sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

Guiné 61/74 - P21747: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (80): busto do capitão Teixeira Pinto, em Bissau, c. 1943 (Armando Tavares da Silva)


Guiné > Bissau > c. 1943 > Busto do cap Teixeira Pinto. Fonte: "Guiné Portuguesa. Album Fotográfico", 1943. Fotografias de Amândio Lopes. Cortesia de Armando Tavares da Silva


 1. Do nosso amigo Armando Tavares da Silva, membro da nossa Tabanca Grande, com 45 referências no nosso blogue:

 [(i) engenheiro, historiador, prof catedrático aposentado da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra;  (ii) "Prémio Fundação Calouste Gulbenkian, História da Presença de Portugal no Mundo", atribuído pelo seu livro “A Presença Portuguesa na Guiné — História Política e Militar — 1878-1926”;  (iii) presidente da Secção Luís de Camões da Sociedade de Geografia de Lisboa]

Date: quinta, 7/01/2021 à(s) 16:05
Subject: Teixeira Pinto

Caro Luís,

Envio-te em anexo uma foto de um busto de Teixeira Pinto que existiu (existe?) em Bissau. Podes enviá-la por mim à Ana Lúcia Mendes (P 21738) (*) com cumprimentos e desejo de bom trabalho - talvez lhe interesse.

É reprodução da que vem em "Guiné Portuguesa. Album Fotográfico", 1943. Fotografias de Amândio Lopes.

Sobre Teixeira Pinto existe um livro: "João Teixeira Pinto. Uma vida dedicada ao Ultramar", de Carlos Vieira da Rocha, Lisboa, 1971. Tem prefácio de António de Spínola.

Abraço

Armando



Esta imagem é de 1947, 28 ou 29 de janeiro, ao tempo do governador Sarmento Rodrigues, e aquando da visita, à Guiné, do subsecretário de Estado das Colónias. (**)

Recorte da edição do "Diário de Lisboa, nº 8685, ano 26, sábado, 1 de fevereiro de 1947, diretor: Joaquim Manso (Fonte: Fundação Mário Soares > Casa Comum > Arquivos > Diário de Lisboa / Ruella Ramos > Pasta: 05780.044.11036 (com a devida vénia...) .


2. Comentário do editor LG:

Obrigado, Armando. Vou reencaminhar para a nossa doutoranda. Esse busto do Teixeira Pinto, já existia, de facto, em 1947, aquando da visita  do subscretário de Estado das Colónias (de 27/1 a 24/2/1947).  Já não devia existir ao tempo em que conheci Bissau (1969/71),

Quem será o autor do busto ? E em que data terá sido inaugurado o monumento ? Deve ser de 1940, não ? Também não sei qual era exatamente a sua localização.  Talvez se consiga saber pela indentificação do edifício que ficava por detrás. A mim, parece-me ser o edifício da Administração Civil, perto da Catedral de Bissau, na Av da República (,hoje, Av Amílcar Cabral).

O monumento deve ter sido removido mais tarde, substituído pela estátua, da autoria do professor de Belas Artes, o escultor Euclides Vaz (1916-1991), ilhavense. (Foi também professor de outro ilhavense, o nosso amigo comum, o arquiteto José António Paradela.)

O nosso camarada Carlos Silva, que conhece bem o território, de antes e depois da independência,  também põe à nossa disposição (e à disposição da nosssa doutoranda) um vídeo sobre a estatuária colonial portuguesa na Guiné e as suas "andanças" desde 1974 (. Vd. a sua página, Jumbembem, no You Tube). 

A estátua desmantelada do "capitão-diabo",
agora na fortaleza do Cacheu. Fotograma
do vídeo do Carlos Silva,
"Guiné-Bisssau, Estatuária" 
(2020) (7' 01")
A estátua do Teixeira ficava no Alto do Crim, parque municipal (, atual Largo da Assembleia Municipal); a estátua, em bronze, desmantelada, encontra-se ou encontrava-se há uns anos, ao ar livre, no forte do Cacheu, que funciona,  infeliz e vergonhosamente,  como uma espécie de caixote do lixo da presença histórica dos portugueses na Guiné; e é pena, porque, quer queiramos ou não, temos uma história comum, e só podemos ganhar, uns e outros, os portugueses e os guineenses, se soubermos construir pontes ligando o passado, o presente e o futuro, Está na altura de fazermos as pazes com o passado... E o passado deve ser explicado aos nossos filhos e netos. Essa pedagogia histórica está por fazer.

Obrigado aos dois,ao Armando e ao Carlos,  pela pronta colaboração na resposta ao pedido da doutoranda Ana Lúcia Mendes (*).

______________


(**) Vd. poste de 9 de abril de  2017 > Guiné 61/74 - P17224: Historiografia da presença portuguesa em África (73): Subsecretário de Estado das Colónias em visita triunfal à Guiné, de 27/1 a 24/2/1947 - Parte II: Prosseguem as inaugurações, em 29 e 30 de janeiro... Nessa época havia uma linha área, a Linha Imperial, entre Lisboa e Lourenço Marques....

Vd. também 19 de março de 2017 > Guiné 61/74 - P17155: Historiografia da presença portuguesa em África (72): Subsecretário de Estado das Colónias em visita triunfal à Guiné, de 27/1 a 24/2/1947 - Parte I: A consagração do governador geral, o comandante Sarmento Rodrigues, como homem reformador e empreendedor (Reportagem de Norberto Lopes, "Diário de Lisboa", 27/1/1947)

7 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

>na: veja aqui mais informação sobre a estátua do cap Teixeira Pinto. Espero que lhe seja útil. Boa saúde, bom trabalho. Gostávamos depois de conhecer o artigo que está a pensar publicar.

Tenho um amigo que foi aluno, nas Belas Artes, do autor da estátua (, não deste busto, mas estátua a corpo inteiro, no Teixeira Pinto, no Alto do Crim, me Bissau)... Posso pô-la em contacto com ele. É arquiteto e ainda está no ativo, Jorge Paradela... Um excelente conversador e profundo conhecedor do meio artístico. Por sinal, também de Ílhavo, amigo comum, meu e do prof Armando Tavares da Silva, que lhe manda esta foto (rara) de um desaparecido busto do Teixeira Pinto, em Bissau, na baixa....


Ao jovem guineense, que na foto fo forte do Cacheu aparece de costas para a estátua, desmantelada, do "Capitão-Dibao": adianta, "djubi", virares as costas ao passado, ou seja à História...Não terás futuro se não souberes aprender as lições do passado e do presente... Percebo a tua postura: estás a pensar não no amanhã imediato, mas no presente mais comesinho e mais premente: o que é que eu vou comer hoje ao almoço… Que Deus, Alá e os bons te/nos protejam!... Luís Graça



Proteja-se da Covid... E boa sorte para a tese. Luís Graça

Anónimo disse...

Não faltava estatuária em Bissau: podíamos encontrar ainda estátuas de Honório Barreto, Nuno Tristão e Diogo Gomes. Estarão todas na fortaleza de Cacheu?
Armando Tavares da Silva

Anónimo disse...

Caro Luís Graça,

A confirmar-se a tua hipótese de que o edificio corresponde as antigas instalações dos serviços da Administração Civil, hoje Ministério da Justiça, na Av. Amilcar Cavral, então o busto estava situado onde foi construida a sede do BNU e que depois será o nosso Banco Nacional. Hoje é o Ministério das Finanças. O busto estaria virado para o o alto Bandim e ao estuário do rio Geba.

Abraços,

Cherno Baldé

Anónimo disse...

Luis, Camaradas e Amigos

A estátua de Teixeira Pinto estava situada no Alto de Crim, onde actualmente está situada a Assembleia Nacional.
O monumento com o busto de Teixeira Pinto creio que situava-se na baixa de Bissau próximo da catedral e foi inaugurado em 1929 pelo Governador Cor Leite de Magalhães.
Vou enviar-te 3 digitalizações que fiz do livro sobre Teixeira Pinto.
Quanto às estátuas que refere o Armando Tavares da Silva presentemente estão as 3 dentro da Fortaleza do Cacheu. Pelo menos estavam em Abril de 2019, mas antes estiveram fora da fortaleza, mas próximo da mesma das quais tenho fotos dos anos 90 e de 2001 e de outros. anos.
Falei com vários altos dirigentes, incluindo com o falecido Presidente Interino Manuel Serifo Nhamadjo sobre este tema e todos concordam que as estátuas fazem parte da História do país, mas não há vontade política para fazer seja o que for.
Para mim, os pedaços das estátuas estão lá na fortaleza de castigo e para lembrar o colonialismo.
E duas estátuas já foram há vida, a do Comandante Oliveira Mozanty que estava em Bafatá, da qual tenho fotos de 1997 toda partida, mas que já foi para a sucata, embora continue por lá o pedestal em granito preto com relevos e muito bonito.
A outra era a de Ulisses Grant presidente dos EUA que arbitrou o caso de Bolama entre Portugal e os Ingleses. Esta também foi para a sucata.
Abraço para todos
Carlos Silva
Abraço
Carlos Silva

Anónimo disse...

Cherno

Para mim, face ao que referi sim, estaria situado em frente ao que foi o Palácio da Justiça.
Mas já vi referências que estaria situado no Alto do Crim, talvez andasse aos saltibancos.
Vou enviar as digitalizações para o Luís publicar.
Abraço
Carlos Silva

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Sim, Armando, o que resta dessas estátuas está na fortaleza do Cacheu.

Vê o vídeo do Carlos Silva, que vai à Guiné-Bissau com regularidade.É um dos dirigentes da ONGD Ajuda Amiga.

Link para o vídeo,no You Tube:

https://www.youtube.com/watch?v=XnY5gydqXpY

A estátua do Diogo Gomes parece estar mais ou menos inteira... A de Nuno Tristão, também-. Ambas estão na fortaleza do Cacheu...

A do Honrório Bareto foi cortada ao meio, no Cacheu está o tronco, braços e cabeça...

A do Teixeira Pinto está no Cacheu, quase inteira: falta-lhe o pé esquerdo...

A do Ulysses Grant, em Bolama, foi vendida para a sucata...

A de Oliveira Muzanty, em Bafatá, foi derrubada do pedestal...Em 1995 ainda havia as botas, no local...

Os sucateiros ainda não descobriram este "tesouro"... O bronze vale manga de patacão...

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Oque há temos escrevemos sobre a destruição da estátua de Oliveira Muzanty que fica no parque da cidade, em Bafatá, em frente à antiga Casa Gouveia, é válido para os demais monumentos, símbolos do "colonialismo"...

A estátua foi apeada e destruída depois da independência da Guiné-Bissau. "Estupidamente", acrescente-se... Não há história sem memória, e a história da Guiné-Bissau, não começou com a "gloriosa luta" do PAIGC contra os "tugas"...

Oliveira Muzanty e todos os "tugas", colonialistas e anticolonialistas, fazem parte da história da Guiné-Bissau. Tal como as legiões romanas, o direito romano e o latim fazem parte da história de Portugal e da identidade dos portugueses...

Todos os iconoclastas são fundamentalistas, em todas as épocas... Porque, afinal, só há uma terra e uma humanidade... O esclavagismo, o colonialismo, o fascismo, o nacionalismo, o chauvinismo, e todos os demais ismos, incluindo o racismo e a estupidez dos iconoclastas, não têm pátria... Seja na China (durante a Revolução Cultural) seja na Guiné-Bissau, pátria de Amílcar Cabral...(de resto, tão mal tratada a sua memória na sua terra, tanto em Bissau como em Bafatá, onde nasceu).