domingo, 9 de março de 2014

Guiné 63/74 - P12814: Manuscrito(s) (Luís Graça) (23): Gostei de voltar a Tavira (Parte VI): E de rever as salinas, a estrada das Quatro Águas, Santa Luzia, Cabanas, Vila Real de Santo António...



Tavira > Convento das Bernardas Residence > 2 de fevereiro de 2014 > Piscina interior, de água salgada, de 400 m2.


Tavira > Convento das Bernardas Residence > 2 de fevereiro de 2014 > Vista das seculares salinas de Tavira... O que os velhos instruendos taklvez não saibam é que a Comissão Europeia atribuiu recentemente  a Denominação de Origem Protegida (DOP) ao produto “Flor de Sal de Tavira” ou ”Sal de Tavira”... As características únicas da Flor de Sal são reconhecidas nacional e internacionalmente pelos grandes chefes de cozinha...A designação DOP é atribuída a um produto ou género alimentício cuja produção, transformação e elaboração devem ocorrer numa área geográfica determinada a partir de um saber fazer reconhecido... A candidatura remonta a 2011... Mas o ten Madeira e outros instrutores do CISMI, na década de 1960,  já estavam avançados quase meio século, quando nos mandavam "trabalhar que nem mouros" para as salinas...


Tavira > Quatro  Águas > Parque Natural da Ilha Formosa > 2 de fevereiro de 2014 > Foz do Rio Gilão... O topónimo Quatro Águas designa o sítio da i(i) confluência do Rio Gilão, do (ii) Canal de Cabanas, do (iii) Canal de Tavira e da (iv) barra de acesso ao mar através da ilha de Tavira...


Tavira > Quatro  Águas > Parque Natural da Ilha Formosa >  2 de fevereiro de 2014 > Arraial Ferreira Neto (**)



Tavira > Quatro  Águas > Parque Natural da Ilha Formosa >2 de fevereiro de 2014 >  Barco de pesca


Tavira > Quatro  Águas > Parque Natural da Ilha Formosa > 2 de fevereiro de 2014   > O famoso Arraial Ferreira Neto, hoje transformado em umidade hoteleira (**)


Tavira > Quatro  Águas > Parque Natural da Ilha Formosa > 2 de fevereiro de 2014 > O barco que faz a travessia para a Ilha de Tavira


Tavira > Quatro  Águas > Parque Natural da Ilha Formosa > 2 de fevereiro de 2014 > Travessia Quatro Águas- Ilha de Tavira... Tabela de preços e horários... Como seriam os preços no final dos anos 60 ?



Tavira > Santa Luzia > 1 de fevereiro de 2014 > Marginal


Tavira > Santa Luzia > 1 de  fevereiro de 2014 > Ostras da ria Formosa... No nosso tempo, no tempo em que passámos pelo CISMI, não dávamos grande valor às ostras... Alguns de nós passaram a apreciá-las em Bissau e em Quinhamel...



Tavira > Santa Luzia > 1 de fevereiro de 2014 > Casa típica, tradicional...


Tavira > Santa Luzia > 1 de fevereiro de 2014 > Táxis marítimos: tabela de preços e horários... Não tenho ideia de haver estes serviços no tempo...


Vila Real de Santo António > 1 de fevereiro de 2014 > Praça Marquês de Pombal > A placa do obelisco erguido em 1775, a expensas do comércio local das pescarias, e que simbolizava o poder do rei D. José, e do seu Secretário Estado do Reino, o Marquês de Pombal, verdadeiro fundador da cidade... 

"Vila Real de Santo António foi fundada em 1774, por vontade expressa do Marquês de Pombal, perto da foz do Guadiana. A cidade constitui um testemunho histórico importante devido ao facto de ter sido construída de raíz em apenas dois anos, segundo o padrão iluminista do século XVIII, caracterizado pela planimetria, altimetria e volumetria. A vila começou a ser construída em 1774 com base num processo de pré-fabrico  e estandardização, técnicas que a Casa do Risco das Obras Públicas empregava desde a reconstrução de Lisboa, ficando em Agosto do mesmo ano concluída toda a parte destinada à Sociedade das Pescarias.Foi rápida a sua construção, pois assim o exigiam as contingências da política face a Espanha e a vontade férrea do Marquês de Pombal, ministro do rei D. José I (1714-1777)" (...) (Fonte: CM Vila Real de Santo António).

Fotos (e legendas): © Luís Graça (2014). Todos os direitos reservados.


1. E damos por encerrado, aqui, o roteiro (breve) de Tavira, aonde regressei, com "olhos de ver" e sem "mágoa no coração", 45 anos depois de ter feito o 2º Ciclo do CSM, no quartel da Atalaia, CISMI, no último trimestre de 1968 (*)...

Fiquei alojado dois dias no Convento das Bernardas Residence,  acessível na época baixa... É um notável projeto de recuperação arquitetónico, com a assinatura de Eduardo Souto de Moura... Aproveitei, obviamente, para percorrer o caminho que  ia dar à ilha de Tavira, a famosa estarad dos Quatro Caminhos, onde se toma o barco, para atravessando o Gilão, se chegar à ilha de Tavira que alguns de nós conheceram, no tempo da recruta e/ou especialidade...

Essa estrada era também uma das estações do calvário dos milicianos,  havendo instrutores que adoravam pôr-nos de salmoura, nas salinas.. Também fui, ou fomos (, eu, a Alice, e os meusw cunhados do Porto, Nitas e Gusto,, a Santa Luzia, zona piscatória de Tavira,  para provar as especialidades gastronómicas de Tavira onde o polvo continua a ser rei... E ainda houve tempo para dar um salto à pombalina Vila Real de Santo António...

Faltou, por manifesta escassez de tempo, revisitar a Cacela Velha, um dos  lugares mais mágicos da costa algarvia (,. pertence já ao concelho vizinho, de Vila Real de Santo António, ) e sobre o qual escreveu a nossa grande poetisa Sophia de Mello Breyner Andersen (Porto, 1919-Lisboa, 2004):

As praças-fortes foram conquistadas
Por seu poder e foram sitiadas
As cidades do mar pela riqueza

Porém Cacela
Foi desejada só pela beleza


[A conquista de Cacela, in: Livro Sexto, Lisboa, Morais, 1962]
 ______________

Notas do editor:


Vd. poste anterior:

28 de fevereiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12783: Manuscrito(s) (Luís Graça) (23): Gostei de voltar a Tavira (Parte V): No último trimestre de 1968, quando por lá passei, não tive condições físicas e psicológicas para descobrir a cidade, as suas ruas, o seu património e as suas gentes... Pairava já na minha cabeça o fantasma da guerra colonial...

(**) Sobre o Arraial Ferreira Neto:

CM Tavira > Património arquitetónico civil:

(...) Arraial Ferreira Neto (Monumento de Interesse Público)

Localização: Praia das Cascas, junto à foz do rio Gilão. Tavira.

O Arraial Ferreira Neto está implantado no lado nascente da foz do rio Gilão, perto de Tavira, numa zona denominada Quatro Águas (confluência do Rio Gilão, do Canal de Cabanas, do Canal de Tavira e da barra de acesso ao mar através da ilha de Tavira), perto da Fortaleza do Rato.

Como conjunto edificado o Arraial constitui um vestígio de grande importância das atividades económicas da Ria Formosa e da região e um dos poucos testemunhos arquitetónicos das instalações de apoio à pesca do atum de toda a costa algarvia, constituindo um exemplo perfeito da organização social, urbanística e arquitetónica do Estado Novo.

O atual conjunto veio substituir as instalações anteriores, demolidas pelo mar no ano de 1943, existentes na praia do Medo das Cascas, na Ilha de Tavira, mesmo em frente ao local onde se localiza agora o Arraial Ferreira Neto. O conjunto foi projetado pelo Eng.º Sena Lino em 1943, tendo por base o conceito de uma unidade urbana autónoma onde pudessem viver cerca de 150 famílias, com a sua zona industrial, as suas oficinas e a sua zona habitacional e de lazer. O Arraial era o local onde se concentravam os pescadores e família, que durante a campanha aí viviam e cuidavam nas oficinas os materiais e apetrechos necessários à faina da pesca do atum.

O Arraial - que é todo murado, apenas com duas portas externas de serviço- foi construído de forma a separar inteiramente a parte industrial da reservada às habitações, que é constituída por dois largos e cinco ruas. No seu conjunto é um autêntico bairro social piscatório, com o aspeto de "uma aldeia de linhas rústico-portuguesas" onde habitariam 400 a 500 pessoas, pois oferecia instalações adequadas ao exercício da atividade industrial, assim como o conforto necessário ao descanso dos pescadores e das suas famílias. Possui edifício escolar, balneário, forno, capela, posto médico, sanitários públicos e clube, além de uma rede completa de esgotos e cinco cisternas. Possui ainda um cais de embarque apetrechado com um guindaste manual na foz do rio Gilão.

Os projetos de arquitetura desenvolvidos no auge do governo do Estado Novo são um exemplo da racionalidade formal típica da época, com o seu aprumo volumétrico e a sua métrica "moderna", o uso de "materiais portugueses" (pedra bujardada, telha de canudo, ladrilhos de barro, painéis de azulejo e portas de madeira pintada com aldraba ou postigo de reixa), e as técnicas mais atuais da altura - fundações diretas em alvenaria ordinária, escadas em betão, paredes de tijolo cheio rebocado e estruturas da cobertura em asnas de madeira.

Com o declínio das capturas de atum até 1970 e 1971, data das últimas campanhas, o Arraial deixa de cumprir a finalidade para que fora destinado. Data de então a sua desafetação definitiva, tendo-se convertido mais recentemente em unidade hoteleira.

Fonte: IGESPAR (...)

4 comentários:

Tony Borie disse...

Olá Luis.
Nesta idade, o gosto pelas viagens é mais constante, oxalá que não seja, querer-mos ver o mais possível, enquanto é tempo!.
As tuas fotos e a simples e compreensível descrição dos lugares, fizeram-me andar por lá, embora nunca lá estivesse!.
Até as ostras!. Por aqui, em muitas zonas, estão proibidas, dizem que é a "maré vermelha"!.
A pintura dos barcos, com as letras "muito mal desenhadas", mas com uma cor muito viva, são obras de arte, pois não haverá outras iguais.
Também aprecio os teus poemas, mas sou muito "burro" em compreendê-los verdadeiramente, tenho que ler devagar e juntar algumas frases para lá chegar, mas quando começo a "encaixar", começo a vivê-los, e então gosto, e às vezes "roubo-os", e coloco-os no meu arquivo.
Um abraço e muita saúde, meu amigo,
Tony Borie.

Luís Graça disse...

Tony, tens que cá voltar, à tua pátria lusa, somos um país velhinho "como ó comandro", pequeno (89 mil km2, 10 milhões de gatos pingados...) mas com grande riqueza patrimonial, material e imaterial, da gastronomia à paisagem (natural e humama), da poesia à paleontologia (os dinossauros da "minha terra" que têm muitas coisas comos teus "dinossauros" da América...)...

Tudo isto é cultura, é riqueza, é identidade, incluindo a nossa língua que deve ser notivdo de orgulhop para todos aqueles que a falam, que a escrevem, que a fazem, que a divulgam... como ti e eu, todos nós aqui neste blogue lusófono...

Quando cá voltares, em turismo (de saudade ou de redescoberta), avisa a gente... Luis

Tony Borie disse...

Olá Luis.
Tens razão em tudo o que dizes.
São palavras com muito senso, a minha pátria lusa, esse cantinho, de quem guardo muitas recordações, claro, algumas boas, outras menos boas, mas continuo a vestir a camisola da selecção, quando ela joga e vejo aqui na televisão, são saudades que infelizmente o tempo vai comendo!.
A última vez que visitei Portugal, já lá vão mais de dez anos, foi quando vim para aqui, para a Florida, vindo do norte.
Quando vivia no norte, ia muitas vezes a Portugal, aqui na Florida, o clima, entre outras coisas, a assistência médica, e a paz que aqui vivo, "prendem-me", quando daqui saio, é para visitar a família no norte, ou viajar por aqui, pelos lugares que sempre esperei visitar, e agora com algum tempo, vou fazendo essas viagens.
A minha família encoraja-me a ir aí. Num destes dias, vou mesmo, talvez um fim de semana, só para ver a minha "segunda família", que são todos vocês!.
Dizes, avisa a gente… digo com sinceridade o mesmo, quando tiveres oportunidade e queiras visitar-me, por favor diz, vivo a uma hora da cidade de Orlando, onde existe todos aqueles divertimentos do Walt Disney!.
Um abraço, Luis.
Tony Borie.

Hélder Valério disse...

Destas apelativas fotos e dos textos complementares, digo o seguinte:

Como refere o Tony, as viagens podem ser o grande pólo de interesse para esta fase das nossas vidas. No entanto, as dificuldades económicas são, neste momento, um grande obstáculo.

Relativamente a Tavira acho que já disse aqui, noutros comentários, que é uma terra que está sempre nos meus planos de visitar quando estou com algum tempo no Algarve. Tudo aquilo, a paisagem, as edificações, a tranquilidade dos fins de tarde, o rio Gilão, a 'ponte romana', a praia da Ilha de Tavira, etc., tudo isso me é agradável.
Como não tenho 'más recordações' do tempo de tropa, que não fiz lá, as salinas e o seu 'terror' só de 'ouvir falar'.

Agora, quanto às fotos, realço o texto do obelisco de Vila Real de Santo António. Muitos elogios a el-Rei D. José, parecendo exagerados, mas sabe-se que a "força" foi toda do 'iluminista', do 'déspota esclarecido', Marquês de Pombal, Sebastião José.
É também um local que visito para comer umas pataniscas de bacalhau com arroz de feijão ou um bife de atum, no "Joaquim Gomes" , ali, à entrada da Praça vindo do lado do Guadiana.

No que às ostras diz respeito, é bem verdade o que o Luís escreve. No meu (nosso) tempo, associava a 'ostra' a uma escarreta, daquelas com 'recheio', que infelizmente era hábito o pessoal atirar para o chão: "lá vai ostra"!
No entanto, primeiro com alguma reticência, mas depois com total adesão, lá na Guiné posso dizer que fui um 'adorador de ostras', que sabia serem altamente ricas em fósforo, cálcio e outros ingredientes, para além de serem saborosas, um pretexto para um bocado bem passado na companhia de camaradas e um complemento ou substituto da refeição no refeitório de sargentos do QG.

Abraço
Hélder S.