Guiné : Região de Gabu _ Sector L4 (Nova Lamego) > Canjadude > Tabanca (abandonada) de Ganguirô > 8 de novembro de 1967 > Abel Santos, ex-sold at art, CART 1742, "Os Panteras" (Nova Lamego e Buruntuma, 1867/69)
Foto (e legenda): © Abel Santos (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Canjadude, aquartelamento guarnecido pela CCAÇ 5 ("Gatos Pretos"), era, na região de Gabu, a posição mais meridional das NT, depois da retirada de Madina do Boé, em 6/2/1969. Beli já tinha sido abandonado em finais de 1968. Na região do Boé, deixámos de ter unidades de quadrícula. A CCP 123/BCP 12 estava temporariamente instalada em Nova Lamego em abril de 1971.
Foi aqui, em Ganguirô, que os camaradas da CCP 123 / BCP 12, no final de um patrulhamento ofensivo (sem contacto), e os da CCAÇ 5, os 'Gatos Pretos' (que vieram a picar o itinerário e vieram buscar os páras, com viaturas) foram surpreendidos pelo IN (que terá vindo, sorrateiramente, no seu encalce)
Da emboscada, em Ganguirô, resultaram 1 morto para a CCAÇ 5, "GatosPretos", e 2 mortos para a CCP 123 / BCP 12 (além de 5 feridos)... Um das vítimas mortais foi o lourinhanse Carlos Alberto Martins Ferreira (...).
(...) adenda > 5ªf 15Abr1971 Op Águia Negra (acção Império Valente/A) lançada no subsector de Canjadude, em Ganguiró (Liporo) sofre emboscada PAIGC que às NT causa 5 PQ's feridos e 2 PQ's mortos (Avelino Joaquim Gomes Tavares brevet 8850 do 4ºPel/CCP123 e Carlos Alberto Ferreira Martins brevet 8065 do 2ºPel/CCP123). Paz às suas Almas. (quinta-feira, 28 de agosto de 2025 às 09:59:00 WEST (...)
Aquele dia 8 de novembro de 1967 foi fatídico para a malta da CART 1742, porque foi abatido pelo IN o primeiro camarada, numas das muitas incursões que a malta já tinha realizado no sector Leste, o chamado L 4, cujo centro operacional se situava em Nova Lamego (Gabu), abrangendo uma vasta área geográfica (...), que ía desde o Boé até Pirada, e de Sonaco a Buruntuma.
Este episódio, que recordo com muita mágoa, ainda hoje me provoca interrogações inexplicáveis. O meu camarada não deveria estar ali, ele era o carpinteiro da Companhia, e por ironia do destino, era a primeira vez que nos acompanhava, perdendo a vida daquela maneira.
Recordo que em Canjadude havia um cartaz colado na parede (julgo que na caserna), simbolizando a união entre os Portugueses e os Guineenses, que mostrava a imagem de um aperto de mão entre um branco e um preto, com a frase: Juntos venceremos.
Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Setor L1 (Bambadinca > Mansambo > CART 2339 (1968/69) > Candamã, tabanca em autodefesa do regulado de Corubal que a guerra despovoou > Tabuleta a indicar a escola, um tosco, improvisado Posto Escolar Militar (PEM). Do lado esquerdo, ao alto, numa árvore, um poilão está afixado um cartaz de propaganda das NT: "Juntos venceremos". Sob a bandeira das quinas, duas mãos (uma branca e outra preta) apertam-se... Foto do álbum do ex-alf mil, CART 2339 (Fá e Mansambo, 1968/69), o saudoso Torcato Mendonça (1944-2021). Este caratz deve igual ao que o Abel Santos encontrou em Canjadude.
Foto (e legenda): © Torcato Mendonça (2012). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar(; Blogue Luís GRça & Camaradas da Guiné]
Último poste da série > 24 de janeiro de 2024 > Guiné 61/74 - P25107: Memória dos lugares (452): Gadamael, 1971, comandando jovens desmotivados, desejosos de regressar inteiros e para quem África era apenas fonte de ansiedade e sofrimento (Morais da Silva, Cor Art Ref)
Guiné > Região de Gabu > Mapa de Cabuca (1959) > Escala de 1/50 mil > Posição relativa de Canjadude e Ganguirô
Canjadude, aquartelamento guarnecido pela CCAÇ 5 ("Gatos Pretos"), era, na região de Gabu, a posição mais meridional das NT, depois da retirada de Madina do Boé, em 6/2/1969. Beli já tinha sido abandonado em finais de 1968. Na região do Boé, deixámos de ter unidades de quadrícula. A CCP 123/BCP 12 estava temporariamente instalada em Nova Lamego em abril de 1971.
Mas em novembro de 1967, a CART 1742 já tinha patrulhado a tabanca, abandonada, de Ganguirô.
Infografia: Blogue Luís Grça & Camaradas da Guiné (2014)
1. Escrevemos há dias sobre este topónimo:
(...) Ganguirô, uma antiga tabanca, ligada a Canjadude por uma velha picada... Lá no cu de Judas, na região mais desértica e desolada da Guiné!!!...
Mais um topónimo, anódino, anónimo, que não ficará na história da guerra, mas que também fez parte do nosso calvário, e que pelo menos figura como 'marcador' no nosso blogue... Para que a gente (e a gente que há vir a seguir a nós!) não se esqueça: que houve soldados portugueses (e guineenses) que morreram em Ganguirô, já próximo da região do Boé, que os portugueses consideraram, erradamente, um região sem valor estratégico...
