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segunda-feira, 26 de agosto de 2024

Guiné 61/74 - P25886: Manuel de Pinho Brandão: entre o mito e a realidade - Parte V: "Colaboracionista" ? (Manuel Luís Lomba, autor de "Guerra da Guiné: A Batalha de Cufar Nalu", 2015)


Capa do livro do nosso camarada de 
Barcelos,  Manuel Luís Lomba, 
(Terras de Faria, Lda. 4755-204, 
Faria,  Barcelos, 2012).
 
Uma batalha de meses, 
que começou  em 20/21 de dezembro
 de 1964  (Op Ferro, com forças das
CCaç 617 e 728, CCav 703
 e 4ª CCaç).  
Ver aqui 

1. Escreveu o Manuel Luís Lomba, autor de "Guerra da Guiné: a Batalha de Cufar Nalu" (Barcelos, 2014); ex-fur mil cav, CCAV 703/BCAV 705, Bissau, Cufar e Buruntuma, 1964/66):


(...) A Operação Tridente, acontecida há quase 60 anos, foi a primeira grande manobra da Guerra da Guiné, o BCav 490 os seus actores principais, as ilhas do Como, Caiar e Catunco o seu palco, foram 72 dias de combates na mata e em campo aberto.

A segunda grande manobra foram as Operações Campo, Alicate I e II, a CCav 703 os seus actores principais, o seu palco foi Cufar, a sua malta escavou abrigos em todo o perímetro da sua desmantelada fábrica de descasque de arroz e viveu 63 dias como toupeiras, mais sob a terra que sobre a terra. 

 A Operação Tridente, entre janeiro e março de 1964, foi a “guerra da restauração” da soberania portuguesa sobre aquelas três ilhas, então a “República Independente do Como”, proclamada por Nino Vieira, abandonadas em 1962 pelo fazendeiro Manuel de Pinho Brandão, originário de Arouca (constava que passara a fornecedor do PAIGC).

As operações “ Campo”, “Alicate I, II,´” e “Razia”, entre dezembro de 1964 e maio de 1965, foram a “guerra da restauração” da soberania portuguesa sobre a “área libertada” de Cufar, começada com a 
ocupação da tabanca e das ruínas da fábrica de descasque de arroz, abandonada pelo fazendeiro Álvaro Boaventura Camacho, madeirense originário de Cabo Verde (patrão e o “passador” para Conacri do então alfaiate e futebolista Bobo Quetá), continuada com a expugnação da base da mata de Cufar Nalu, comandada por Manuel Saturnino Costa, ora aumentada e reforçada com a força retirada do Como, consolidada em 15 de junho pelas CCaç 763, 764 e 728 (Operação Satan?). (...) (*)


2. Comentário do editor LG:

Gostava de saber se o nosso querido amigo e camarada Manuel Luís, o nosso "alcaide de Faria" (última reincarnacão...), tem mais alguma informação adicional sobre estes dois grandes comerciantes e proprietários do sul da Guiné, o Manuel de Pinho Brandão e o Álvaro Boaventura Camacho. Como outros colonos, ficaram com a fama (e se calhar o proveito) de terem sido "colaboracionistas"... 

Um era o dono da ilha do Como, o  outro o patrão de Cufar... O que lhes terá acontecido com a guerra e a depois da guerra, se é que chegaram ao "fim do filme" ?... Ambos terão feito fortuna com o arroz... dos balantas.

Já se escreveram coisas provavelmente fantasiosas sobre o Manuel de Pinho Brandão (**)... Não sabemos como nem quando  chegou à Guiné, nem muito menos quando e onde morreu..

Em 1964 correu um processo de expulsão de dois homens, de apelido Pinho Brandão... Um deles pode ser o nosso Manuel de Pinho Brandão e o outro pode muito bem também ser o seu filho  Francisco ("Chiquinho" ?).

Estamos à espera que  alguém consiga aceder a este documento do Arquivo Histórico Diplomático... A expulsão do território, provavelmemnte ao tempo do novo governador e com-chefe Arnaldo Schulz,  faria sentido no caso de o homem pactuar (ou ter pactuado) com o IN...


Código de Referência: PT/AHD/MU/GM/GNP/RNP/0559/08865

Título: Expulsões de Manuel de Pinho Brandão e Francisco Pinho Brandão

Data(s): 1964 

(...) Notas: Classificador do Arquivo do Gabinete dos Negócios Políticos: P17: Segurança Nacional: Sanções Penais aos colaboracionistas com os inimigos.

Entidade detentora: Arquivo Histórico Diplomático. (Negritos nossos)

_____________

Nota do editor:  

(*) Vd.  29 de outubro de 2020 >  Guiné 61/74 - P21492: (In)citações (172): Crónica da Guerra da Guiné, segundo um seu Veterano - Parte I (Manuel Luís Lomba, ex-Fur Mil Cav da CCAV 703)

(**) Último pposte da série > 23 de agosto de 2024 > Guiné 61/74 - P25873: Manuel de Pinho Brandão: entre o mito e a realidade - Parte IV: Proprietário ou concessionário de terras ?

sábado, 13 de julho de 2024

Guiné 61/74 - P25740: Elementos para a história do Pel Caç Nat 51 - Parte VIII: Cufar, no tempo do Manuel Luís Lomba (1965), do Armindo Batata (1970) e do Luís Mourato Oliveira (1973)



Foto nº 1 > Guiné > Região de Tombali > Cufar > Pel Caç Nat 51 > s/d (c.1970) > A pista de Cufar

Fotos (e legenda): © Armindo Batata (2012). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


Foto nº 2> A antiga pista de Cufar, usada pela Força Aérea Portuguesa durante a guerra colonial (1961/74). Posto de sentinela do tempo da CART 2477 (Cufar, 1969/71). (**)

Fotos (e legenda): © Martin Evison  (2022). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Foto nº 3 > Guiné > Região de Tombali > Cufar > 1973 > Fonte com bomba manual de volante com roda de balanço... Vinho empo do colono cabo-verdiano, grande produtor e comerciante de arroz, Álvaro Boaventura Camacho que terá cedido estas instalações (incluindo o aeródromo) à administração do território, com o início da guerra. Ainda se vêm em Portugal em muitas terras da província. Era uma tecnologia que se vulgarizou no séc- XIX:
Foto (e legenda): © Luís Mourato Oliveira (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].

1. Mensagem enviada,  ao Armindo Batata, pelo editor LG, com data de 18/06/2024, 17:09

Armindo: Aqui tens mais um poste sobre o teu Pel Caç Nat (ou só Pel Caç 51, como vem nos livros da CECA sobre a atividade operacional) e sobre Cufar com algumas das tuas fotos de Cufar "reeditadas" e legendadas. (***)

Toda esta zona (Catió / Cufar ) era o grande celeiro da Guiné, com as melhores e maiores bolanhas... Os balantas de Mansoa começaram a emigrar para aqui, nos anos 20/30, expulsando para as florestas-galeria do Cantanhez "os donos do chão", os nalus, hoje minoritários... Mas também vieram chineses de Macau,  deportados da metrópole, colonos de Cabo Verde... (O contributo dos chineses de Macau, no início do séc. XX, foi decisivo para  o desenolcimento e o sucesso da cultura do arroz, no sul da Guiné, segundo o António Estácio,1947-2022)

O dono de Cufar era o "ponteiro, cabo-verdiano, Álvaro Boaventura Camacho, que nos anos 30 conseguiu uma importante concessão de terras...Era um grande produtor e comerciante de arroz. A fábrica de descasque era dele... 

Tinha uma pista de aviação, ao que parece. Terá cedido ou alugado tudo à tropa no início da guerra... Sabes algo mais sobre ele ? 

Cufar, como sabes, era a "Bissalanca do Sul", com uma pista de aviação, alcatroada com 2,2 km de comprimento... O António Graça de Abreu escreveu bastante sobre Cufar, esteve lá de meados de 1973 até abril de 1974, no CAOP1 (que já não é do teu tempo)...

"Mantenhas". Vamos estando em contacto... e recuperando memórias destas nossas subunidades africanas... de que, infelizmente, "não reza a história"! (Não têm "fichas de unidade", nos livros da CECA - Comissão para o Estudo das Campanhas de África)

PS1- Tens alguma ideia do alferes que foste render ? Provavelmente nem o conheceste... O primeiro comandante, como te disse, era o João Perneco (Guileje, 1966/68), que será alentejano...Já publicámos há dias uma foto de grupo dele..

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2024/06/guine-6174-p25654-elementos-para.html

E do teu 1º cabo trms, que sabia latim e grego, o José Maria Martins da Costa, autor do "Silvo da Granada" ? Tens alguma notícia dele ? Deve viver no Porto...

PS2 - O teu Pel Caç Nat 51 continuava em Cufar (em 1 de julho de 1971 e 1 de julho de 1973).



2. Resposta do do Armindo Batata 

Data - 1/7/2024, 17:08

Caro Luís Graça


Puxando pela memória, surge de facto o tal Camacho. Passou por Cufar quando eu lá estive, i.e., em 1970, tendo viajado em avião civil. 

Na altura perguntei de quem se tratava e a resposta que obtive foi a de que era o dono de Cufar, das instalações que ocupávamos e defendíamos, a quem o exército pagava renda. Recordo-me que foi resposta mais do que suficiente para voltar as costas e continuar com o que estava a fazer.

O alferes que me rendeu, nos últimos dias de dezembro de 1970, foi o Manuel Rosa. Creio não estar enganado no nome, até porque conheci-o na metrópole onde estive de férias,  no final da minha comissão, tendo regressado quando me faltava cerca de um mês para completar os 24 meses. 

O pai dele tinha uma loja de pneus na Rua São Filipe Neri, em Lisboa,  e almocei com ele e a família numa casa que eles tinham em Dona Maria / Belas. Imagina o quanto constrangedor foi aquele almoço, em que todos queriam saber "coisas" sobre o local para onde ele ia.

Quanto ao 1º cabo de transmissões José Maria Martins da Costa, sabia que ele tinha sido seminarista mas pouco mais soube. 

O cabo de transmissões, assim como o maqueiro, eram incorporados na escala de serviços da companhia para as saídas, o que limitava bastante os contactos e relacionamento, que em Guileje eram mais frequentes precisamente por sairmos menos do que em Cufar. 

O que retenho sobre ele não tem interesse algum para esta recuperação de memórias que em boa hora iniciaram. Quanto ao livro (o "Silvo da Granada"), de que nunca tinha ouvido falar, vou tentar encontrá-lo.

Abraço, 
Armindo Batata

Capa do livro do nosso camarada de Barcelos, 
Manuel Luís Lomba,“A Batalha de Cufar Nalu” 
 (Terras de Faria, Lda. 4755-204 – Faria, 
Barcelos, 2012). Uma batalha 
de meses, que começou 
em 20/21 de dezembro de 1964
 (Op Ferro, com forças das
CCaç 617 e 728, CCav 703 e 4ª CCaç).  
 


3. Comentário do Manuel Luís Lomba ao poste P18074 (**)
[ O Manuel Luís Lomba foi fur mil cav, CCAV 703/BCAV 705, Bissau, Cufar e Buruntuma, 1964/66, autor de "Guerra da Guiné: a batalha de Cufar Nalu", 2012; membro da Tabanca Grande desde 17 set 2012].
 
Olá, Luís  (Oliveira):
Antes da guerra, Cufar seria o principal centro da produção arrozeira do chamado celeiro da Guiné - Catió e Cacine. O edifício da vossa "intendência" era o que restava da moderna fábrica de descasque de arroz, que pertencera ao cabo-verdiano de origem madeirense Álvaro Boaventura Camacho

O abrigo subterrâneo parece dos escavados por nós (em 1965). A bomba de picota também é desse tempo. 

A pista de Cufar era a segunda maior da Guiné, inaugurada em 1958 pelo PR  General Craveiro Lopes, na ocasião da inauguração do aeroporto/aeródromo da base de Bissalanca, transitado de Brá (futuro aquartelamento da Engenharia, dos Comandos, dos Adidos e futuro Ministério das Obras Públicas da República da Guiné-Bissau).

A nossa subunidade (CCav 703) ocupou Cufar: a fábrica e a povoação estavam totalmente destruídas, por acções de guerra, entre Janeiro e Março de 1965, em operação de "intervenção às ordens do Comando-chefe"; em Dezembro de 64 participara na operação à mata de Cufar-Nalu e em Maio de 65 foi recorrente na operação que limpou essa mata, pelo desempenho decisivo da CCaç 763, do camarada Mário Fitas, que nos havia rendido na ocupação de Cufar. 

Nessa altura, a base de Cufar Nalu do PAIGC era comandada por Manuel Saturnino Costa, que virei a conhecer pessoalmente como ministro das Obras Públicas de consulado de 'Nino' Vieira e que chegará a seu Primeiro-ministro, ainda vivo, creio eu, - os meus votos da melhor saúde. [ Nascido em 1942, em Bolama, morreu em Bissau, em 2021, aos  78 anos: era irmão do Vitorino Costa].

Falei há dias com o ex-alferes Ramos Sequeira, julgo que foi o último comandante do pelotão de canhões s/r de Cufar 
[Pel Canh s/r 3079 ?] , recentemente regressado da visita a Cufar, que me disse: "Cufar encontra-se destruída e abandonada, os seu campos de arroz não foram recuperados, o capim vai até à pista de aviação que, do seu contributo à guerra da Guiné, passou a contribuir para a sua desgraça".

E como o blogue me permite, informo-te que sou autor de um livro centrado em Cufar e na mata de Cufar Nalu.

Ab. Manuel Luís Lomba
_________________

Notas do editor:


segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Guiné 61/74 - P18074: Álbum fotográfico de Luís Mourato Oliveira, ex-alf mil, CCAÇ 4740 (Cufar, dez 72 / jul 73) e Pel Caç Nat 52 (Mato Cão e Missirá, jul 73 /ago 74) (23): aspetos do aquartelamento de Cufar


Foto nº 1 > Um militar da CCAÇ 4740 dando banho, numa tina, a uma criança da população local


Foto nº 2 >  Fontanário de Cufar... Provavelmente do tempo do colono cabo-verdiano, grande produtor e comerciante de arroz, Álvaro Boaventura Camacho que terá cedido estas instalações  (incluindo  o aeródromo) à administração do território, com o início da guerra... 


Foto nº 3 > O Luís Mourato Oliveira e ao fundo o edifício da Intendência, o PINT 9288, de que era cmdt o nosso camarada João Lourenço.


Foto nº 4 > O "refeitório" das praças... Cufar não era um aquartelamento construído de raiz...


Foto nº 5 > c. jun / jul / agos 1973 > Na messe de oficiais, à esquerda o alf mil mil António Eiriz [, oficial trms do CAOP1],  seguido do Luís Mourato Oliveira [, CCAÇ 4740,] , o António Graça de Abreu e outro camarada do CAOP1. O Oliveira e o Graça de Abreu ainda estiveram juntos em Cufar cerca de 2 meses.


Foto nº 6 > Perímetro do 3º pelotão da CCAÇ 4740  (que era comandado pelo alf mil inf Luís Mourato Oliveira)

Fotos (e legendas): © Luís Mourato Oliveira (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


1. Mais fotos do álbum do Luís Mourato Oliveira, nosso grã-tabanqueiro, que foi alf mil inf, de rendição individual, na açoriana CCAÇ 4740 (Cufar, 1.º semestre 1973) e, no resto da comissão, comandante do Pel Caç Nat 52 (Mato Cão e Missirá, 1973/74).

Afinal, o Oliveira ainda esteve umas largas semanas em Cufar com o António Graça de Abreu, do CAOP1 (, que lá esteve de fins de junho de 1973 a princípios de abril de 1974). Eis o comentário que o António deixou no poste anterior (*)

É verdade, não falo no Oliveira [, no meu "Diário da Guiné"], embora o cite sem o nomear, numa estrondosa palhaçada quando recebemos em Cufar, com praxe e circunstância, o pelotão de piras, o pelotão de canhão sem recuo, a 19 de Agosto de 1973.

É um texto divertido, no meio das desgraças da guerra. Aí vai, talvez o Luís Graça ache que a minha prosa terá direito a um post no blogue:

"Cufar, 19 de Agosto de 1973

No meio dos infortúnios quotidianos, a guerra também pode ser divertida. Esta semana tivemos um dia de grande comédia, com uma espectacular encenação e actores de primeira.

Em Cufar existe um pelotão de canhão sem recuo comandado pelo alferes Nascimento, de Alpiarça, do meu curso de Mafra, que reencontrei na Amadora e mais tarde em Bissau. São trinta homens que têm por missão defender o aquartelamento com a pequena artilharia de que dispomos. Acabaram agora a comissão e na LDG chegou o pelotão de 'periquitos' que os vem substituir. Os alferes, furriéis e soldados da companhia de açorianos [, CCAÇ 4740,], eu também, resolveram ir esperá-los ao porto grande do Cumbijã e encenar uma espectacular paródia de modo a que os “piras” ao chegar aqui se borrassem de medo." (...)

Pois, sim, senhor, em homenagem ao dois nossos grã-tabanqueiros vamos publicar esta entrada do "Diário da Guiné", com as anotações do autor, na respetiva série, em data oportuna.
______________

terça-feira, 21 de novembro de 2017

Guiné 61/74 - P17996: Historiografia da presença portuguesa em África (102): António Estácio: O Contributo Chinês para a Orizicultura Guineense - Parte IV: (vi) da importação à exportação de arroz de arroz

458







Leiria > Monte Real > 2010 > V Encontro Nacional da Tabanca Grande, Leiria, Monte Real > António Estácio, 

1. Continuação da publicação da comunicação do António Estácio, sobre o contributo da comunidade chinesa na Guiné, para o desenvolvimento da cultura do arroz, nas primeiras décadas do séc. XX.

Temos a autorização expressa do autor, o nosso amigo e camarada António [Júlio Emerenciano ] Estácio, que tem 45 referências no nosso blogue. Eis aqui uma breve nota curriucular sobre ele:
(i) é lusoguineense, nascido em 1947, e criado no chão de Papel, em Bissau, com raízes transmontanas, tendo vivido também em Bolama;

(ii) formou-se como engenheiro técnico agrário (Coimbra, 1964-1967, Escola de Regentes Agrícolas, onde foi condiscípulo do Paulo Santiago), depois de frequentar o Liceu Honório Barreto;

(iii) fez a tropa (e a guerra) em Angola, como alferes miliciano (1970/72);

(iv) trabalhou depois em Macau (de 1972 a 1998);

(v) vive há quase duas décadas em Portugal, no concelho de Sintra;

(vi) é membro da nossa Tabanca Grande desde maio de 2010;

(viii) tem-se dedicado à escrita, dois dos seus livros mais recentes narram as histórias de vida de duas "Mulheres Grandes" da Guiné, a cabo-verdiana Nha Carlota (1889-1970) e a guineense Nha Bijagó (1871-1959);

(ix) o seu livro mais recente (2016, 491 pp.), de temática guineense, tem como título "Bolama, a saudosa", edição de autor;

(x) a comunicação que agora se reproduz foi feita no âmbito da V Semana Cultural da China, de 21 a 26 de janeiro de 2002;


2. O Contributo Chinês para a Orizicultura Guineense - Parte IV: (vi)  da importação à exportação
 de arroz (pp. 452-458 ):













458

(Continua)
__________________

Notas do editor:

Postes anteriores da série;


16 de novembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17977: Historiografia da presença portuguesa em África (100): António Estácio: O Contributo Chinês para a Orizicultura Guineense - Parte II: (iii) da pesca à agricultura; (iv) os primeiros chineses e seus descendentes

15 de novembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17974: Historiografia da presença portuguesa em África (99): António Estácio: O Contributo Chinês para a Orizicultura Guineense - Parte I: (i) preâmbulo: (ii) generalidades

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Guiné 61/74 - P17977: Historiografia da presença portuguesa em África (100): António Estácio: O Contributo Chinês para a Orizicultura Guineense - Parte II: (iii) da pesca à agricultura; (iv) os primeiros chineses e seus descendentes




V Encontro Nacional da Tabanca Grande, Leiria, Monte Real, 2010 > António Estácio, 


1. Continuação da publicação da comunicação do António Estácio, sobre o contributo da comunidade chinesa na Guiné, para o desenvolvimento da cultura do arroz. nas primeiras décadas do séc. XX, Temos a autorização expressa do autor, o nosso amigo e camarada António [Júlio Emerenciano ] Estácio, que tem 45 referências no nosso blogue. Eis aqui uma breve nota curriucular sobre ele:

(i) é lusoguineense, nascido em 1947, e criado no chão de Papel, em Bissau, com raízes transmontanas, tendo vivido também em Bolama;

(ii) formou-se como engenheiro técnico agrário (Coimbra, 1964-1967, Escola de Regentes Agrícolas, onde foi condiscípulo do Paulo Santiago), depois de frequentar o Liceu Honório Barreto;

(iii) fez a tropa (e a guerra) em Angola, como alferes miliciano (1970/72); 

(iv) trabalhou depois em Macau (de 1972 a 1998); 

(v) vive há quase duas décadas em Portugal, no concelho de Sintra; 

(vi) é membro da nossa Tabanca Grande desde maio de 2010; 

(viii) tem-se dedicado à escrita, dois dos seus livros mais recentes narram as histórias de vida de duas "Mulheres Grandes" da Guiné, a cabo-verdiana Nha Carlota (1889-1970) e a guineense Nha Bijagó (1871-1959);

(ix) o seu livro mais recente (2016, 491 pp.), de temática guineense, tem como título "Bolama, a saudosa", edição de autor;

(x) a comunicação que agora se reproduz foi feita no âmbito da V Semana Cultural da China, de 21 a 26 de janeiro de 2002;


2. O Contributo Chinês para a Orizicultura Guineense - Parte II: (iii) da pesca à agricultura: (iv) os primeiros chineses e seus descendentes (pp. 440-446)


In: Estácio, António J.E. (2002) – O Contributo Chinês para a Orizicultura Guineense, in: Actas, V. Semana Cultural da China, Centro de Estudos Orientais, ISCSP/UTL: 431‑66




















(Continua)
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Nota do editor:

Último poste da série >  15 de novembro de 2017 >  Guiné 61/74 - P17974: Historiografia da presença portuguesa em África (99): António Estácio: O Contributo Chinês para a Orizicultura Guineense - Parte I:  (i) preâmbulo: (ii) generalidades

terça-feira, 8 de agosto de 2017

Guiné 61/74 - P17658: Historiografia da presença portuguesa em África (86): Quando até os padres, católicos, apostólicos, romanos, do PIME (Pontifício Instituto para as Missões Exteriores), eram acusados de "subversão": o caso de Mario Faccioli (1922-2015), que esteve em Catió


Capa do livro de Mario Faccioli (1922-2015), padre do PIME (Pontifício Instituto para as Missões Exteriores), que esteve em Catió e teve problemas com as autoridades da Guiné, antes e depois da independência... Cortesia da página de Fernando Casimiro (Didinho). Neste livro autobiográfico refere a prisão do padre António Grillo, em 1963, e as suas próprias dificuldades de relacionamento com as autoridades portuguesas... Infelizmente ainda não tivemos acesso ao livro, só conhecemos o índice e alguns excertos.




Anúncio comercial da revista Turismo, nº 2, série 2, janeiro de 1956 (edição inteiramente dedicada à província portuguesa da Guiné) (*)

1. Uma parte dos colonos que tinham estabelecimentos comerciais, industriais ou agrícolas na Guiné, antes do início da guerra,  eram de origem cabo-verdiana ou ou sírio-libanesa. Veja-se o caso do Álvaro Boaventura Camacho, sobre quem encontrámos a seguinte referência na Net, no blogue João Laurence / Bedanda. ( João Augusto Laurence viveu, na infãncia em Catió; em 1956 andava na escola. presumo que seja de origem cabo-verdiana; e possivelmente foi militar da FAP, a avaliar pelo agradecimento que faz ao Hospital das Forças Armadas Portugueses onde esteve internado em 2014; refere também, com gratidão, no seu blogue, a ação do padre Mario Faccioli) (*)


"Dezembro 13, 2007

Cufar

Cufar fica localizada na zona Sul da Guiné-Bissau, pertence a região de Tombalí. Antes do início da guerra colonial possuía um aeródromo que pertencia a um comerciante português de origem caboverdiano de nome Álvaro Boaventura Camacho" (...) 

Esse aeródromo foi teria sido depois cedido  "à Administração Colonial Portuguesa (sic) para instalar equipamento militar":

"Os largos fogos potentes e profundos da artilharia pesada que fustigavam o espaço aéreo de Bedanda Encossa partiam de Cufar com um único destino: Zona de Curá, Caboxanche, Cantanhede e limítrofes. Zona de mata densa, pantanosa e de difícil penetração, ocupada pelos guerrilheiros do PAIGC – Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo-Verde. As Zonas eram referenciadas por “tchom"– chão. Por exemplo : Tchom de manjhaco,tchom de nalú que específicamente é a região de Tombali."


Temos que dedicar mais atenção à atuação dos missionários italianos, do PIME (Pontifício Instituto para as Missões Exteriores), no território da Guiné, antes e depois da independência...

Temos menos de duas dezenas de referências no nossos blogue aos "missionários".

 Os italianos, algunes deles, tiveram problemas com as "autoridades portuguesas": foi o caso do padre António Grillo (1925-2014), que esteve em Bambadinca e que era particularmente acarinhado pelos balantas de Samba Silate, uma enorme tabanca, com quase duas mil almas,  que será destruídas pelas NT no princípio da guerra, no subsetor do Xime...

Recorde-se: foi detido pela então polícia política portuguesa, a PIDE, a 23 fevereiro de 1963, sob a acusação de atividades subversivas; esteve preso em Bissau e depois em Lisboa; acabou por ser libertado em 4 de julho de 1963 em homenagem, de Portugal, ao novo sumo pontífice, o Papa Paulo VI (1898-1978), que em 21 de junho de 1963 tinha sucedido a João XXIII, na cátedra de São Pedro... Com a independência da Guiné-Bissau, o padre Grillo volta a Bambadinca, onde trabalha, de 1975 a 1986, associado ao PIME... Visitou Bamnbadinca em 2010, quatro anos antes de morrer.

O missionário que estava em Catió, o Mário Faccioli (1922-2015) também teve problemas com a PIDE e, depois da independência, com o 'Nino' que o expulsou da Guiné-Bissau...

2. Excerto do livro de Mário Faccioli, "Una vita missionaria: in Guinea Bissau 1956-2008".

Tradução da versão original em italiano para o português: Filomena Embaló. Reproduzido com a devida vénia da página de Fernando Casimiro (Didinho):

(...) A 25 de maio de 1947, em plena estação das grandes chuvas, desembarcaram no porto de Bissau, os primeiros sete missionários do PIME: Settimio Munno, o chefe do grupo, Arturo Biasutti, Luigi Andreoletti, Filippo Croci, Efrem Stevanin, Spartaco Marmugi e o irmão Vicenzo Benassi. A coragem e zelo destes primeiros homens enviados para a Guiné Bissau manifestaram de maneira brilhante e vivaz a força do carisma das gentes do PIME, de que deram provas desde o primeiro ano.

De 1947 a 1974 (data da independência da Guiné), o PIME enfrentou situações que não foram nada fáceis.

O regime colonial condicionava a vida e as ações dos missionários "estrangeiros" (como nos chamavam os Portugueses): as dificuldades não eram só socioeconómicas, mas sobretudo ao nível da evangelização, pois a presença dos colonizadores, "senhores e patrões", era um contra-testemunho extremamente negativo da mensagem cristã que nós trazíamos. A este respeito, eu digo "nós" porque, em 1956, nove anos depois da chegada dos sete primeiros, chegámos eu e o Irmão Luís Capelli.

A minha primeira experiência missionária na Guiné foi em Catió, cidade ao sul do país, no seio dos Balantas (uma das tribos mais numerosas), alguns muçulmanos e vários Portugueses, empregados comerciais e funcionários. O uso exclusivo da língua portuguesa era obrigatório e o relacionamento com os nativos da aldeia era bastante reduzido. Eu trabalhei na escola e no ensino e procurei conhecer pessoas, como também ajudá-las materialmente, enquanto continuava a acreditar que o caminho deveria ser outro (,..).


3. Sobre o padre Mario Faccioli escreveu João Laurence o seguinte no seu blogue, em 18 de março de 2008 (reproduzido por nós aqui com a devida vénia):

(...) "Parabéns Reverendíssimo Padre Mário Faccioli- Recordo-me de ter passado muita fome no ano de 1956. Foi o ano mais difí cil da minha vida, em que inclusivé reprovei na escola por motivos económicos. Nos anos 1957-58 fui convidado pelo Senhor Reverendo padre Mário Faccioli para integrar o Internato de Cátio, constituido por Salazar Salú Quetá de Cacine, Constantino Gomes de Cátio, os dois já falecidos, Tenente Joaquim Vieira e eu próprio, João Augusto Laurence. No Internato da Cátio, foi-nos fornecido alojamento e alimentação, patrocinado pelo Reverendíssimo Padre Mário Faccioli/PIME/Vaticano.

Recordo-me de ter caído numa valeta, perto da Adiministração do Concelho de Cátio, tendo sofrido várias escoriações. De imediato, fui assistido pelo Senhor Reverendo acima referido. Como as dores eram enormes autorizou-me a usufruir do quarto dos hóspedes, para uma melhor e mais rápida recuperação. Foi a primeira vez que dormi num colchão Molaflex. 

Reflectindo sobre um altruísmo da atitude do Reverendíssimo tal marcou-me e considero que foi início de uma verdadeira arquitectura da minha vida. O Reverendo Padre Mário Faccioli, além de outras iniciativas de louvar, formou um grupo de teatro em Cátio e que foi encenado também em Empada-Guiné Bissau.

Sempre muito dinâmico, tinha como actividade lúdica a prática de caça desportiva como as Rolas e Perdizes na zona de Suá/Cátio. Rezou missa na zona de Geba e Gábu, zona prodominantemente afecta aos Muçulmanos.

Toda a sua vida foi passada na Guiné-Bissau ao serviço dos mais desprotegidos. Sacerdote de formação, com uma inteligência fora do normal, participou na construção do Seminário de Bissau que tanto tem contribuido para o formação dos guineenses.

Homem multifacetado, domina áreas como da electricidade, arquitectura e engenharia, para além obviamente, do dom da palavra na mensagem evangelizadora.

No preciso dia 27 de Março [de 2008], faz o Reverendo Padre Mário Faccioli 86 anos de vida, meio século dedicado à causa pacificadora na Guiné-Bissau. Portanto, aqui fica registado o meu profundo apreço e consideração por um ser humano de elevado carácter humanista.

Muitos parabéns Reverendíssimo Padre Mário Faccioli." (...)

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Nota do editor: