1. Mensagem de Guida Bravo, jornalista e filha do nosso camarada Joaquim Bravo, com data de 31 de Janeiro de 2014:
Caro Sr. Luís Graça,
Sei que não me conhece.. e que concerteza se pergunta, "Quem é esta criança? O que quer de nós? Antigos lutadores cheios de lembranças..."
Eu sou jornalista da Celorico da Beira TV. Vivi muitos anos da minha vida em Lisboa, e hoje... por questões de trabalho estou no Distrito da Guarda.
Estou a contactá-lo porque no âmbito de um trabalho que eu e os meus colegas de equipa estamos a fazer "Histórias de Vida", me dei conta que o meu pai tem algum material da sua estadia na Guiné, entre os anos de 1969 e 1971.
Decidi então... e nada melhor que isso pedir ao meu pai, Joaquim Sotero Bravo que revelasse a sua experiência no Ultramar... pesquisei imenso... mas realmente informação sobre a companhia de artilharia 2025 não há muita coisa! De maneira que eu acho que o vosso grupo estará interessado em ver essa reportagem quando ela sair... o Sr. Joaquim Sotero Bravo, vai sentar-se à frente de uma câmara e falar... dos bons e dos maus momentos... porque "vocês" merecem distinção pelos perigos passados em terras desconhecidas. E isso no meu entender deve acontecer enquanto são vivos.
A geração moderna não se dá conta dos sacrifícios passados e da adolescência e vidas perdidas...
Por isso é que entrei em contacto consigo... e única forma de o meu pai saber que existem mais como ele... neste momento sou eu! Porque ele não mexe em qualquer tipo de tecnologia a não ser o telemóvel.
Encontrei uma foto postada por si em que ele aparece! O meu pai nem acreditava... já se passou tanto tempo!!! Isto trouxe-lhe uma doce lembrança... mas ao mesmo tempo ele nunca gostou de falar do que aconteceu na Guiné aos filhos e à mulher...
De maneira que eu estou esperançosa de que vamos conseguir fazer uma boa reportagem, óbvio não irá fazer frente a tudo que passaram mas que concerteza é mais uma lembrança que ficará gravada para a eternidade.
Muito obrigada pelo seu bocado e peço desculpa pelo testamento, mas fiquei empolgada ao estudar e pesquisar o vosso passado.
Podemos combinar a partilha de fotos... não são muitas... mas as que tenho eu adoro!
Para qualquer assunto agradeço que me contacte.
Guida Bravo
2. No dia 4 de Fevereiro foi endereçada mensagem à nossa amiga Guida Bravo:
Cara amiga Guida Sofia
Estou a responder em nome do nosso Editor Luís Graça.
Tem de perguntar ao pai qual foi exactamente a Unidade em que foi para a Guiné porque não encontramos nenhuma CART 2025, seja como Companhia independente, seja como integrada em Batalhão.
Precisava que ele nos dissesse onde formou Companhia (ou Batalhão), datas aproximadas de ida e volta da Guiné, e locais onde esteve a cumprir a comissão. Só com estes elementos poderemos dizer alguma coisa de concreto.
Em relação aos seus dados pessoais, indique-nos o seu antigo posto e a especialidade.
Pode e deve mandar as fotos do pai para publicação, se possível com as legendas à parte.
Ficamos ao vosso dispor.
Receba um abraço e transmita outro ao senhor seu pai e nosso camarada
Carlos Vinhal
3. No mesmo dia recebemos esta resposta:
Caro Carlos Esteves
O meu pai diz que fez parte da companhia de Artilharia 2025 que esteve a prestar serviço em Xime, chama-se Joaquim Sotero Bravo.
Ele diz que esteve em Santa Margarida. E diz que pertencia a Torres Vedras.
Esteve em Guiné entre 1969 e 1971. Se não me engano era atirador, segundo li na caderneta militar. Tendo terminado o serviço no último ano em Bissau, como vigia da estrada que dava para o aeroporto. Tinha como capitão o Senhor António dos Santos Maltez.
Não sei se estou a conseguir ajudar... mas pouco sei... e ele pouco me diz!
Junto lhe envio algumas fotos...
Fotos: © Joaquim Sotero Bravo / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados
4. Nova mensagem enviada à nossa amiga:
Cara amiga Guida Sofia
O pai fez parte da CART 2520 (não 2025) e foi mobilizado em Torres Novas (não Torres Vedras).
Verdades: esteve no Xime, o seu comandante foi o Cap Maltez e esteve na Guiné de 1969 a 1971.
Não sei se me vai enviar mais fotos para publicar, além destas, mas pedia-lhe para já o favor de perguntar ao pai onde estas foram tiradas. Aquela do autocarro deve ter sido tirada muito perto de Bissau.
Se o pai quiser através de si contar algumas histórias ou memórias e/ou enviar mais fotos para publicar no nosso blogue, talvez fosse melhor aderir formalmente à nossa tertúlia. Não lhe traz nenhuma obrigação especial.
Se o pai quiser com a sua ajuda pesquisar coisa da CART 2520 tem este link: http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/search/label/CART%202520
Sobre o Xime, tem este:
http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/search/label/Xime
Podemos também publicar um post se o seu pai quiser tentar encontrar os seus camaradas. Não sei se se tem encontrado com eles em convívios.
Fico por aqui ao vosso dispor
Abraços
Carlos Vinhal
5. Finalmente a mensagem que recebemos hoje:
Muito Obrigada.
Eu vou tentar reunir melhor a informação junto dele, para que não haja trocas como houve, e peço desculpa por isso.
Tenho mais fotos sim. E eu teria imenso prazer de conseguir reunir o meu pai com os seus antigos colegas... acho que seria bom para ele conviver um pouco para além do dia-a-dia.
O único contacto que tenho é de Carlos Macedo... e foi porque o vi na internet. Tirando isso não me recordo de alguma vez o meu pai ter ido a algum encontro desde que sou nascida.
Muito obrigada pela colaboração,
Guida Bravo
____________
Notas do editor:
Eventuais pistas sobre contactos dos camaradas de Joaquim Bravo podem ser dadas directamente através do seu telemóvel n.º 960 308 378
Último poste da série de 2 DE FEVEREIRO DE 2014 > Guiné 63/74 - P12667: Em busca de... (236): Pessoal da madeirense CCAÇ 4945/73, mobilizada no BII 19 do Funchal (Bernardino Laureano)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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7 comentários:
Para a Guida Bravo:
Tomo a liberdade de a felicitar pela vontade de fazer o seu pai retornar à juventude, ao contacto com aquele período de necessária camaradagem, e também ao contacto connosco, os "camarigos" da Tabanca Grande".
Mas a minha primeira intenção, é ajudá-la à formulação da entrevista, e alertá-la para os diferentes aspectos de convívio e confronto em ambiente de guerra, que vão das diferentes capacidades de adaptação de cada um , quanto à disciplina, ao treino e comportamento no terreno; às dificuldades ali encontradas; à ligistica e à maneira como cada um a observava e interpretava; ainda no que toca aos contactos locais, às surpresas das tradições africanas; aos diferentes conceitos que tínhamos sobre o adversário que combatíamos; e à inumeras maneiras de ali passarmos o tempo. Dou ainda a sugestão para ler no post anterior a mensagem do Candido Morais, que de passagem se refere a diferentes aspectos derivados da guerra, mas que não eram implicitamente belicosos.
E já que me introduzi no diálogo com o Carlos Vinhal, desejo que a entrevista televisiva que se propõe levar a cabo, possa reflectir um trabalho bem preparado, e bem executado, pelo que desde já lhe dou todo o encorajamento.
JD
Para Guida Bravo
Estive no Xime bastante depois do seu pai. Aquela foto tirada de cima apanhou uma caserna ao fundo e um abrigo de morteiro. O pequeno edifício meio-esquisito triangular, de palha, era a capela da companhia.
Veja se consegue saber donde foi obtida a foto.
Um Abraço do
António J. P. Costa
Para a Guida Bravo
Parafraseando o vosso próprio nome, um BRAVO pela iniciativa. Só assim se pode dar voz a quem não a tem, e a HISTÓRIS DESTE POVO, a que nós pertencemos, pode ser transmitida sem empolamentos e factos não reais.
Para o Carlos Vinhal:
Meu querido amigo. Tens outras tarefas a “cumprir”, por isso informo que a Companhia de Artilharia a que o nosso camarada de armas pertenceu e que foi comandada pelo Capitão Miliciano de Artilharia António dos Santos Maltez, foi formada no Grupo de Artilharia Contra Aeronaves nº 2. Aquartelada em Torres Novas, tenha o número 2520.
Embarcou em 24 de Maio de 1969 e regressou em 17 de Março de 1971.
[Fonte: Os anos da Guerra Colonial (Livro nº 10) dos nossos amigos Coronéis Carlos Matos Gomes e Aniceto Afonso, na página 119]
Se necessitares de mais elementos, mantenho-me em situação de ALERTA!
Caríssima Guida
Um "bravo" para si!
Não é raro que alguns dos nossos filhos e netos se interessem pelo passado dos seus 'velhotes', mas também não é assim tão frequente.
De modo que este seu gesto, esta iniciativa, seja merecedora de todo o elogio, sendo até mais que provável que possa ter um efeito benéfico no relativo mutismo do seu pai.
Na verdade, para uma grande parte dos que passaram pela guerra, a avaliar pelo que se passou comigo e por boa parte dos depoimentos que tenho lido por aqui, não fomos muito 'palavrosos'.
Houve uma nítida opção pelo 'guardar silêncio', fosse lá porque motivo fosse. E hoje, com a reforma chegada ou à vista, a memória voa para os tempos passados, para a juventude e as recordações afluem.
Por mim, respondo que o meu silêncio teve a ver com a necessidade de evitar responder a alarvidades e/ou provocações, já que a 'curiosidade' era saber se 'tinha matado muitos pretos' ou se 'tinha deixado filhos'. Quase sempre a resposta era na linha do que um personagem do filme "O Caçador" (que na altura ainda não tinha passado em Portugal), regressado ou convalescente da guerra do Vietnam, respondeu aos jovens que o inquiriam sobre a vida lá, já que eles estavam 'motivados' por espírito patrioteiro para serem voluntariamente incorporados.
Há também quem hoje se queira 'armar aos cucos', aparecem de vez em quando 'rambos' de circunstância, mas são facilmente desmascarados.
Vá em frente com o seu projecto. Dê-lhe seriedade.
Se for permitido,
um abraço
Hélder S.
A Guida , cuja iniciativa é de louvar equivocou-se no nº da Companhia em que o pai esteve , foi na CART 2520 e não 2025 , como referiu .
Um abraço
Com votos de felicidades para a Guida Bravo
Regozijo-me por pretender encontrar companheiros de armas do seu seu pai, normalmente os filhos de antigos combatentes pouco se interessam por "essas coisas".
De facto o seu pai pertenceu à Cart 2520 - 1.o
pelotão. Já fizémos vários convívios em diversas zonas do País e este ano pensamos realizar outro na zona de Fátima.
Vou indicar-lhe alguns números de telefone de elementos do pelotão do seu pai, para poder entrar em contacto com eles:
Amilcar Barradas 917298956, J M Oliveira 917116697, Abraltino Bolas 917787283, Valério Pardal 919041750, Lírio Conceição 916191628, Edmundo Albino 919985096.
Espero encontrá-los num próximo convívio
Saudações
José Júlio Nascimento
Guida Bravo
A Companhia a que se pai pertenceu (CART 2520), vai realizar um convívio no dia 24 de Maio em Mira de Aire, sendo a concentração às 10 horas. Contactar o Cabo Cordeiro 912 366 435 - 244 449 272
Cumprimentos
José Nascimento
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