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quarta-feira, 14 de agosto de 2024

Guiné 61/74 - P25839: Verão 2024: Olá, nós por cá todos bem (3): O bom padre Escudeiro (1917-1994) e a lição que aprendeu um dia, em Alcanena e na Lourinhã: "Nunca se sabe o que se passa no coração dos poetas nem muito menos na cabeça dos censores"...


Lourinhã > Igreja de Samta Maria do Castelo  (Séc. XIV). Gravura de autor desconhecido.n Fonte; Jornal "Alvorada", quinzenário regionalista, Lourinhã, 13 de setembro de 1964.



Poema à Igreja do Castelo

por Luís Graça

Em tuas pedras
Habitam os deuses assimetricamente
Ressuscitam os cavaleiros andantes
Que em ti prolongaram o Eterno.

Tuas naves albergam vagos sibilos
Símbolos escondidos
Pássaros noturnos
E recortam a harmoniosa dimensão do espaço
Em que as palavras se quebram
De encontro ao silêncio das colunas.

Adornaste os teus capitéis
Com as algas do mar
Extraíste das conchas as pérolas
Para o rendilhado das tuas rosáceas
E fabricaste
Com as linhas paralelas dos limos
A tua própria austeridade.

E do alto da tua torre
Como do mastro de um navio
Contemplas a imagem perturbante dos moinhos
E persegues as gaivotas
Até onde o mar tem fronteiras de neblina.

Luís Graça (1964)


Publicado originalmente no jornal Jornal "Alvorada", quinzenário regionalista, Lourinhã, 13 de setembro de 1964.



Lourinhã > Igreja de Santa Maria do Castelo (Séc. XIV) > Vista interior. Fotógrafo: Mário Novais, 1899-1967. Orientador científico: Mário Tavares Chicó, 1905-1966. Data aproximada da produção da fotografia original: 1954.[CFT015.236.ic].



1. Um poema meu, publicado aos 17 anos... (naquela idade em que todos julgamos ser poetas de génio). Dedicado à igreja que é o ex-libris da minha terra. E onde fui batisado em 1947. Pelo padre Tobias. 

Publicado no jornal "Alvorada". Há 60 anos. Foi aqui, no jornal "Alvorada", que comecei a publicar os meus primeiros poemas. A escrever as ,minahs primeiras peças jornalísticas (notícias, reportagens...). 

Foi aqui que tive a minha primeira atividade remunerada como jornalista, embora sem carteira profissional. Foi, aliás, esta a profissão que dei para a tropa, quando aos 20 anos fui à inspeção militar, em 1967. Também dava explicações a alunos do ensino secundário (português, francês, geografia, história...).

Comecei por estar ligado, à criação de uma secção, ou de uma página, a que chamámos "Alvorada Juvenil", com outros jovens da terra, estudantes (e outros,  já a  trabalhar), com destaque para os meus amigos e colegas de escola primária, os saudosos  Álvaro Andrade de Carvalho, mais tarde psiquiatra (Lourinhã, 1948 - Lisboa, 2017) e o Rui Tovar de Carvalho (Lourinhã, 1948-Lisboa, 2014), que haveria, depois, de fazer carreira no jornalismo desportivo. (O Álvaro faria hoje an0s, 76, se fosse vivo.)

Criámos a seguir um secção dedicada ao "correio dos soldados do ultramar", e mais uma outra onde demos voz aos nossos emigrantes (maioritariamennte em França e na Alermanha, ams também no "Novo Mundo", Brasil, EUA, Canadá).

No "Alvorada Juvenil", abrimos um inquérito aos jovens lourinhanenses e alimentámos o "cantinho dos poetas"... 

Havia da nossa parte alguma irreverência, inquietação e inconformismo, próprias da idade e das circunstâncias da época. Acabei por exercer as funções de redator-coordenador deste jornal, quinzenário regionalista, que ainda hoje se publica. E que era propriedade do Patriarcado de Lisboa. Com0o muit0s outros...

Foi fundado ao em 1960, pelo padre António Pereira Escudeiro (Tomar, 1917-Lisboa, 1994), um homem a quem a Lourinhã muito deve e que fez uma aposta forte na formação das elites locais, ou seja, na educação, para além do apostolado e do mister sacerdotal. Equipou o concelho com diversas igrejas novas, construídas de raiz: Seixal, Atalaia, Ribamar, Toxofal...

Foi o fundador e o primeiro diretor do Externato Dom Lourenço, que a partir de 1958 permitiu aos jovens do concelho da Lourinhã prosseguir os seus estudos depois do ensino obrigatório (que era apenas de 4 anos no meu tempo).

Até então e desde 1953, havia um colégio particular,  Dom Luís de Ataíde (fundado em 1953 pelo dr. Piçarra, que era do concelho vizinho do Bombarral). Funcionava num vivenda.  Umas escassas dezenas de rapazes e raparigas da Lourinhã puderam então estudar até ao 5º ano.  O 7º ano só nas capitais de distrito (Leiria, a norte, Lisboa, a sul).

O padre António Escudeiro fora igualmente fundador do jornal "Redes e Moinhos" (1954-1960) (donde fui encontrar, por exemplo, vário sonetos da Luiza Neto Jorge, 1939-1989, que em jovem vinha passar o verão à Praia da Areia Branca.)

Antes de vir para a Lourinhã como pároco, em 1953,  o padre Escudeiro estivera em Alcanena, terra ribatejana da indústria dos curtumes, onde fundara o jornal quinzenário "O Alviela". Será  entretanto suspenso pela censura por ousar publicar um artigo sob o título "A fome em Alcanena" (onde se criticava a banca pelos juros usurários que, no pós-guerra,  levavam à falência das empresas locais, ao desemprego e à fome)...

Estava-se em plena campanha eleitoral do general Norton de Matos. "O Alviela" retomaria a publicação depois de, mediante requerimento, ser expressamente autorizado a versar também "assuntos sociais" (sic).

Mas a verdade é que o padre Escudeiro ficou com ficha na PIDE.

À frente do "Alvorada", como redator-coordenador, durante mais de très anos (de 1964 a 1966), "fiz-me esquecido" e deixei de mandar o jornal à censura... A entrada de jovens fora uma pedrada do charco da pasmaceira e do conformismo em que se vivia nesta terra do oeste estremenho. A última do concelho do distrito de Lisboa. Tinha então 3 médficos, e um pequeno hospital da misericórida. Sem enfermagem, sem bloco operatório, sem banco de sangue. Mas onde se fazia já alguma cirurgia ambulatória... pro médicos que vinham de Lisboa ou Coimbra.

Estava-se em plena guerra do ultramar / guerra colonial mas já na fase de fim de ciclo da história..."Cadáver adiado", o regime do Estado Novo ainda estrebuchava e metia medo a muitos. Não admirava que o diretor do jornal tenha recebido um intimidatório ofício da direcção geral de censura a perguntar por que é que se permitia o luxo de ultrapassar a lei...

Metade do ofício, que era apenas de duas linhas, correspondia a uma assinatura em letra garrafal, símbolo máximo da arrogância  de quem se sentia dono e senhor deste país... A assinatura, ilegível, seguia-se à fórmula, obrigatória, no tempo do Estado Novo (1926-1974), "A bem da Nação, com que terminavam todos os ofícios (e todas as demais comunicações escritas, internas, incluindo discursos, requerimentos, petições, etc.)

O pobre do "senhor vigário" (como a gente o tratava), lá teve que arranjar uma desculpa esfarrapada aos senhores coronéis da censura e, a mim, puxou-me as orelhas... Doravante, tínhamos que mandar os artigos em duplicado para a tipografia, sita em Torres Novas, que por sua vez mandava uma cópia para a censura... E no entanto nunca nenhum de nós escreveu o que que fosse que pudesse pôr em causa a sagrada tríade "Deus, Pátria e Família"!...

Eu acho que os censores embirraram sobretudo com os nossos jovens poetas. Não entendiam nada da poesia moderna e receavam à brava que os jovens lourinhanenses e outros, que colaboravam connosco, escrevessem também nas "entrelinhas", mandassem em código, entre si, perigosas, subversivas e dissolventes mensagens...

Nunca se sabe o que se passa no coração dos poetas nem muito menos na cabeça dos censores...

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Nota do editor:

domingo, 19 de janeiro de 2020

Guiné 61/74 - P20574: Recortes de imprensa (111): Homenagem ao psiquiatra Afonso Albuquerque, "pai do stress de guerra e da APOIAR" (Mário Vitorino Gaspar, "O Notícias de Almeirim", 23/8/2019)


Lisboa > No dia 15 de Dezembro de 2000,  a APOIAR organizou um Colóquio, com o tema “A Rede Nacional de Apoio aos Ex Combatentes Vítimas do Stress de Guerra",  no Secretariado Nacional de Reabilitação e Integração das Pessoas com Deficiência (SNRIPD).  Na foto, da esquerda para a direita, o Presidente da ADFA, Patuleia Mendes, a dra. Trindade Colarejo (SNRIPD), o doutor Afonso de Albuquerque e o Mário Vitorino Gaspar, Presidente da APOIAR.  (Foto: cortesia do Mário Gaspar, 2019)




Doutor Afonso de Albuquerque, 
Pai do Stress de Guerra e da APOIAR

O Notícias de Almeirim, 23-08-2019


[ex-fur mil art, minas e armadilhas,  CART 1659,
  Gadamael e Ganturé, 1967/68; 
tem mais de 110 referências no blogue]



1. Neste artigo, reproduzido por "O Notícias de Almeirim",  com a devida autorixação do autor,  o nosso camarada Mário Vitorino Gaspar [, foto à esquerda], presta-se uma homenagem ao "Doutor Afonso de Albuquerque:

Presidente e fundador da Associação Portuguesa de Terapia do Comportamento e da Sociedade Portuguesa de Sexologia Clínica, Ex- Director do Serviço de Psicoterapia Comportamental do Hospital Júlio de Matos, Presidente, Fundador, Presidente, em vários mandatos,  da Mesa da Assembleia Geral da APOIAR – Associação de Apoio aos Ex-Combatentes Vítimas do Stress de Guerra, Sócio Honorário.

Afonso de Albuquerque fez 83 anos em 2018 e completou 50 anos de carreira. Em entrevista à Sábado, 28/10/2018, falo do seu passado, pessoal e profissional. Ficamos a saber que, depous de regressar a Portugal com o título de especialista em Psiquiatria, atribuído pela Royal College of Psychiatrists, fez o seu serviço militar obrigtório, em Moçambique, de 1961 a 1964, antes do início da guerra colonial. Teve problemas com a PIDE e a justiça militar. Voltaria a ser preso pelo PIDE, antes do 25 de Abril. Foi simpatizante do MRPP., mas nunca militante.


2. Mas regressemos ao artigo do Mário Vitorino Gaspar:

[...] Entre outros cargos, [Afonso Albuquerque] é membro do “Royal College of Psychiatrists”  (England), autor de variadas publicações e artigos na área do PTSD [, Post-Traumatic Stress Disorder,]  e da Sexologia, pesquisador do trauma dos Ex-Combatentes, nesse sentido o Serviço que presidia, colaborou com a ADFA – Associação dos Deficientes das Forças Armadas, no Palácio da Independência, no apoio aos Ex-Combatentes da Guerra Colonial, em Janeiro de 1987. Em Setembro de 1989, os Serviços saem da ADFA.

Como sócio, fundador e dirigente da AOPIAR, doente e conhecedor de um pouco do trabalho desenvolvido pelo doutor Afonso Albuquerque, habilito-me a prestar-lhe a minha homenagem. Após o registo da APOIAR, fiz de parte de diversas listas, o dutor presidiu sempre à Mesa da Assembleia Geral, desde Dezembro de 1994 até Dezembro de 2004.


A APOIAR iniciou o percurso, sempre acompanhada pelo Doutor, investigador da doença, que apresentara o resultado de uma pesquisa científica, em conjunto com a Psicóloga Clínica Doutora Fani Lopes. Neste pode-se ler:

“… o conceito actual de Perturbação Pós Traumática do Stress (PTSD) – posttraumatic stress disorder, no DSM – III em 1980, também já incluído no ICD – 10, da Organização Mundial de Saúde, em 1992”. 

Diz ainda:

 “Não havendo estudos epidemiológicos sobre a distribuição da desordem de stress pós-traumático entre a população portuguesa, apontaram para a «existência em Portugal de 140.000 ex-combatentes vítimas de PTSD, por extrapolação das estatísticas americanas». (…) 

Este trabalho foi feito tendo por base números propostos por estudos epidemiológicos realizados junto da população americana. Tais estudos teriam sido promovidos pelos “ Centres for Disease Control” [CDC].


A APOIAR dava os primeiros passos na Sede, num vão de escadas, gentilmente por ele cedido nos Serviços de Psicoterapia Comportamental, existido uma mesa, duas ou três cadeiras, um armário e uma máquina de escrever. O Dr. Afonso de Albuquerque permitia que a APOIAR se servisse do seu gabinete, no 1.º andar, para receber principalmente a comunicação social, ou qualquer individualidade.


Em Outubro de 1995, o Doutor foi o principal impulsionador do “1.º Encontro sobre o Stress Traumático” na Fundação Calouste Gulbenkian.

Em parceria com a Biblioteca Museu República e Resistência, a APOIAR colaborou neste evento também com uma Exposição com o título «Guerra Colonial», e um Ciclo de Conferências: “Guerra Colonial. Um Diferente Olhar”, de 8 a 18 de Abril de 1996. Num painel intitulado “Mesa Redonda com Ex-Combatentes”, o Dr. Afonso de Albuquerque dirigiu um longo debate.

No dia 4 de Abril de 96, a APOIAR foi convidada a participar num Colóquio, organizado pela ADFA, com o tema «A Realidade do DPTS – Suas Causas e Consequências». Presidiu ao debate o General Ramalho Eanes, e entre outros, o Dr. Afonso de Albuquerque referiu: “A guerra, principalmente a de guerrilha, é a situação mais traumática”.


APOIAR denunciou, e inclusive no seu Jornal: 

(…)  Nas situações de juntas para a reforma, ou de revisão de baixas começou-se a ouvir: “É a doença nova”; “É a doença do Dr. Afonso de Albuquerque” ou: “Desconhecemos essa nova doença”.

A APOIAR participou no Colóquio da ADFA no Porto, no dia 29 de Novembro de 96, com o tema “A Realidade do PTSD – Suas causas e Consequências”. O Dr. Afonso de Albuquerque afirmou: “O PTSD é a única doença de Psiquiatria que pode surgir muito à posteriori”. 

Continuando:  “…uma das causas que provocam o PTSD é a exposição ao combate, e existe muito de comum entre a Guerra Colonial e a do Vietname, o serem ambas guerras de guerrilha, e as diferenças, favoráveis às das tropas americanas: melhor armamento, melhores serviços e campanhas inferiores a 12 meses, 3 deles fora das zonas de combate. Gozavam licença,  enquanto o soldado português não. Os americanos não possuem a tradição de confraternizar, ser a sua idade média inferior à do português, alguns casados, noivos ou com namoradas”.

No dia 28 de Fevereiro de 1998 a APOIAR organizou em Cuba [, Alentejo,] com a colaboração da Comissão de Ex-Combatentes e Residentes de Cuba,  um Colóquio, com uma Exposição Fotográfica com o tema «Guerra Colonial – Memória Silenciada».

O Doutor Afonso de Albuquerque afirmou: 

 (i) “… o trabalho de acompanhamento aos ex-combatentes é um trabalho pesado, o mais pesado da minha vida como médico”;

(ii) “A juventude que era de alegria foi marcada pela tristeza”;

(iii) " (...) 30% de combatentes, incluindo oficiais e sargentos – principalmente os milicianos – devido à responsabilidade de comando, sofrem de PTSD. Metade, portanto 15%, estão em estado crónico”;

(iv) (...) Quer dizer, dos 140.000 – número calculado por extrapolação dos dados americanos – 50.000 podem estar incapacitados totalmente para o trabalho”;

(v) “… a doença é perversa, retardada e rebenta mais tarde”;

(vi) “Existem doenças associadas ao PTSD: o alcoolismo surge com frequência, sendo o suicídio maior nos ex-combatentes e menor a longevidade – morre-se mais cedo”.

Interessa antes de tudo que o ex-combatente seja acompanhado por psicólogos e psiquiatras, e que o mesmo acompanhamento seja extensivo à família. Sucede existir pouca sensibilidade de certos médicos, que dizem ignorar a PTSD, embora esta seja aceite pela Organização Mundial de Saúde. 

É bom que a APOIAR e a ADFA colaborem ambas de molde a permitir que a doença seja reconhecida, a doença existe, foi causada pela guerra. Nos Estados Unidos motivado pela Guerra do Vietname, a partir de 1980 surgiram diversos movimentos: Médicos no Congresso e o Movimento dos Combatentes entre outros, conseguindo que fosse publicada legislação.

Em 14 de Julho de 1998,  foi apresentado pelo Deputado Carlos Encarnação,  do PSD,  um Projecto para o reconhecimento em Portugal do Stress de Guerra, e Criada uma Rede Nacional de Apoio às Vítimas de PTSD.

