terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Guiné 63/74 - P12675: Direito à indignação (9): A (des)propósito do livro "Guerra Colonial: uma história por contar"...que esteve na origem da criação do Museu da Guerra Colonial, em Vila Nova de Famalicão (Beja Santos / Carlos Vinhal / José Manuel M. Dinis / José Martins / A. Eduardo Ferreira / Fernando Gouveia / António J. Pereira da Costa / Alberto Branquinho / C. Martins)



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Guiné-Bissau > região de Quínara > Empada > 19 Abril de 200 6 > 15º dia da viagem Porto-Bissau >   Visita a uma escola de ensino básico > Fotos do álbum dio Hugo Costa, filho do  Albano Costa, dois dos nossos grã-tabanqueiros. É caso para perguntar:  (i) o que contam os guineenses (pais e professores) aos seus filhos,  netos e bisnetos  sobre a história da "guerra de libertação" ?, e (ii) e nós, pais, encarregados de educação e professores, aqui em Portugal, o que contamos aos nossos  filhos, netos e bisnetos sobre o que foi a "guerra do ultramar/guerra colonial" ?

Fotos: © Hugo Costa (2006). Todos os direitos reservados [Edição e legenda: L.G.]


1. Comentários ao poste P12669 (*),  e a (des)propósito do livrinho "Guerra Colonial: uma história por contar"...


(i) Carlos Esteves Vinhal:

Fiz algumas pesquisas na internete, inclusive na página dos Especialistas da BA12, encontrando apenas leves referências a um ataque à Base Aérea em 19 de Fevereiro de 1968. Não encontrei registos de vítimas, o que não quer dizer que não houvesse, mas por não serem do Exército não fazem parte Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África, editada pelo Estado-Maior.

Que eu tenha conhecimento, houve mais dois ataques a Bissau, um em 9 de Junho de 1971 e outro em Março de 1972.

Agradece-se toda e qualquer colaboração para completo esclarecimento do ataque a Bissalanca, ocorrido em 19 de Fevereiro de 1968. Quantos mortos e de que Arma.

Carlos Vinhal, co-editor

(ii) José Manuel Matos Dinis

Aqui temos um bom exemplo de irresponsabilidade. Um determinado presidente de uma Câmara Municipal decide patrocinar um folheto informativo sobre "estórias" da guerra colonial, para memória colectiva dos feitos portugueses. 

Um professor, sabe-se lá com que formação, recolhe os testemunhos que os pais dos alunos lhe apresentaram, sem cuidar de confirmar os relatos, e os pais das crianças, quais heróis de bancada, vão de se candidatar à admiração pública com relatos que dificilmente traduzem realidades (com excepção do acidente com a granada), ou são mentirosos na dimensão relatada (como o do ataque à base IN, já que o do relato da entrega da mensagem noutra base aérea revela alguma baralhação).

Isto é do piorio que pode acontecer a uma sociedade, e questiono, se os relatos foram para traumatizar as criancinhas? as mães e mulheres de antigos combatentes? ou para suavizar a imagem de um alucinado, ou prepotente autarca? Sobre o professor, nossa senhora, deve entrar rapidamente em retiro espiritual pelo mal que ajuda a causar à Nação.

Abraços fraternos, JD

(iii) José Marcelino Martins

Muito provavelmente, este "autor" inspirou-se nas histórias que o Correio da Manhã deu ou dá à estampa (em pelo menos deixei de ler), na revista domingueira.

Não sei se ainda continua a publicar. Eu deixei de ler porque tinha de, no caso da Guiné, corrigir muitas das "verdades adquiridas" e publicadas.

Conto apenas um caso: o General Spinola deslocou-se, em heli, a um aquartelamento no interior para, no dia seguinre a uma operação, condecorar com a Medalha da Cruz de Guerra, um militar que se havia notabilizado na operação do dia anterior.

Este episódio passou-se em 1967 quando o ComChefe ainda não tinha sido nomeado para a Guiné, o que aonteceu em Abril ou Maio 1968.

(iv)  António Eduardo Ferreira:

Se não fosse esta estória existir numa biblioteca onde seria suposto encontrar informação fidedigna, dava vontade de rir...
-Junto ao Senegal, num quartel general, um pelotão da nossa tropa despachou milhares de inimigos.


(v)  Fernando Gouveia:


Continuam a dar crédito a irresponsáveis da escrita.
Nessas datas não houve ataques a Bissalanca e muito menos à "minha" Bafata.

 (vi) António J. Pereira da Costa:

Olá, Camaradas:

Agora é que é caso para dizer "milhares de mortos" feitos por um só pelotão... F***-se! Caganda vitória!
Desculpem, mas passei-me dos carretos.
Um Ab.
 
(vii) Alberto Branquinho:


Póis é!!!

Há heróis do caraças!!
Que seja pelas alminhas do purgatório!
Muitas destas e... está feita HISTÓRIA!


(viii) C. Martins

Quando os gajos do IN souberam que eu tinha chegado à Guiné... ficaram todos "borrados".

Uma vez com um só tiro de obus "limpei" 4000 "turras", 30 gazelas,50 macacos, 3 rinocerontes e uma vaca que andava a monte, julgo que sofria de melancolia.

Levei uma "porrada" por tal feito... e fui avisado para não repetir a gracinha porque assim não só acabava com a guerra em três tempos como dizimava a fauna autóctone.

O que escrevi merece a mesma credibilidade da "história por contar"..

O mundo está cheio de "mentirosos compulsivos" e imbecis que infelizmente existem entre ex-combatentes ou pseudo-combatentes e normalmente são estes que dão esta triste imagem. Lamentável. (**)

 ______________

Notas do editor:

(*)  Vd., poste de 3 de fevereiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12669: Notas de leitura (559): "Guerra Colonial - Uma História por contar", edição da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão, Externato Infante D. Henrique (Mário Beja Santos)

(...) Queridos amigos, é de todos sabido que o silêncio ou indiferença perante uma patranha de contornos revoltantes é manifestação de cobardia ou de espírito acomodatício a quem conhece o fundo e a forma da realidade infamada. O assunto que vos ponho à reflexão é de como agir e denunciar uma declaração ignóbil, daquelas que serve de rastilho para olhar com preconceito o que foi a vida de um combatente em África.
A indignação, por si só, não leva a ponto nenhum. O que talvez fosse útil debater é como agir perante uma barbaridade como aquela que aqui vos conto. (...)

(**) Ver postes anteriores da série:

24 de outubro de  2009 >  Guiné 63/74 - P5149: Direito à indignação (8): Fomos forçados como presidiários a cumprir pena no degredo (Jorge Teixeira/Portojo)

(...) Tropa, quer dizer Forças Armadas Portuguesas. E cada vez me repugna mais dizer ou escrever estas palavras "Forças Armadas Portuguesas". (...)


(...) Coincidindo com o mês de pagamento do Acréscimo Vitalício de Pensão, bem como do Suplemento Especial de Pensão, a todos os antigos combatentes que estiveram em condições especiais de dificuldade ou perigo, a quase totalidade dos combatentes mobilizados para a Guiné, verificou ser afectada em parte daqueles pagamentos. Mas não só, outros combatentes estão privados de qualquer daquelas verbas. (...)

18 de outubro de 2009 > Guiné 63/74 - P5129: Direito à indignação (6): As míseras migalhas que os comensais da mesa estatal deixam cair (Jorge Picado)

(...) Sobre o tema corrente das míseras migalhas que os comensais da mesa estatal deixam cair, a uns pobres diabos que teimam em não deixar este mundo, o que muito aliviaria as suas (desses comensais subentenda-se) consciências, resultantes dessa obra prima que foi a excelsa Lei n.º 9/2002, eis algumas considerações que resolvi exprimir tendo por base o meu caso. (...)

16 de Outubro de 2009 > Guiné 63/74 - P5115: Direito à indignação (5): O CEP foi transformado em SEP... e os ex-combatentes da Guiné recebem cada vez menos (Júlio Ferreira)

(...) Conforme a nova lei, aprovada em Janeiro último, o Complemento Especial de Pensão (CEP), previsto na Lei 9/2002 de 11 de Fevereiro, foi transformado pela Lei 3/2009 de 13 de Janeiro, em Suplemento Especial de Pensão (SEP). Ou seja mudaram o nome, para nos escamotearem mais alguns Euros. (...)

15 de Outubro de 2009 > Guiné 63/74 - P5108: Direito à Indignação (4): Abaixo de cão, isto é uma vergonha (Fernando Chapouto)

(...) Pessoalmente, considero que todos fomos Heróis, pois, da melhor ou da pior maneira, conseguimos ultrapassar os sacrifícios que nos foram impostos, por vezes em condições adversas inimagináveis. Acima de tudo sobrevivemos, apesar de muitos de nós ainda hoje sofrerem de subsequentes terríveis mazelas. (...)

13 de Outubro de 2009 > Guiné 63/74 - P5103: Direito à Indignação (3): Abaixo de cão, isto é uma vergonha (Eduardo Campos)

(...) Estou chocado, mas não surpreendido, pois nós, os ex-Combatentes, sempre fomos tratados abaixo de cão pelos governantes deste país. Estou reformado à 4 anos e o primeiro valor que recebi do Suplemento Especial de Pensão - Antigos Combatentes foi de 168,00 €, em 2008 a quantia subiu uns Euros para 176,49 € (ver carta em anexo) e em 2009 (carta também em anexo) desceu para uns míseros 150,00 €. (...)

10 de Outubro de 2009 > Guiné 63/74 - P5093: Direito à indignação (2): Quem se preocupa com a situação dos antigos combatentes? (Liga dos Combatentes / Magalhães Ribeiro)

(...) Camaradas, é com o título em epígrafe, que a revista “Combatente”, Edição 349 de Setembro de 2009, propriedade da Liga de Combatentes, em completa página 5, revela uma carta que foi endereçada a todos os partidos políticos nacionais. (...)

7 de Outubro de 2009 > Guiné 63/74 - P5072: Direito à indignação (1): Abaixo de cão, isto é uma vergonha! (Mário Pinto)

(...) Acabo de receber uma carta da Segurança Social, que me informa sobre o suplemento especial de pensão, que mereço como ex-Combatente desta Lusa Pátria. Fiquei estupefacto pelo modo de cálculo para a sua atribuição, dado que o mesmo me corta, e creio que a todos os Camaradas em geral, em relação ao ano anterior, cerca de 50% do valor recebido. Isto é uma injustiça indigna e revoltante de todo o tamanho, que nos é prestada pelos nossos (des)governantes em relação a nós - Veteranos de Guerra. (...)

4 comentários:

manuel amaro disse...

Pois, é...
Hoje, a esta distância, é difícil distinguir entre o mentiroso compulsivo e o fanfarrão.
Mas a maioria dos ex-combatentes, presentes aqui nesta tabanca, são pessoas lúcidas e por certo sabem ler, analisar e separar o trigo do joio.

Quanto ás referências aos cortes de 150 para 100 euros aos que não completaram 24 meses de Guiné, que será uma percentagem muito elevada, trata-se de uma canalhice, que não podendo ser por ignorância, só pode ter sido por má fé.

Indignados, devemos tentar repor as coisas de acordo com a verdade e seguir em frente.

O caminho já não será longo, mas dever continuar limpinho... limpinho.
Enquanto for possível.
Eu, vou andar por aqui.

Unknown disse...

Daqui informo cumpri todo o santo tempo da guiné e recebo 100 € leram bem 100 € .e desde os primórdios.Voltando a esta treta de noticia eu um destes dias matei 100 Mil foi um fartar vilanagem e de repente acordei estava a sonhar . Toma lá para a próxima não matares tantos

Anónimo disse...

Manuel Amaro
Um abraço, em primeiro lugar.
Depois (e para J.C.Lucas também) convém esclarecer, porque quem nos lê pode não saber, esses 100, digo cem euros de pensão de combatente, tão BADALADA pelo, então, sr. ministro da defesa p. portas, são CEM EUROS POR ANO!! Por ano, não é por mês, como muita gente pensa.
Alberto Branquinho

Ernesto Duarte disse...

Sem importância, alguma, ou qualquer significado, eu pensava que O Sr General só tinha ido para a Guné em 1968. Quanto às histórias sempre foram um facto, uma % que nunca foi ao mato, que viveu por Bissau, ficou com uma ideia muito peculiar do que de facto se passou. Sempre houvi histórias mirabulantes e até ouvi a um fulano que nunca saíu de Bissau, contar uma participação na Ilha do Como. E Foi pena o blogue não ter nascido mais sedo para os que falaram, terem podido tirar duvidas com colegas da mesma unidade, no meu caso e em mais umas quantas unidades dos mesmos anos, estarmos práticamente sós e a emoção e a memória, por vezes prega partidas e muito pormenor ficou por contar. Mas eu penso em ultima análise, que muita dessa contra informação foi feita com um propósito, desacreditar, os que lá estiveram. Dois casos que eu vivi fora da guerra, da Guné. Eles conseguiram convencer os pais e a população da terra que só tinha morrido um Marinheiro na India e por culpa dele. Foi abatido um avião alemão 2ª Guerra Mundial, nessa mesma terra e durante 70 anos, esconderam os funerais a ida de militares alemães à terra e fulanos dessa mesma terra que foram condecorados pelo governo Alemão. Nós já não conseguimos pôr a verdade e depois de nós muito menos, Temos a história de Portugal, aquela que eu aprendi na 4ª classe. Um Abraço a todos
Ernesto Duarte
1965/1967
Mansabá