Amigos e camaradas da Guiné,
Os Salgados da Guérande, Noirmoutier e a ilha de Ré no Norte de França são muito antigos e começaram a degradar-se após a 2.ª Guerra Mundial. O Governo Central, assumindo que estas salinas eram uma parte da História de França, decidiu proceder à sua recuperação.
Foi aprovado um plano de longo prazo, assumiram que competia às Comunas a construção dos acessos, rede viária, limpeza, manutenção e iniciaram parcerias com o sector privado para apoiar a recuperação das Salinas.
O resultado foi a recuperação do património histórico, recuperou as profissões ancestrais da produção de sal artesanal e Flor de sal, valorizou a indústria turística e teve o retorno económico de volta.
O sucesso francês reside na sua forma de organização política. Este plano de longo prazo, contou também com o envolvimento dos Presidentes das Comunas e dos seus antecessores que apesar de perderem as eleições continuam a participar e a serem ouvidos.
Neste Salgado o escoamento da produção de sal era feito através do Braço Sul e Norte do Rio Mondego para os armazéns do Porto de Lavos e para o "trapiche"! do Porto da Figueira da Foz, cada barco de sal transportava 10 Ton, mas devido aos custos do seu transporte a actividade tornou-se inviável a partir do final dos anos 60.
Coube à Organização de produtores FozSal e à sua Direção alterar a forma de escoamento da produção de sal.
Como mostra a escritura de aforamento de 1765 que junto em anexo, desde o tempo da construção das salinas que existiam caminhos, para a deslocação de gentes e gados no Salgado da Figueira. A FozSal aproveitou parte desses caminhos para construir a atual rede viária existente.
Coube também à FozSal a manutenção dos caminhos e isso permitiu travar o abandono das salinas e manter activo o Salgado, mas como todos usam, estes tornaram-se públicos.
Hoje estes caminhos são mantidos à custa dos produtores e depois de mais de 20 anos na Direção da FozSal os velhos como eu cansaram-se e deram o lugar aos novos, mas a tendência de abandono mantém-se. Hoje em Portugal "importamos" o que há de pior no mundo, mas os bons exemplos como o francês acima citado, que vi com os meus olhos em 2005 quando integrei a delegação do Salgado da Figueira da Foz na minha deslocação aqueles Salgados do Norte de França não são aplicados.
Em nome da Democracia e da Descentralização compete às Autarquias construir e manter os caminhos rurais, mas a jurisdição do DPM pertence à APA e como esta depende do Poder Central e nada faz, continua o público a usar recaindo sobre os privados a construção e a manutenção dos caminhos.
Conclusão:
Todos usam os caminhos do Salgado e querem manter os seus direitos, gostam de ver os "escravos" perdão quis dizer as salinas a funcionar, mas no que toca a deveres, ninguém tem nada a ver com isso e muito menos o Poder Central.
Esta nova geração também é mais "fina", já não trabalha por amor à camisola, não respeita a História e as actividades dos nossos antepassados, é egoísta e pensa que só tem direitos e não tem deveres para com a sociedade.
Esta é uma pequena parte da História do Salgado da Figueira da Foz.
Segue a história da salina das Craveiras ou de D. Dulce, e o aforamento da Tapada do Sul por Fernando Gomes de Quadros.
Doc. 1- Aforamento feito pela Rainha D. Dulce (D. Sancho I) de uma marinha no termo da vila de Lavos, feita no mês de Janeiro. Era 1255 (1217).
Ao longo dos tempos a superfície de evaporação e cristalização desta marinha, foi sendo partilhada por vários produtores, mas no essencial manteve o seu traçado original até que um dos proprietários decidiu provocar algumas modificações em 1988.
Doc. 2 - Localização geográfica de parte da salina acima citada na Planta do Cap. de Fragata Francisco M. P. da Silva de 1862.
Doc. 3 - Planta de localização no mapa da CRPQF de 1955.
Doc. 4 - Cartão Profissional de Mestre de marinhas cuja cópia me foi oferecida pelo seu titular José Maria Ferreira, também conhecido por José Maria Fana, antes de falecer.Doc. 5 - Escritura de aforamento da Tapada do Sul.
Doc. 6 - José dos Santos Pinheiro citado na escritura era na verdade José Joaquim dos Santos Pinheiro Cavaleiro na Ordem de Cristo.Tal como no Salgado de Castro Marim, o Salgado de Lavos está muito ligado à Ordem dos Templários, mas com a decisão de D. Dinis de os mandar de "férias" durante quatro anos lá para baixo, ficaram a pertencer à Ordem de Cristo.
"Lavos Nove Séculos de História" foi apenas uma pequena parte, mas haverá sempre alguém numa "Torre" ou num Arquivo qualquer que virá acrescentar algo.
Escrever sobre o Salgado exige investigação, nas Craveiras foi o Capitão Mano e na Tapada do Sul foi o ex-Fur Mil Victor Costa mas quando nos agarramos a uma narrativa escrevemos apenas para alguns e perdemos a credibilidade.
Um abraço,
Victor Costa
Ex-Fur Mil At Inf da CCaç 4541/72
Nota: Clicar nas imagens para ampliar
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Notas do editor:
Vd. poste de 31 DE MARÇO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24181: Os nossos seres, saberes e lazeres (565): Diferenças entre o Estado de Direito e o Estado de Direito democrático (Victor Costa, ex-Fur Mil At Inf)
Último poste da série de 25 DE NOVEMBRO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24886: Os nossos seres, saberes e lazeres (601): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (130): Querubim Lapa, mago da cerâmica azulejar, mas irrefutável pintor e desenhador neorrealista (1) (Mário Beja Santos)
2 comentários:
Costa, o D. Diniz não mandou passar férias os Templários para Castro Marim, eles sempre lá estiveram em defesa do território dos muçulmanos.
A Ordem dos Templários era também detentora de um vasto património que, por direito, pertenceria à Santa Sé, facto que ameaçava a soberania do rei. Com o pretexto de defender a costa algarvia dos ataques de piratas e piratas magrebinos, D. Dinis consegue decretar a criação da nova Ordem religioso-militar. A 1ª sede da Ordem de Cristo foi então o Castelo de Castro Marim, com um dos mais sólidos sistemas defensivos de todo o Reino do Algarve e situado na fronteira marítima com Marrocos e nas imediações da comunidade islâmica de Granada.
Com a extinção da Ordem pelo Papa, D. Diniz nacionalizou os bens e criou a Ordem de Cristo, e entre os bens estariam as salinas.
Valdemar Queiroz
Rectif.:
Costa, o D. Diniz não mandou os Templários passar férias em Castro Marim, eles sempre lá estiveram em defesa do território, dos ataques dos muçulmanos.
Saúde da boa
Valdemar Queiroz
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