No dia 19 de Setembro de 1998,  a APOIAR reuniu com o Dr. Álvaro de Carvalho, Director dos Serviços de Psiquiatria e Saúde Mental, que solicitou à APOIAR um parecer técnico para ser enviado por ele mesmo, como responsável máximo da Psiquiatria e Saúde Mental, a todos os Hospitais, Centros de Saúde Mental e Escolas de Enfermagem para que os técnicos conheçam mais pormenores sobre a doença. A APOIAR considerou ser o Doutor Afonso de Albuquerque a pessoa mais indicada para fazer o “parecer técnico”, parecer esse que deu origem à legislação, e o reconhecimento do trabalho da APOIAR. Esse parecer,  elaborado pelo Doutor Afonso de Albuquerque,  foi-lhe entregue posteriormente.

No dia 25 de Setembro de 1998 houve um ciclo com o tema “Amor em Tempo de Guerra”, conjuntamente com uma Exposição denominada “O Erotismo na Arte”. 

O Doutor Afonso de Albuquerque, que cumpriu a Comissão em Moçambique [, enter 1961 e 1964], como médico, disse: 

“A sexualidade em tempo de guerra tem a ver com a experiência havida em tempo de paz. (...) Chegados os soldados à zona de guerra as prostitutas surgiram logo, existindo uma mulher europeia, por cada dez europeus. O perigo das relações sexuais com as nativas eram as doenças venéreas. Não havia preservativo, mas bisnagas de sulfamida. Os soldados afirmavam que aquilo tirava a potência, sucedendo existirem experiências sexuais com animais".

A APOIAR convocou uma Conferência de Imprensa no dia 19 de Maio de 1999. Na Mesa: Doutor Afonso de Albuquerque; Mário Vitorino Gaspar, Presidente e Carmo Vicente, Vice-presidente da Direcção Nacional. Foi entregue à Comunicação Social um documento, que foi lido. Muitas questões levantadas pelos bastantes jornalistas. 

A SIC fez uma entrevista em directo para o Telejornal das 13H00, entre outras questões, e prometendo-nos que nos acompanhava ao Parlamento:  “Qual a posição que a APOIAR tomará caso seja chumbado o Projecto de Lei?" Após consulta rápida decidiu a DN. Foi dito pelo Presidente Mário Vitorino Gaspar:  “… caso o projecto de lei chumbe,  não votaremos nas próximas eleições, que se aproximam, e iremos recomendar a mesma medida aos ex-combatentes e ao país”.

 O Dr. Afonso de Albuquerque afirmou:  “… É extremamente importante a publicação e regulamentação da Lei e a formação de técnicos, temendo que a mesma seja feita de modo a não apoiar devidamente os ex combatentes e família”.

O Stress de Guerra já tem lei, aprovado o Projecto de Lei, por unanimidade na Assembleia da República e fez nascer a Lei de Apoio às Vítimas de Stress Pós Traumático de Guerra e passou a existir uma Rede Nacional de Apoio. A Lei foi promulgada em 27 de Maio. {Lei nºn46/99, de 16 de Junho].

No dia 15 de Dezembro de 2000, a APOIAR organizou um Colóquio, com o tema “A Rede Nacional de Apoio aos Ex Combatentes Vítimas do Stress de Guerra",  no Secretariado Nacional de Reabilitação e Integração das Pessoas com Deficiência. Além do Secretariado, presente o Presidente da ADFA, Patuleia Mendes, Mário Vitorino Gaspar, Presidente da APOIAR e Doutor Afonso de Albuquerque. [Vd. foto acima].


[...] Este, após resumidamente focar a história da doença referiu:   “A terapia de grupo é o melhor dos tratamentos para a doença”, continuando:  “Quanto à criação de Centros da Rede Nacional de Apoio, têm de ser diferentes de um posto dos serviços de saúde, embora necessitando sempre uma ligação com o SNS”. Mário Vitorino Gaspar afirmou: “O apoio só deve ser prestado depois de um ambiente de confiança mútua”.

No dia 4 de Fevereiro de 2002 a APOIAR na pessoa do seu Presidente da Direcção Nacional, Mário Vitorino Gaspar, assinou o Protocolo, no Salão Nobre do Ministério da Defesa Nacional .

A APOIAR, a convite de Sua Excelência o Ministro da Saúde, participou em Lisboa num Workshop, com o tema “Perturbações de Pós Stress Traumático em Ex. Combatentes” no dia 4 de Novembro de 2002. Está agendado outro Workshop no dia 5 de Novembro de 2002 em Coimbra, em 12 de Novembro, no Porto. A APOIAR e a ADFA foram convidados para a Mesa nos três Workshops.

Na sessão de abertura não estiveram presentes os Ministros da Saúde, Estado e da Defesa Nacional, Segurança Social e do Trabalho e Suas Excelências o Secretário de Estado da Saúde, e o do Estado da Defesa Nacional e dos Antigos Combatentes, tal como estava agendado.

Referiu o Doutor Afonso de Albuquerque: 

“… o conceito PTSD é recente, mas as reacções do ser humano são de sempre. Todos aprendemos a lidar com o perigo e já Shakespeare descreve na sua obra as reacções horrores agudas, mas foi principalmente a guerra,  que permitiu que estas reacções fossem estudadas. Na Guerra Civil Americana {surgou] a expressão «Irritable Heart Syndrome». Foram estudados casos, após a II Guerra Mundial, sucedendo a Guerra da Coreia, só existindo 6% de evacuações de origem psiquiátrica. 

"Os portugueses quando regressaram da guerra encontraram um clima anti-guerra, tinham partido como heróis e regressado como assassinos. PTSD de Guerra está considerada como «uma doença ansiosa".

Findou:  “… em 1992 entre 15 a 50% dos militares desenvolvem PTSD com origem na Guerra Colonial. No estudo da população em geral e em Portugal foram encontrados 7,8%”.

No dia 27 de Novembro de 2002,  a APOIAR, esteve representada pelo Presidente e Vice-presidente, respectivamente Mário Vitorino Gaspar e António Pinheiro e Técnicos, a convite dos Laboratórios Pfizer, Lda.,  surge:

Doutor Afonso de Albuquerque e da Professora Doutora Catarina Soares, esteve presente na “Apresentação dos Resultados do 1º. Estudo de Prevalência de Perturbação do Stress Pós Traumático, em Portugal”, estando presentes igualmente outras Associações e Técnicos de Saúde.

O Doutor Afonso de Albuquerque fez uma breve resenha histórica, e referindo o impacto na Psiquiatria das Guerras Mundiais e das Guerras da Coreia e do Vietname, e por tal a publicação em 1980 do DSM-II, em Portugal, o impacto da Guerra Colonial Portuguesa e posterior luta em defesa dos ex combatentes que deu origem à publicação da Lei nº. 46/99”. 

Frisou ainda: 

“Neste trabalho, quanto aos acontecimentos traumáticos que causaram PTSD, [surge] 

(i) o combate com 10,9%;  

(ii) abuso sexual antes dos 18 anos com 21,7%; 

(iii) violação com 23,1%; 

(iv) catástrofe natural com 1,4%; 

(v) morte violenta de familiar ou amigo com 12,3%; 

(vi) testemunha de acidente grave ou morte com 3,8%; 

(vii) acidente grave de viação com 5,6%;

(vii)  incêndio com 0,5%; 

(viii) ameaça com arma com 5,5%; 

(ix) ataque físico com 9,3%;

(x)  roubado ou assaltado com 2,4%”. 

"… PTSD na população exposta ao combate foi de 0,8% da amostra total é de 10,9%, relativamente aos indivíduos expostos."

Considerando a totalidade de acontecimentos traumáticos que foram causa de PTSD, verifica-se que a situação que mais contribuiu para o total de casos foi «morte violenta de familiar ou amigo».

No conjunto, os resultados deste estudo assemelham-se aos encontrados em estudos epidemiológicos realizados noutros países”. (...) Limitações do estudo: (...) em 1º. lugar a existência de potencial «enviesamento» da amostra; entrevistas realizadas por pessoas sem formação clínica e necessidade de confirmação destes resultados com mais estudos (população geral e/ou populações específicas).

Em 14 de Dezembro de 2002, na 16ª Assembleia Geral da APOIAR, no Salão Nobre do Hospital Júlio de Matos, em Lisboa, por proposta da Direcção Nacional foi atribuída a qualidade de Socio Honorário ao Doutor Afonso Abrantes Cardoso de Albuquerque.

Atrevo-me a afirmar: Doutor Afonso de Albuquerque, Pai do Stress de Guerra e da APOIAR. (...)

O Notícias de Almeirim, Edição online semanal, 23/8/2019

[Revisão / fixação de texto para efeitos de edição neste blogue: LG]
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Nota do editor:

Último poste da série >17 de dezembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20464: Recortes de imprensa (110): Pinto Leite, Leonardo Coimbra, José Vicente de Abreu e Pinto Bull, os parlamentares que pereceram no acidente aéreo de 25/7/1970 ("Diário de Lisboa", 27 de julho de 1970)

sábado, 26 de agosto de 2017

Guiné 61/74 - P17702: Convívios (823): Lourinhã, Tabanca de Porto Dinheiro, 18/8/2017 - Parte II: Fotos de Álvaro Carvalho


Foto nº 1> Lourinhã > Ribamar > Praia de Porto Dinheiro > Tabanca de Porto Dinheiro > Convívio anual > 18 de agosto de 2017 >  Da esquerda para a direita, Eduardo Jorge Ferreira, o régulo, Luís Graça e Rui Chamusco.



 Foto nº 2 > Lourinhã > Ribamar > Praia de Porto Dinheiro > Tabanca de Porto Dinheiro > Convívio anual > 18 de agosto de 2017 >  Da esquerda para a direita, Elisabte Marteleira, Arcílio Marteleira e Alice Carneiro. O Arcílio foi alferes miliciano, SGE, Bissau, 1964/66.


Foto nº 3 > Lourinhã > Ribamar > Praia de Porto Dinheiro > Tabanca de Porto Dinheiro > Convívio anual > 18 de agosto de 2017 >   João Crisóstomo e Luís Graça



Foto nº 4> Lourinhã > Ribamar > Praia de Porto Dinheiro > Tabanca de Porto Dinheiro > Convívio anual > 18 de agosto de 2017 > Aspeto, parcil, de uma das duas mesas.


Foto nº 5 > Lourinhã > Ribamar > Praia de Porto Dinheiro > Tabanca de Porto Dinheiro > Convívio anual > 18 de agosto de 2017 >  A Maria Helena Carvalho (a Lena do Enxalé) e o Rui Chamusco


Foto nº 6 > Lourinhã > Ribamar > Praia de Porto Dinheiro > Tabanca de Porto Dinheiro > Convívio anual > 18 de agosto de 2017 >  Em primeiro plano, o Berlarmino Sardinha, a Maria do Rosário Henriques e o Luís Graça


 Foto nº 7 > Lourinhã > Ribamar > Praia de Porto Dinheiro > Tabanca de Porto Dinheiro > Convívio anual > 18 de agosto de 2017 > O Joaquim Pinto Carvalho e o Estêvão Henriques


Foto nº 8 > Lourinhã > Ribamar > Praia de Porto Dinheiro > Tabanca de Porto Dinheiro > Convívio anual > 18 de agosto de 2017 >  Cantando os "parabéns a você" às aniversariantes Alice Carneira e Helena Carvalho.



Foto nº 9 > Lourinhã > Ribamar > Praia de Porto Dinheiro > Tabanca de Porto Dinheiro > Convívio anual > 18 de agosto de 2017 >  Em prtimeiro plano, o Pinto de Carvalho (à esquerda), o Belarmino Sardinha e a a esposa Antonieta (à direita).


Foto nº 10 > Lourinhã > Ribamar > Praia de Porto Dinheiro > Tabanca de Porto Dinheiro > Convívio anual > 18 de agosto de 2017 >  O Jaime, o "canito" e a Dina.


Foto nº 11 > Lourinhã > Ribamar > Praia de Porto Dinheiro > Tabanca de Porto Dinheiro > Convívio anual > 18 de agosto de 2017 > Outro aspecto das duas mesas... De costas, a Helena Carvalho, a Alice Carneiro e o Arcílio Marteleira.



Foto nº 12  > Lourinhã > Ribamar > Praia de Porto Dinheiro > Tabanca de Porto Dinheiro > Convívio anual > 18 de agosto de 2017 > Uma "gracinha" dos "duques do Cadaval" para a nossa aniversariante Alice.


Fotos: © Álvaro Carvalho  (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem; Blogue Luís Graça / Camaradas da Guiné]


1. Continuação da "cobertura fotográfica" do convívio anual (2017) da Tabanca de Porto Dinheiro, desta vez a cargo do Álvaro Carvalho, marido da Maria Helena Carvalho, a nossa querida amiga Helena do Enxalé. O casal mora na Amoreira, Caldas da Raínha, e tem uma especial relação com a CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67).

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domingo, 14 de maio de 2017

Guiné 61/74 - P17357: Convívios (801): CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole, Missirá, 1965/67): Caldas da Rainha, 29 de abril de 2017 - Parte II (Jorge Araújo)


(Continuação) (*)








Fotos: ©: Álvaro Carvalho (2017). Todos os direitos reservados [Edição e lendage: Jorge Araújo / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
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Nota do editor:

Último poste da série > 14 de maio de  2017 > Guiné 61/74 - P17356: Convívios (800): CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole, Missirá, 1965/67): Caldas da Rainha, 29 de abril de 2017 - Parte I (Jorge Araújo)

Guiné 61/74 - P17356: Convívios (800): CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole, Missirá, 1965/67): Calda da Rainha, 29 de abril de 2017 - Parte I (Jorge Araújo)











(Continua)
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Nota do editor:

Último poste da série > 13 de maio de  2017 > Guiné 61/74 - P17351: Convívios (799): Encontro do pessoal do BART 3873, que se realiza no próximo dia 3 de Junho de 2017, em Válega - Ovar (Sousa de Castro)

domingo, 24 de abril de 2016

Guiné 63/74 - P16006: Convívios (735): Em Fátima, dia 10 de maio, CCAÇ 1439 (Enxalé, Missirá e Porto Gole, 1965/67) + Pel Caç Nat 52 e 54 + Pel Mort 81.. Eu vou, diretamente de Nova Iorque (João Crisóstomo)



1. A notícia chegou-nos de Nova Iorque (!), por mail do João Crisóstomo. Ele vem de propósito para estar em Fátima com a malta do seu tempo e da sua companhia, antes de ir passar 5 semanas na Eslovénia, a terra da sua esposa Vilma:

trata-se do convívio da CCAÇ 1439 (Enxalé, Missirá e Porto Gole, 1965/67) + Pel Caç Nat 52 e 54 + Pel Mort 81.

Os nossos amigos Helena (a Lena do Enxalé) e Álvaro Carvalho (Caldas da Rainha) também vão estar. E o Henrique Matos, pois claro, o 1º comandante do Pel Caç Nat 52 (1966/68). E cremos  que também o José António Viegas, ex-fur mil do Pel Caç Nat 54.
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Nota do editor:

Último poste da série > 12 de abril de 2016 >  Guiné 63/74 - P15965: Convívios (734): 10.º Encontro do pessoal da CCS / BART 2719 (Bambadinca, 1970/72) e subunidades adidas, Viseu, 21 de maio de 2016 (Benjamim Durães)

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Guiné 63/74 - P14927: Nas férias do verão de 2015, mandem-nos um bate-estradas (11): Vimeiro, Lourinhã, 17 a 19 de julho de 2015: recriação histórica da batalha do Vimeiro (1808) e mercado oitocentista - Parte II: Fogo à peça!... Oxalá, inshallah, enxalé a gente se possa voltar a encontrar para o ano!



Vídeo (0' 35''). Alojado no You Tube > Luís Graça



Vídeo (2' 00''): Alojado em You Tube > Luís Graça


Lourinhã, Vimeiro > 18 de julho de 2015 > Reconstituição histórica da batalha do Vimeiro (21 de agosto de 1808) e mercado oitocentista > O "valente soldado" Eduardo  Jorge Ferreira, nosso grã-tabanqueiro, amigo e camarada... No "bar do soldado 1808",  depois da "batalha"...

Foto e vídeos: © Luís Graça (2015) Todos os direitos reservados.


1. Lourinhã, Vimeiro > 18 de julho de 2015 > Reconstituição histórica da batalha do Vimeiro (21 de agosto de 1808) e mercado oitocentista.(*`)

O nosso grã-tabanqueiro Eduardo Jorge Ferreira e o seu grupo de recriadores históricos do Vimeiro, tiveram  o seu "batismo de fogo" no "assalto à igreja", reconstituição que se realizou no dia 18/7/2015, sábado. Nesse dia, também se realizou, pelas 16h00, a cerimónia de homenagem aos combatentes junto ao Padrão Comemorativo da Batalha do Vimeiro.

Na véspera, dia 17, 6ª feira, já se tinha efetuada, às 22h00,  a encenação, prevista no programa,  “A corte que parte e o invasor que chega” (referência à partida da corte para o Brasil em 1807; por  um triz, o destacamento avançado das tropas napoleónicas, comandadas por Junot, não apanhou a rainha, o príncipe regente, demais família real e o seu séquito de cortesãos e cortesãs... Daí a expressão popular "ficar a ver navios"). (**)

O forte dos 3 dias foi a reconstuição da batalha do Vimeiro, ao meio dia de domingo, dia 19, em campo aberto (evento a que não assistimos) (***)... 

A reportagem completa dos 3 dias de festa está aqui disponível, por iniciativa do Município da Lourinhãfotos (131) e vídeos (4).

Parabéns ao nosso grã-tabanqueiro Eduardo Jorge Ferreira, voluntários locais e demais lourinhenses ( a começar pelo muncipio e a Associação para a Memória da Batalha do Vimeiro) que deram corpo e alma a esta iniciativa, de interesse histórico, cultural e turístico.  Alguns aspetos relacionados  com a segutança de pessoas e bens terão de ser melhor acautelados em futuras recriações, como já tive ocasião de  transmitir pessoalmente ao Eduardo... (LG).

PS - Parabéns também aos nossos novos grã-tabanqueiros Helena ("do Enxalé") e Álvaro Carvalho que aguentaram,  de pé firme, estes três dias... O Álvaro, num gesto generoso, fez uma completíssima reportagem (fotos e vídeos) que vai pôr à disposição do Eduardo... A  Maria Helena vai-nos mandar fotos digitalizadas do seu tempo de menina e moça no Enxalé, algumas das quais me trouxe para mostrar... O casal vive entre as Caldas da Raínha e a Amoreira de Óbidos...

Oxalá, inshallah, enxalé a gente se possa voltar a encontrar para o ano!
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Notas do editor.

(*) 19 de julho de  2015 > Guiné 63/74 - P14898: Nas férias do verão de 2015, mandem-nos um bate-estradas (8): Vimeiro, Lourinhã, 17 a 19 de julho de 2015: recriação histórica da batalha do Vimeiro (1808) e mercado oitocentista - Parte I: Com o nosso 1º cabo Eduardo Jorge Ferreira, promovido a sargentos por feitos heroicos em campanha...

(**) "Ficar a ver navios", não obter o que se deseja, ver as suas suas expectativas goradas ou frustradas, esperar inultilmente.... É uma expressão, ao que parece, muito mais antiga... A sua origem muito provavlemenmte remonta ao tempo em que os armadores portugueses, e os populares (com destaque para as mulheres), na época Descobrimentos e das grandes viagens marítimas, tinham por costume ficar no alto de Santa Catarina, em Lisboa, à espera do regresso das caravelas e das naus que vinham das Índias, da África ou do Brasil. Outra hipótese tem a ver com o mito sebastiânico, o rei (o "Desejado") que haveria de regressar numa manhã de nevoeiro , depois do desastre de Alcácer Quibir (em 1580)...

No caso da partida da corte para o Brasil (que implicou na prática a primeira e única transferência, na história,  da capital de um império para a sua colónia...), estamos a falar de uma diferença de horas... Junot não conseguiu aprisionar o príncipe regente Dom João (filho de Dona Maria I, e futuro rei de Portugal), como estava nos seus planos: a corte embarca, no rio Tejo,  a 27 de novembro de 1807, mas a frota só parte a 29, por causa da falta de ventos...Junot, vindo do Ribatejo, entra em Lisboa às 9h00 da manhã do dia 30...

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Guiné 63/74 - P14885: Nas férias do verão de 2015, mandem-nos um bate-estradas (6): Convívio da Tabanca de Porto Dinheiro, 12 de julho de 2015 (Parte III): Álvaro e Helena do Enxalé, sejam bem-vindos à Tabanca Grande!...Oxálá / inshallah / enxalé nos possamos voltar a reunir mais vezes para partilhar memórias (e afetos)... Vocês passam a ser os grã-tabanqueiros nºs 695 e 696



Foto nº 1  - O grupo dos tabanqueiros de porto Dinheiro... Falta o fotógrafo, o Álvaro Carvalho


Foto nº 2  > De pé o Álvaro Carvalho... Sentados, Luís Graça, João Crisóstomo e o António Nunes Lopes (está convidado para integrar a nossa Tabanca Grande, mas não tem endereço de email, aguardo o da esposa)


Foto nº 3 >   João, Luís e António Lopes,  falando do Xime


Foto nº 4 > A Alice a Helena


Foto nº 5 > Luís, Helena e Eduardo: folheando um livro sobre a Guiné-Bissau, editado a seguir à independência, e que a Helena trouxe consigo



Foto nº 5 > Alice, Helena, Luís, Eduardo e Vilma (que ainda não fala português: entendemo-nos em inglês e francês)


Foto nº 6 > Três grandes amigos: João, Horácio e Milita


Foto nº 7 > Luís e João... Raramente o nosso editor aparrece aqui nas fotos de convívios, descontraído, sem máquina fotográfica... Nada como ter um fotógrafo de serviço... E que fotógrafo!


Foto nº 8 > A Dina e o Jaime



Foto nº 9 > Restauarante O Viveiro

Lourinhã > Ribamar > Tabanca de Porto Dinheiro > 12 de julho de 2015 > Restaurante O Viveiro > Convívio anual da Tabanca de Porto Dinheiro. Régulo:  Euardo Jorge Ferreira, (*)

Fotos: © Álvaro Carvalho (2015)  Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: LG]


1. Seleção de um lote de 100 fotos [, além de vídeos...] que o Álvaro e a Helena Carvalho, nos enviaram com a seguinte mensagem simpatiquíssima:

Tabanca do Porto Dinheiro, passaremos a chamar-lhe ponto de reencontro, dos sentimentos sinceros da Amizade.

A Helena do Enxalé e o Álvaro partilharam com excelentes seres humanos uma tarde onde os temas foram variados. À Vilma e ao João Crisóstomo pediuos-lhes o favor de serem sempre felizes... extensivo a todos.
Enfim recordar também é viver.

Um Abraço ao Grande Régulo Eduardo que se portou à altura, bem escolhido pelo Luís Graça.

Um Fraterno Abraço a toda a "equipa" presente que vamos  citar pela ordem da foto de grupo, acima publicada: da esquerda para a direita, António Nunes Lopes, João Crisóstomo, Helena do Enxalé, Vilma Crisóstomo, Dina, Milita (primeiria fila); Eduardo Jorge Ferreira, Maria Alice Carneiro, Alexander Rato ], presidente da junta de freguesia de Ribamar,], Horácio Fernandes e Jaime Bonifácio Marques da Silva (segunda fila).

Álvaro e Maria Helena
 


2. Comentário de LG:

Obrigado, Álvaro e Helena, pela completíssima e competentíssima cobertura fotográfica da reunião da Tabanca do Porto Dinheiro. Oxala/inshallah/enxalé nos possamos voltar a reunir, mais vezes, nesta ou noutras tabancas. O que vai acontecer seguramente a avaliar pela composição da nossa mesa.. Mais uma vez se comprova que o Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca...é Grande. (Tabanca Grande é o nome da nossa comunidade virtual e real, de amigos e camaradas da Guiné, espalhados pelos quatros  do mundo, Portugal, a Gun+e.Bissau e a diáspora lusófona).

Tiro o quico, à boa maneira da tropa, à espantosa naturalidade e grande generosidade com que vocês, Álvaro e Helena, se juntaram a nós, como se nos conhecêssemos há décadas e fôssemos velhos e bons amigos de há muito... É fruto deste sortilégio, desta magia, que é a "nossa" Guiné, essa terra verde e vermelha (e por extensão a Africa lusófona), que nos marcou a todos/as, nos tocou a todos/as, de diferentes maneiras, e cujo espírito procuramos reviver, preservar e promover, sentando-nos à sombra de um secular, protetor, fraterno, simbólico poilão, o poilão da nossa Tabanca Grande...

O Álvaro e a Helena passam, a partir de hoje, a constar na lista alfabética dos membros da nossaTabanca Grande, cujo nº se aproxima já dos 700 (mais do que um batalhão!) e donde já constam, além do meu nome, os nomes do Eduardo, do João, do Jaime, do Horácio, e da Alice... (Vd. fiolha de  rosto do blogue, coluna do lado esquerdo).

Não é preciso "curriculum vitae", civil ou militar, bastam os dois amarem aquela terra e já terem bebido a água do Geba.. Eu mesmo faço questão de os apresentar, formalmente...

Como eu gosto de dizer, não é (felizmente!|) o Panteão Nacional, é melhor... é a nossa Tabanca Grande. O nosso objetivo é muito simples, é o de partilhar memórias (e afetos). E, por outro lado, muito sinceramente, penso que vale muito mais um camarada vivo (e quem diz camarada diz amigo), do que um herói morto...

Nenhum deles é camarada, mas são amigos da Guiné. Os camaradas tratamo-los por tu, o Álvaro e Helena, sem terem sido "tropa", merecem o mesmo tratamento: do general ao soldado, do almirante ao marinheiro, tratamo-nos todos por tu, porque é mais prático e desinibidor... Aqui não há títulos, académicos, sociais, profissionais, tirando os velhos postos do tempo da tropa (que nos ajudam a identificar a malta9... Trato, de resto, a maioria dos amigos da Guiné por tu como sinal de distinção e porque faço questão também que me tratem por tu...

Álvaro e Helena, sejam bem vindos, a esta e às demais tabancas sob a "jurisdição" da Tabanca Grande...

Que Deus, Alá e os bons irãs vos/nos protejam, a todos/as!... Luis



Guiné-Bissau > O Enxalé... In šāʾ Allāh (em árabe: إن شاء الله, [in ʃæʔ ʔɑlˤˈlˤɑːh]),  romanizado como Insha'Allah ou Inshallah ou Inshalá, é uma expressão árabe que quer dizer  "se Deus quiser" ou "se Alá quiser". Deu "oxalá" (em português) e "ojalá" em castelhano.(Fonte: Wikipedia). Parte do coração da Maria Helena ficou lá, no Enxalé...

Infografia; Blogue Lu+is Graça & Camaradas da Guiné (2015)


PS - A Maria Helena Carvalho, mais conhecida por Helena do Enxalé, nasceu na Guiné, em 1951 (**). O pai, natural de Seia, o "Pereira do Enxalé",  Amadeu Abrantes Pereira era uma figura muito conhecida e respeitada no território. Instalou-se estrategicamente no Enxalé, na margem norte do Rio Geba, frente ao Xime. Lá tinha uma destilaria de aguardente de cana. Fez uma escola e construiu uma pequena capela. Amílcar Cabral foi visita da casa. bem como o poderoso régulo do Enxalé, Abna Na Onça. capitão de 2ª linha.  E alguns futuros guerrilheiros do PAIGC tiveram o Pereira como patrão. 

Em 1962, e com o início da guerrilha, o Pereira mudou-se para Brá. No Enxalé, a dificuldade maior era a livre circulação e o abastecimento da matéria.priama, a cana de acúcar. Em 1958, se não erro, a Helena vem para Bissau e depois segue para a metrópole para poder estudar. Voltava à Guiné nas férias grandes. Foi educada por uma madrinha. Em 1974, com 23 anos, e já casada com o Álvaro, assiste ás festas da independência, sentindo-se perfeitamente em casa... 

Entretanto, a mºae já tinha morrido e o pai acabava de falecer, algumas semanas antes, em agosto de 1974....Voltaria mais tarde à Guiné-.Bissau, creio que em 1989,  para tratar de assuntos da família, incluindo o património edificado no Enxalé e em Bissau. Das coisas mais bonitas que lhe aconteceram  e que ainda hoje recorda com orgulho e emoção foi verificar como o nome da  sua família era respeitada pelas gentes do Enxalé: (i) o régulo veio com uma petição escrita para ela dar autorização aos habitantes locais para poderem  continuar a colher os  citrinos que continuavam a nascer na ponta; (ii) uma bajuda veio-lhe entregar as chaves de casa...

O casal vive e trabalha nas Caldas da Raínha. O pai do Álvaro era ourives. Ele mantém o negócio, que agora já passou para a terceira geração. Adora cicloturismo (apesar de um grave acidente que teve há anos) e fotografia. Tem "slides" da independência da Guiné-Bissau que me prometeu mostrar  um dia quando passar lá por casa... Entretanto a Helena foi adoptada  pela "rapaziada" que passou pelo Enxalé, nomeadamente a CCAÇ 1439 (1965/67) (*). Foi ela que organizou,, este ano, o convívio anual da companhia. É uma mulher de armas!...


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Notas do editor;: