Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Contuboel > 16 de Dezembro de 2009 > O João Graça, médico e músico, posando ao lado do dignitário Braima Sissé. Por cima deste, a foto emodulrada de Fodé Irama Sissé, um importante letrado e membro da confraria quadriyya [, islamismo sunita, seguido pela maior parte dos mandingas da Guiné; tem o seu centro de influência em Jabicunda, a sul de Contuboel; a outra confraria tidjania, é seguida pela maior parte dos fulas].
O Braima Sissé foi apresentado ao João Graça como sendo um estudioso corânico, filho de uma importante personalidade da região, amigo dos portugueses na época colonial [, presume-se que fosse o próprio Fodé Irama Sissé].(*)
Foto (e legenda): © João Graça (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
1. Comentário de Cherno Baldé, nosso colaborador permanente para as questões etno-linguisticas, vive em Bissau, tem formação superior tirada na ex-União Soviética (Universidade de Kiev, Ucrânia) e em Lisboa, ISCTE- IUL
Quanto a questão do véu islâmico... é uma questão religiosa deveras melindrosa, mas também económica e financeira, de quem mais e melhor pode pagar.
E, claro, como qualquer actividade sociocultural, quem tem mais recursos (meios humanos, materiais e financeiros) tem mais vantagens na mobilização social das comunidades no campo religioso também. Se quisermos tomar como elemento de comparação, direi que a politica Spinolistas "Por uma Guiné melhor" para ser credível tinha em consideração várias dimensões e nas diferentes esferas da vida das comunidades (povos) da Guiné, sem descurar, obviamente, do campo militar. A nossa"tropa-macaca" é que não conseguia entender e acompanhar uma tão repentina mudança de direção e de atitudes para com os pretos indígenas na complicada engrenagem imperial do Estado Novo. (***)
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(**) Último poste da série > 16 de junho de 2022 > Guiné 61/74 – P23357: (Ex)citações (409): Sobre a progressão da coluna no dia 29 de Maio, atentem no seguinte excerto do meu livro "Prece de um Combatente" (Manuel Luís R. Sousa, SAj GNR Ref, ex-Soldado da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4512/72)
(***) Vd. também excerto do livro de Frncisco Proença de Garcia - Os movimentos independentistas, o Islão e o Poder Português (Guiné 1963-1974). Triplov.com.org
Vd. também postes de:
19 de julho de 2010 > Guiné 63/74 - P6762: Antropologia (19): Os muçulmanos face ao poder colonial português e ao PAIGC (Eduardo Costa Dias)
Se nos anos 60/70 os mais cotados representantes eram, em grande maioria, da etnia fula (ver Futa-Fula) que professavam a corrente Sunita da Tidjania, bem moderada, com ligações às correntes religiosas do Magreb e do Egipto (escolas islâmicas de Fez e do Cairo, nomeadamente Universidade de Al-Qarawiyyin e Al-Azhar) que formavam os nossos estudantes em matéria islâmica, actualmente a etnia mandinga/biafada apoderou-se da iniciativa do proselitismo religioso com ligações ao movimento Salafista - Wahabita do Médio Oriente (países do Golfo liderados por Qatar e Arábia Saudita) beneficiando de importantes fundos (doações) para esse efeito.
Durante os últimos anos houve uma espécie de braço de ferro das duas correntes pela liderança das comunidades em Bissau e nas principais cidades do interior, com destaque no Norte e Leste do país, mas, pelos vistos a nova corrente está a levar a melhor e com isso, também, a presença cada vez maior de jovens discípulos desta corrente é Salafista-Wahabita nas mesquitas também por eles construidas tanto nos subúrbios da capital como no resto do país.
Durante os últimos anos houve uma espécie de braço de ferro das duas correntes pela liderança das comunidades em Bissau e nas principais cidades do interior, com destaque no Norte e Leste do país, mas, pelos vistos a nova corrente está a levar a melhor e com isso, também, a presença cada vez maior de jovens discípulos desta corrente é Salafista-Wahabita nas mesquitas também por eles construidas tanto nos subúrbios da capital como no resto do país.
Apesar de tudo, ainda não passa de um fenómeno novo e pouco expressivo, tendo em conta a resistência das correntes mais antigas e tradicionais (Tidjania e Quadryya) na região Oeste africana.
Ainda convém salientar que não se trata do caso específico de um país, em particular, mas de toda a nossa subregião africana onde a Guiné Bissau ainda faz boa figura em termos de equidade e tolerância.
Até quando ? Não se sabe, o mais certo é que a situação tende a piorar e só seria possivel contrariar a tendência com uma oferta maciiça de formação e educação escolar de carácter secular e não religiosa aos mais jovens a nível do pais em larga escala, acompanhada de possibilidades de emprego e/ou iniciativas individuais de auto-emprego.
Cordialmente,
Cherno Baldé (**)
Cordialmente,
Cherno Baldé (**)
PS - A confraria Xiita (com ligações ao Irão) não tem muitos adeptos na nossa subregião (África do Oeste) e mesmo a nivel do continente é pouco expressivo. Mas, eu não falei desta corrente religiosa e sim da competição dentro da corrente Sunita, onde existem orientações moderadas (mais antigas) e outras mais radicais (Salafistas / Wahabitas) originárias do Mêdio Oriente cuja influência é cada vez mais sentida nas comunidades muçulmanas do país e da subregião.
E, claro, como qualquer actividade sociocultural, quem tem mais recursos (meios humanos, materiais e financeiros) tem mais vantagens na mobilização social das comunidades no campo religioso também. Se quisermos tomar como elemento de comparação, direi que a politica Spinolistas "Por uma Guiné melhor" para ser credível tinha em consideração várias dimensões e nas diferentes esferas da vida das comunidades (povos) da Guiné, sem descurar, obviamente, do campo militar. A nossa"tropa-macaca" é que não conseguia entender e acompanhar uma tão repentina mudança de direção e de atitudes para com os pretos indígenas na complicada engrenagem imperial do Estado Novo. (***)
Notas do editor:
(*) Vd. poste de 14 de junho de 2022 > Guiné 61/74 - P23350: Bom dia, desde Bissau (Patrício Ribeiro) (29): Por terras de Farim - II (e última) Parte: gentes e lugares
(*) Vd. poste de 14 de junho de 2022 > Guiné 61/74 - P23350: Bom dia, desde Bissau (Patrício Ribeiro) (29): Por terras de Farim - II (e última) Parte: gentes e lugares
(***) Vd. também excerto do livro de Frncisco Proença de Garcia - Os movimentos independentistas, o Islão e o Poder Português (Guiné 1963-1974). Triplov.com.org
25 de novembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5337: Notas de leitura (36): Os Movimentos Independentistas, o Islão e o Poder Português de Francisco Proença Garcia (Beja Santos)