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sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

Guiné 61/74 - P24016: Efemérides (380): Hoje, Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto (João Crisóstomo, Nova Iorque)

Capa do livro  de Judith C. E. Belinfante et al. - "The Esnoga: a monument to Portuguese-Jewish culture" [A Esnoga: um monumento à cultura judaico-portuguesa]. Amsterdam, D'Arts, 1991, 95 pp. (tr. do neerlandês): mais de 85% da comunidade judaica, de origem portuguesa (sefardistas), morreu no Holocausto (cerca de 3700 em 4300 membros) (*)

(...) "A 27 de janeiro assinala-se, anualmente, o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto. Este dia foi implementado através da Resolução 60/7 da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), a 1 de novembro de 2005.

O propósito deste dia é não esquecer o genocídio em massa de seis milhões de judeus pelos Nazis e respetivos colaboracionistas. Este constitui um dos maiores crimes contra a Humanidade de que há memória. Por outro lado, pretende-se educar para a tolerância e a paz, bem como alertar para o combate ao antissemitismo.

A Comissão Europeia, a Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA), a ONU e a UNESCO criaram a campanha #ProtectTheFacts, como forma de combater o negacionismo e a desinformação em relação ao Holocausto." (...)


Fonte: Eurocid (com a devida vénia...)


Fonte: Cortesia de Luso-Americano, 19 de janeiro de 2018

1. Mensagem do nosso camarada e amigo João Crisóstomo, com data de 25 do corrente, às 03:11:

Meu caro Luís Graça,

De há já algum tempo para cá tenho-me cingido a "passar os olhos” pelos títulos dos postes no nosso blogue, pois que,  apesar de “reformado" e não sei que mais, o tempo não tem dado para mais. Hoje porém ao ver o título deste último blogue "a sinagoga portuguesa de Amsterdão… e a história incrível da sua comunidadede" (*), tive de arranjar tempo para o ler. Em boa hora o fiz; e logo decidi deixar um comentário ao excelente artigo. 

Embora nunca tenha visitado Amesterdão, por razões várias, o assunto não me é totalmente desconhecido. Mas fiquei impressionado pela abrangente, mas sucinta e  bem organizada maneira como o nosso editor conseguiu em poucas palavras informar e esclarecer o assunto em questão.  

Este artigo é ainda mais pertinente porque estamos em vésperas do dia do Holocausto.
E por isso permito-me enviar-te algumas informações relacionadas com este dia, celebrado a 27 de Janeiro. Deixo ao teu critério o publicares ou não.

Para evitar mal entendidos devo esclarecer que não sou judeu. Por vezes fazem-me essa pergunta e parece ficarem surpreendidos quando respondo negativamente. O meu envolvimento em assuntos relacionados com o judaísmo aconteceu quase por acaso ao saber da figura do nosso grande humanista Aristides de Sousa Mendes.


O cônsul de Bordéus, Aristides Sousa Mendes
(Cabanas de Viriato, 1885 - Lisboa, 1954)

Independentemente de quaisquer outras considerações, o meu primeiro interesse era o de dar a conhecer ao mundo o nosso grande humanista português. E, como no caso de cerejas, vim a saber depois de outros humanistas que estavam meio esquecidos e mereciam e deviam ser conhecidos: O diplomata brasileiro Luís Martins de Sousa Mendes, Angelo Roncalli -- depois papa e “ Santo” João XXIII, e outros.

E foi no decorrer destes reconhecimentos que vim a saber da existência da Sinagoga de Amesterdão, e das duas primeiras sinagogas nos Estados Unidos - ambas construídas por portugueses ou luso-descendentes, como se pode ver ainda hoje pelos nomes bem portugueses gravados em pedra: a "Touro Synagogue” em Newport, estado de Rhodes Island ; e a “Portuguese- Spanish Synagogue” em Nova Iorque.

E muito haveria para adiantar, mas sei que outros o podem fazer muito melhor do que eu.

Neste momento quero apenas mencionar duas coisas que me chamaram a atenção: a publicação de mais um livro intitulado “ In the Garden of the Righteous “ sobre Salvadores do Holocausto ainda pouco conhecidos, este da autoria de Richard Hurowitz, publicado hoje mesmo pela “Harper”. O conceituado “ Wall Street Journal” publica sobre ele um grande artigo de apresentação.


Capa do livro 
 de Richard Hurowitz. -
"In the Garden of  the Righteous: the heroes who risked their lives to save jews during the Holocaust"  [ No Jardim dos Justos: os heróis que arriscaram as suas vidas para salvar judeus durante oHolocausto], Nova Iorque, 2023. (Imagem: Cortesia de João Crisóstomo)

Este livro e este artigo são de especial importância para nós porque neles Aristides de Sousa Mendes recebe o maior destaque: é com a história de Aristides de Sousa Mendes que o autor começa o artigo e depois, falando sobre os motivos que levaram estes “salvadores” a agirem como fizeram, o caso de Aristides é de novo falado com o maior destaque, pela sua expressa declaração de que o fez levado pela sua fé católica e sua consciência de cristão. 

Este artigo é-nos especialmente gratificante pois temos vindo a celebrar este "Dia da Consciência" pelo mundo fora desde 2004 , o que levou o nosso Papa Francisco em 17 de junho de 2020 a “reconhecer" não só o nosso grande humanista, mencionando o seu acto de coragem cristã, como o “Dia da Consciência” na sua audiência geral desse dia.

Em segundo lugar merece também ser mencionado o facto de que uma importante “webinar” organizada pela” Jewish Heritage Alliance” vai ter lugar no dia 29 de Janeiro e é especialmente dedicada a Portugal e a Aristides de Sousa Mendes. E muito apropriadamente esta "webinar" começa com uma mensagem do nosso Embaixador de Portugal em Washington, especialmente pré-gravada para esta ocasião.(**)


Webinar "Sefarad: Porto and Portugal's Jewish Heritage" [ Seminário pela Web: "Sefarditas: O Porto e a herança judaico-portuguesa],  29 de janeiro de 2023.

Um grande abraço,
João
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Notas do editor: