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quinta-feira, 30 de maio de 2024

Guiné 61/74 - P25582: O Cancioneiro da Nossa Guerra (25): Os Gandembéis - Canto IV, Estrofes de I a XI (Fim) (CAÇ 2317, Gandembel, Ponte Balana e Nova Lamego, 1968/69)



Guiné > Região de Tombali >   Ponte Balana > CCAÇ 2317 (1968/69) >  Rio Balana  "O pequeno destacamento foi um bastião na defesa de uma ponte (sobre o rio Balana)n que a engenharia militar recuperaria, mas que também acabaria por ruir" > Álbum fotográfico de Idálio Reis > Foto 422 > "Aproveitando os restos da antiga ponte, davam-se belos mergulhos para banhos retemperadores"



Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > Cansissé > CCAÇ 2317 (Gandembel, Ponte Balana, Buba e Nova Lamego, 1968/69) > Julho de 1969 > Foto do álbum de Idálio Reis: "Foi na fonte de Semba Uala, que os nossos corpos se retemperaram de energias abaladas. Também, com exasperados desejos, se buscavam encontros de encantos (...) Junto à parte oriental da povoação, situava-se a fonte de Cam-Sissé (Semba Uala), com data de construção de 1959. Era conhecida vulgarmente pela Fonte dos Fulas. (...)".




Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > Cansissé > CCAÇ 2317 > Julho de 1969 > Mesmo junto à parte oriental da povoação, situava-se a fonte de Cam - Sissé (Semba Uala), com data de construção de 1959. Era conhecida vulgarmente pela Fonte dos Fulas, como se constata no celebérrimo banho à fula que estas duas bajudas estão a tomar.


Fotos (e legendas): © Idálio Reis (2007).  Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




1. Última parte de "Os Gandembéis", poema épico-burlesco,
 parodiando "Os Lusíadas", de autoria coletiva (mas com forte contributo do poeta João Barge, 1944-2010) (foto à esquerda): escrito em 1969,  retrata a epopeia da CCAÇ 2317 em Gandembel e Ponte Balana (*). Foi ecolhido e reproduzido pelo nosso camarada e amigo Idálio Reis, engenheiro agrónomo reformado, ex-alf mil at inf da CCAÇ 2317, no seu livro "A CCAÇ 2317 na guerra da Guiné: Gandembel / Ponte Balana", edição de autor, s/l, 2012 (il, 250 pp.). (O livro é ilustrado por mais de meia centena de fotos dos arquivos do Idálio Reis e dos seus camaradas.) (*)


Sobre o Canto IV (úllima parte de "Os Gandembéis"), explicou-nos oportunamente  o Idálio Reis (**):


Depois de receber ordens para abandonar Gandembel, em 28 de janeiro de 1969, a CCAÇ 2317 passa por Aldeia Formosa e fixa-se em Buba, sede do COP 4 (comandado na altura pelo major Carlos Fabião). Em 14 de maio de 1969, deixa Buba e segue, de avião, para Nova Lamego, região do Gabu, onde irá terminar a sua comissão sete meses depois. Ali foram, finalmente, "gente feliz, sem lágrimas"... E ai tiveram tempo e talento para escrever Os Gandembéis.

Torna-se demasiado evidente que a Ilha dos Amores [Canto IX, Os Lusíadas, de Luís de Camões], tem nesta fase final uma emulação muito mais forte. E não poderia ser doutra forma, porquanto a nossa guerra de Nova Lamego também não tinha cotejo com a de tempos anteriores.

á uma forte razão para que entre um certo sentimento de lascívia neste poiso. A grande generalidade da Companhia, antes de chegar a Nova Lamego, não tinha visto uma qualquer mulher. A guerra tinha facetas pérfidas.

Em Gandembel, não havia população, e a visão de um rosto feminino só era propiciado aquando de alguma evacuação, onde ia sempre uma enfermeira paaquedista. Grotescamente, lembro que quando havia evacuações em que o pessoal sentia que o evacuado era um ferido ligeiro, tal até era motivo para que surgisse um maior aglomerado em torno do helicóptero, para bem visualizar a doce face da enfermeira.

