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segunda-feira, 8 de agosto de 2022

Guiné 61/74 - P23507: Agenda cultural (819): No passado dia 2 de Julho de 2022, foi apresentado, na Casa Pia de Lisboa, o livro "Alfredo Ribeiro – História, Memória, Saudade - O Universo Casapiano", da autoria de Luís Vaz. Alfredo Ribeiro foi Furriel Miliciano na CCAÇ 4150/73 (Albano Costa)

1. Mensagem do nosso camarada Albano Costa (ex-1.º Cabo At Inf da CCAÇ 4150 (Bigene e Guidaje, 1973/74), com data de 5 de Agosto de 2022:

Boa tarde Vinhal
No passado dia 2 de julho foi feita a apresentação na Casa Pia de Lisboa do livro sobre a vida de um casapiano que passou pela guerra do ultramar, na Guiné, o Alfredo Ribeiro que foi furriel-miliciano na minha Companhia.

O título do livro é:
"Alfredo Ribeiro – História, Memória, Saudade - O Universo Casapiano", por Luís Vaz.

Agradeço a publicação
Albano Costa



SINOPSE

Sobre o livro:

Alfredo Ribeiro era um homem empenhadamente trabalhador, humano e de uma honestidade rara. É recordar o período posterior - a Abril de 1974.
Estamos perante alguém que não capitulou sob as vicissitudes da vida, enfrentando-as com estudo, trabalho, dedicação e alegria, desde criança até à sua morte.

Detalhes do produto:

Alfredo Ribeiro de Luís Vaz
ISBN 9789727808144
Edição/Reimpressão 07-2022
Editor: Âncora Editora
Idioma: Português
Dimensões: 149 x 229 x 18 mm
Encadernação: Capa mole
Páginas: 312
Tipo de Produto: Livro
Classificação Temática: Livros em Português > Literatura > Memórias e Testemunhos
Preço: 16,20€

Com a devida vénia a Wook.pt

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Nota do editor

Último poste da série de 4 DE AGOSTO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23490: Agenda cultural (818): apresentação, às 17 horas, em Ferrel (dia 8) e no Baleal (dia 15), de dois novos livros de Joaquim Jorge (ex-alf mil at inf, CCAÇ 616, Empada, 1964/66): (i) Versos ao Acaso; (ii) Baleal: Beleza, Encanto, Fascínio!

terça-feira, 21 de março de 2017

sábado, 3 de janeiro de 2015

Guiné 63/74 - P14113: A minha máquina fotográfica (18): A minha máquina foi comigo da Metrópole mas já conhecia os cantos da guerra. Tinha feito uma comissão de serviço, para os lados de Bissum, com um irmão meu, entre 1970 e 1972 (Albano Costa)

1. Mensagem, com data de 23 de dezembro de 2014, do nosso camarada Albano Costa (ex-1.º Cabo da CCAÇ 4150, Bigene e Guidaje, 1973/74), fotógrafo profissional, com estabelecimento em Guifões, Matosinhos:

Olá, amigos
É com muito gosto que estou a responder ao pedido feito pelo editor do nosso blogue, Luís Graça.

As fotos que insiro neste texto servem para ilustração do texto.

A máquina já foi comigo da metrópole para a Guiné, aliás, ela já tinha feito uma comissão por isso já era velhinha, assim como já conhecia os cantos da guerra, ela fez uma comissão para os lados de Bissum com um irmão meu que também esteve na Guiné entre 70-72 e depois foi comigo em 73-74.

Eu ainda ganhei uns trocos com a minha máquina, mas não trouxe dinheiro nenhum tudo foi dividido ainda na Guiné comigo e com os amigos mais chegados.

Eu comecei a fotografar logo no barco (Niassa), eu arranjei conhecimento com o funcionário do Niassa que num compartimento na ré do barco, tinha uma pequena oficina que imprimia as ementas do que ia ser as refeições dos oficiais e sargentos (um luxo para a época) e também fazia fotografia, e ele deixava-me ser eu a imprimir as minhas fotos e eu só pagava o papel e os banhos e pouco mais. Por isso durante o dia tirava as fotos e à noite muitas vezes estava a passar um filme a bordo e eu estava a fazer as minhas fotos para no dia seguinte as vender e tirava outras, mas tinha um colega que tomava a responsabilidade de as entregar e receber o respectivo pagamento (sem I.T. e sem NIF que ainda não existia), ainda juntei algum dinheirito.

Esse dinheiro veio a fazer muito jeitinho porque como devem saber, pelo menos com a nossa companhia foi assim, o primeiro dinheiro que recebemos foi ao fim de 3 meses, muito dos meus amigos já andavam nas lonas e quem pagava as contas da cerveja era o dinheiro das fotografias.

As minhas fotografias foram quase todas feitas na metrópole eu levei bobines de fita a P&B e depois cortava para fazer rolos de 36/37 fotos, e alguns rolos a cores (poucos) eram mais caros e tinham de ser impressos em Espanha, naquele tempo todo o serviço a cores ia para Espanha. Mas eu tinha o meu secretário que me ajudava no seguinte, eu tinha uns livrinhos (também trabalhei em artes gráficas e levei alguns comigo), que se usava e ainda hoje é usado pelos «rifeiros» e recebia primeiro o dinheiro e depois entregava as fotos mediante o respectivo talão, para salvaguardar, de depois não virem dizer que não tinham dinheiro e eu tinha de ficar com as fotos que não serviam para nada a não ser para o próprio.

Quando cheguei à Metrópole o meu pai (já falecido) ainda me perguntou se eu tinha dinheiro para pagar a despesa das fotos que eu fiz, e eu respondi, pai não fui para a guerra para ganhar dinheiro, o dinheiro que sobrou foram 4.000$00 que emprestei a dois colegas se eles me pagarem muito bem se não me pagarem paciência, um deles ainda me deu 2.000$00 o outro nunca mais apareceu.

A máquina depois de duas comissões não tirou mais fotografias, recolheu ao arquivo e ainda hoje lá se encontra junto de dezenas de máquinas do espolio que foi do meu pai e meu, e por lá vai continuar, mas ainda se for preciso faz o seu dever ainda funciona, porque de vez em quando vou dar uns disparos sem rolo para a manter activa.

Aproveito para desejar um feliz Natal e um próspero Ano Novo.

Um abraço
Albano Costa

Mala de protecção da máquina


Outro plano de frente da máquina

Costas da máquina

Arquivo de alguns de muitos rolos a P&B e cores

Arquivo em Digital para ficar para futuro. Já tem dado para fazer umas surpresas aos amigos.

Fotos © Albano Costa (2015). Todos os direitos reservados
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Nota do editor

Último poste da série de 31 de dezembro de 2014 > Guiné 63/74 - P14103: A minha máquina fotográfica (17): Comprei uma Canon no navio "Timor" e andei com ela muitas vezes no mato... Tirou centenas de fotos e "slides" (que mandava para a Alemanha, para revelar) (Abílio Duarte, ex-fur mil,CART 11, Nova Lamego, Paunca, 1969/1970)

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Guiné 63/74 - P14000: Consultório militar de José Martins (12): Resenhas da CCAÇ 4150/73, COMBIS e Companhia de Terminal

1. Em mensagem do dia 4 de Dezembro de 2014, o nosso camarada José Marcelino Martins (ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70), enviou-nos as Resenhas da CCAÇ 4150/73, COMBIS e Companhia de Terminal:

Carissimos
Aqui vão as resenhas da CCAÇ 4150/73, COMBIS e Companhia de Terminal.
Infelizmente não sei onde se localizavam. Aliás pouco conheci em Bissau, só lá fui de passagem.

Bom fim de semana.
Zé Martins



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Nota do editor

Último poste da série de 24 de novembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13938: Consultório militar, de José Martins (11): Quem foi o alf mil Linhares de Almeida, da CCAÇ 1547, morto em combate em 1/4/1967, e condecorado, a título póstumo, com a cruz de guerra de 2ª classe?

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Guiné 63/74 - P11165: Convívios (495): XVI Encontro do pessoal da CCAÇ 4150 - "Os Apaches do Norte", dia 14 de Abril de 2013 em Lousada (Albano Costa)

1. Mensagem do nosso camarada Albano Costa (ex-1.º Cabo da CCAÇ 4150, Bigene e Guidaje, 1973/74), com data de 24 de Fevereiro de 2013:

Caros amigos editores
No dia 14 de Abril vai realizar-se o XVI Encontro-convívio da CCaç 4150, que este ano vai ser em Lousada, no norte do país, a 40 km do Porto, mas com acessos facilitados por auto-estrada. Quem estiver interessado em estar presente no nosso convívio é favor entrar em contacto com Luís Gonzaga (tm 919 591 111) ou Albano Costa (tm 934 257 368). O programa segue em anexo.
Desde já a comissão fica agradecida pela publicação deste evento.

Um abraço de amizade,
Albano Costa

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Nota do editor

Vd. último poste da série de 25 de Fevereiro de 2013 > Guiné 63/74 - P11152: Convívios (494): II Almoço da Tabanca Ajuda Amiga, dia 28 de Fevereiro de 2013 na Cantina da Associação de Comandos, Laje - Oeiras (Carlos Fortunato)

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Guiné 63/74 - P5419: Os Nossos Camaradas Guineenses (22): Muitos se salvaram pela solidariedade que existia entre todos, brancos e pretos (Braima Djaura, Sold Cond CCaç 19, Guidaje, 1972/74)



Guiné > Região do Cacheu > Guidaje > Cufeu > Maio de 1973 > A caminho de Guidaje, os comandos da 38ª CCmds deparam-se com um espectáculo macabro... Cadávares de combatentes das NT e do IN abandonados, na sequência da batalha de Guidaje... Nesta imagem, brutal embora de má qualiddade, vê-se o cadáver de um elemento das NT, africano NT (provavelmente da CCAÇ 19), com a cabeça apoiada num tronco de árvore...O braço, assinalado com um círculo a amarelo, é o do 1º Cabo Cmd Mendes, à procura de documentos para identificar o cadáver.


Foto: © Amilcar Mendes (2006). Direitos reservados.

Cópia do título de caixa alta do jornal Público, "O inferno de Guidje", 5 de Novembro de 1995




Guiné > Região do Cacheu > Guidaje > CCAÇ 19 > Monumento de homenagem ao Alf Mil Op Esp António Sérgio Preto, morte em combate em 26/6/1972... A esta companhia pertenceu o Braima Djauro, Sold Cond Auto Rodas, u sobrevivente de Binta, Somaje, Cufeu, Ujeque, Guidaje... Foto do Albano Costa, que esteve em Guidaje, depois ds combates de Maio de 1973, pertecendo CCAÇ 4150 (197374).

Foto: © Albano Costa (2005). Direitos reservados.



1. Comentário, de ontem (*), do novo membro da nossa Tabanca Grande (a partir de hoje), Braima Djaura, ex-Sold Cond Auto, CCAÇ 19, Guidaje, 1972/74 (**)...


Caros Camaradas, tenho o privilégio de ver e ler esse Blogue quase diariamente. Até tive um contacto com Camarada Luis Graça por e-mail, sem êxito. Digo privilégio porque tenho um velho computador oferecido por um grande amigo que também cumpria [serviço] na Guiné, condição que me que permite ver e ler várias narrativas e fotos da Guerra e dramas da Guerra, e pós-Guerra.

Até que um dia comentei a suplicação de um Camarada que falou de Malan Baldé, com quem lutou junto por Portugal nas selvas da Guiné, lamentando a situação de esse Camarada, M. Baldé, a vaguear nas Ruas de Lisboa (***)

Percebi que esse amigo, humanamente a meu ver, ficou triste por isso, e entendo logo as palavras dele. É um Homem que se prontifificou a solidarizar-se e a ajudar Malan Baldé, se pudesse claro. Embora [haja] centenas de Malan Baldé, hoje estão na mesma situação, sem meios de sobreviver, doentes, com as sequelas da Guerra Colonial, nem sequer [podendo] tratar-se por dificuldades de acesso.

Acontece que vi neste Blogue tantos nomes na vossa Lista, muitos conhecidos, até combatemos juntos nas matas da Guiné, que não conseguiram escapar aos Fuzilamentos na Região de Mansoa. Estas pessoas já foram e estão enterradas numa vala comum.

Ora bem, Camaradas, nós fomos Militares, mandados combater juntos, sejam Brancos ou Pretos. Havia solidariedade entre todos. Vejo lista dos que não tiveram Sorte, conheço tantos na Lista, tais com Bara Dabó e Malan Sani, que eram de CCaç 14 (*) Ambos podiam ter morrido na tentativa de socorrer Guidaje, entre Samoje e Cufeu, onde morreram tantos Brancos e pretos.

Ora bem, Camaradas, li um comentário de um anónimo falar nas matérias politicas, em ajuste de contas, em Amílcar Cabral, Luís Cabral e outros. Puro desconhecimento ou tentativa de ignorar os Camaradas que combatiam juntos em Nome de Portugal, [e que estão hoje] na miséria e mendicidade. Pergunto se esse Sr. que julga saber, foi ou não Militar? E porque esqueceu da solidariedade que existia entre Pretos e Brancos em nome de Portugal, hoje da UE [União Europeia]?

Caros Camaradas, a meu ver temos que ser solidários. Tal como muitos que convivem hoje na boa, salvaram-se por solidariedade que existia entre todos.

Meu nome é Braima Djaura, Cond Auto Ccaç 19, Guidaje. Acredito que muitos conhecedores deste Blogue também me conheciam, e sabem da CCaç 3 e da CCaç 19, Guidaje. Abraços.

[ Revisão / fixação de texto: L.G.]

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Notas de L.G.:

(*) Vd. poste de 6 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5415: Os nossos camaradas guineenses (20): Homenagem aos 'Comandos' africanos fuzilados na Guiné (III) (Manuel Amaro Bernardo)

(**) Vd. poste de 7 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5418: Tabanca Grande (194): Braima Djaura, Sold Cond Auto, CCAÇ 19, Guidaje, 1972/74, um sobrevivente

(***) Julgo tratar-se do Malan Baldé, filho do régulo de Saré Ganá, ex-milícia, ao serviço da CART 1690 (a que pertenceram os nossos camaradas A. Marques Lopes e Domingos Maçariço), e ex-Comando africano. Vd. poste de 14 de Novembro último, no blogue Batalhão de Artilharia 1914, Tite, Guiné.Bissau > Malan Baldé (Reprodução de artigo do António Moreira, amigo do A. Marques Lopes e do Domingos Maçarico, ex-Alf da CART 1690, e hoje advogado em Torres Vedras, publicado no jornal local Badaladas, de 13/11/09, com o título Malan Baldé: onde estás, Portugal ?).

Reprodução do texto introdutório do poste (assinado por Leandro Gueses):

(...) Com a devida vénia, trago-vos hoje um artigo que espelha bem o desprezo a que foram votados os ex-combatentes, sejam eles portugueses ou nativos.


Este artigo é escrito por António Moreira, hoje advogado em Torres Vedras, e que foi alferes miliciano na cart 1690, que pertencia ao BART 1914, que esteve em Tite pouco tempo e depois marchou para a região de Empada, onde teve várias baixas, incluindo o seu capitão. Após a morte deste, o Alf Moreira foi comandante da Companhia durante muito tempo.


Foi uma companhia que sofreu bastante e daí o valor que este nosso companheiro dá à lealdade e ao respeito devido a quem se entregou de alma e coração às causas em que acreditava. Não interessam as razões.


Neste caso, Malan Baldé, um nativo integrado nas nossas tropas de então, um bravo, um herói e que agora vive em Lisboa em condições miseráveis e de grande necessidade.


Os ex-Combatentes foram mandados para o Ultramar pelos politicos e pelos políticos têm sido humilhados, desprezados e esquecidos. (...).

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Guiné 63/74 – P5086: Convívios (168): XIV Encontro/Convívio Anual dos ex-Combatentes da Guiné, da Vila de Guifões – Matosinhos (Albano Costa)



1. Mensagem do nosso camarada Albano Costa, ex-1º Cabo da CCAÇ 4150, Cumeré, Bigene e Guidaje, 1973/74, com data de 9 de Outubro de 2008:




14º Encontro/Convívio Anual dos ex-Combatentes da Guiné da freguesia de Guifões – Matosinhos que, segundo as suas palavras foram uma freguesia e um concelho, de onde partiram muitos Combatentes, não só para a Guiné, como para as outras frentes da Guerra Colonial/Guerra do Ultramar.

Camaradas,

Dia 5 de Outubro de 2009, é sempre o dia eleito, desde o ano de 1996, para que os ex-combatentes da Guiné, da Vila de Guifões (Matosinhos), realizem o seu Encontro/Convívio Anual.

Este ano foi celebrado o 14º, na localidade de Pataias – localidade perto de Leiria.

Logo de manhã cedo, foi feita a formatura no centro de Guifões, seguindo rumo em dois autocarros com destino ao Santuário de Fátima, onde se fez uma paragem de cerca de 60 minutos, que cada um, sem programa, desfrutou a seu bel prazer.

Em seguida encaminhamo-nos para um restaurante na zona, onde almoçamos e aí passamos o resto do dia num ambiente habitual de sã e alegre confraternização, que incluiu uma tarde animada, com música ao vivo, que nós latinos muito gostamos e que fará sempre parte das nossa festas.

Estiveram presente 79 pessoas, 35 dos quais ex-Combatentes, pois a festa é também para os nossos familiares, confraternizando e recordando, um pouco, sobre o que foram os seus períodos de guerra, que quer se queira quer não, é sempre um momento alto destes convívios. Pelo meio, falou-se de tudo um pouco num ambiente, como atrás mencionei, imensamente salutar e de grande camaradagem.

De salientar que sempre esteve presente o nosso pároco local - Américo de S. Rebelo -, visto que também ele esteve na Guiné (como Capelãoo), bem como o nosso Presidente de Junta e sua esposa, da jovem Vila de Guifões, que amavelmente presenteou todos os participantes (um brinde a cada homem e uma rosa a cada senhora), o que muito nos sensibilizou.

Para terminar o folguedo foi cantado o Hino Nacional.

Um abraço,
Albano Costa
1º Cabo da CCAÇ 4150

Fotos: © Albano Costa (2009). Direitos reservados.
Emblema de colecção: © Carlos Coutinho (2009). Direitos reservados.

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Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em:


sexta-feira, 4 de julho de 2008

Guiné 63/74 - P3019: Blogoterapia (60): O arco-íris é lindo por que tem sete cores diferentes (João Dias da Silva)

1. Mensagem, com data de ontem, enviada pelo nosso camarada João Dias da Silva, ex-Alf Mil Op Esp, CCAÇ 4150, Cumeré, Bigene e Guidaje, 1973/74 (1):

Luís, co-editores e restantes camaradas, em especial o Alberto Branquinho e o Henrique Cerqueira (2).

Os postes P3011 (do Branquinho, com fotos de despojos humanos) e P3017 (em que o Henrique discorda da sua publicação), bem como os teus (Luís Graça) comentários, levam-me a tecer algumas considerações, sem o mínimo propósito, adianto já, de iniciar ou alimentar qualquer polémica:

Não concordo com a maior parte do que o Henrique escreveu e não posso estar mais de acordo com a opinião do Luís, sem maniqueísmos, até porque, como em tudo na vida, as coisas não são tão lineares assim. E não concordo porque não se limpa uma casa varrendo o lixo para debaixo dos tapetes ou, dito de outro modo, porque uma catarse só se faz se "agarrarmos o touro pelos cornos", se enfrentarmos tudo e todos sem deixar de fora ou esquecer nada nem ninguém.

Aliás, já o escrevi aqui, a propósito de uma outra troca de opiniões, que estava convencido que 34 anos constituiriam um período de tempo suficiente para que as questões fossem abordadas de forma mais racional. Verifico, como então tinha verificado, que assim não é e que muitos de nós ainda não conseguiram enterrar muitos dos seus fantasmas, infelizmente para eles, penso eu, porque isso deve ser muito doloroso. Atrevo-me mesmo a dizer que dificilmente poderão desfrutar em pleno de muito do que é dito/escrito/mostrado no nosso blogue. E digo isto sem quaisquer moralismos ou numa posição de sobranceria e muito menos de recriminação, porque percebo e entendo muito bem a situação, pois passei por ela (neste aspecto os meus primeiros anos pós-regresso da Guiné foram complicados, mas felizmente ultrapassados).

Por outro lado, não há meias verdades nem meias informações: ou se diz tudo ou não se levanta apenas a ponta do véu. A informação correcta e total nunca fez mal a ninguém. Estou convencido que muitos dos problemas por que passam as gerações mais novas prendem-se com o facto de não tendo quem as informe (alguns dos que têm a obrigação de informar, formando, retraem-se por convicção ou... por incompetência), vão procurá-la onde não devem e, sobretudo, às escondidas. E isto é válido para qualquer área.

Já que falei em jovens, e mesmo parecendo que está fora de contexto, acrescento que a minha (nossa, no fim de contas) geração tem muito de que se penalizar por ter "dourado a pílula" em relação à educação dos filhos, o que lhes trouxe ou tem trazido problemas de vária ordem para encarar e ultrapassar as dificuldades que a vida lhes (nos) vai pondo à frente.

Por último, e digo-o com a maior das sinceridades, o que mais me chocou foi a última frase do Henrique – "... se ainda estiver admitido neste blogue ..." –, porque o direito a discordar e a manifestar, de forma elevada, obviamente, a discordância é inalienável e intocável e confunde-se com a própria dignidade da pessoa humana.

Se, por mera hipótese, tal acontecesse neste blogue, nada mais era necessário para que de um momento para o outro toda a credibilidade, consideração, respeitabilidade e transparência iriam por água abaixo. O arco-íris é bonito porque é composto por sete cores diferentes!...

Um abraço para todos

João Dias da Silva

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Notas dos editores:

(1) Vd. poste de 6 de Maio de 2008 > Guiné 63/74 - P2812: Tabanca Grande (66): João Dias da Silva, ex-Alf Mil Op Esp da CCAÇ 4150 (Guiné 1973/74)

(2) Vd. poste de 3 de Julho de 2008 > Guiné 63/74 - P3017: Blogoterapia (59): Fotos chocantes de "despojos humanos" (Henrique Cerqueira)

sábado, 14 de junho de 2008

Guiné 63/74 - P2939: No 25 de Abril eu estava em... (3): Guidage (João Dias da Silva, CCAÇ 4150, 1973/74

Damos início a uma nova série (No 25 de Abril eu estava em...). Apelamos à contribuição de todos os que quiserem e puderem dar o seu testemunho, directo, pessoal, de como os acontecimentos foram vividos em 25 de Abril de 1974, na Guiné (vb).


O 25 de Abril em Guidage


Mensagem de João Dias da Silva (1) , de 27 de Maio último:

Meus caros,

O prometido é devido e aqui estou a dar sinal de vida.

Comemorámos há pouco mais de um mês o 34.º aniversário do 25 de Abril de 1974. Propositadamente utilizei a forma verbal comemorámos em vez de comemorou-se. É que este é muito impessoal, é sinónimo de algo que outros fizeram ou organizaram, enquanto que comemorámos significa que cada um se empenhou em comemorar aquele acontecimento da forma que melhor entendeu e pelas mais variadas razões, sejam elas quais forem, pela positiva ou pela negativa, pois cada um, desde aquela data, é livre de o fazer em obediência aos ditames das suas convicções e opiniões.

E refiro este aspecto porque me tenho apercebido que têm sido expressas no nosso blogue opiniões bem diferentes, antagónicas mesmo, acerca de diversos assuntos, por vezes de uma forma bastante apaixonada que, pensava eu, um período de 34 anos já teria moderado.

Os historiadores é que sabem quando afirmam que é necessário deixar passar sobre os factos o tempo suficiente para que haja um distanciamento tal que permita à razão sobrepor-se à emoção, ou seja, pensar mais com a cabeça do que com o coração.

De todo o modo, mesmo que se esgotem todos os motivos para comemorar o 25 de Abril, eu terei sempre pelo menos um para o comemorar – a minha comissão durou apenas um ano porque, entretanto, ocorreu a queda do regime.

É frequente ouvir-se ou fazer-se a pergunta: onde estavas no 25 de Abril? Eu estava em Guidaje.

O 25 de Abril em Guidaje e primeiras consequências

Respigando uma ou outra das minhas poucas notas pessoais e consultando alguns documentos (apenas as transcrições manuais feitas na altura, mantendo as pontuações e os erros ortográficos, porque os originais ficaram nas pastas de arquivo respectivas) os ecos do 25 de Abril chegaram a Guidage titubeantes, mas logo começaram a produzir efeitos.

Para nos situarmos, será bom relembrar que nesta altura a guarnição de Guidage era composta por duas companhias – a CCaç 19 (africana) e a CCaç 4150 – e um pelotão de artilharia.

25 de Abril de 1974 – Parece que hoje houve um GOLPE DE ESTADO MILITAR, em Lisboa.
Passámos todo o dia à volta do rádio, ouvindo as edições especiais da BBC em língua portuguesa, a tentar saber algo sobre o sucedido.

Por enquanto está tudo muito, muito confuso, pois todas as notícias são precedidas de "parece que" ou finalizadas por "não confirmado". Vive-se por aqui um certo estado de tensão por não se saber nada em concreto. Há que aguardar.

Pelas 22H45 chegou uma mensagem relâmpago confidencial do COM-CHEFE (Brig Bettencourt Rodrigues) a informar que corriam notícias que o Governo de Marcelo Caetano tinha sido derrubado, mas que eram só boatos, com o seguinte texto:





Mensagem vinda do Com-Chefe

AGÊNCIAS NOTICIOSAS INFORMAM QUE GOVERNO PROFESSOR MARCELO CAETANO FOI DERRUBADO POR MOVIMENTO DAS FORÇAS ARMADAS. NÃO RECEBIDA QUALQUER COMUNICAÇÃO OFICIAL. ADMITINDO QUE IN POSSA TENTAR EXPLORAR SITUAÇÃO INCREMENTO SUA ACTIVIDADE SUBVERSIVA. TODOS OS COMANDOS DEVEM ADOPTAR MÁXIMA VIGILÂNCIA E GARANTIR PRONTA CAPACIDADE REACÇÃO. COMANDANTES UNIDADES SÓ DEVEM RESPEITAR ORDENS QUE RECEBAM APÓS RIGOROSA AUTENTICAÇÃO SUA ORDEM. AUTENTICADO.
Transcrição manual da mensagem original, em impresso normalizado

26 de Abril de 1974 – Farim embrulhou às 6H00.

Continuámos a aguardar com certa ansiedade notícias daquilo que se está a passar na Metrópole quer no RCP (emissor do Movimento das Forças Armadas – é agora a emissora oficial), quer na BBC.

O Gen. Spínola deu uma entrevista sintética. Saiu o 1.º COMUNICADO oficial com o programa. É sensacional, se for cumprido integralmente. A situação ainda não está bem definida. Aguardemos. Recebemos uma MSG do COMCHEFE interino da Guiné (o Gen B. Rodrigues foi-se...).

27 de Abril de 1974 – É dia de descanso.

Saíram comunicados do Instituto Superior Técnico e da Conferência Episcopal dos Bispos reunidos em Fátima. Tudo parece encaminhado no melhor sentido e sem vítimas.

Ontem de manhã (soube-se hoje) o Batalhão de de Pára-quedistas de Bissau cercou discretamente o Palácio do Com-Chefe enquanto a PM mantinha a ordem no seu interior.

Entrou uma comissão pró-Movimento das Forças Armadas que obrigou o Gen B. Rodrigues a demitir-se. À tarde, acompanhado por um Brigadeiro e dois Coronéis (entre eles Vaz Antunes), que não aderiram ao movimento, embarcou escoltado por Páras para Cabo Verde onde todos estão exilados.
 
O Comodoro Almeida Brandão é o actual CMDT interino da Guiné e o Ten Cor Eng de TRMS Mateus da Silva o representante do Novo Governo na Guiné.

4 de Maio de 1974 – Fomos flagelados com armas pesadas.

Algum grupo de guerrilheiros do PAIGC, em deslocação do interior da Guiné, pelo corredor de Sambuaiá, para a sua base do Kumbamori (Senegal), provavelmente desconhecedor dos últimos acontecimentos políticos, aliviou-se do peso das granadas, até porque já estavam perto da fronteira, descarregando-as sobre nós.

26 de Maio de 1974 – A FORMAÇÃO da CCaç 19 entregou ao Cap Carvalho um comunicado que se encontra no "Dossier – GUINÉ".

Ex.mo CAPITÃO
Excelência

Com o maior respeito e compreensão, nós todos aqui presentes, que acabamos por compreender a situação indigna em que nos encontramos, e que queremos fazer tudo que seja natural para nos desembaraçarmos da mesma, pelo futuro melhor do nosso povo e do próprio povo português, decidimos desde então abandonar as Armas e ir participar na mobilização das massas populares da nossa terra.

Visto que é mesmo necessário fazer o nosso povo conhecer a realidade, a qual, foi-lhe sempre escondida e disfarçada durante longos anos de dominação fascista e colonialista. Queremos a Paz e para que haja tal é preciso uma independência da nossa terra. Aliás a independência é a maior aspiração do nosso povo, isto sabe-se mesmo na forma como eles têm lutado nos tempos presentes da Liberdade. E se tal é a vontade do nosso povo, nós não temos nenhuma razão de lutar conta quem a defende. Queremos pelo contrário, facilitar a obtenção de tais direitos de todos os povos do mundo.

Em nome do povo português e de todas as forças amantes da Paz, pedimos a Sua Ex.ª, a maior colaboração para atingirmos o nosso desejo pacífico. Esperamos com maior certeza que as autoridades competentes nos compreenderão.
Para terminar damos os nossos gritos de:

Viva o povo português
Viva a Paz
Viva a Junta de Salvação Nacional
Viva a Liberdade
Viva Portugal progressista
Glória ao imortal herói do nosso povo e de África:
Camarada AMÍLCAR CABRAL


O referido documento, segundo a transcrição manual que fiz na altura

28 de Maio de 1974 – Houve festa em Guidage.
Desde 1968 que não havia batuque devido à guerrilha, pois quando se fazia batuque havia, geralmente, um ataque, por isso...

31 de Maio de 1974 – Carta ao Cap Carvalho de DUKE DJASSY. Encontra-se no "Dossier –GUINÉ".

FRENTE S. DOMINGOS – SAMBUAIÁ

COMBANG'HOR, 31 MAIO 1974

Ex.mo Senhor
CMTE FORÇAS PORTUGUESAS
Em GUIDAGE

Em primeiro lugar os nossos mais sinceros votos de boa disponibilidade na recepção desta carta intrépida.

Tendo escutado, hoje, atentamente o vosso interlocutor, tomei conhecimento, e em nome do Comando Militar da nossa região, decidi rabiscar, no interesse de ambas as partes, as possibilidades que facilitarão o nosso eventual encontro. A vossa iniciativa desfruta grande admiração por nossa parte, que a única razão de nos estarmos batendo foi sempre e sempre será pela conquista da nossa dignidade e liberdade.

Nesta luta que escolhemos como única saída possível naquele momento de desespero, nela se encontra bem definida os interesses que nos identificam com o grande Povo Português, que aliás era vítima da mesma fera "o Colonialismo Fascista". Por isso ele, o Povo de Portugal, é o nosso primeiro aliado e hoje então é uma realidade.

Se o Sr. Comandante faz parte deste bom povo, é por certo que tecemos dos dois lados uma participação franca e de amizade neste contacto no futuro próximo.

Podíamos naturalmente, fazer os demais pormenores concernentes a este convite mas, claro está, não queremos que o mensageiro explore com astúcias as posições de ideias que nos unem e por isso preferimos fazê-lo depois de recebida a vossa resposta.

Sr. Comandante! Nós que não fazemos a guerra pela guerra, nós que nunca confundimos nem confundiremos povo com regime dum governo, nós que temos um critério eloquente entre o indivíduo e sistema político, a nossa participação nesta nova situação regional que ensaiamos criar, como aquele que no topo, em Londres, se desenrola.

A nossa parte não tem poupança de esforços no que se vai construir a Paz, que tudo ao nosso alcance será metido em acção.
Enfim, tudo depende do vosso lado, na espera duma resposta de confirmação e afirmativa.

VIVA PORTUGAL LIVRE!
VIVA O PAIGC!
QUE A VITÓRIA FINAL SERÁ DOS POVOS!
Obrigado prévio
Do camarada franco

a) DUKE DJASSY
Comissário Político Militar
CE 199 e 70

N.B. – Este, DUKE DJASSY, é a minha alcunha, porque o meu nome é Leopoldo António Luís Alfama


Carta-resposta a uma mensagem a solicitar um encontro (ou coisa do género, se bem me recordo, mas cujo conteúdo já não tenho presente, nem possuo qualquer documento), que o Cap. Carvalho (António Eduardo Gouveia Carvalho, Comandante da CCaç 19) fez chegar, através de um mensageiro, a DUKE DJASSY, Comissário Político do PAIGC.

1 de Junho de 1974 – Resposta do Cap. Carvalho. Encontra-se no "Dossier - GUINÉ".

GUIDAGE
1 Junho de 1974

CAMARADA DUKE DJASSY

Começo por pedir desculpa do tratamento que lhe dou no cabeçalho. Poderá parecer incongruente da minha parte tratá-lo por camarada, a si, que com todos esses bravos combatentes durante anos e anos consecutivos, no meio das maiores privações e sacrifícios, lutaram para conseguir a liberdade deste povo oprimido e explorado por todos os camaleões do antigo regime "Colonialista fascista" que no momento mais alto da história do meu povo, foi derrubado pela união das Forças Armadas – Povo.

Dizia eu, portanto, que não me sinto com a força moral necessária e suficiente de o tratar por "camarada", mas sinceramente é assim que me dá prazer tratá-lo. Era assim que eu gostaria de o ter tratado ao lutar na mesma causa comum, infelizmente as minhas afinidades familiares sobrepuseram-se aos meus ideais políticos e eis a razão porque me encontro num exército que durante anos serviu um governo opressor dos povos africanos que lutaram pela sua liberdade, LIBERDADE essa prestes a ser atingida.

Tentei, portanto, integrado num exército, lutar com palavras, palavras de mentalização aos homens que me estão confiados, tentando informá-los da verdade e da justiça duma guerra em que eles estão inseridos, única e simplesmente, pela falta de informação, que nunca lhes foi confiada e prestada, e o que é ainda mais desumano, comprados à custa de dinheiro.
Como concerteza está informado, é esse dinheiro com que o governo deposto comprou a consciência de milhares de guinéus, que faz com que alguns deles, mesmo agora, tenham uma certa relutância em aceitar a LIBERDADE e a INDEPENDÊNCIA pela qual os vossos valorosos combatentes se bateram.

Será que eles são culpados? Não, só esse governo odioso, poderá abarcar com todas as responsabilidades, pois esse mesmo governo, que montou toda a máquina económico-política para deformar e comprar a consciência humana. É por isso que eu admiro todos os homens que se conseguiram libertar das algemas que os acorrentavam.
Ao ver tão próxima a liberdade por nós desejada continuo na minha mentalização a esses homens enganados, estando convencido que estou a lutar por uma causa comum e é a única causa justa. Tentando dissipar possíveis animosidades criadas durante estes anos entre homens do meu povo que deveriam ter lutado em comum, e só o não fizeram pelo facto de terem sido levados por esses agressores dos povos.
Deve, portanto, camarada deduzir que é uma honra incalculável se conhecer e falar com um dos bravos combatentes desse glorioso Partido que é o vosso. Devido, portanto, à situação especial de Guidage, ter sob o meu comando uma Companhia Armada por homens do vosso Povo, acharia conveniente, se o camarada concordar, encontrarmo-nos, nesta primeira fase, em território senegalês, num local por vós escolhido.

Estando certo que sempre nos uniu a mesma causa, apesar das situações antagónicas em que nos encontramos, espero esse encontro com a maior ansiedade e a maior brevidade possível.

VIVA A REPÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU!
Viva o glorioso PAIGC!
VIVA PORTUGAL LIVRE!
VIVA A LIBERDADE ADQUIRIDA PELOS DOIS POVOS OPRIMIDOS!

Do camarada que sempre admirou a causa por que vos lutastes.

a) António Eduardo Gouveia Carvalho
Capitão Miliciano de Infantaria


2 de Junho de 1974 – Veio hoje a Guidage um carro civil de Carlos Vieira (irmão do Nino Vieira, que se encontra estabelecido em Binta com negócios diversos) vender/trazer mantimentos à população, o que não acontecia desde o início da guerra.

Proposta de Duke Djassy. Encontra-se no "Dossier – GUINÉ".

2 Junho de 1974

CAMARADA ANTÓNIO EDUARDO

Saudações fraternais

Acuso ter recebido ontem carta sua, a qual, causou grande emoção, tanto a mim pessoalmente, como a todos aqueles que tiveram a possibilidade de a ler.
Mas espero que o mais importante ainda será o dia da nossa entrevista.
Por isso, quero previamente prevenir-lhe, que estarei acompanhado com mais dois ou três camaradas responsáveis, os quais, não foram, todavia, indicados pela direcção do Partido.
Gostaria que esse encontro tivesse lugar no dia 5 do corrente mês a partir das 17.00 hora TMG (quer dizer, 4.00 horas da tarde na Guiné).
Mas caso o Sr. achar qualquer inconveniente no tempo e lugar escolhidos, convém assinalar logo.
O local será entre as tabancas senegalesas de BEILAN e SECONAIA.
Aceite um abraço do camarada amigo

a) DUKE DJASSY

Seguiu oralmente, através de mensageiro, a resposta do Cap Carvalho a solicitar que tal encontro se efectuasse junto à tabanca senegalesa de MARIÁ, pois aquelas estão muito longe, e a informar que ia acompanhado por mais colegas.

4 de Junho de 1974 – O Carlos Vieira quase todos os dias tem mandado uma camioneta para reabastecer o comércio civil.

5 de Junho de 1974 – À tarde lá foram (Dossier – GUINÉ) ao encontro, na tabanca senegalesa de MARIÁ:

- Cap António Eduardo Gouveia Carvalho – CMDT CCaç 19
- Alf Vítor Manuel Pereira Abreu – CMDT 3.º GR da CCaç 4150
- Alf Luís Socorro Almeida – CMDT 4.º Gr da CCaç 19
- Fur Lopes Pereira – Agente PIM em Guidage
- PATRÃO SONCO
- ANCHEU (FG 12) – Mensageiro, habitante de Mariá

com os elementos do PAIGC:

- DUKE DJASSY (Leopoldo António Luís Alfama, cabo-verdiano) – Comissário Político da Região S. Domingos – Sambuaiá
- MANUEL DOS SANTOS (MANECAS, cabo-verdiano) – Comissário Político da Zona Norte
- BRAIMA DJALÓ (Natural de Bolama) – Cap do Exército e membro do C.E.L.
- 2 CMDT DE BIGRUPO

Não possuo qualquer documento ou referência ao resultado deste encontro, nem me recordo de termos falado o que quer que fosse. Recordo, no entanto, que passados poucos dias o Comissário Duke Djassy veio ao Aquartelamento de Guidage, provavelmente para novo encontro. Nada sei da evolução destes contactos, até porque fomos para Bissau (COMBIS) no dia 4 de Julho de 1974.

15 de Junho de 1974 – À tarde houve um jogo de futebol entre os moços (12/13 anos) de Guidage e do Senegal. É de salientar o contraste: enquanto os de cá falavam mandinga (só falam português connosco e nem todos), os do Senegal falavam francês, correctamente. É sintomático...

1 de Julho de 1974 – Encontro na zona da bolanha de Nenecó (junto da fronteira com o Senegal, a norte de Bigene) entre PAIGC e COP3.

EM 011000JUL74, CMDT CE 199/E/70 QUECUTA MANÉ E SEUS COMISSÁRIOS POLÍTICOS DUKE DJASSY E MANUEL DOS SANTOS (MANECAS) ACOMPANHADOS DE ELEMENTOS ARMADOS DO PAIGC ENCONTRARAM-SE COM O CMDT, OFICIAIS E SARGENTOS DO COP3, NA REG. DA BOLANHA DE NENECÓ, ONDE FORAM DEFINIDOS NOS SEGUINTES TERMOS A SUA LINHA DE CONDUTA:

- Que se o Gen. Spínola visitar a Guiné dará origem ao reinício da luta.

- Que o cessar-fogo por parte do PAIGC é da responsabilidade dos combatentes, dado não terem recebido directivas do S. G. nesse sentido, pelo que poderão recomeçar a luta quando o entenderem.

- Pretendem estabelecer contactos permanentes com metropolitanos, tropas africanas e Pop., pelo que solicitam autorização para enviar equipas de Com. Pol. para GANTURÉ – BIGENE – BARRO e BINTA – GUIDAGE.

- Que consideram a guerra como último argumento e que condenam a violência.

- Que não reiniciarão a luta armada sem aviso prévio e com antecedência às NT.

- Não têm grande esperança em que o diferendo seja resolvido entre o Governo Provisório e o PAIGC pelo que a solução final deverá ser forçada pelas NT que prestam serviço na Guiné.

- Que inicialmente pretendiam apenas contactar quadros metropolitanos, mas que agora pretendem também contactar Tropas Africanas, no sentido de as mesmas entregarem as armas, deixando de colaborar com as NT.

- Não querem voltar à guerra mas que têm um objectivo a conseguir, pelo que serão novamente guerrilheiros se essa for a última solução para conseguir o seu objectivo.

Não sei o que foi tratado neste encontro, mas tive acesso a este documento, que parece ser, pelo seu conteúdo, um memorando de ideias/convicções apresentado pelos dirigentes do PAIGC presentes no encontro com pessoal do COP3 (Bigene), cujos nomes não recordo, mas que era comandado pelo Major Carlos Alberto da Costa Campos.

4 de Julho de 1974 – Deixámos Guidage e fomos para Bissau (COMBIS).

Não fora o 25 de Abril e certamente que esta viagem só teria ocorrido um ano, no mínimo, mais tarde.

E hoje fico-me por aqui. Voltaremos a encontrar-nos.

Um abraço do
JOÃO DIAS DA SILVA.
__________

Notas de vb:
Adaptação do texto da responsabilidade de vb;

(1) Artigo relacionado em
6 de Maio de 2008 > Guiné 63/74 - P2812: Tabanca Grande (66): João Dias da Silva, ex-Alf Mil Op Esp da CCAÇ 4150 (Guiné 1973/74)

terça-feira, 6 de maio de 2008

Guiné 63/74 - P2813: Convívios (55): CCAÇ 4150, em Fátima no passado dia 27 de Abril

CCAÇ 4150, Cumeré, Bigene e Guidaje, 1973/74



Foto de família dos ex-militares da CCAÇ 4150, presentes em Fátima no dia 27 de Abril de 2008.

Foto : © Albano Costa (2008) . Direitos reservados.

Recebemos no dia 3 de Maio de 2008 uma mensagem do camarada Albano Costa a dar conta do Encontro anual da CCAÇ 4150.

Caro Editor e co-editores

Foi no passado domingo, em Fátima, mais um convívio da CCAÇ 4150, só agora estou a dar a notícia um pouco atrasado, mas mais vale tarde do que nunca.
Estiveram reunidos no convívio trinta ex-combatentes e as suas respectivas famílias.

Não sei se é da crise ou não, só sei que somos muitos mais, e que faltaram, desculpando os que infelizmente já partiram e parece praga, agora cada ano que passa lá vem a má notícia de mais um colega que nos deixa.

O resto correu num ambiente de franca camaradagem, e com saúde para continuar, afinal ficou logo ali marcado o local para o próximo almoço, que irá ser na bonita cidade de Felgueiras, no norte de Portugal, terra de bom vinho e o celebre pão de ló.

Passe a publicidade, a organização do nosso convívio: o Ary e o Frade, antes de irmos para o restaurante deram-nos a conhecer uma aldeia recuperada, que fica na zona de S. Mamede (Fátima), que tem o nome de Pia do Urso, que eu irei lá voltar para ver melhor, porque no dia não deu tempo para muito.

Albano Costa
_________________

Nota dos editores:

(1) - Vd. poste de 10 de Abril de 2008> Guiné 63/74 - P2740: Convívios (49): CCAÇ 4150 em Fátima no dia 27 de Abril de 2008 (Albano Costa)

Guiné 63/74 - P2812: Tabanca Grande (66): João Dias da Silva, ex-Alf Mil Op Esp da CCAÇ 4150 (Guiné 1973/74)




João Dias da Silva
Ex-Alf Mil Op Esp
CCAÇ 4150
Cumeré, Bigene e Guidaje
1973/74


1. Em 21 de Abril de 2008, o nosso novo camarada João Dias da Silva enviava esta mensagem a Luís Graça:

Meu caro e amigo,
desculpe-me a familiaridade, Luís Graça.
Já há algum tempo que tive conhecimento deste blogue através de um amigo comum – o Albano Costa (CCAÇ 4150) –, mas, por esta ou aquela razão, que nem sei apontar, nunca me tinha predisposto a "fazer-lhe uma visita".

Antes de mais, uma apresentação muito sumária: chamo-me João Dias da Silva e fui alferes miliciano da CCAÇ 4150 (Cumeré, Bigene, Guidaje e Combis-Bissau), que nos finais de 1973 rumou a Guidaje e aí se manteve até meados do ano seguinte.

Em segundo lugar, quero manifestar, na sua pessoa, os meus sinceros e sentidos parabéns a todos quantos contribuem(ram) para esta página que é simplesmente fantástica (pelos conteúdos, pela apresentação, pela organização, pelo cuidado, enfim… pelo amor com que se fazem as coisas de que muito se gosta).
Muito obrigado.

Por último, a razão que, ao fim de tanto tempo, me levou a procurar-vos: é óbvio que a mola, que espoletou o impulso para quebrar a inércia, radica na Grande Reportagem sobre as exumações de Guidaje, que a SIC passou ontem no final do Jornal da Noite.

E porquê? Foi pena não ter sabido atempadamente, culpa minha por certo, de todo este movimento encabeçado pela Liga dos Combatentes, pois poderia, talvez, ter dado um pequeno contributo para complementar o croquis da zona das sepulturas.
É que, pouco depois de ter chegado a Guidaje fotografei o "Cemitério Militar de Guidaje", segundo a designação do citado documento, ou seja, pouco mais de meio ano sobre os enterros.

Embora tenha feito vários slydes nas áreas militar e civil, apenas um mostra especificamente o sítio das campas sinalizadas por cruzes de madeira.
Se, apesar de tudo, entender que poderá servir para algo, disponha.

Um abraço
João Dias da Silva


2. Em 24 de Abril de 2008 nova mensagem endereçada ao Blogue

Caros amigos
Com as visitas que tenho feito nos últimos dias ao blogue (o bichinho começa a corroer!) começo a aperceber-me do seu funcionamento e das normas de conduta e, a cada ida, mais visível se torna o trabalho hercúleo que ele representa, pelo que renovo os meus parabéns aos seus responsáveis directos, pois estão a prestar um grande serviço à comunidade em geral (acho que ninguém renega, ou pelo menos não deveria, renegar o seu passado) e, muito particularmente, a todos os que passaram pela Guiné.

Tal como já fiz em anterior contacto, repito a minha identificação João Dias da Silva, ex-Alferes Miliciano (Op. Esp.), n.º mecanográfico 11953971, CCAÇ 4150, Guiné, 1973/1974 e anexo as fotografias da praxe:

(1) Fotografia aposta na minha Carta de Identificação Militar, tirada no início do COM, em Mafra, e
(2) Actualmente.

Devo confessar que não sou um bom contador de factos/ocorrências passadas, não tanto porque não sou escritor, mas porque desenvolvo com muita facilidade mecanismos inconscientes de defesa que fazem com que facilmente se apague da memória tudo aquilo que provoca(ou) sofrimento. Aliás, no caso concreto, de quando em vez, há como que uns cliks sobre certos factos, mas que não sei bem se não terão mais a ver com narrações ouvidas aquando dos almoços da Companhia que vamos fazendo com alguma regularidade (não fora o empenho e o entusiasmo do Albano Costa e certamente que não seria tanto assim!) – o próximo, o XX Encontro-Convívio da CCAÇ 4150, será na zona de Fátima, já no domingo que vem, dia 27Abril –, em que situações vão-se clarificando ao jeito dum puzzle que se vai construindo.

Contudo, tenho algumas notas soltas, algumas fotografias e documentos, que irei retirar do fundo do baú (por certo que muitas delas já terão sido disponibilizadas/referidas pelo Albano Costa, sempre muito interessado em recolher tudo o que à nossa Companhia diga respeito – honra lhe seja feita! –, mas daqui também não vem mal ao mundo), e que porei à disposição de todos, dando mais um contributo, o meu, para a História que se está a escrever, para além de achar, pelo que tenho observado, que este blogue é um magnífico arquivo, na melhor acepção do termo.

Um forte abraço
João Dias da Silva


3. Em 29 de Abril de 2008, nova mensagem

Caros amigos
Em 23 de Abril de 2008, no "Guiné 63/74 – P2790: Quem pode ajudar a filha do nosso camarada Aliu Sada Candé?", o José Teixeira pedia informações sobre este comando africano.

Embora não tenha tido qualquer contacto ou relacionamento com qualquer destas pessoas, o facto é que estou a ler um livro que recentemente me ofereceram – referência bibliográfica: Bernardo, Manuel Amaro (2007) – Guerra, Paz e… Fuzilamentos dos Guerreiros. Guiné 1970-1980. Col. História Militar, Série Estudos e Documentos. Prefácio-Edição de Livros e Revistas, L.da. Lisboa. 402 pp. –, onde encontrei duas referências:

1.ª – pág. 80 - No Cap. V GRANDE ESFORÇO DE GUERRA EM 1973, ANEXO III Militares "Comandos" condecorados em combate na Guiné (Lista Provisória), ponto 3. Medalha de Cruz de Guerra (80+14/anter. refe.s aos das Torre Esp.), surge no 14.º lugar: "- Soldado Aliu Sada Candé – 1966.4"
A nota de rodapé 4 diz: "Fora graduado em Alferes e colocado na C.Caç. 21. Fuzilado em Bambadinca depois da independência."

2.ª – pág. 144 No Cap. VIII FUZILAMENTOS CLANDESTINOS NAS MATAS DA GUINÉ…, ANEXO III Lista dos Comandos Africanos Fuzilados na Guiné (Provisória), aparece na 22.ª posição: Nome, Posto / Colocação, Data/local fuzilamento Aliu Sada Candé 1, 4, 6 Inc. 6-5-1966 Alferes "Cmd" CCaç 21 (2.ª CCmds Af/74) n. 8-5-1944/Aldeia Formosa, Bambadinca.

As notas de rodapé indicam as fontes:
1 – Queda Sambú (quadro superior/dissidente do PAIGC, em 1987). "Ordem para Matar (…)". Lisboa, Ed. Referendo, 1989.
4 – Informação da Ass. Cmds.
6 – Em Junho/73 fora nomeado para a CCaç 21, extinta em AGO74, tendo regressado à CCmds onde pertencia (relação de documentos de matrícula em arquivo/ex-RCmds).

Que estas migalhitas possam ajudar o Zé Teixeira, lembrando-lhe que a esperança é a última a morrer (o povo é quem mais sabe!...).

Um grande abraço
João Dias da Silva


4. Em 3 de Maio o nosso Editor Luís Graça rtespondia ao João nos seguintes termos:

Meu caro João:
O Albano já me tinha falado em ti (tratamo-nos todos por tu aqui na nosa Tabanca Grande), como velhos camaradas que fomos e continuamos a ser... O teu texto e as tuas duas fotos chegaram em boas condições.
O Carlos Vinhal, meu co-editor, fará a gentileza de te apresentar, no blogue, ao resto do pessoal.

Obrigado pelo teu interesse, as tuas palavras amigas e amáveis, e o teu desejo de te juntares ao grupo, já extenso, de amigos e camaradas da Guiné.

Vamos fazer um III Encontro Nacional no dia 17´de Maio, em Monte Real, Leiria. Se quiseres e puderes, aparece. (Já agora, onde moras?).

Um Alfa Bravo
Luís Graça


5. Em 4 de Maio vinha a resposta

Luís e restantes co-editores
Obrigado pelo mail.
Folgo em saber que consegui atravessar com êxito esta "bolanha", já que os meus textos chegaram finalmente.
A apresentação na Tabanca Grande acontecerá quando tiver que acontecer, pois, imagino eu, terão muito material para ver e publicar.
Conforme as minhas disponibilidades e disposição irei mandando alguns contributos mais.

E, porque me perguntavas, moro em Coimbra.

E já agora, para vosso governo, acrescento que me aposentei em 31 de Julho de 2006, após 30 e tal anos de trabalho na Polícia Judiciária – em Lisboa, Coimbra, Açores/Ponta Delgada (Responsável pelo Departamento local) e Porto (Subdirector Nacional Adjunto) – e sou Licenciado em Geografia–Ordenamento do Território e Desenvolvimento.

Um forte abraço
João Dias da Silva


6. Comentário de C.V.

Caro Dias da Silva, chamo a isto uma entrada em grande.
Vamos aos elogios.
Tudo o que dizes sobre o nosso Blogue dá-nos uma certa vaidade pois a nossa ideia é que ele seja um arquivo histórico com narrativas e testemunhos na primeira pessoa e não o vulgar diz que disse que viu.

Pessoalmente não me revejo nos teus elogios, pois a minha colaboração passa despercebida. Grande homenagem temos que prestar ao Comandante Luís Graça que tomou em ombros tamanha tarefa.

Todos os membros da tertúlia estão igualmente de parabéns, porque cada um à sua maneira, contribui com as sua narrativas, avivando a memória colectiva e não deixando que se apaguem as páginas de um passado que não pode ser ignorado.

Portugal, como tantos países à época, era uma potência colonial e, o seu erro foi não programar a retirada dessas colónias, a tempo de evitar uma esperada guerra de libertação que iria custar milhares de vidas em ambos os lados das barricadas.

Obrigado pela tua colaboração em relação ao nosso ex-camarada Aliu Sada Candé. Faremos chegar estas informações ao Zé Teixeira.

Em nome da Tertúlia envio-te um abraço de amizade e boas vindas.
Não esqueças que assumiste implicitamente a obrigação de aumentares espólio do nosso Blogue.

terça-feira, 22 de abril de 2008

Guiné 63/74 - P2786: Ninguém Fica para Trás: Grande Reportagem SIC/Visão (4): Fiquei bastante comovido mas mais confortado (Albano Costa)



Guiné-Bissau > Região de Cacheu > Guidaje (ou Guidage, os nossos cartógrafos usavam as duas grafias, um delas certamente por lapso; de qualquer modo, a confusão linguística está lançada: é como Guileje, Guilege ou Guiledje... Vednha a ratificação do acordo ortográfico!) > Novembro de 2000 > Bolanha do Cufeu > Belíssimas imagens do Albano Costa, tiradas no seu regresso àquela terra e aquele chão, que ele ama tanto... O Albano fez uma comissão relativamente tranquila em Guidaje, depois de passados os trágicos acontecimentos de Maio de 1973. O nosso amigo e camarada de Guifões, Matosinhos, onde exerce a sua actividade de fotógrafo profissional, pertenceu à CCAÇ 4150 (1973/74). Mais fotografias de Guidage (bem como dos antigos destacamentos de Bigene e de Binta) podem ser vistos aqui.

Estas fotos da bolanha onde os pára-quedistas da CCP 121 conheceram o dia mais negroi das suas vida (se acordo com o testemunho do Victor Tavares), contrastam também com as imagens brutais de corpos abandonados e viaturas calacinadas já aqui também publicadas pelo ex-1º Cabo Comando Amílcar Mendes, da 38ª CCmds (2).

Fotos: ©
Albano Costa (2008). Direitos reservados.

1. Mensagem do Albano Costa:

Assunto - Exumação dos mortos de Guidage

Caros Editor e co-editores:

Finalmente, quase ao fim de 35 anos os nossos mortos deixaram Guidage (1), terra que reteve oito meses da minha juventude, foi o tempo que permaneci naquele bocado de terra, oito foram os mortos da metrópole que lá ficaram este tempo todo, mas morreram lá muitos mais (2).

Guidage não fica a quilómetros, como foi dito na peça mas, sim, faz fronteira com o Senegal, era e é uma terra de ninguém aonde não existia comércio nenhum (e em Novembro de 2000 quando lá voltei, não vi sinais nenhuns de desenvolvimento).



Guiné > Região do Cacheu > Guidaje > CCAÇ 4150 (1973/74) > Planta do quartel, posterior a Maio de 1973.

Imagem: ©
Albano Costa (2008). Direitos reservados.



Estavamos isolados de tudo e de todos. É que na peça mistura-se imagens de Guidage e Farim e, para quem não conhece, julga que em Guidage até passa um rio, mas o rio que se vê, é o rio Cacheu, em Farim.

Estive a ver bastante comovido a reportagem da exumação dos mortos, confesso que me saiu um peso de cima de mim, quando abandonei aquele espaço já depois do 25 de Abril, ficou sempre no meu pensamento, será que alguma dia estes nossos colegas - que eu não os conheci - serão entregues aos seus familiares ?!...

Ainda bem, que isso vai acontecer, mas também gostaria de ver os restantes cinco, que a família fosse informada pela Liga, se estavam interessados em reaver os seus familiares, a exemplo do Gabriel Ferreira Telo, da Madeira. Como diz a sua irmã e como se vê na peça, irá ser um momento muito feliz para a sua família, quando isso acontecer.... Mas será que os familiares dos restantes quatro não tem os mesmos direitos, será que eles não estavam a lutar pelos mesmos ideais da altura, será que o país não se está a perceber que os seus filhos não estão a ser tratados por igual?...

Gostaria de ver a Liga dos Combatentes fazer um esforço para que o Geraldes, o Ferreira, o Machado e o Jerónimo pudessem ter o mesmo destino, assim como todos os que sucumbiram em defesa da Pátria... E muitos vou pensar, mais um lirico, pois é, só quem lá deixou um seu famíliar é que tem o direito de pensar se vale ou não vale a pena!.... Deu para sentir como as famílias vão ficar, por ver que, com o regresso de seus filhos, vão poder finalmente fazer o luto.

Ainda bem que a Conceição Maia (irmã do Vitoriano) e o Manuel Rebocho mexeram com o mundo pára-quedista e deram sentido à palavra de ordem Ninguém fica para trás... Foi bom ver, ouvir e sentir, além dos três pára-quedistas, valeu a pena por eles, pode ser que outros os vão seguir, quer queiram quer não queiram, é uma justiça que se faz aos nossos compatriotas que não tiveram a sorte de voltar com vida.

Guiné > Guidaje > Maio de 1973 > Croquis do plano de operações da Op Ametista Real, planeada e executada sob o comando do Ten Cor Almeida Bruno, para pôr fim ao cerco de Guidaje. Foi uma das mais curtas, sangrentas e brutais batalhas travadas durante a guerra da Guiné. Acabou por aliviar a pressão sobre Guidaje. Tratou-se de uma operação em solo senegalês, tendo como objectivo a destruição da base de Kumbamory, o que foi conseguido na manhã de 20 de Maio de 1973. O número de baixas foi elevado para ambos os lados: 67 mortos, do lado do PAIGC (que sofreu, além disso, a destruição de 22 depósitos de material de guerra); 25 mortos, do nosso lado (incluindo 2 alferes), e 25 feridos graves (incluindo 3 oficiais e 7 sargentos). A operação (o assalto à base do PAIGC) foi executada exclusivamente pelo Batalhão de Comandos Africanos, comandados por "quatro oficiais europeus" (sic): o tenente-coronel Almeida Bruno e os seus três comandantes de agrupamento, os capitães Raúl Folques (que ficaria gravemente ferido) e Matos Gomes e o capitão pára-quedista António Ramos (este último comandando o agrupamento a que ficou adstrito o grupo especial comandado pelo Alferes Marcelino da Mata) (3).

Documento fornecido ao Albano Costa pelo José Afonso (ex-furriel miliciano da CCAV 3420, de que era comandante o capitão Salgueiro Maia, e que já em fim de comissão, em Bissau, foi enviada em socorro de Guidaje). O José Afonso é membro da nossa tertúlia e mora no Fundão (4).

Imagem: ©
Albano Costa (2008). Direitos reservados.

Envio umas fotos que são da Bolanha do Cufeu, no tempo das chuvas, o mesmo sítio, onde o Cor Calheiros está a explicar à irmã do Vitoriano como foi o acidente da sua morte, eu que atravessei muitas vezes aquele local sei muito bem a tensão que era quando a nossa tropa tinha que atravessá-lo para vir a Binta e voltar novamente a Guidage. Quando lá voltei, ao passar no local, passado muitos anos para rever aquele torrão, toda a tensão veio de novo ao de cima.

Albano Costa
_________

Notas dos editores:

(1) Vd. poste anterior desta série:

22 de Abril de 2008 > Guiné 63/74 - P2785: Ninguém Fica Para Trás: Grande Reportagem SIC/VIsão (3): Sabemos ao menos quem foram e onde estão ? (Luís Graça)

(2) Vd. postes do Amílcar Mendes:

2 de Novembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCLXV: Apresenta-se o 1º Cabo Comando Mendes (38ª CCmds, 1972/74)

27 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1123: Um espectáculo macabro na bolanha de Cufeu, em 1973 (A. Mendes, 38ª Companhia de Comandos)

22 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1199: A vida de um comando (A. Mendes, 38ª CCmds) (1): Sete anos de serviço

22 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1200: A vida de um comando (A. Mendes, 38ª CCmds) (2): Um dia de Natal na mata de Caboiana-Churo )

22 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1201: A vida de um comando (A. Mendes, 38ª CCmds) (3): De Farim a Guidaje: a picada do inferno (I parte)

23 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1203: A vida de um comando (A. Mendes, 38ª CCmds) (4): De Farim a Guidaje: a picada do inferno (II Parte)

23 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1205: A vida de um comando (A. Mendes, 38ª CCmds) (5): uma noite, nas valas de Guidaje

24 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1207: Guidaje, Maio/Junho de 1973: a 38ª CCmds, na História da Unidade (A. Mendes)

24 de Outubro de 006 > Guiné 63/74 - P1210: A vida de um comando (A. Mendes, 38ª CCmds) (6): Guidaje ? Nunca mais!...

30 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1223: Soldado Comando Raimundo, natural da Chamusca, morto em Guidaje: Presente! (A. Mendes, 38ª CCmds)

4 de Abril de 2008 > Guiné 63/74 - P2719: Guidaje, Maio de 1973: Só na bolanha de Cufeu, contámos 15 cadáveres de camaradas nossos (Amílcar Mendes)

24 de Outubro de 006 > Guiné 63/74 - P1210: A vida de um comando (A. Mendes, 38ª CCmds) (6): Guidaje ? Nunca mais!...

(3) Vd. posts de:

16 de Agosto de 2005 > Guiné 63/74 - CLXXV: Antologia (16): Op Ametista Real (Senegal, 1973) (João Almeida Bruno)

26 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1316: A participação dos paraquedistas na Operação Ametista Real: assalto à base de Kumbamory, Senegal (Victor Tavares, CCP 121)

(4) Vd. poste de 3 de Fevereiro de 2006 > Guiné 63/74 - CDXCVI: Salgueiro Maia e os seus bravos da CCAV 3420 (Guidage, Maio/Junho de 1973) (José Afonso)

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Guiné 63/74 - P2740: Convívios (49): CCAÇ 4150 em Fátima no dia 27 de Abril de 2008 (Albano Costa)

CCAÇ 4150, cuja divisa era: Força, União e Vontade

Recebemos, em 9 de Abril, uma mensagem do nosso camarada Albano Costa dando conta do próximo Almoço/Convívio da sua Companhia

Caros amigos Luís, Vinhal e Briote
Aqui vai mais um pedido de publicação, para o nosso blogue, se assim o entenderem e se houver disponibilidade para tal.

O Almoço-Convívio da CCAÇ 4150 "Os Apaches do Norte", que esteve em Bigene e Guidage, vai realizar-se no próximo dia 27 de Abril de 2008, em Vale das Barreiras - Fátima.

A concentração vai ser a partir das 10h30, junto à nova Igreja da Santíssima Trindade, com visita à mesma, seguida de visita à "Pia do Urso".

Segue-se depois em caravana para o Restaurante Arisol.

Na ementa não podia faltar o respectivo bacalhau e a seguir uns medalhões de vitela e porco.
Sobremesa variada e a respectiva pinga.
Para finalizar o bolo com o símbolo da Companhia, (que pena no tempo de guerra, bolo nem vê-lo, pelo menos no mato.

O preço por pessoa é de 22,50€.

As marcações estão a cargo de:
Ari Alves, telefones 244002446 - 918174263;
Duarte Frade, telefones 249849019 - 912919581.

Um abraço para todos,
Albano Costa

quarta-feira, 9 de maio de 2007

Guiné 63/74 - P1741: Convívios (1): CCAÇ 4150, Guidaje e Bigene (1973/74): V.N. Gaia, 6 de Maio de 2007 (Albano Costa)

Vila Nova de Gaia > Restaurante Salgueirinhos 2 > 6 de Maio de 2007 > X Convívio do ex-militares da CCAÇ 4150 (Guidaje e Bigene, 1973/74). O camarada Albano Costa, membro da nossa tertúlia, é o primeiro da primeira fila, a contar do lado direito. É, até ao momento, o primeiro e o único daquela unidade na nossa tertúlia. Em Novembro de 2000, ele voltou à Guiné e visitou, entre outras localidades, Guidaje e Bigene.

Foto: © Guidaje e Bigene. Este ano foi em V.N. de Gaia, no Restaurante Salgueirinhos2.

É sempre agradável ver colegas de todos os pontos do País a devorar quilómetros para se juntar no encontro, e saber novidades de quem vem de novo. E este ano vieram três, ficaram muito admirados, não imaginavam encontrar colegas que lá longe e com tanto anos de distância ainda pudessem vir a encontrar.

Agora também começa e ser notícia, pela negativa, o caso dos colegas que vão partindo para o lado de lá. Paz à sua alma...

Envio a foto do grupo. Estavam todos bem dispostos.

Albano Costa

sexta-feira, 1 de dezembro de 2006

Guiné 63/74 - P1333: A grande emoção de recordar Cufeu e Guidaje (Albano Costa, CCAÇ 4150)

Guiné- Bissau > Região do Cacheu > Guidaje > Novembro de 2000 > "Foto tirada no Cufeu, quando parámos para o almoço... Hoje está um pouco diferente do que era no meu tempo, em 73/74" (Albano Costa, ex-1º cabo da CCAÇ 4150, Guidaje, 1973/74).

Foto: © Albano Costa (2006). Direitos reservados.


Texto do Albano Costa, recebido em 15 de Novembro de 2006

Comentário de L.G.:
O Albano habituou-se à grafia Guidage, e não consegue escrever Guidaje... Vou respeitar a sua vontade, além de lhe agradecer este texto singelo e solidário, de grande autenticidade humana... Sei que lhe fez muito bem voltar à Guiné, em Novembro de 2000, ainda para mais na companhia do seu filho Hugo, que fez uma excelente - e já muito badalada aqui, no blogue - reportagem da viagem (3 CD, 6 horas, belas imagens, óptima música em fundo, enfim, um trabalho profissional)...

Caro Luís Graça:

Estive uns dias ausente da Net, mas já regressei e tenho estado muito atento ao que se tem escrito sobre o que se passou em Guidage no ano de 1973 (Maio e Junho). É um assunto que me interessa saber e muito, pena que só agora comece a ser contado o que se passou.

A minha companhia não estava lá nessa altura, só foi destacada para Guidage mais tarde. Quando lá chegámos, não sabíamos exactamente o que se tinha passado. Naquela altura era tudo muito fechado, a maioria dos militares que para lá foram na altura do conflito já lá não estavam, vieram embora, e os relatos que agora leio confirmam-no.

Quando lá chegámos só lá estava a CCAÇ 19, companhia, essa, africana. Só os especialistas e graduados eram brancos. Procurava-se não comentar muito para não destabelizar as tropas. Os militares brancos que pertenciam à CCAÇ 19 estavam psicologicamente traumatizados e procuravam não falar sobre o que tinha acontecido. Limitavam-se a dizer que não desejavam a ninguém o que tinham passado. Por seu turno, os nossos quadros superiores procuravam ocultar o sucedido para manter as tropas psicologicamente activas.

Quem conhece Guidage - e eu conheço muito bem, estive lá oito meses -, era um destacamento completamente isolado, ficava mesmo na fronteira com o Senegal. Não se passava nada a não ser receio, não havia gente nova, não era sítio de passagem, ninguém lá ía, eramos sempre os mesmo, enfim, não foi fácil. O isolamento era total, só faziamos colunas de 15 em 15 dias, fora disso estavamos ali sozinhos.

Quando saíamos de Guidage era só para fazer reconhecimento no mato para ver se o IN estaria a organizar algum ataque ou para vir a Binta em coluna sempre com bastantes militares.

Ninguém se atrevia naquela altura a fazer o percurso de Guidage a Binta sem ser em coluna, e aí tinhamos que passar pelo Cufeu. Era sempre com muito cuidado, passávamos sempre pelo cemitério. As NT perderam lá meia dúzia de viaturas e também sabíamos que tinham morrido colegas nossos... Sempre com muito cuidado falava-se que ali tinham havido grandes confrontos com o IN. Toda a gente queria evitar passar lá, mas ao mesmo tempo tínhamos que fazer as colunas.

O Cuféu tornou-se para todos os militares do meu tempo um lugar de muito respeito a partir daquela data. Quando lá se passava dava sempre um calafrio pela nossa espinha dorsal. Só quem lá esteve é que o sente, e eu, ao ler estes textos, deu-me para ver que todos os ex-militares que estiveram nessa altura no conflito, não conseguem esquecer. E não é para menos, todo aquele percurso faz medo, e esse medo ainda hoje os atormenta como lemos nas suas estórias e eu sei que é verdade, mas peço-lhes: Contem tudo o que vos vai na alma, que vão sentir-se melhor a falar nessas coisas...

Eu sei que há colegas que ainda hoje não gostam de falar nisso, vivem atormentados, por isso fiquei muito contente que o A. Mendes e o Vítor Tavares tenham desabafado um pouco da sua vivência. Não parem, passem tudo cá para fora, eu também sofri, mas de maneira diferente, sempre com o pressentimento de que a qualqer momento o IN poderia voltar à carga. E, como já disse, só podiamos ser ajudados por Bigene ou Binta, não tínhamos mais ninguém próximo.

Quando lá fui em 2000, ao passar no Cuféu tudo veio ao meu pensamento, tive momentos de muita tristeza, quem já viu o meu vídeo da viagem dá para notar: é nessa passagem, quando atarcesso Cufeu e Ujeque até chegar a Guidage. Aí, para mim tudo começou a ser diferente, a Guiné passou a ter outra beleza.

Todos os ex-militares que lá estiveram nessa altura, muito, muito difícil, sofreram mesmo muito. Eu quase fiquei paralizado ao ler os vosso testemunhos, confesso que as lágrimas correram pela cara abaixo, mas agora estou a sentir-me muito bem a ler estas estórias, que a história nunca irá contar, por isso caros camaradas desabafem, que vos faz bem.

A minha companhia andou por lá, durante meses, sempre com o mesmo pressentimento que a qualquer momento poderíamos passar por tudo o que vocês passaram. Psicologicamente foi muito complicado, nós estavamos isolados, não tínhamos aviação, estavamos ali à nossa sorte. É que ninguém lá ia a não sermos nós, que tínhamos que vir a Binta sempre que era preciso, não íamos porque queriamos, mas sim quando havia necessidade e isso foi durante todo o tempo em que lá estivemos.

Seria muito bom que estes nossos colegas tivessem possibilidades de lá voltar agora, iriam sentir-se muito mais aliviados, e todo o sofrimento que ainda hoje carregam, estou convencido que se esvaziava.

Quanto ao cemitério que foi o Cufeu e Guidage, eu sempre ouvi falar que morreu lá muito gente, mas ao certo nunca soube quantos. E não sei se alguém sabe ao certo, visto que o conflito se arrastou por vários dias, e não foi sempre com os mesmos combatentes. Enquanto lá estive tivemos apenas uma emboscada no Cufeu, e umas minas na picada.

Quanto ao irem recuperar os nossos mortos a Guidage, ficarei muito satisfeito, mas espero que o lema Ninguém fica para trás, seja para todos os que lá ficaram, afinal são todos portugueses.

Um abraço,
Albano Costa

sábado, 14 de outubro de 2006

Guiné 63/74 - P1175: Uma Chaimite no Cacheu (Albano Costa)

Albano Costa, ex-1º Cabo, CCAÇ 4150, Bigene e Guidaje, 1973/74. O nosso fotógrafo de Guifões, um apaixonado da Guiné e das suas gentes. Com muita pena dele, não poude estar hoje no encontro da nossa tertúlia, na Ameira, em Montemor-o-Novo, devido a compromissos profissionais.

Texto e foto: © Albano Costa (2006)

Caro Luís Graça:

Sobre as Chaimites (1): só uma única vez a minha companhia teve a companhia de uma Chaimite, foi quando saimos do Cumeré com destino a Bigene e Guidage (2) nunca tivémos Chaimites nas nossas colunas.

Albano Costa
__________

Nota de L.G.:

(1) Vd. posts de:



(2) O nosso querido amigo e camarada Albano diz-me que não consegue escrever Guidaje com "j"... Sempre escreveu Guidage e continuará a fazê-lo... Porém os nossos cartógrafos militares escreviam Guidaje... Tenho visto as duas grafias. Ainda não tenho uma opinião definitiva sobre o assunto, mas inclino-me mais para a grafia dos Serviços Cartográficos do Exército: são uma fonte autorizada (vd. carta de Guidaje, 1954).