terça-feira, 28 de novembro de 2023

Guiné 61/74 - P24895: O nosso livro de estilo (14): Proverbiário da Tabanca Grande, 5ª edição, revista e aumentada: "Protésicos, radioativos, parkinsónicos e/ou al(zhei)mareados"

"Não há tabanca.. sem poilão!"

Guiné-Bissau > Região do Óio > Maqué > 20 de Novembro de 2006 > Poilão, árvore sagrada, habitada pelos irãs... Mais uma chapa do famoso poilão de Maqué. Tirada pelo nosso camarada Carlos Fortunato, ex-Fur Mil da CCAÇ 13 (Os Leões Negros), na sua viagem de 2006 à Guiné-Bissau e à região do Óio.

Foto (e legenda): © Carlos Fortunato (2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1.  Em vias de comemorarmos, daqui a cinco meses, em 23/4/2024 (se lá chegarmos...),  os vinte anos de existência do nosso blogue, queremos continuar a ser a Tabanca Grande, "a mãe de todas as tabancas", mas também um espaço de partilha de memórias (e de afetos), um lugar de (re)encontros,  um espaço, na Net, "onde todos cabemos com tudo o que nos une e até com aquilo que nos separa", tendo por base a tolerância, o respeito mútuo ,  o pluralismo, a verdade, a boa fé, a camaradagem, a liberdade e a responsabilidade.

Referimo-nos, naturalmente, aos "amigos e camaradas da Guiné", e nomeadamente aos "antigos combatentes" que estiveram no teatro de operações da Guiné, entre 1961 e 1974...

"Proverbiário" (vocábulo que ainda não foi grafado nos nossos dicionários): é mais do que  uma simples coleção de provérbios e outros lugares comuns da língua portuguesa. 

São "frases feitas", "títulos de caixa alta do nosso blogue", "títulos dos nossos livros e séries",  "bocarras de tabanqueiro", "tiradas de humor de caserna", "expressões idiomáticas usadas no nosso blogue", umas mais efémeras do que outras, enfim, frases, comentários. máximas, etc., umas mais ligadas ao nosso Livro de Estilo, outras que, por uma razão ou outra, despertaram a nossa atenção... Ou são muito apropriadas à nossa condição de "espécie em vias de extinção", como aquela de que gosto muito, e que cai muito bem a alguns de nós, "autogestores" já de uma boa meia dúzia de doenças crónicas:   "Protésicos, radioativos, parkinsónicos e/ou al(zhei)mareados".

Muitas outras nos escaparam ao longo destes vinte anos a blogar, de 25 mil postes (ou postagens) publicados, de 100 mil comentários... De vez em quando, lá vamos repescando uma ou outra que ficou para trás... 

Os nossos leitores que acrescentem o que bem entenderem, desde que tenha relação, direta ou indireta, com o nosso blogue,as  nossas tabancas, a tropa e a guerra, enfim, a Guiné do nosso tempo...

A 4ª edição (revista e aumentada) já tem uns aninhos (2018) (*). Estava na altura de aparecer a 5ª edição, em 2023 (**).


O NOSSO PROVERBIÁRIO

A blogar é a que a gente... se entende.

A nossa Guinezinha, dizia a Cilinha

A 'roupa suja' lava-se na caserna, não na parada.

A sopa nossa de cada dia nos dai hoje!

A tropa vai fazer de ti... um homem!

Adeus, e até à... próstata!

Água de Lisboa, "manga di sabi".

Alfero Cabral cá mori!

Ainda pior do que o inferno da guerra, 
é o inverno do esquecimento dos combatentes.

Amigo do seu amigo, camarada do seu camarada.

Amigo traz amigo e amigo fica.

Ao luar, entre nevões, até as renas parecem pavões! (Zé Belo dixit)

Aponta, Bruno! (uma das muitas alcunha do nosso Com-Chefe, o gen Spinola)

Aqui o povo é quem mais... "ordenha".

A(r)didos e... mal pagos!

As nossas queridas enfermeiras paraquedistas: 
os anjos que desciam do céu.

As vacas roubadas que andam de mão em mão, acabam sempre comidas em boa ocasião (Salgueiro Maia dixit)

Até aos cem, ainda se aguenta, depois dos cem, só com água benta.

Até aos cem é sempre em frente!... E depois dos cem, 
é só para quem for resiliente...

Até aos entas, bem eu passo, dos entas em diante, 
ai a minha perna, ai o meu braço!...

Autogestores... de doenças crónicas.

Bazuca: o que fazia mal ao fígado, fazia bem à alma.

Beber a água do Geba.

Boa continuação da viagem pela picada da vida!... 
Cuidado com as minas e armadilhas!

Bom amigo, melhor camarada.

Bons tempos, Cabral, consigo ia ficando maluco! (Barbosa Henriques, capitão "comando" dixit)... E eu ia ficando "comando"!... (Alfero Cabral retorquiu)


Brincando por fora, sangrando por dentro.

Cabral só há um, o de Missirá e mais nenhum.

Cabrito pé de rocha [macaco] , "manga di sabi". 

Camarada e amigo... é camarigo!

Camarada não tem que ser amigo: é o que dorme contigo, 
no mesmo buraco, na mesma cama, no mesmo abrigo.

Camarada, mais do que um dever, é uma honra que te é devida, 
ir a Monte Real pelo menos uma vez na vida.

Camarada, que a terra da tua Pátria te seja leve!

Camarada, salvo seja!

Camaradas, na nossa já "bíblica" idade, a queda na "calçada portuguesa", pode ser desastrosa... 

Coitadinho de quem morre, morre e para a glória vai; quem cá fica, come e bebe e o pesar logo se vai.

Com a sua licença, meu general, a merda... que a gente come!

Combatente um vez, combatente para sempre!

Como camaradas que fomos (e continuamos a ser), tratamo-nos por tu!


Dão-se lições de artilharia para infantes.

Deportados para a Guiné... sem culpa formada!

Desaparecidos: aqueles que nem no caixão regressaram.

Desarmados, jubilados, reformados, aposentados mas não... arrumados.

Dezanove anos a blogar... são dez comissões na Guiné!

Diga se me escuta, oubo! (... Diga se me ouve, escuto!).

E depois da peluda... a luta continua! 

E quem não bebeu a água do Geba, nunca poderá entender
a vida, o conteúdo e o continente das nossas estórias.

E também lá vamos facebook...ando e andando.

E viva a Pátria! E viva o nosso General!... Puuum!!! [Gasparinho dixit]

É proibido fazer juízos de valor sobre o comportamento de um camarada (do ponto de vista operacional, disciplinar, ético, moral, social).

Encontro Nacional da Tabanca Grande: orar, comer.. 
e amar em Monte Real!

Entra e senta-te à sombra do nosso poilão.

Estás porreiro ou vais p'ró carreiro!?...

Estorninhos e pardais, aqui somos todos iguais.

Exorcizar os nossos fantasmas.

F... idos e mal pagos.

For the Portuguese Armed Forces from Scotland with love... 
[Da Escócia com amor, para as Forças Armadas Portuguesas.]

Futebol, política, religião... e sexo (ou falta dele) são 99% das nossas conversas... da treta.


Guerra do Ultramar, guerra de África, guerra colonial
(como se queira, ao gosto do freguês).

Guerra ganha, guerra perdida? 
Camarada, não percas tempo com a discussão do sexo dos anjos...

Guiné, da floresta verde e do chão vermelho.

Guiné, terra verde-rubra.

Guiné? ... Não era pior nem melhor, era diferente.

Guiné?... Não, nunca ouvi falar!


Há comentadores e comentadores: alguns são como o peixe e o hóspede, ao fim de três dias fedem...

Havia os desertores, os refratários, os faltosos... e nós.

Humor com humor se (a)paga.


In Memoriam: para que não fiques, pobre camarada, 
na vala comum do esquecimento.

Já estás com o bioxene, já estás com os copos, já estás! ()[Valdemar Queiroz dixit]

Já estou mal da cachimónia, / E eu aqui no treco-lareco, / A ouvir o próprio eco, / Na Tabanca da Lapónia.

Lá vamos blogando, recordando, (sor)rindo, 
e às vezes cantando, gemendo e chorando!

Lá vamos contando (e cantando) os quilómetros pela picada da vida fora!

Lembras-te, combatente, que és pó e em que em pó hás de tornar-te.

Lembra-te, ó português, a tua bandeira é a das cinco quinas, 
a dos cinco pagodes é na loja... do chinês!

Lugares ao sol, não temos... Só à sombra, do nosso poilão!

Luso-lapão só há um, o Zé Belo, e mais nenhum.

Mais morto de alma do que vivo de corpo.

Mais peixeiro do que carneiro... mais facebook...eiro do que blogueiro.. 

Mais vale andar neste mundo em muletas do que no outro em carretas.

Mais vale um camarada vivo do que um herói... morto!

Melhor que as bajudas, era a 'água de Lisboa' que nos fazia esquecer as bajudas.

Meu pai, meu velho, meu camarada...

Miguel & Giselda, o casal mais 'strelado' do mundo.

Muita saúde e longa vida, porque tu, camarada, mereces tudo.


Não deixes que o teu espólio de memórias 
vá parar à Feira da Ladra ou ao OLX.

Não deixes que sejam os outros a contar a tua história por ti.

Não é o Panteão Nacional, é melhor, é... a Tabanca Grande.

Não fazemos a História com H grande, mas a História não se fará 
sem a nossa... pequena história.

Não há tabanca sem poilão.

Nem mais um soldado... para as colónias! 

Nem medalhas ao peito nem cicatrizes nas costas.

Nem todos os dias faz anos aqui... um general.

Ninguém leva a mal: em cima o camarada, em baixo o general.

No céu... não há disto: comes & bebes!


O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande!

O mundo é só fumaça, e enquanto nele se passa, toca a... blogar!

O nosso maior inimigo: o Alzheimer (de que Deus nos livre!)...

Ó Pimbas, não tenhas medo!

O povo é sereno, é só fumaça!

O seu a seu dono: respeita os direitos de autor.