Depois a tabanca de Buba era pequena, e atendendo à muita tropa que por lá andava, tudo estava sob controlo apertado. E um dia Spínola, a queixas do malogrado Carlos Fabião que lhe foi dizer que havia elementos da população que prestavam informações ao IN, o que até era verdade, fez um discurso inflamado à população traidora, e manda vir uma LDG, despachando-a rumo aos Bijagós. O nosso sueco José Belo, com mais tempo do que eu em Buba, talvez saiba melhor contar o enredo de tudo isto.

E depois a Companhia arriba a Nova Lamego, e houve forrobodó. Eu não fui com a Companhia para Nova Lamego, pois fiquei em Buba na entrega do material. Fi-lo voluntariamente, porquanto Carlos Fabião era um homem/militar excepcional; a sua conduta no PREC revela essa sua faceta humanista, e vem a acabar por ser postergado.

Fiquei talvez duas semanas em Buba, mais uma em Bissalanca nos Páras (foram as minhas férias), e quando arribo a Nova Lamego, a primeira notícia que recebo, é a seguinte:

- Meu alferes, metade da Companhia apanhou a venérea!

Os cuidados médicos lá foram sarando essas feridas. Sei de um que teve de ser evacuado para Bissau, e que de imediato foi recambiado para Lisboa. Como foi um homem que nunca mais deu notícias, não sabemos o que lhe aconteceu.

Mas Nova Lamego recuperou energias, aumentou consideravelmente a nossa autoestima, éramos gaiatos felizes. E as narrativas que impendem sobre aquela vila, tem forçosamente de conter essa situação de jovens, com pouco mais de 20 anos, a enlear-se com o sexo oposto, após 15/16 meses sem essa benesse. E, nos nossos convívios, vem sempre uma história de uma bajuda.



Canto IV - Estrofes de I a XI (Fim)

I
Deixando Buba, enfim, do doce rio
E tomando a mala já arrumada,
Fizemos desta terra certo desvio.
E para evitar qualquer cilada,
O Dakota tomámos, suave e frio,
Fazendo boa viagem e descansada:
Melhor é fazer uma viagem de avião
Que andar a pé de arma na mão.

II
Gabu se chama a terra aonde o trato
De melhor alimento mais florescia
De que tinha proveito grande e grato
O soldado que esse reino possuía.
Daqui à Metrópole, por contrato,
Não falta muito tempo à Companhia.
Por toda a parte um grito se apregoa:
“D´ora a sete meses estamos em Lisboa”.

III
Aqui, sublime, o descanso estava em cima,
Que a nenhuma parte se sustinha;
Daqui o fim da guerra sempre anima
O soldado que Nino, furtado tinha.
Logo após ele leve se sublima
A feliz mudança, que mais azinha
Tomou lugar junto do Batalhão
Mas continuamos a dormir no chão.

IV
Fulas são todos, mas parece
Que com gente melhor comunicavam:
Palavra alguma dele se conhece
Entre a linguagem sua que falavam,
E, com pano delgado, que se tece
De algodão, as cabeças apertavam;
Com outro que de várias cores se tinge,
Cada um as vergonhosas partes cinge.

V
Já néscios, já da guerra desistindo,
Uma noite, de amor prometida,
Nos aparece de longe o gesto lindo
Da negra Bajuda, única, despida.
Como doidos corremos, de longe abrindo
Os braços para aquela que era vida
Deste corpo, e começámos os olhos belos
A lhe beijar, as faces e os cabelos.

VI
Formosas são algumas e outras feias,
Segundo a qualidade for das chagas,
Que o veneno espalhado pelas veias
Curam-no às vezes ásperas triagas.
Ao pescoço e nos braços trazem cadeias
De contas feitas com sábias magas.
Elas, que vão do doce amor vencidas,
Estão a seu conselho oferecidas.

VII
Alguns, por outra parte, vão topar
Com bajudas despidas que se lavam;
Elas começam súbito a gritar,
Como que assalto tal não esperavam.
Umas, fingindo menos estimar
A vergonha que a força, se lançavam
Nuas por entre o mato, aos olhos dando
O que às mãos cobiçosas vão negando.

VIII
Todas de correr cansam, bajuda pura,
Rendendo-se à vontade do inimigo;
Tu de mim foges para a mata escura?
Quem te disse que eu era o que te digo?
Deixa-me ir contigo nesta aventura
E no capim vem sentar-te comigo.
Já que desta vida te concedo a palma,
Espera um corpo de quem levas a alma.

IX
Já não foge a bela bajuda tanto,
Por se dar cara ao triste que a seguia,
Como por ir ouvindo o doce canto,
As namoradas mágoas que dizia.
Volvendo o rosto já sereno e santo,
Toda banhada em riso e alegria,
Cair se deixa aos pés do vencedor,
Que todo se desfaz em puro amor.

X
Oh! Que famintos beijinhos na testa,
E que mimoso choro que suava!
Que afagos tão suaves, que ira honesta,
Que em risinhos alegres se tornava!
O que mais passam na manhã e na sesta,
Que amor com prazeres inflamava,
Melhor é experimentá-lo que julgá-lo;
Mas julgue-o quem não pode experimentá-lo.

XI
Ao fim de tanto amor e falsas guerras
Finalmente chegou a hora desejada;
Das gentes nos despedimos e destas terras
Com furiosos gritos e alegria desusada,
Por voltarmos às metropolitanas serras,
Pois temos a comissão terminada.
Não se indigne o herói nem a Pátria querida
Que, por seu nome, aqui muitos deram a VIDA.

(Revisão / fixação de texto: ID / LG)

______________


Notas do editor:

(*) Último poste da série > 28 de maio de 2024 > Guiné 61/74 - P25573: O Cancioneiro da Nossa Guerra (24): Os Gandembéis - Canto III, Estrofes de I a VIII (CCAÇ 2317, Gandembel, Ponte Balana e Nova Lamego, 1968/69)


(**) Vdf. poste dfe 21 de abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9778: O Cancioneiro de Gandembel (8): Do Hino de Gandembel ao poema épico Os Gandembéis (Parte VIII): Nova Lamego e Cansissé, a " Ilha dos Amores" do pessoal da CCAÇ 2317 (Idálio Reis)

quinta-feira, 3 de outubro de 2019

Guiné 61/74 - P20199: Controvérsias (139): As doenças sexualmente transmíveis: profilaxia e tratamento... Recordando o nosso saudoso camarada Armandino Alves (!944-2014), ex-1º cabo aux enf, CCAÇ 1589 (Beli, Fá Mandinga e Madina do Boé, 1966/68)



Capa de uma brochura sobre higiene sexual, sem data [, 1954?],  publicada pela Direcção do Serviço de Saúde Militar, e com destino  essencialmente às praças do exército.

Reproduzida, com a devida vénia, da página da CCAÇ 3387, Escorpiões (Angola, 1971/73), mobilizada pelo RI 2  (Abrantes). bem como o excerto, abaixo ("ligeiros conselhos de higiene sexual").

Os nossos especiais agradecimentos ao Mário Ferreira da Silva, de Cacia, que criou e alimenta esta página, e a quem damos os nossos parabéns: era 1º cabo padeiro.



1. O documento aqui reproduzido é antecedido de uma pequena nota introdutória, da responsabilidade do editor da página da CCAÇ 3387:

Numa época em que um homem ainda podia ter relações sexuais sem o risco de apanhar doenças incuráveis, para as quais ainda não há qualquer hipótese de tratamento à vista [, referência  ao HIV/SIDA], o exército português, na segunda metade do século XIX [ou XX ?], tinha não apenas o cuidado de efectuar acções de sensibilização para os problemas das doenças venéreas, como também distribuía frequentemente documentação escrita, em forma de pequenas publicações num formato A5, na esperança de que os militares a lessem.

Volvidos mais de 30 anos após o término de um período em que os nossos homens eram obrigados a férias forçadas por terras distantes [, referência à guerra colonial],  vão-nos chegando verdadeiras relíquias documentais, que aqui arquivamos e damos a conhecer, após a devida conversão para um formato electrónico.

O presente documento é uma publicação da Direcção do Serviço de Saúde Militar, rigorosamente transcrito e do qual reproduzimos apenas a capa da publicação, num formato A5, tal como anteriormente dissemos.

O citado documento foi inserido em 1/7/2009, na página da CCAÇ 3387-


DIRECÇÃO DO SERVIÇO DE SAÚDE MILITAR

LIGEIROS CONSELHOS DE HIGIENE SEXUAL


Segundo pesquisa que fizemos na Porbase - Base Nacional de Dados Bibliográficos, esta brochura ou folheto,  de 2 folhas, data de 1954: 

Título Profilaxia das doenças venéreas no Exército: ligeiros conselhos de higiene sexual
Publicação: [S.l. : s.n.], 1954 ( Lisboa:  Tip. Pap. Fernandes)
Descrição física: 2 fl; 11 cm.


De qualquer modo é de registar que o exército (ou o seu serviço de saúde militar), nessa época já distante, sete anos antes do início da guerra colonial,  era muito mais pragmático e muito menos hipócrita, em matéria de prevenção  e tratamento das doenças sexualmente transmissíveis  do que a generalidade das outras instituições da sociedade portuguesa da época...

Recorde-se que a  ilegalização da prostituição e das casas de passe (ou de tolerância, ou casas toleradas, como a famosa Casa da Mariquinhas), com efeitos a partir de 1 de janeiro de 1963, foi feita pelo Decreto-Lei nº. 44579, de 19 de setembro de 1962, emanado dos Ministérios do Interior e da Saúde e Assistência, do Governo de Salazar (**).

Claro que o documento não deixa de ser misógino, diabolizando a  prostituição feminina... O médico miitar, qie terá redigido os conselhos, esqueceu-se de acrescentar que em todos os tempo a prostituição segue a tropa... Muitas mulheres que trabalhavam nas casas depasse, em 1963, terão emigrado para Angola (**)...


LEMBRA-TE:

– Que depois de teres contacto sexual com mulher é obrigatório procurares o posto antivenéreo  [PAV] da tua unidade; e deves procurá-lo dentro de 3 horas, o máximo, depois desse contacto, para tirares resultado;

– Que tens no PAV a garantia da tua saúde; e sabes que a tua saúde é o melhor capital de que dispões;


– E que, não procurando o PAV, não te desinfectando, arruínas a tua saúde para sempre, contraindo doença venérea; e depois levas para casa mal ruim que pegarás à tua mulher e que transmites a teus filhos.


FICA SABENDO:

– Que essas doenças venéreas são a blenorragia (corrimento de pus pela uretra) e que aparece alguns dias depois do contacto sexual;

– As feridas no pénis e órgãos genitais e até na boca e no ânus (cavalos duros) podem aparecer só passadas algumas semanas, e que muitas vezes se não dá pelo aparecimento, porque podem não doer; e há outras fendas no pénis (cavalos moles) que dão muitas vezes inchaços nas virilhas (as mulas).


TOMA CUIDADO:

– Com as mulheres que se dizem muito sérias e saudáveis e em geral são mais perigosas do que as outras. E procura não ter relações sexuais com mulher que tenha feridas, caroços nas virilhas ou no pescoço, rouquidão, aftas, purgação ou qualquer corrimento, que tenha as roupas manchadas, ainda que para isso te dê qualquer desculpa e que diga não ter isso importância alguma.


PROCURA:

– Fazer uma completa e boa desinfecção e para isso segue as regras que estão afixadas no PAV e assim:

– Urina com força (pois que, urinando, fazes uma boa lavagem da uretra) e baixando as roupas convenientemente utiliza o mictório,  cavalgando com a face voltada para a parede e ensaboa, com o sabão desinfectante, durante um minuto, tudo o que esteve em contacto com as partes genitais da mulher, lava bem tudo com bastante água e, a seguir, repete a lavagem com mais sabão e durante 2 a 3 minutos.

ATENÇÃO:

– Nunca te fies na experiência apregoada das praças velhas e procura sempre o PAV, nunca te esquecendo que o tens de fazer dentro de 3 horas, o máximo, pois que, mais tarde, a desinfecção já não tem efeito; e mais, sempre que tenhas qualquer suspeita de doença venérea, consulta sempre o médico da tua unidade.


[Revisão / fixação de texto para efeitos de edição no blogue: LG]


2. O nosso saudoso camarada, do Porto,  Armandino Alves (1944-2014),  ex-1º Cabo Auxiliar de Enfermagem, CCAÇ 1589 (, Beli, Fá Mandinga e Madina do Boé, 1966/68)  (*), escreveu a propósito deste documento o seguinte em 2009 (**)

(...) "Recebi o o teu e-mail e fiquei admirado com a existência do referido Livro. Nem na recruta nem no Ultramar foi distribuído tal livro ao serviço de saúde para ser entregue aos militares .

Mas pelo que depreendo deve ter sido para a Guerra de 1940/45 [, o documento é posterior, é de 1954]. E digo isto porque em 1960 [, mais exatamente em 1963] Salazar acabou com a prostituição. Isto diziam eles. Como deves saber até essa data havia as chamadas casas de tia e vários cafés especializados nisso (no Porto havia o Derby, o Royal, o Moderno e o Portuense onde elas estavam sentadas nas mesas e era só escolher)." (...)


E acrescentava sobre as práticas sanitárias da época:

(...) "Nessa altura elas possuíam um livrinho, tipo Boletim de Vacinas, onde era anotado pelo Médico o estado delas. Se fossem apanhadas pela Polícia com o livrinho com a inspecção fora da validade dava 3 anos de cadeia. No Porto essas inspecções eram feitas num anexo nas traseiras da Biblioteca Municipal do Porto .

"Ora como na teoria tinha acabado a prostituição para quê mandar editar esses opúsculos ?" (...)

E focando-se no seu tempo, enquanto militar:

(...) "A verdade é que o que existia nos postos médicos das unidades (e nem em todos) era umas caixinhas com umas bisnagas com um produto que eu nem me lembro do nome, que o soldado solicitava quando queria ir às putas, mas tinha que se anotar o nome, dia e hora a que era solicitado. Claro que ninguém ia buscar o dito tubinho.

"E foi assim que, quando a minha Companhia regressou do mato a Bissau e os soldados se sentiram livres, apareceu-me passados dias em vários soldados os sintomas da blenorragia.

Ora isto tinha que ser comunicado ao Médico que por sua vez informava o Comando da Companhia que por sua vez agraciava o infractor com cinco dias de detenção. Ora detidos já tinhamos estado nós no mato durante um ano e, como eu já sabia que o médico ia receitar Penicilina na dose mais forte, foi o tratamento que eu lhes prescrevi e para estarem na enfermaria a X horas para ser eu a aplicar as referidas injecções. Só que para meu azar um dos atingidos, por motivos de serviço não pôde estar no horário previsto e foi ter com o Cabo Enfermeiro de Dia para que lhe desse a injecção. Como ele não sabia de nada,  comunicou ao Médico,  que comunicou ao meu Comandante e este chamou o soldado que lhe disse que tinha sido eu que o mediquei.

Claro que fui chamado ao Comandante que me ameaçou com os referidos 5 dias de detenção. Eu então perguntei-lhe se fosse no mato o tratamento era o mesmo... Felizmente o Comandante, atendendo aos bons serviços prestados durante toda a Comissão, rasgou a participação do Médico e ficou tudo em águas de bacalhau."

E concluindo:

(...) "O que as brochuras dizem não é bem o que se passa no terreno a nível prático. A gente vai-se desenrascando conforme pode e sabe e isso às vezes salvava vidas." (***)

___________________