Mostrar mensagens com a etiqueta Argentina. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Argentina. Mostrar todas as mensagens

sexta-feira, 30 de abril de 2021

Guiné 61/74 - P22154: Depois de Canchungo, Mansoa e Cufar, 1972/74: No Espelho do Mundo (António Graça de Abreu) - Parte II: Buenos Aires, Argentina, janeiro de 2020



Foto nº 1 > Argentina > Buenos Aires > Bairro de la Recoleta > Café La Biela > Janeiro de 2020 > O António Graça de Abreu, à mesa com José Luís Borges (ao centro) (1899-1986)... À direita o  amigo de Borges e também escritor, Bioy Casares (1914-1999).



Foto nº 2 > Argentina > Buenos Aires > Bairro de la Recoleta > Efíge no jazigo de Eva Peron


Foto nº 3 > Argentina > Buenos Aires > Janeiro de 2020 > Praça de Maio > A Casa Rosada, sede da Presidência da República



Foto nº 4 > Argentina > Buenos Aires > Janeiro de 2020 > A catedral onde o atual papa Francisco foi arcebispo

Fotos (e legendas): © António Graça de Abreu  (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




1. Continuação da nova série (*)  de António Graca de Abreu [, ex-alf mil, CAOP1, Canchungo, Mansoa e Cufar, 1972/74: escritor e docente universitário, epecialista em língua, literatura e história da China; natural do Porto, vive em Cascais; é autor de mais de 20 títulos, entre eles, "Diário da Guiné: Lama, Sangue e Água Pura" (Lisboa: Guerra & Paz Editores, 2007, 220 pp); viajante compulsivo com duas voltas em mundo, em cruzeiros, é casado com a médica chinesa Hai Yuan, natural de Xangai, e tem dois filhos dessa união, João e Pedro; membro da nossa Tabanca Grande desde 2007, tem mais de 270 referências no blogue]



Buenos Aires, Argentina, Janeiro 2020

Comecei o dia no bairro de La Recoleta, com dois ilustres falecidos, Jorge Luís Borges e Eva Perón.

Com Borg
es, de corpo inteiro no café de La Biela (Foto nº 1), conversámos sobre o seu bisavô transmontano, de Torre de Moncorvo, e questionei uma frase sua: “La democracia es una superstición bien difundida, es uno abuso de las estatísticas y además no creo que tenga ningún valor.” No rosto envelhecido de Borges, talhado a golpes de cinzel, aflorou-lhe um levíssimo sorriso. “Quer perguntar mais alguma coisa?” Eu queria, mas não perguntei mais nada.


Fui depois ao encontro de Eva Perón, no jazigo de mármore negro onde descansa, o corpo embalsamado resguardado a cinco metros sob a terra. Passei a palma da minha mão numa placa de latão com a efigie de Evita (Foto nº 2). Antes e depois de morta, houve ainda tanta jornada pelo mundo! Descansa em paz, senhora.

Na Praça de Maio, a Casa Rosada (Foto nº 3), o instável poder político, as mães e avós todas as semanas pedindo justiça pelos seus filhos desaparecidos, assassinados há quatro décadas. A paz, ao lado, na catedral do arcebispo da diocese, hoje papa Francisco (Foto nº 4).

Dias de Buenos Aires, o bairro de San Telmo, compras na feira ao ar livre, comidas, parrilhadas, o bife de chorizo, o bom vinho argentino.

A sul de San Telmo, outro bairro, La Boca. Uma rua chamada Caminito é também nome de tango. Por perto, o mítico estádio de futebol conhecido por La Bombonera, com a forma de uma caixa de bombons. Por aqui, no Boca Juniors, singrou e brilhou Diego Maradona.

Jantar-espectáculo com doze bailarinos, uma cantora e cinco músicos, piano, percursão, bandameón, violino e viola baixo. O sentir dos corpos, o libertar da alma. Caída de um limbo celestial, uma jovem cantora, imaculadamente vestida de branco, tal como Evita Perón, cantou:

No llores por mi Argentina,
Mi alma está contigo,
Mi vida intera te la dedico,
Mas no te alejes, te necessito.


Grande tango, boa noite, Buenos Aires!

__________

Nota do editor: