segunda-feira, 26 de setembro de 2005

Guiné 63/74 - P193: Tabanca Grande: O açoriano Mário Armas de Sousa (Pel Caç Nat 54: Missirá, 1969/70)

© Humberto Reis (2005)

Malta da CCAÇ 12 (à direita), pousando junto a uma parede bidões com areia (que serviam de protecção em caso de ataque) juntamente com comaradas do Xime, à esquerda (1970).

1. Bom, camarigos (=camaradas & amigos de tertúlia), ainda não chegámos à Madeira, mas já estamos nos Açores... Graças a esta jigajoga da Internet...

Pois é, lá nas Ilha das Flores, nas Lajes das Flores, há um camarada que andou connosco no Sector L1, Zona Leste, nos idos tempos de 1968/70 e que se reconheceu num das fotos publicadas na página do Xime. Apresento-vos o novo tertuliano, o ex-Furriel Miliciano Mário Armas de Sousa, do Pel Caç Nat 54 (Missirá, 1969/70).

Caro colega:

Sou ex-furriel miliciano e estive na Guiné de 1968 a 1970, em Porto Gole, Enxalé, Xime e Missirá. Também estou na fotografia da vossa página, tirada no quartel do Xime, junto dos bidões.

Tenho alguma informação e fotografias do meu grupo de combate para acrescentar à vossa página se possível; é favor confirmar o seu endereço electrónico.

© Mário Armas de Sousa (2005)

Guiné-Bissau > Região Leste > Bambadinca > Missirá : Pelotão de Caçadores Nativos nº 54, em 1970.

1ª fila da direita para esquerda: do pessoal metropolitano, o primeiro sou eu, furriel miliciano Mário Armas de Sousa; o terceiro é o 1º cabo Capitão.

2ª fila da direita para a esquerda: o primeiro é o soldado Amarante; o segundo é o soldado Bulo; o quinto é o furriel miliciano Inácio; o sexto é o 1º cabo Tomé; o nono é o soldado Samba.

3ª fila da direita para a esquerda: do pessoal metropolitano, o primeiro é o furriel miliciano Sousa Pereira; o quinto é o alferes miliciano Correia (comandante de pelotão); o sétimo é o 1º cabo Monteiro; o oitavo, africano, é o soldado Pucha (era turra e foi capturado e ficou no nosso exército)

Cumprimentos, Mário Armas de Sousa, Açores (O Mário utilizou o e-mail dos Serviços de Ambiente das Flores e Corvo, onde presumivelmente trabalha)


2. Eis a minha resposta (com correcçõe posteriores):

Meu caro Mário:

Fico muito contente (e o resto dos camaradas também) por este feliz reencontro, ao fim de tantos anos. Andámos juntos, no mesmo sector, e na mesma altura (mais tarde conhecido como o Sector L1, Zona Leste, com sede em Bambadinca e que incluía entre outros aquartelamentos e destacamentos, além da sede, o Xime, o Enxalé, Mansambo, o Xitole, Missirá...

No meu tempo, Portogole (b) creio que já pertencia a Mansoa (e não a Bambadinca). Esta povoação ficava na estrada Bafáta-Mansoa-Bissau (interdita no meu tempo).

Podes contactar-me através de qualquer um dos dois e-mails (...). Tens também os endereços de e-mail dos nossos restantes amigos e camaradas de tertúlia, na respectiva página.

Se tiveres fotografias, procura mandá-las digitalizadas, em formato.jpg. Vou dar esta boa notícia aos nossos tertulianos e passar a incluir-te na nossa lista de endereços, se for esse o teu desejo.

Se quiseres, manda também uma foto actual (não é obrigatório). (...) Um grande abraço. Luís Graça (ex- Fur. Mil. Henriques, da CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71).

3. Volta a publicar-se, desta vez neste blogue, a fotografia onde o Mário Armas Sousa se reconheceu. Eu não consigo identificá-lo. Pode ser que outros o consigam, com a preciosa ajuda do Humberto Reis cuja memória (de elefante) já é lendária... Sigo os seus apontamentos:

"Começando da esquerda para a direita e de cima para baixo temos: o de boina já não me lembro quem era, o 2º julgo que era o fur. mil. vagomestre, os 3º, 4º e 5º também não me lembro, o 6º é o Sousa, ex-fur. mil. da CCAÇ 12 e o último sou eu (ainda com algum cabelo e sem barriga). [O 5º julgo ser o Sousa, o Mário Armas de Sousa, do Pel Caça Nat 54; ou não será ? L.G.].

"Na 1ª fila não me lembro quem é o 1º; o 2º, meio careca, era o fur. mil. dos obuses (da BAC de Bissau); os 3º e 4º também não me recordo; o 5º julgo que era o fur. mil. mecânico e o 6º é o Fernandes, ex-fur. mil. da CCAÇ 12 e actual Engenheiro Civil na antiga CUF (já nesse tempo o Fernandes tinha jeito para as obras, pois foi ele que acompanhou todo o Reordenamento dos Nhabijões (a), por isso, quando cá chegou foi acabar o curso, o que muitos fizeram pois tinham-nos deixado a meio e até aldrabado nas habilitações literárias para ver se se baldavam de ir bater com os costados no Ultramar".

Em suma, o Mário Armas Sousa é decerto um deles, mas eu não sei qual... Tenho dúvidas é (i) quanto ao mês e ano em que foi tirada a foto e (ii) quanto à companhia a que pertenciam os camaradas que não eram da CCAÇ 12. Se a foto tiver sido tirada antes de Julho de 1970, o pessoal do Xime deveria pertencer à CART 2520 (1969/1971); em meados de 1970, eles foram rendidos pela CART 2715 (1970/72).

O Mário Armas de Sousa, que além do Xime esteve em Portogole, Enxalé e Missirá, era do PEL CAÇ NAT 54 (c) que, em Novembro d1969, foi render o PEL CAÇ NAT 52 (transferido para Bmabadinca, e que era comandado pelo Alf. Mil Beja Santos).

Com o PEL CAÇ NAT 52 (e julgo que também com o 54) fizémos (a CCAÇ 12 + CCAÇ 2636 + 1 Esq. Morteiros do Pel Mort 2106) talvez a mais dramática, temerária e penosa operação de que eu me lembre: Op Tigre Vadio (Março de 1970), na pensínsula de Madina/Belel, a norte do Rio Geba, no regulado do Cuor, na extremidade sul do famoso corredor do Morès...

Haveremos de falar dessa operação: tenho aqui extractos do relatório e notas do meu diário... A tal operação em que alguns de nós tiveram que beber o próprio mijo para sobreviverem e não morrererem desidratados...

A propósito: alguém tem o contacto do Beja Santos, que era Alf Mil, comandante do Pel Caç Nat 52 ? Já nos encontrámos uma vez, num almoço de confraternização do BCAÇ 2852 (1968/70).

O Alf Mil Cabral, o António Cabral, do Pel Caç Nat 63 (que estava em Fá, a Fá Mandinga onde foi formada e treinada a 1º Companhia de Comandos Africanos e onde Amílcar Cabral trabalhou como engenheiro agrónomo, nos anos 50) é advogado e é também professor no Instituto Superior de Serviço Social de Lisboa. Ando há anos para me encontrar com ele. O Humberto é capaz de ter o contacto dos dois.

Mantenhas. Luís
____________

Notas de L.G.

(a) Vd post de 21 de Setembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCII: O reordenamento de Nhabijões (1969/70)

(b) A grafia correcta será Porto Gole.

(c) Havia vários. Por exemplo, em Maio de 1970, já no final da comissão do BCAÇ 2852 (1968/70), havia três Pel Caç Nat no sector: 52 (Bambadinca), 54 (Missirá) e 63 (Fá). Estas unidades não se confundiam com os Pelotões de Milícias: nesta altura, havia já duas Companhias de Milícias... As mílicias tinham uma função de auto-defesa e eram constituídas apenas por elementos da população guineense (neste caso, predominante ou exclusivamente fulas).

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