quarta-feira, 6 de março de 2019

Guiné 61/74 - P19555: In Memoriam (341): Falecimento, no passado dia 3 de Março, do 1.º Sargento João da Costa Rita da CART 2732 (Carlos Vinhal, ex-Fur Mil Art MA)

Acabou de chegar ao meu conhecimento, via José da Câmara, também este um amigo e camarada de armas dos Açores, combatente na Guiné, a triste notícia do falecimento, no passado dia 3, do "nosso" Primeiro Rita, com quem partilhei imensas horas enquanto estive "impedido" na Secretaria da Companhia e mesmo como Furriel Miliciano.

Apesar de mais velho, e pertencente ao "Quadro Permanente das FA", era um camarada que tudo fazia para nos integrar, respeitando-nos e fazendo-se respeitar. São inúmeros os episódios em que demonstrou estar sempre do lado dos milicianos. 
A sua experiência foi muito importante principalmente para os Furriéis especialistas da Companhia, ajudando-os na parte burocrática, muito mais complexa, por vezes, que a operacional.
Se bem se lembram, a CART 2732 esteve muitas vezes sem Comandante, sendo nestes intervalos os nossos alferes milicianos a assumir o seu comando. Nestas alturas sempre tiveram da parte do 1.º Rita a melhor colaboração e lealdade.

Mansabá, dia de aniversário do Cap Mil Jorge Picado. O 1.º Rita é o primeiro à direita
Foto: Jorge Picado


Com a devida vénia ao jornal Correio dos Açores

Mantive desde sempre contacto com o Chefe Rita, como lhe chamávamos, tendo-o visitado, inclusive, quando em 2006 estive nos Açores. Ainda falei com ele neste Natal de 2018, nada me levando a acreditar que era a última vez que o ouvia dizer: - Então senhor Carlos?

Tinha um sentido de humor apurado. Entre muitas "tiradas", retenho algumas como por exemplo ele ser o único branco nos Açores (era natural da ilha do Faial mas vivia na Terceira), e falar da árvore do macarrão, existente unicamente naquelas ilhas, em contraponto aos imensos arrozais da Guiné. Quando desaparecia algum papel na secretaria, dizia sempre que alguma vaca o tinha comido. Tendo prestado serviço na então Índia Portuguesa, onde foi prisioneiro de guerra, dizia-nos que lá as vacas andavam por tudo quanto era sítio e que ninguém as podia maltratar. Comiam tudo que apanhavam, tal era a fome, incluindo papel.

Ponta Delgada, 21JUL2006. Eu e o 1.º Rita

À sua esposa, filhos, netos e demais familiares, quero deixar, em meu nome pessoal e dos elementos da CART 2732, principalmente dos que mais de perto lidaram com ele, as mais sentidas condolências.

Foi um bom Homem. 
Que descanse em Paz

Carlos Vinhal
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Nota do editor

Último poste da série de 22 de fevereiro de 2019 > Guiné 61/74 - P19517: In Memoriam (340): Até sempre, 'comandante' Jorge Rosales (1939-2019)

4 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Carlos, os sentidos pêsames à família biológica e militar do Chefe Rita... Um grande abraço também para ti, do Luís Graça.

Anónimo disse...



Os meus sentidos pêsames à família do sargento Costa Rica, bom camarada, com quem convivi alguns meses, em Mansabá.

Francisco Baptista

Anónimo disse...

Ao tomar conhecimento deste nefasto acontecimento, não posso deixar de manifestar a minha tristeza por não ter tido a possibilidade de voltar a encontrar o 1.º Sargento Rita. Nunca me esqueci dele e da sua figura.
Que havemos de fazer...cada vez são menos os que continuam vivos...até que desapareça toda aquela geração que fez aquela Guerra.
Aos familiares deste nosso camarada da CART 2732 envio os meus sentidos pêsames.

Jorge Picado

Anónimo disse...

Mano Carlos,
Ao longo dos anos, na correspondência que troámos, aprendi a amizade, respeito e consideração que sempre sentistes pelo Chefe Rita. Sei o quanto te custa esta "separação", a perda deste teu grande amigo.
E mais não digo num abraço que bem compreenderás.
José Câmara