Ó Sitafá, deixa lá, cabeças e rabos de sardinha não são bem a mesma cois  [
Alfero Cabral dixit]

O último a morrer, que feche a tampa... do caixão.

Olhe que não, sr. general, olhe que não!

Os bravos não se medem aos palmos.

Os bu...rakos em que vivemos.

Os camaradas tratam-se por tu.

Os camaradas da Guiné dão a cara, não se escondem por detrás do bagabaga.

Os filhos dos nossos camaradas, nossos filhos são.

Os netos dos nossos camaradas, nossos netos são.

Os nossos queridos 'nharros'...


Para que os teus filhos e netos não digam, desprezando o teu sacrifício: "Guiné? Guerra do Ultramar? Guerra Colonial? 
Não, nunca ouvi falar!"...

Partilhamos memórias e afetos.

Patrício Ribeiro, o "pai dos tugas" em Bissau.

Periquito, salta pró blogue, que a velhice já cá está!

Periquitos até aos 6 meses, maçaricos até a um ano... 
e depois vê-cês-cês (velhinhos comó c...)

Porra, porra, lá iam lixando o Comandante-Chefe (Spinola dixit, quando o seu heli aterrou, por engano, numa "área libertada")

P'rós insultos, não há contemplações nem indultos.

Protésicos, radioativos, parkinsónicos e/ou al(zhei)mareados

Quando o último eucalipto deste país arder, despeçam o último bombeiro, por extinção do posto de trabalho.

Que Deus, Alá e os bons irãs te protejam!

Quem não faz 69, não chega... aos 100!

Quem não sabe beber, beba... merda!

Quem não tem poilão, acolhe-se à sombra do chaparro.

Quem não tem "turpeça", senta-se no chão... e quem "turpeça" também cai.

Rapa o fundo ao teu baú da memória.

Recorda os sítios por onde passaste, viveste, combateste, amaste,
sofreste, viste morrer e matar, mataste,
e perdeste, eventualmente, um parte do teu corpo e da tua alma...


Saber resolver os nossos diferendos, os nossos conflitos... 
sem puxar da G3!

Santo António de Bissau, / Bravo, meu bem, / De todos o mais casmurro,/ Quer do preto fazer branco, / Bravo, meu bem, / E do branco fazer burro.

Sempre presentes, aqueles que da lei da morte já se foram libertando.

Siga a Marinha!

Só há três coisas de que aqui não falamos: futebol, política e religião.

Somos uma espécie em vias de extinção.

Soubemos fazer a guerra e a paz.

Spinolândia, sim, Guiné, não.

Tabanca do Atira-te ao Mar (... e Não Tenhas Medo!)

Tabanca Grande: a mãe de todas as tabancas.

Tabanca Grande: onde todos cabemos com tudo o que nos une 
e até com aquilo que nos separa.

Tabanca Grande: onde não há portas nem janelas  
nem arame farpado   nem cavalos de frisa

Tuga, que Deus te livre da doença do... Alemão.

T/T Niassa, Uíge, Ana Rita, Angra do Heroísmo... Os cruzeiros das nossas vidas.


Um blogue de veteranos, nostálgicos da sua juventude (René Pélissier dixit).

Um povo que sabe rir-se de si próprio, não precisa de ir ao psiquiatra.

Uma geração que soube fazer a guerra e a paz.

Uma guerra... a petróleo! (Tó Zé dixit)

Uma noite nos braços de Vénus, três semanas por conta de Mercúrio.  

Vamos à guerra, que a morte é certa.

Vê-cês-cês (velhinhos comó c...)
 
Vinte anos a blogar... são, no mínimo,  dez comissões na Guiné!

Volta, Zé Belo, estás perdoado! (disseram  os "sámi" ao régulo que queria "desertar" da Tabanca da Lapónia).
____________

Notas do editor:


(**) Último poste da série > 4 de agosto de  2021 > Guiné 61/74 - P22431: O nosso livro de estilo (13): Cumprir e fazer cumprir as nossas regras editoriais, prevenindo o risco do nosso blogue, respeitável e velhinho, com mais de 17 anos, ser bloqueado ou até banido do Blogger, como aconteceu ontem com o "apagão" de 3 horas (Os editores)

3 comentários:

Valdemar Silva disse...

Diga se me escuta, oubo.
(diga se me ouve, escuto).

Valdemar Queiroz

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Valdemar, esse famoso trocadilho (do pessoal das transmissões, que trocava os vês pelos bês enão só) é uma preciosidade... Já está grafado no nosso proverbiário... (Não há aqui nenhuma crítica a ninguém!...). De resto, a falar é que a gente se entende...

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Ver Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

https://delitodeopiniao.blogs.sapo.pt/houve-de-haver-ouve-de-ouvir-14920912

Houve de haver, ouve de ouvir
Pedro Correia, 30.11.22


Comentário:
ue 30.11.2022
Na tropa havia a especialidade transmissões e era célebre aquela de em vez do 'diga se me ouve, escuto', alguns diziam 'diga se me escuta, oubo', Mas estes homens tinham a instrução primária/ciclo preparatório que para começar a trabalhar chegava.
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