Da emboscada, em Ganguirô, resultaram 1 morto para a CCAÇ 5, "GatosPretos", e 2 mortos para a CCP 123 / BCP 12 (além de 5 feridos)... Um das vítimas mortais foi o lourinhanse Carlos Alberto Martins Ferreira (...).
João Carlos Abreu dos Santos, colaborador permanente do portal UTW - Dos Veteranos da Guerra do Ultramar, acrescentou em comentário ao poste P27159, de 28/8/2025:
(...) adenda > 5ªf 15Abr1971 Op Águia Negra (acção Império Valente/A) lançada no subsector de Canjadude, em Ganguiró (Liporo) sofre emboscada PAIGC que às NT causa 5 PQ's feridos e 2 PQ's mortos (Avelino Joaquim Gomes Tavares brevet 8850 do 4ºPel/CCP123 e Carlos Alberto Ferreira Martins brevet 8065 do 2ºPel/CCP123). Paz às suas Almas. (quinta-feira, 28 de agosto de 2025 às 09:59:00 WEST (...)
2. Uns anos antes,em 8 de novembro de 1967, a CART 1742 sofrera um um morto, numa mina A/P, em Ganguirô. O Abel Santos recorda essa "visita" à tabanca abandonada de Ganguirô, em poste aqui em tempos publicado (P15741, de 14 de fevereiro de 2016).
Corrigimos a grafia do topónimo, que é Ganguirô (e não Ganguiró).
A tabanca de Ganguirô
por Abel Santos
Toda esta zona era patrulhada pela CART 1742, que dava ainda apoio às populações, assim como às colunas de reabastecimentos que se faziam periodicamente a Madina do Boé e Beli, assim como a Bambadinca, para o nosso próprio consumo.
Chegámos a Canjadude ao fim do dia anterior daquele fatídico 8 de novembro, onde pernoitámos. De manhã cedo lá abalámos em direcção a Ganguirô, objectivo que alcançámos pelas 16 horas. A ordem que nos fora transmitida, era para inspecionar o local e ver o que tinha acontecido à população.
Chegámos a Canjadude ao fim do dia anterior daquele fatídico 8 de novembro, onde pernoitámos. De manhã cedo lá abalámos em direcção a Ganguirô, objectivo que alcançámos pelas 16 horas. A ordem que nos fora transmitida, era para inspecionar o local e ver o que tinha acontecido à população.
O que encontrámos foi a tabanca incendiada, sem população, que tinha abalado dali, tendo os seus parcos haveres sido transformados em cinza. Um espectáculo aterrador que nos foi apresentado, mas o pior estava para vir.
Enquanto o grupo de combate se foi instalando para fazer a segurança próxima ao local, para passar a noite, sem que nada o fizesse prever, deu-se uma explosão fortíssima junto a uma árvore, local onde uma secção se ia instalar. Tinha sido provocada pelo acionamento de uma mina antipessoal pelo camarada Neto, decepando-lhe a perna direita e provocando ferimentos a outros militares. Passados alguns segundos reagimos à inércia momentânea, começámos a prestar os primeiros socorros a quem deles precisava, improvisando macas com canas de bambu para o transporte dos feridos para Canjadude, estando já o camarada Neto em agonia, que acabámos por perder perto do aquartelamento.
Enquanto o grupo de combate se foi instalando para fazer a segurança próxima ao local, para passar a noite, sem que nada o fizesse prever, deu-se uma explosão fortíssima junto a uma árvore, local onde uma secção se ia instalar. Tinha sido provocada pelo acionamento de uma mina antipessoal pelo camarada Neto, decepando-lhe a perna direita e provocando ferimentos a outros militares. Passados alguns segundos reagimos à inércia momentânea, começámos a prestar os primeiros socorros a quem deles precisava, improvisando macas com canas de bambu para o transporte dos feridos para Canjadude, estando já o camarada Neto em agonia, que acabámos por perder perto do aquartelamento.
Este episódio, que recordo com muita mágoa, ainda hoje me provoca interrogações inexplicáveis. O meu camarada não deveria estar ali, ele era o carpinteiro da Companhia, e por ironia do destino, era a primeira vez que nos acompanhava, perdendo a vida daquela maneira.
Recordo que em Canjadude havia um cartaz colado na parede (julgo que na caserna), simbolizando a união entre os Portugueses e os Guineenses, que mostrava a imagem de um aperto de mão entre um branco e um preto, com a frase: Juntos venceremos.
Puro engano, tamanha mentira que ainda hoje perdura. (...)
(Revisão / fixação de texto: LG)
Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Setor L1 (Bambadinca > Mansambo > CART 2339 (1968/69) > Candamã, tabanca em autodefesa do regulado de Corubal que a guerra despovoou > Tabuleta a indicar a escola, um tosco, improvisado Posto Escolar Militar (PEM). Do lado esquerdo, ao alto, numa árvore, um poilão está afixado um cartaz de propaganda das NT: "Juntos venceremos". Sob a bandeira das quinas, duas mãos (uma branca e outra preta) apertam-se... Foto do álbum do ex-alf mil, CART 2339 (Fá e Mansambo, 1968/69), o saudoso Torcato Mendonça (1944-2021). Este caratz deve igual ao que o Abel Santos encontrou em Canjadude.
Foto (e legenda): © Torcato Mendonça (2012). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar(; Blogue Luís GRça & Camaradas da Guiné]
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Nota do editor LG:
Último poste da série > 24 de janeiro de 2024 > Guiné 61/74 - P25107: Memória dos lugares (452): Gadamael, 1971, comandando jovens desmotivados, desejosos de regressar inteiros e para quem África era apenas fonte de ansiedade e sofrimento (Morais da Silva, Cor Art Ref)
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