha ! – Venha! (termo usado pelos arrumadores de carros)
Besuntas – Mulher muito gorda
Bezana – Bebedeira
Bisga – Escarro
Bitaites – Palpites, dicas, bocas
Bófia –  Polícia
Bóias  Mamas, seios
Bolacha – Bofetada
Boa (boua) como milho  – Diz-se de uma mulher gira
Briol  Frio
 

Cabeça de giz – Polícia sinaleiro (figura cada vez mais rara)
Cachaço – Bofetada no pescoço
Caga e tosse –  Não anda nem desanda
Calacantes baris – Sapato fino
Canalha – Criançada
Carago –  Caraças; forma eufemística de dizer c...alho (o falo, o orgão sexual masculino; do esanhol, "carago")
Cav(b)alão  –  Mulher "atoucinhada" (como diria o Camilo Castel Branco) e de pêlo na venta
Chá de bico – Clister
Chaço – Carro velho,  também "chocolateira"
Choninhas  Gajo mole, sem iniciativa (também se diz "Cunanas")
Chotegane – Arma, arma de cano curto (do inglês, "short gun")
Chica –  Menstruação 
Chuço – Guarda chuva
Coiras – Chatas, más. 
Coirão –  Indivíduo reles com cabedal de respeito
Cor de burro quando foge – Diz-se quando não se sabe a cor de algo
Cresce e aparece  Desanda
Croque – Pequeno murro na cabeça com os nós dos dedos
 

Dar corda aos sapatos 
– Deitar a fugir
Dar corda aos v(b)itorinos – Correr
Dar de frosques – Fugir
Dar lhe a filoxera  Desmaiar
Dar o garfeiro todo – Doer os dentes
Dia de pica-boi  Dia de trabalho
Deitar a fateixa  Conquistar (uma mulher)
Desatinar Dar uma volta
Dobradiças – Joelhos

Encher a mula – Comer muito
Enchousadela – Bater, tareia
Engrupir – Enganar
Estapor – Estupor, mau, cruel
Estar de beiços – Estar amuado
Estar de gesso – Diz-se de alguém que não trabalha
Estar com os bitorinos encharcados – Estar bêbado
Esticar o pernil – Morrer
Estrugido – Sarilho, encrenca ("Meter-se num estrugido"). mas também ligação amorosa ("Ter um estrugido")


Fajardice Trafulhice
Falar para a central – Falar sem ser ouvido ou ouvir sem prestar atenção. 
Faneca – Gaja boa, bonita
Fino  Imperial (cerveja)
Fino como um alho  – Esperto, vivaço, sagaz, astucioso
Fisgar –  Engatar
Flauta 
– Pénis
Foguete – Buraco nas meias (collants)
Foleiro das garulas  – 

Gabardina 
 Preservativo (masculino)
Galga  Mentira, mas também pénis
Galgueiro – Mentiroso
Gangada – Seita, grupo de rapazes, normalmente organizado
Garulas  –  Pernas ("foleiro das garulas", mal ds pernas)
Grav(b)eto  Dinheiro
Grito  Frio
Guna – Ranhoso; rapaz ou rapariga de origem social baixa, de "bairro camarário" que usa roupas de marca, por vezes brincos e boné de pala virado ao contrário

Ir de saco – Ser preso
Ir fazer tijolos  – Morrer
Ir medir caixotes – Morrer

Jeco – Cão

Laurear / laurear a pev(b)ide – Passear, pavonear-se 
Labagice – Porcaria, mistura de comida
Lázaro – Idoso, asilado
Leiteira  Sorte
Leiteirão – Sortudo
Lontra – Pessoa obesa, gorda, que come muito
Lostra  Chapada, estalo

