sábado, 20 de fevereiro de 2010

Guiné 63/74 - P5851: Ainda o desastre de Cheche, em 6 de Fevereiro de 1969 (1): Silvina Claudino, de 26 anos, uma sobrinha que o 1º Cabo José Antunes Claudino, da CCAÇ 2405, natural de Alcanhões, Santarém, nunca conheceu

1. Comentário de Sílvia Claudino, com data de 12 do corrente, ao poste P5775 (*):

Olá, o meu nome é Silvia Claudino, tenho 26 anos e sou a sobrinha que o primeiro-cabo José Antunes Claudino, da CCaç 2405,  nunca conheceu.

O desastre de Cheche tirou a vida a muitos rapazes, incluindo a do meu tio, talvez por culpa de quem os mandou subir, talvez por culpa das águas, talvez por culpa do inimigo. O que é certo é que estes rapazes ainda tinham uma vida pela frente.

Leio constantemente relatos do que aconteceu, talvez para estar um pouco mais perto do meu tio, mas o que é certo é que nunca o vou conhecer, pelo menos não nesta vida. É-me impossível sequer tentar imaginar a dor e o desespero destes homens quando, devido à força da gravidade e do peso que traziam consigo, os puxavam cada vez mais para o fundo deste rio.

Infelizmente esta Guerra está cada vez mais esquecida nas escolas, na aprendizagem das crianças que muitas nem sabem porque é que a Guerra se deu. É como vivemos...

[ Revisão / fixação de texto / bold / título: L.G.]
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Nota de L.G.:

(*) Vd. poste de 8 de Maio de 2008 > Guiné 63/74 - P2819: Lista dos militares portugueses metropolitanos mortos e enterrados em cemitérios locais (4): 1968-1973 (Fim) (A. Marques Lopes)

(...)  José Antunes Claudino, 1.º Cabo / CCaç 2405 / 06.02.69 / Rio Corubal / Afogamento na evacuação de Madina do Boé / Alcanhões, Santarém / Corpo não recuperado. (...)

(...) Sobre o desastre do Cheche, no Rio Corubal, no âmbito da Operação Mabecos Bravios, e sobre Madina do Boé, vd. os postes publicados no nosso blogue (1ª e 2ª série). Há ainda uma depoimento do Brigadeiro Hélio Felgas, a publicar em breve, e que nos chegou às mãos por intermédio do Paulo Raposo, ex-Alf Mil da CCAÇ 2405. (...)

1 comentário:

Anónimo disse...

Silvina Claudina,

Essa de fazer esquecer esta guerra, faz parte da tradição nacional que é "a memória curta".

Somos assim!

Há muita gente no país que nem gosta nada que se fale, como este blog faz, no teu tio, e numa geração inteira que teve um comportamento que vai marcar a história de Portugal por várias gerações futuras.

Antº Rosinha