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quarta-feira, 12 de junho de 2024

Guiné 61/74 - P25634: Para Bom Observdor, Meia Palavra Basta (3): O morteirete 60 mm, m/968, da Fábrica de Braço de Prata (FBP), e outras curiosidades...

Morteirete 60mm m/968 (FBP)

1.A Fábrica de Braço de Prata (FBP) foi um dos  estabelecimento fabris militares,  que deram um importante contributo, ao longo do séc. XX e sobretudo nos anos 50 e 60,  para a reestruturação e modernização da nossa indústria militar, e em particular para o esforço de guerra em África.(*)


A sua origem remonta a  1908, quando começou a funcionar como Fábrica de Projecteis de Artilharia. Estava dependente  do Arsenal do Exército e, após a extinção deste, passou para a tutela  do Ministério da Guerra, mas com gestão própria.

O seu nome,  Fábrica de Braço de Prata (FBP),   tinha a ver com a sua  localização no bairro de Braço de Prata, na zona oriental Lisboa, em Marvila, à beira Tejo, a sul Parque das Nações. 

Foi integrada, em 1980,  na INDEP - Indústrias Nacionais de Defesa, E.P.", e  em 1996, inserida no grupo EMPORDEP - Empresas Portuguesas de Defesa. Mais tarde, o seu equipamento será transferido para Moscavide.

Atualmente, nas antigas instalações administrativas da FBP, propridade da Câmara Municipal de Lisboa,   funciona "ad hoc" um centro cultural privado  (que inclui livrarias, salas de exposições, salas de cinema e teatro e sala de espectáculos musicais, e que usa a mesma designação - Fábrica de Braço de Prata).

Fachada principal da FMBP

 
Mas voltando à sua história fabril: além de munições para artilharia, a FBP   alargou  a sua produção para outros tipos de armamento. Passou a chamar-se  "Fábrica Militar de Munições, Armas e Veículos".  E de novo "Fábrica Militar de Braço de Prata" (FMBP) ou, simplesmente "Fábrica de Braço de Prata" (FBP).

Este e outros estabelecimentos fabris militares, beneficiaram da entrada de Portugal da NATO, assim como do Plano Marshal (1949-1950), e mais tarde da cooperação com a Alemanha, conseguindo meios fnanceiros para a montagem de  maquinaria e requalificação e formação do seu pessoal.

2. Com a guerra do ultramar / guerra colonial, a FBP irá produzir algumas centenas de milhares de espingardas automáticas (e nomeadamente a G3), morteiros, metralhadoras,  outros equipamentos militares, além de milhões de 
munições (para armas ligeiras e pesadas).  O principal cliente eram as nossas Forças Armadas, mas também exportava (e nomeadamente,  para a Alemanha).

De entre o equipamento FBP mais conhecido destaque-se:

(i) a pistola-metralhadora de 9 mm FBP ( projetada e fabricada pela FBP);
(ii) a espingarda automática de 7,62 mm G3 (fabricada sob licença);
(iii) a metralhadora de 7,62 m HK21 (fabricada também sob licença);
(iv)  o morteirete de 60 mm FBP  (projetado e fabricado pela FBP).

Alguns dados sobre pessoal e produção nacional (1973) (estimativa) (Origem: FMBP - Fábrica Militar Braço de Prata;  FNMAL - Fábrica Nacional de Munições de Armas Ligeiras)

  • Em 1969 o  pessoal da FMBP (dirigente, técnico, administrativo, auxiliar e fabril) atingia cerca de 2400;
  • Cartuchos 7.62mm (FNMAL) > 90 milhões:
  • Granadas de mão ofensivas m/62  (FMBP> 600 mil;
  • Granadas de mão defensivas m/63 (FMBP) > 300 mil;
  • Granadas para morteiro 60mm (FMBP) > 100 mil / 140 mil;
  • Granadas para morteiro 81mm (FMBP) >60 mil;
  • Granada deobus 10,6 cm (FMBP) > 30 mil.
Nº total de armas fornecidas pela FMBP às Forças Armadas (1962-1973):

  • Espingarda automática G3 > c. 300 mil (a partir de 1962);
  • Metralhadora HK 21 > c. 7300 (a partir de 1968);
  • Pistola metralhadora FBP m/963 >7230 (a partir de 1963);
  • Morteirete 60 mm > 810 (data de início, desconhecida);
  • Morteiro 60 mm > 732 (data de início, desconhecida);
  • Morteiro 81 mm >  210 (data de início, desconhecida).
Fonte: Tavares (2005), pp.  206/207 e 219 

Já agora ficamos a saber que para as granadas de LGFOG 8,9 cm, Portugal estava dependente da Bélgica > 20 mil em 1973 (. Portugal preparava-se para  dar início ao seu fabrico, em 1973, na FMBP). A produção nacional de granadas de morteio 60 e 81, por sua vez,  estava dependente da importação da espoleta... As granadas de morteiro 120 vinham de França... As granadas de obus 14 e da peça de artilharia 11,4 também eram importadas... (E em 1973 parece haver falta deste tipo de granadas, no CTIG, a avaliar por alguns testemunhos de camaradas nossos...)
 
Enfim, para saber mais sobre a nossa indústria de guerra, em geral, e os estababelecimentos fabris militares, em particular, vd. João Moreira Tavares, Indústria Militar Portuguesa no Tempo da Guerra (1961-1974), Casal de Cambra,  Caleidoscópio, 2006, 238 pp. 

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Nota do editor:

(*) Vd. postes da série > 


6 de junho de  2024 > Guiné 61/74 - P25610: Para Bom Observador, Meia Palavra Basta (2): o que há em comum na estátua de Nicolau Lobato, herói nacional timorense, inaugurada em 2014, e a estátua aos combatentes do ultramar da freguesia de Atalaia, inaugurada um ano antes ?

quarta-feira, 5 de junho de 2024

Guiné 61/74 - P25605: Para Bom Observador, Meia Palavra Basta (1): Cunhete, em madeira, de granadas de morteirete 60mm, Guileje, c. 1969/70

 


Guiné > Região de Tombali > Guileje > Pel Caç Nat 51 > c. jan 69/jan 70 > Foto nº 13 do álbum do Armindo Batata >  Um dos guineenses do Pelotão cozendo a bianda em fogão a petróleo. Detalhe: cunhete,  em madeira,  de granadas de morteirete 60 mm,  m/968 (FBP), c/ Acessórios... A servir de móvel, improvisado (*).?

Foto: © Armindo Batata / AD - Acção para o Desenvolvimento (2007). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

1. Para Bom Observador, Meia Palavra Basta... A nova série, ao servir de passatempo para o verão que aí vem...E começamos com  esta curiosa foto do Armindo Batata: em Guileje, tal como noutros "resorts" turístico-militares do nosso tempo, improvisava-se, desenrascava-se, sobrevivia-se... Tudo se aproveitava, nada se deitava fora. Nomeadamente caixotes e cunhetes de munições, em madeira... Havia falta de mobiliário: cadeiras, bancos, mesas, secretárias, cacifos, estrados, etc.

Vendo a foto, pergunta-se: qual era a proveniência das granadas de morteirete 60 mm ?... Onde se fabricavam  ? 

 Era uma das nossas melhores armas no mato, em resposta a uma emboscada do IN: versátil, fácil de transportar, fácil de usar, eficiente, segura (contrariamente ao dilagrama), e terrivelmente eficaz, com um bom apontador... Nm precisava de prato: a ponta da bota, o joelho, o chão (desde que fosse duro)... bastavam para apoiar o cano!... E depois, era só metê-las, às "ameixas", no sítio certo...

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Nota do editor:

(*) Vd. poste de 5 de junho de 2024 > Guiné 61/74 - P25604: História do Pel Caç Nat 51 (1966/74) - Parte I: Guileje, ao tempo da CART 2410 (jan 69/jan 70) (Armindo Batata)

sábado, 15 de novembro de 2014

Guiné 63/74 - P13900: Álbum fotográfico de José Crisóstomo Lucas, ex-alf mil op esp, CCAÇ 2617, Magriços de Guileje (Pirada, Paunca, Guileje, 1969/71): partida e chegada de uma operação, Guileje, novembro de 1970


Guiné > Região de Tombali > Guileje >  Guileje > CCAÇ 2617, Os Magriços do Guileje, Março de 1970 / Fevereiro de 1971) > "Partida para uma operação: à esquerda, o alf m,il op esp J. C. Lucas, o furriel mil Durana Pinto e o Branquinho"... Na primeira fila, ao centro e à direita,  dois militares com o morteirete 60, uma das melhores armas que equipavam as NT... e que manobradas por bons apontadores faziam estragos no seio do IN...



Guiné > Região de Tombali > Guileje >  Guileje > CCAÇ 2617, Os Magriços do Guileje, Março de 1970 / Fevereiro de 1971) >  Novembro de 1970: Chegada da operação...


Fotos © José Crisóstomo Lucas (2014).Todos os direitos reservados



1. Fotos enviados pelo nosso camarada J. C. Lucas José Crisóstomo Lucas,  ex alferes miliciano, de operações especiais, CCAÇ 2617, Magriços de Guileje, Pirada, Paunca, Guileje, 1969/71]


Data: 28 de Outubro de 2014 às 00:14
Assunto: fotos da Guiné NOV. 70


Junto envio 3 fotos: uma isolada, pessoal [, foto à direita,], uma  outra antes de uma operação e uma terceira  após a chegada dessa operação à base de " Paroldade".


Na foto da chegada da operação podemos ver, à esquerda ,
eu e o furriel Durana Pinto e o Branquinho

O prometido...

Por favor confirma a boa recepção deste email

Cumprimentos

J. C. LUCAS ( Magriços de Guileje)


2. Há tempos (12 de outubro último) também me
escrever a propósito da sondagem sobre o paludismo e o tema da água.  Por outro lado, sei que o nosso camarada  Lucas, anda a lutar, desde há um ano e tal contra uma filha da mãe de uma doença mas ele garante-me que anda em cima da "safada",  e "tento dar-lhe nas unhas fazendo umas almoçaradas com os Magriços" (*)... Aproveitou para me mandar a foto da praxe (atual) que nunca te tinha mandado... Obrigado, camarada, e força, contra a "safada"!... LG


Meu caro:


Paludismo ? Nunca tive... Lembraste-me a velha situação em que colocávamos um lenço a cobrir a água da “ poça “ e era o nosso filtro mágico. A maior parte das vezes o lenço não estava muito limpo

Só para recordar !!!...

Cps

J.C.Lucas

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Nota do editor:

(*) Vd. poste de 8  de julho de  2013 > Guiné 63/74 - P11815: Os nossos médicos (61): Lembrando o médico dr. Sousa Fernandes e o enfermeiro Silva Pinto (J. Crisóstomo Lucas, ex-alf mil, CCAÇ 2617, Magriços de Guileje, 1969/71)