Mais v (b)ale uma rua do Porto que a Gaia toda (lê-se: "cagai-a toda") 
Mamona – Pessoa interesseira
Mandar uma bisga  Escarrar para o chão
Mandar uma traulitada – Dar um murro
Mânfio – Sabidola, astuto
Manguela – Malandro, indivíduo preguiçoso
Martelar – Fazer sexo
Matrona – Mulher desmazelada
Meter os garfos    Palmar, tirar dos bolsos de alguém
Micar  – Perceber, entender,observar
Mijão – Sortudo, "leiteiro"
Mitra - Infiltrado
Moina – Polícia
Molete – Pão, carcaça
Mor – Termo utilizado pelas vendedeiras, abreviatura de «amor» 
Morcão – Estúpido, lorpa

Nardo  – Pénis (também se diz sarda, morcela)
Narizinho de cheiro – Diz-se de alguém que se ofende facilmente, vidrinho
Negócio das carnes – Prostituição

Ouras (Ter) – Ficar atordoado, enjoado

Paiba – Cigarro de substância ilegal
Paleógrafo – Conversa fiada ( “Gajo cheio de paleógrafo”)
Pandeireta – Mulher velha
Pandorca –  Badalhoca, mostrengo, vasculho
Pasteleira – Bicicleta velha, pesada
Passar a ferro – Possuir sexualmente; atropelar
Pastelão – Omeleta; patanisca;  pessoa muito lenta
Pastor – Palerma
Peixão –  Mulher que dá nas vistas, lasca, traço
Picar o ponto – Namorar
Pinoca –   Indivíduo bem arranjado
Pipi da tabela   Todo pinoca, bem vestido, efeminado
Pito - Crica, vagina, mas também frango ("Bibó Pito da Maria")
Play-mobil – Polícia; agente da autoridade
Pôr-se a fancos  – Estar atento, ter cautela
Presunto  – Parolo

Quilhar  – Usado como em “vai-te lixar”

Rópia 
 Vaidade
 
Sameira – Carica, sama,
Selo – Mancha, sujidade nas cuecas
Sêmea – Rabo de mulher
Sertã – Frigideiram da cabeça
Sofrer da cuca –  Não regular bem da cabeça
Sostra – Pessoa preguiçosa

Tecla Três – Anormal, deficiente (por analogia da tecla 3 dos telemóveis)
Toura – Mulher jeitosa
Trav(b)esseira - almofada
Trengo – Atrasado, apalermado
Tripas a moda do Porto  Dobrada
Tripeiro  – Natural do Porto (não confundir com "andrade", adepto do FCP)
Tótil – Muito, “bué”, "manga de" (como se dizia na Guiné)
Trombil – Cara, "fuças"

V(b)ai-te, Afonso 
 Vai-te quilhar, lixar, f...der
V(b)ai no Batalha – Mentira, filme (referência ao cinema Batalha)
V(b)agem – Feijão verde
V(b)ergar a mola – Trabalhar
V(b)idrinho  Diz-se de alguém que é muito suscetível
V(b)ira-v(b)entos  Volúvel

Zaruca 
 O mesmo que sofrer da cuca
Zequinha – Pessoa meio apalermada

Com os contributos de: António Graça de Abreu, Carlos Vinhal, Fernando Ribeiro, Joaquim Costa, Jorge Teixeira, Valdemar Queiroz
________

Fontes (além dos dicionários de português e da Net):
  • Almeida, José João - Dicionário aberto de calão e expressões idiomáticas (recolha de José João Almeida,. Universidade do Minho. 2023. Disponível em https://natura.di.uminho.pt/~jj/pln/calao/dicionario.pdf
  • Brito, João Carlos - Dicionário de Calão do Porto. Editora Lugar da Palavra, 2016 (Tem mais de 4 mil verbetes ou entradas)
  • Pacheco, Hélder - Porto: outra cidade. Porto: Campo das Letars, 1997.
  • Praça, Afonso - Novo Dicionário de Calão", 2ª ed. rev. Lisboa, Editorial Notícias, 2001.
  • Simões, Guilherme Augusto - Dicionário de Expressões Populares Portuguesas. Lisboa: Perspectivas & Realidades, 1985.
___________

Nota do editor:

17 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Hoje já é difícil distinguir as expressões coloquiais populares, bemcomo a gíria e o calão, se são e Lisboa ou de se são do Porto... "Fosca-se" e "vai-te Afonso", por exemplo, são expressões que se ouvem tanto lá em cima como cá em baixo... E sobretudo entre as senhoras...Os homens são mais "desbocados"... É verdade ? Ou já não é tão verdade assim ?

Lembro-me da minha mãezinha, que era muito "púdica", queixar-se quando a filha mais nova (tem 18 anos a menos do que eu) vinha do Norte, depois de umas férias passadas connosco: "Ai, a B..., vem a dizer Torres, Alhos e Bogalhos e outras indecências" (Torres era P...rra e por aí fora)". Já o meu pai falava em verso e tão depressa que o meu sogro não entendia patavina (de resto, conviveram pouco em vida, lá em Candoz)... O Zé Carneiro, depois de ele se ir embora, comentava para mim: "O seu pai é muito engraçado, mas eu não percebo nada do que ele diz"...

Afinal, a falar é que a gente se entende...

Anónimo disse...

Obrigado Luís. Espero que estejas fino como um alho.

Uma das tuas fontes é o meu grande amigo: João Carlos Brito
Autor do livro: Dicionário de Calão do Porto e mais recentemente do Falar à Moda do Porto.

Professor e Bibliotecário da Minha Escola (Escola Secundária de Gondomar).

Como representante da Editora: Lugar da Palavra fez parte da mesa de apresentação do meu livro: Memórias de Guerra de um Tigre Azul.

A minha homenagem a esta cidade que me adotou… e se me entranhou.

Lembrando o meu regresso a casa depois de dois longos anos passados no inferno da Guiné (Agosto de 1974)

Chegado ao Porto (Campanhã), pese embora a sofreguidão em rever a família, uma força vinda das entranhas levou-me ao centro da cidade, apanhando um comboio com destino à estação de S. Bento, com o dia ainda a romper. 

Quatro anos de estudante fizeram desta cidade a minha casa. A esta hora poucas pessoas se viam nas ruas e nos transportes.

Senti a cidade a abrir os seus braços só para mim.

Foi a primeira sensação do regresso a casa,  depois de uma longa e cansativa caminhada.

A estação de S. Bento, nunca me pareceu tão bonita.

Caminhei quase sozinho pelos Aliados, sentindo a falta do café Astória e do Imperial, este com a sua imponente porta giratória e o engraxador residente. Subi os Clérigos, passei pelo Estrela, o Aviz, o Piolho e ainda pelo Ceuta, felizmente, tal como os deixei. 

Respirei fundo várias vezes, chegando mesmo a limpar uma lágrima por este abraço da cidade que adotei e se me entranhou.

Um abraço
Joaquim Costa

Carlos Vinhal disse...

"Andrades" - adeptos do glorioso FCP
"Picheleiro" o m. q. canalizador
"Trombil"; "Fuças" - cara
"Põe-te a fancos" - Põe-te à defesa ou levas no trombil
"Já chegamos à Madeira ou quê? Quando a conversa começa a descambar.

Mas não esqueçamos o que disse Almeida Garrett dos portuenses: “Podemos trocar os vês pelos bês, mas não trocamos nunca a liberdade pela servidão”.

Carlos Vinhal
Leça da Palmeira, a escassos 5 quilómetros do limite sul da cidade do Porto.

Valdemar Silva disse...

O 'bai-te quilhar', no sentido de 'vai-te lixar', é utilizado em sentido figurado fazer algo difícil como pôr quilhas nos navios, a minha mãe utilizava frequentemente mas não dizia asneiras à moda do Porto.

Carlos Vinhal, no Alentejo não se utiliza bem 'corno ou cornudo', que ninguém leva a mal, eles são mais cáusticos dizem 'cabrão' como a célebre 'é assim mesmo que se fala ministro dum cabrão', e ai de quem chame cabrão a alguém no Norte.

Valdemar Queiroz

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Obrigado, Carlos e Joaquim!... Vocês são "tripeiros de alma e coração". Não é preciso puxar pela cédula pessoal... De qualquer modo, e como eu costumo dizer, a gente não escolhe pai e mãe nem a terra onde nascemos... A nossa terra pode ser duas, aquela onde nascemos (às vezes por acidente) e aquelaonde vivemos, crescemos e nos sentimos bem.

Carlos, vou guardar no proverbiário daTabanca Grande essa preciosidade que está no teu comentário:

(...) Mas não esqueçamos o que disse Almeida Garrett dos portuenses: “Podemos trocar os vês pelos bês, mas não trocamos nunca a liberdade pela servidão”. (...)

Assino por baixo!... É a melhor homenagem que podemos fazer os portuenses, lídimos representantes deste velhinho Portugal, e que sempre souberam fazer, quando foi preciso, das tripas coração!

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Carlos, Joaquim e Valdemar, vou acrescentar as vossas sugestões ao nosso glossário do "portoguês"...

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Carlos, vou tirar o "Fosca-se"...É importante a validação do glossário do "portoguês" por vocês, que são os falantes... Eu vou cada vez menos ao Porto, fico-me pela Madalena e por Candoz, com algumas visitas rápidas a Matosinhos onde tenho familiares...Ab., Luis

Anónimo disse...

Luís, na letra T podes acrescentar TAINA, termo usado na minha passagem há 60 anos
pelo Colégio Nun'Alvres -Caldas da Saúde- para patuscada, comezaina etc.

Boa saúde e grande abraço do
José Carvalho

Carlos Vinhal disse...

Tens toda a razão amigo Valdemar, o que eu queria dizer era mesmo cabrão.
Se não te importares, já que sim, vou reformular o meu comentário.
Obrigado, mantém-te atento já que és a nossa "consciência".
Grande abraço
Carlos

Carlos Vinhal disse...

Luís, aqui no Porto não se diz fosca-se, quase de certeza, dir-se -á literalmente fod.-se.
Era vulgar os mais antigos quando estavam muito tempo sem se encontrar dizerem: Ah meu grande fdp, estás mesmo porreiro, car.lho, dá cá um abraço.
Já pelo alentejo o fdp é ofensivo ao contrário do cabrão (cornudo) que é tolerado.
Conta-se até este diálogo entre pai e filho, alentejanos numa discussão acesa:
Filho para o pai: - Fdp
Pai: Quem? Eu?
Filho: Não, pai. Eu.
Pai: Ah, tá bem.
Ou ainda:
O Manel e o Zé encontravam-se invariavelmente de manhã quando saíam para os seus trabalhos.
O Manel cumprimentava o Zé dizendo, "olá cabrão, como estás?"
O Zé respondia, "tudo bem, obrigado. E tu como estás?"
Um dia, o Manel cumprimenta o amigo de maneira diferente, dizendo, "olá Zé, estás bom?"
Aí o Zé começou a desconfiar da mulher.

Carlos Vinhal
Leça da Palmeira

jteix disse...

O que me dói mesmo, é pensarem que aqui no Porto continuam a chamar "cimbalino" ao café, coisa que entrou em desuso à muitos anos e que começou no Café Progresso por causa do café de saco, ao contrário dos "mouros" que continuam a chamar "BICA" a uma coisa que a gente está mesmo a ver que é Café, já para não dizer que chamam "garoto" a um pingo de café numa chávena com leite... "pingo", é como os tripeiros lhe chamam... Coisas dos maldizentes...
Já o meu tio que viveu muitos anos na "mouraria" quando veio para o Porto e não gostava nada de leite, ia ali ao "Zé Bota" na tv do Carmo e pedia: "Zé bota aí um copo de leite, cheio de vinho"... Esse sim, sabia o que queria...
Um abraço
cumprim/jteix

antonio graça de abreu disse...

Estou a ficar velho, e "foleiro das garulas", as pernas já são o eram. A a "mona", a cabeça está boa, carago.
Meu querido Porto onde nasci e cresci... De onde me arrancaram aos dezoito anos e me puseram a baloiçar pelo mundo, até hoje.

Abraço,

António Graça de Abreu

Fernando Ribeiro disse...

As palavras "aloquete", "breca", "bufar", "conduto", "cruzeta", "escabeche", "freima", "fronha" e "regueifa", pelo menos, estão devidamente dicionarizadas com os significados indicados, pelo que não podem ser consideradas termos de calão, nem sequer regionalismos.

Ainda que também esteja dicionarizada, a palavra "botar" não se usa no Porto, a não ser por pessoas que não sejam da cidade. Um tripeiro de gema nunca diz "botar". Nunca mesmo. Diz deitar, colocar, pôr, etc. Se alguém disser "botar", então não é do Porto.

Corroboro o que diz o camarada jteix. A palavra "cimbalino" deixou de se usar há imenso tempo. Retire-se da lista. O Café Progresso, que já não se chama assim, tinha fama de servir o melhor café (bebida) do Porto. Era sempre, e só, café de saco. Julgo que o Progresso foi o último café (estabelecimento) da cidade a servir café de máquina. A partir desse momento, deixou de fazer sentido usar a palavra "cimbalino" como termo diferenciador.

A palavra "tatela" não estará mal escrita? Não será "fatela"? Se for, retire-se da lista, porque no Porto não se usa.

A palavra "gabarnida" também não estará mal escrita? Não será "gabardina"?

Desisto. Não tenho paciência para corrigir gralhas.

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Obrigado, a todos pelos vossos preciosos e críticos comentários... Já corrigi as gralhas... (Estou a precisar de ir ao oftalmologista.)

Quanto aos termos e expressões que devem ser retirados, vamos tratar disso. Outros e outras serão de incluir. O povo do Porto é quem mais ordena... Mas isto é apenas um "pequeno glossário", não queremos nem podemos competir com os dicionaristas...

Eu, que era do Sul, e nunca fiz tropa no Norte, achava piada aos camaradas que se juntaram à minha CCAÇ 2590, no Campo Militar de Santa Margarida, e que vinham justamente do Norte... Mais do que o sotaque, o que me encantava era a forma viva e descontraída como se expressavam... Ab, Luís

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Fernando, por tua sugestão, retirei do glossário (que não é só de gíria e calão do Porto, ams também de outros vocábulos e expressões populares menos familiares aos "sulistas) as palavras a seguir discriminadas:

"aloquete",
"breca",
"bufar",
"conduto",
"cruzeta",
"escabeche",
"freima",
"fronha",
"regueifa"...

E já agora também "cimbalino", indo ao encontro das críticas do Jorge Teixeira, o bandalho-mor do Bando do Café Progresso... E "fosca-se!" (interjeição que não seria típica do Porto, segundo o Carlos Vinhal).

A língua não é dos puristas, nem dos dicionaristas e lexicógrafos, mas de quem a fala... Obrigado. LG

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Também retirei "fatela" e "botar"... Outros vocábulos já estão grafados nos dicionários: picheleiro, pingo...

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Atenção: parte destes vocábulos já estão grafados nos dicionários da língua portuguesa (do brasileiro Houaiss ao Priberam da Porto Editora)... Incluindo os palavrões mais obscenos...

Sabe-se que os dicionaristas e lexicografos são "conservadores"...Quando eu comecei a dar aulas na área da "gestão do comportamento organizacional", no início do anos 80, ainda havia palavras de origem inglesa que não estavam grafadas ou adaptadas para português... Líder escrevia-se "leader", liderança era "leadership", exaustão (física e mental) era "burnout", gestão era "management" (administração era outra coisa)...e por aí fora...

Com a gíria, o calão e os "palavrões" aconteceu o mesmo...Foi preciso esperar que a censura social abrandasse. .. Que jornal se atreveria, até há há pouco, a publicar na primeira página um "foda-se" ou "merda" ou outro termo do nosso calão ? Hoje está na moda...