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sábado, 15 de dezembro de 2018

Guiné 61/74 - P19293: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (São Domingos e Nova Lamego, 1967/69) - Parte LVI: E tudo o vento levou... O furacão de 20 de agosto de 1968, em São Domingos


Foto nº 1


Foto nº 3


Foto nº 6


Foto nº 4


Foto nº 5


Foto nº 2

Guiné > Região de Cacheu > São Domingos > CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) > Efeitos do furação (ciclone tropical) em São Domingos, 20 de agosto de 1968.

Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do nosso camarada Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) (*)

CTIG - Guiné 1967/69 - Álbum de Temas:


T026 – CICLONE em S. Domingos

I - Anotações e Introdução ao tema:


1 – NOTAS:

Vem agora a propósito sobre as surpresas da mãe ‘natureza’ e tenho umas fotos e comentários de um furacão ou ciclone que assolou S. Domingos em Agosto de 68. Como já escrevi antes sobre isto, limito-me a passar o que escrevi há alguns anos atrás.

No corolário desta desgraça, vem a seguir a maior flagelação que apanhamos no tempo em que estivemos no sector O1B de São Domingos. Não há fotografias disponíveis. E depois disso a minha deslocação a Susana para efeitos de arranjar alimentos, missão feita num barco Sintex, com uma tripulação de 4 homens, não operacionais.

Este assunto está contado noutros temas.

Texto inicial,

Em, 30-04-2018 - Virgílio Teixeira


O grande ciclone ou furacão que se abate sobre São Domingos:

Na noite de 20 de Agosto de 1968, entre as 22 e 24 horas mais ou menos, caiu sobre aquela zona um ciclone brutal, uma violência de ventos e chuva torrencial, a sua velocidade devia ser tal ordem que levou tudo pelos ares, todos os telhados de zinco, que cobriam a maioria de todas as instalações simplesmente voaram a centenas de metros de distância.

Penso que se uma folha daquelas a voar a alta velocidade se apanhava alguém cortava-o a meio, mas não aconteceu isso. Várias estruturas de cimento e terra também se abateram, mas não vi que as construções feitas pela tropa com base em troncos de palmeira, bidões cheios de casca de ostra e cimento, nada disso foi afectado, também eram feitos para protegerem os militares contra os bombardeamentos do IN, esses sim bem mais agressivos.

Mas o ciclone não poupa nada, as destruições são grandes, por isso terão de ser refeitas mais tarde com mais tempo. Nunca tinha visto semelhante força da natureza, aquilo aparece sem ninguém dar conta nem se aperceba disso. É só tempo de abrigar-nos e esperar que passe o temporal, foi pelo menos umas longas duas horas.

Depois fui buscar a minha lanterna, a minha companheira das saídas à noite, e ver os estragos provocados. Peguei na máquina fotográfica e ainda fiz algumas fotografias, mas de noite não ficam muito boas, mas pode ver-se ainda alguma coisa que aconteceu nessa noite entre 20 e 21 de Agosto de 1968.

O problema maior veio depois, com os armazéns sem tectos, a chuva inundou tudo, e destruiu a maioria dos nossos mantimentos, ficou tudo estragado, com excepção daquilo que estava embalado em latas, garrafas, bidões, mas era muito pouco.

Nessa época de chuvas os barcos de reabastecimentos falharam a sua rotina, e ficamos à mercê do pouco que ia sobrando, foi um período conturbado, faltava quase de tudo, as DO-27 e os Dakota traziam algumas coisas, mas não eram suficientes. 

Foi neste período que posso dizer que tive algumas sensações de ‘fome’. Muitos dias só se comia refeições com massa de estrelinhas, quer como prato principal e de sopa, o pão era insuficiente pois não havia farinha, foi uma altura em que me fui safando com os meus amigos condutores que sempre arranjavam por fora alguns animais e fazíamos as nossas petiscadas. Bebidas nunca faltaram, nem sequer água.

Na sequência desta fase critica, o nosso comandante nomeou-me para comandar mais uma expedição até outra zona comandada pelo meu batalhão, em Susana, onde estava a CCAÇ 1684, fomos então 4 homens num pequeno barco da Engenharia, chamado ‘Sintex’,  era em fibra, e rio São Domingos abaixo lá fomos para Susana para trazer alguns mantimentos para a sede do Batalhão.

Já tinha lá estado antes numa outra deslocação com fins idênticos, o que motivou um acontecimento que não estava previsto, este foi para o lado positivo.

Depois acabamos por ficar lá mais uns dois dias, o que deu para fazer uma aventura inolvidável, ir até Varela, depois até Cabo Roxo na fronteira com o Senegal na foz do Rio Casamansa.

Mas nesta segunda viagem as coisas foram novamente surpreendidas com um acontecimento inolvidável. Isto tem uma história com capítulo próprio, mas resumindo pois no regresso acabamos por nos perder nos imensos braços de rio, e fomos parar a uma aldeia de Felupes no ‘cu de judas’, nem sei como se chamava a aldeia. Depois porque foi notada a nossa falta, e no dia seguinte aparece um Heli que nos encontrou e nos encaminhou para a saída daquele ambiente de tantos rios e riachos que já estava a ficar desagradável, e nem sequer pensava nos turras.

II - Legendas das fotos:

F01 – Efeitos do ciclone nos armazéns de víveres perecíveis, as chapas dos telhados voaram e a água inundou tudo. São Domingos, 20Ago68.

F02 – Efeitos do ciclone nas estruturas dos edifícios do comando e telecomunicações, com derrube de antenas e outras infra-estruturas. SD, 20AGO68.

F03 – Efeitos do ciclone nos edifícios das messes de Sargentos e armazéns de víveres, com toda a estrutura de telhados destruída. SD, 20AGO68.

F04 – Efeitos do ciclone, em estruturas militar não devidamente identificadas, com a desolação de todos os militares presentes. SD, 20AGO68.

F05 – Efeitos do ciclone. Chapas de zinco encontradas a dezenas ou centenas de metros de distância dos edifícios que cobriam então. SD, 20AGO68.

F06 – Efeitos do ciclone. Hora de salvar aquilo que não foi destruído pelas chuvas e destruição do tufão ou ciclone. SD, 20AGO68.

«Propriedade, Autoria, Reserva e Direitos, de Virgílio Teixeira, Ex-alferes Miliciano SAM – Chefe do Conselho Administrativo do BCAÇ1933/RI15/Tomar, Guiné 67/69, Nova Lamego, Bissau e São Domingos, de 21SET67 a 04AGO69».

NOTA FINAL DO AUTOR:

# As legendas das fotos em cada um dos Temas dos meus álbuns, não são factos cientificamente históricos, por isso podem conter inexactidões, omissões e erros, até grosseiros. Podem ocorrer datas não coincidentes com cada foto, motivos descritos não exactos, locais indicados diferentes do real, acontecimentos e factos não totalmente certos, e outros lapsos não premeditados. Os relatos estão a ser feitos, 50 anos depois dos acontecimentos, com material esquecido no baú das memórias passadas, e o autor baseia-se essencialmente na sua ainda razoável capacidade de memória, em especial a memória visual, mas também com recurso a outras ajudas como a História da Unidade do seu Batalhão, e demais documentos escritos em seu poder. Estas fotos são legendadas de acordo com aquilo que sei, ou julgo que sei, daquilo que presenciei com os meus olhos, e as minhas opiniões, longe de serem ‘Juízos de Valor’ são o meu olhar sobre os acontecimentos, e a forma peculiar de me exprimir. Nada mais. #

Acabadas de Re-legendar, hoje, com as devidas alterações

Em, 2018-12-06

Virgílio Teixeira
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