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domingo, 2 de setembro de 2012

Guiné 63/74 - P10315: CCAÇ 3325, Cobras de Guileje (1971/73): Parte IV: Atividade operacional, de maio a julho de 1971 (Orlando Silva)




Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 3325 > 1971 &gt  Um dos poucos momentos de descanso no Bar de Oficiais: Alf Rodrigues, Alf Cunha, Cap Parracho e Alf Cristina. 


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Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 3325 > 1971 > Vista aérea do quartel, tabanca e pista de aviação.

Fotos (e legendas): © Orlando Silva (2009). Todos os direitos reservados. (Editadas por L.G.)



Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 3325 > 1971 &gt > Foto nº 17 - "O Furriel Noronha quando tentava o levantamento de uma mina A/Carro TMD na picada que vai de Guileje a Gadamael" (Legenda: Orlando Silva).

Foto: © Jorge Parracho / AD - Acção para o Desenvolvimento, Bissau (2007) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.


1. Continuação da publicação da história da CCAÇ 3325, que esteve eem Guileje, de janeiro a dezembro de 1971, reproduzida aqui com a devida autorização do autor, José Orlando Almeida e Silva, ex-alf mil, residente em Aveiro (*). 

Actividade operacional:

De 1 a 29 de Maio de 1971:

Realizámos mais 16 patrulhas.

Neste período há a assinalar especialmente o facto dos poços onde as NT se abasteciam de água na Bolanha terem secado, o que originou até mais de meados do mês sérios problemas. Procedemos então à abertura de uma picada até ao Rio Caconde que permitiu o trânsito de viaturas, ficando assim o assunto solucionado.

A actividade operacional das NT foi orientada no sentido de manter livre o itinerário Guileje-Gadamael, atendendo às colunas de reabastecimento que se iam realizar antes da época das chuvas.

Já no fim deste período, foi descoberto uma nova Base de Fogos do IN. O moral do nosso pessoal foi no entanto afectado pelo suicídio do Furriel de Transmissões. Os tempos livres dos nosso militares continuaram a ser, a limpeza do Quartel, o seu melhoramento exterior (embora lento por falta de materiais) e a prática de algum desporto. 


De 01 a 30 de Junho de 1971:

Realizámos mais 21 patrulhas.

Neste período, há a assinalar o corte de comunicações com Gadamael em virtude das chuvas torrenciais que caíram, ficando a Companhia totalmente isolada e ùnicamente com ligações aéreas, situação esta que se iria manter até fins de Novembro.

Entretanto fomos informados, de que o IN tinha sido reforçado na nossa Zona de Acção por um pelotão de Sapadores Cubanos, o que nos veio alertar para a possível montagem de Minas e Armadilhas, uma vez que o IN não nos enfrentava por medo da nossa actuação.

E na continuação da picagem da estrada Guileje-Gadamael para a realização das colunas de reabastecimento, foi detectada pelo meu Grupo uma Mina Anti-Pessoal PMD-6. Procedi ao seu levantamento e mais à frente, quando já tínhamos passado 17 pelo mesmo local, o 18º (Soldado Vera Cruz) calcou uma mina A/P, ficando gravemente ferido, tendo sido transportado para o Hospital Militar de Bissau.

No dia seguinte, imediatamente realizámos outra acção ao mesmo itinerário, tendo-se levantado mais 7 minas do mesmo tipo, o que contribuiu para uma elevação do moral da Companhia.

Através da Artilharia, o 15º PELART bateu por diversas vezes o “Corredor de Guileje ” tendo causado muitas baixas ao IN o que, segundo informações recebidas, causou grandes problemas às suas colunas.
O período foi essencialmente caracterizado por um intenso esforço logístico, tanto no aspecto de transporte como no de um melhoramento, aumentos e construções de depósitos e paióis, conseguindo-se com grande esforço do pessoal uma sensível melhoria na armazenagem, de géneros, artigos de cantina e munições. Em outros sectores, também se fizeram beneficiações como seja no Centro de Transmissões, Centro de Cripto, Sala do Soldado e Padaria.


 De 1 a 31 de Julho de 1971:

Foram realizadas mais 18 acções de combate.

A actividade do IN aumentou durante o período, principalmente no que se refere à implantação de Engenhos Explosivos, visando cortar ou pelo menos dificultar as ligações entre Guileje e Gadamael, confirmando-se assim as informações que havia sobre as possíveis acções sobre aquele itinerário. O esforço do IN teve lugar porém quando já não se realizavam mais colunas auto, em virtude das más condições da estrada. E pela primeira vez o IN aplicou,  na nossa Zona de Acção, Minas Anti-Carro.

Verificámos pois que o IN pretendia fixar as NT, imobilizando-as, também à custa de minas Anti-Pessoal e Armadilhas que ia implantando em grande percentagem na ZA. Assinale-se que desde princípio de 1970 até Junho de 1971, nunca tinham sido detectadas minas na ZA da Companhia.
De assinalar também o volume de fogo usado pelo IN na flagelação ao Aquartelamento no dia 29, e que a mesma tinha sido dirigida por Cubanos, conforme conversas captadas pelos nossos rádios e posteriores declarações de um prisioneiro.

Numa outra acção realizada àquela estrada, e embora devidamente avisados para não saírem da picada, um soldado, nas minhas costas, saiu para se instalar à sombra e infelizmente calcou uma mina, ficando gravemente ferido, vindo a falecer já em Bissau, o que afectou o moral do pessoal. No dia seguinte, de imediato foi realizada outra acção ao mesmo local, tendo sido encontradas e levantadas então 5 Minas A/P PMD-6, 3 Minas Plásticas, 2 Armadilhas A/P e 1 Mina A/C TMD.

De salientar que só com uma picagem muito criteriosa, conseguimos descobrir a primeira Mina Plástica. Passava pois despercebida, com uma picagem normal. Pelo seu interesse militar, foi tentada a desmontagem de uma dessas minas, o que se conseguiu. O estudo foi feito com esquema, e difundido de imediato por todo o TO da Guiné. Salienta-se que estas minas A/P Plásticas (cor verde) foram as primeiras a serem detectadas e levantadas no TO da Guiné. Destruíram-se também 3 Minas A/C TMD que se encontravam armadilhadas.

Estas acções e principalmente a acção sobre o “Corredor de Guileje” na Zona de Intervenção do Comando Chefe (ZICC) visando a implantação de Minas A/C e A/P, fizeram subir consideravelmente o moral do nosso pessoal.

Como se tratava de uma zona onde só costumavam actuar as tropas especiais, e onde todas as noites e dias andava a nossa aviação a bombardear, era uma zona totalmente desconhecida das NT. No entanto, como queríamos demonstrar ao IN que quem mandava na nossa Z.A. éramos nós, solicitámos a devida autorização e,  embora admirados, a Rep-Oper em Bissau autorizou-nos.

E com o auxílio de uma bússula conseguimos por fim atingir o objectivo. Na picada, viam-se sinais de rodados recentes, prova da utilização no “Corredor de Guileje” de viaturas. Quando o pessoal se encontrava a montar as Minas, apareceu vindo da Rep da Guiné um Grupo de cerca de 20 elementos camuflados e armados. As nossas tropas abriram fogo, pondo o IN em fuga depois de trocar alguns tiros. O IN abandonou no local várias peças de vestuário, comida, utensílios vários e correspondência, alguma dela do Chefe da Base de Kandiafara e de elementos Cubanos.

Continuaram neste período a realizar-se beneficiações nas instalações dos Oficiais, Sargentos e Praças, além de se comprarem gira-discos, violas e vários jogos para entretenimento do pessoal. Lutou-se porém, com grande dificuldade no que respeita a alimentação e transportes, como consequência do isolamento.

(Continua)

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Nota do editor:


Último poste da série > 19 de agosto de 2012 > Guiné 63/74 - P10278: CCAÇ 3325, Cobras de Guileje (1971/73): Parte III: Atividade operacional, de 31 de janeiro a 29 de abril de 1971 (Orlando Silva)