quinta-feira, 7 de março de 2019

Guiné 61/74 - P19558: Tabanca Grande (473): António C. Morais da Silva, cor art ref, ex-cap art, instrutor da 1ª CCmds Africanos, em Fá Mandinga e adjunto do COP 6 em Mansabá (em 1970) e cmdt da CCAÇ 2796 (Gadamael e Quinhamel, 1971/72)


Foto nº 1> Guiné > Região de Tombali > Gadamael > CCAÇ 2796 > 1971 > Chegada da coluna a Guileje > Ao centro, o cap art Morais da Silva, empunhando a sua Kalash; à sua esquerda, que o  o alf mil  Esteves;  à direita, o furriel vaguemestre Oliveira...  Das flagelações e ataques do PAIGC estão  há fortes vestígios nas paredes do edifício do Comando.


Foto nº 1 > > Guiné > Região de Tombali > Gadamael > CCAÇ 2796 > 1971 > Chegada da coluna a Guileje > À esquerda, o  cap art Morais da Silva, empunhando a sua Kalash; à direita, o alf mil  Esteves.


Foto nº 2 > O cor art ref António C. Morais da Silva, que vive na Amadora, e que foi também professor na Academia Militar, e é especialista em investigação operacional

Fotos (e legendas): © António C. Morais da Silva  (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

1. Mensagem do nosso novo grã-tabanqueiro, cor art ref António Carlos Morais da Silva,  que vem na sequência do convite formulado pelo editor Luís Graça (*)

Data: quarta, 6/03/2019 à(s) 16:08

 Meu caro camarada Luís Graça

Já devia ter respondido à mensagem anterior mas deve ter havido uma gatilhada e … lá foi ela. Felizmente surgiu agora nova oportunidade…

Não sei como lhe "pagar" a gentileza, paciência e tempo que tem gasto comigo, que não seja anuir ao seu convite e pedir-lhe a bênção para ser aceite nesse alfobre, que admiro e estimo, dos "amigos e camaradas da Guiné".

Estou umbilicalmente ligado ao TO da Guiné onde nunca voltei por me saber incapaz de "sobreviver fisicamente" ao deslocamento até Gadamael onde ficou uma parte de mim.

Nas 3 linhas curriculares que sugere, gravo o seguinte:

Cadete aluno nº 45/63,
Morais da Silva
(i) Nascido em Lamego,  descendente de centenários lamecenses, cresci no liceu Latino Coelho rodeado de gente a que me ligam laços de grande fraternidade;

(ii) ingressei na Academia Militar em 1963  [, sendo o cadete-aluno nº 45/63,  e]  cumprindo o sonho da infância;

(iii) terminado o curso,  demandei Angola como Alferes, pisei as terras do Leste no Lucusse e posteriormente em Ninda nas CArt 1452 e 1701;

Galhardete da CCAÇ 2796, os "Gaviões"
(Gadamael e Quinhamel, 1970/72).
Cortesia de Adolfo Cruz.
(iv) ainda continuei a comer "o pão que o diabo amassou" no CIC [, Centro de Instrução de Comandos], onde frequentei, com sucesso, o curso de Comandos.

(v) regressado a Lamego, casei, fui bafejado com um filho e por lá andei como instrutor nos cursos de Comandos;

(vi) em Setembro de 1970 fui "escolhido = empurrado" para zarpar para a Guiné onde fui andarilho: Instrutor dos Comandos Africanos do João Bacar Jaló, adjunto do COP 6 em Mansabá e em Janeiro de 1971 "escolhido=empurrado" para voar para Gadamael e assumir o comando da CCaç 2796  [, Gadamael e Quinhamel, 1970-1972],  que tinha perdido em combate o seu comandante, Cap Assunção Silva, meu amigo e camarada de curso;

(vii) uma vez mais repeti a toma do "pão que o diabo amassou" mas logrei conduzir a minha tropa a "terra firme", parafraseando o meu amigo artilheiro Alferes Vasco Pires, que Deus tem;

(viii) de volta ao chão natal, andei cerca de duas dezenas de anos a comandar e ensinar "coisas artilheiras" e da matemática na Academia Militar, onde cabe referir a participação no pronunciamento do 25 de Abril; ainda, deslocamentos para a EPA, GAC/Brigada Mecanizada Independente, RALIS, IAEM e Fort Sill (EUA);

(ix)  como sempre me dei bem com os números e com a racionalidade da matemática, dediquei-me à Investigação Operacional de que sou um dos pioneiros cá do burgo quer na AM [Academia Militar,] quer na universidade;

(x) um dia "vasculharam" a minha coluna quatro vezes sem sucesso o que coincidiu com o fim do SMO [Serviço Militar Obrigatório]; alquebrado e incapaz de acompanhar a mudança no Exército, considerei terminado o meu sonho de prosseguir na carreira,  reformando-me com o posto de Coronel.

Afinal, falhei ao prometido das 3 linhas e deslizei para 4 (longas). Como "Papa do blogue",  fará o favor de extrair o que entender conveniente.

António C. Morais da Silva,
 hoje
A foto [nº 1, acima] que envio foi obtida em Gadamael quando da chegada de mais uma longa coluna a Guilege. Empunhando uma AK, aguardo que o pessoal se apronte para controlo estando à minha esquerda o meu Alferes Esteves, à direita, recostado, o meu vaguemestre Furriel Oliveira e rodeado pelo PAIGC sempre presente nas mazelas das paredes do edifício do Comando.

Na outra foto brindo à nossa saúde [, foto n.º 2, acima].

Com um abraço e o meu obrigado,

Morais Silva
Amadora


2. Comentário do editor Luís Graça:

Temos já mais de quatro  dezenas de referências ao cor Morais da Silva [ou Morais Silva, como ele assina as suas mensagens].  O nosso camarada de armas (e meu colega do ensino superior universitário] passa a sentar-se  no lugar nº 784, à sombra do poilão da Tabanca Grande. (**)

É uma pessoa que muito prezo, pela sua independência, frontalidade e exigência intelectual e moral. Nas "3 linhas curriculares" que lhe pedi, ele não mencionou, certamente por modéstia, a atribuição que lhe foi feita da Medalha de Prata de Serviços Distintos com Palma, pela sua brilhante e corajosa atuação no TO da Guiné, nomeadamente à frente da CCAÇ 2796, em Gadamael.

Temos vindo a publicar, da sua autoria, a série  "In Memoriam: Os 47 oficiais oriundos da Escola do Exército e da Academia Militar mortos na guerra do ultramar (1961-75) (cor art ref António Carlos Morais da Silva)" (***).

O Morais da Silva acompanha de há muito o blogue e conhece as nossas regras de convívio. Resta-nos agradecer-lhe, em nome de toda a Tabanca Grande, a honra que nos dá, e sobretudo pela partilha do seu labor e do seu saber. 
______________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 6 de março de 2019 > Guiné 61/74 - P19553: Dando a mão à palmatória (30): o cap inf Cirilo de Bismarck Freitas Soares, natural de Matosinhos, morreu em 26/5/1965, quando atingido por fogo inimigo numa emboscada na zona de Piri, norte de Angola (Morais Silva, cor art ref)

(**) Último poste da série >19 de dezembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19305: Tabanca Grande (472): Carlos Silvério, natural de Ribamar, Lourinhã, ex-fur mil at cav, CCAV 3378 (Olossato e Brá, 1971/73)... Senta-se finalmente à sombra do nosso poilão no lugar nº 783, o número (azarento) do seu tempo de recruta na EPC, em Santarém...

(***) Vd. último poste da série > 1 de março de 2019 > Guiné 61/74 - P19542: In Memoriam: Os 47 oficiais oriundos da Escola do Exército e da Academia Militar mortos na guerra do ultramar (1961-75) (cor art ref António Carlos Morais da Silva) - Parte XVI: Cirilo Bismarck Freitas Soares (Matosinhos, 1918 - Piri, Angola, 1965)

1 comentário:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Rapaziada, saudemos o nosso primeiro grã-tabanqueiro do ano de 2019!...

O recrutamento de novos membros da Tabanca Grande começa a ser difícil... E as nossas memórias da Guiné começam a apagar-se... Dizem que é a lei da vida, mas temos que a contrariar... Como a gente diz na galhofa, o último a morrer que feche a porta... da Tabanca Grande ... Enfim, temos que fazer humor negro com estas coisas, como fazíamos na Guiné, com as nossas praxes e brincadeiras "estúpidas"...

O Morais da Silva é o 784... Isto quer dizer, que já vamos a caminho de 2 batalhões... Nada mau... E no dia 23 de abril de 2019 celebraremos 15 anos de vida, sempre a blogar!... E no dia 25 de maio de 2019, sábado, daqui a menos de três meses, vamos fazer o XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande.. Já temos 18 inscrições, nada mau...