[Expresso, 12 de abril de 2018 > A controvérsia sobre um Museu que ainda não existe. Descobertas ou Expansão?]
Foto: © António Paulo Bastos (2009). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Foto: © António Paulo Bastos (2009). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
1. Mensagem de António Rosinha
Data: 9 de julho de 2018 às 23:04
Assunto: Entre 1394 e 1974 da História de Portugal deve ser re-escrita e ir para o Museu?
Luís, como está na ordem do dia, e se não for excessivo, aproveita.
Abraço, António,
2. Caderno de notas de um mais velho (Antº Rosinha) (56): Entre 1394 e 1974, a História de Portugal deve ser reescrita e ir para o Museu?
[ António Rosinha, foto acima, à direita, 2007, Pombal, II Encontro Nacional da Tabanca Grande]
(i) beirão, tem mais de 110 referência no nosso blogue;
(ii) é um dos nossos 'mais velhos' e continua ativo, com maior ou menor regularidade, a participar no nosso blogue, como autor e comentador;
(iii) andou por Angola, nas décadas de 50/60/70, do século passado;
(iv) fez o serviço militar em Angola, sendo fur mil, em 1961/62;
(v) diz que foi 'colon' até 1974 e continua a considerar-se um impenitente 'reacionário' (sic);
(vi) 'retornado', andou por aí (, com passagem pelo Brasil), até ir conhecer a 'pátria de Cabral', a Guiné-Bissau, onde foi 'cooperante', tendo trabalhado largos anos (1987/93) como topógrafo da TECNIL, a empresa que abriu todas ou quase todas as estradas que conhecemos na Guiné, antes e depois da 'independência';
(vii) o seu patrão, o dono da TECNIL, era o velho africanista Ramiro Sobral;
(viii) é colunista do nosso blogue com a série 'Caderno de notas de um mais velho'';
(ix) pelo seu bom senso, sabedoria, sensibilidade, perspicácia, cultura e memória africanistas, é merecedor do apreço e elogio de muitos camaradas nossos, é profundamente estimado e respeitado na nossa Tabanca Grande, fazendo gala de ser 'politicamente incorreto' e de 'chamar os bois pelos cornos';
(x) ao Antº Rosinha poderá aplicar-se o provérbio africano, há tempos aqui citado pelo Cherno Baldé, o "menino e moço de Fajonquito": "Aquilo que uma criança consegue ver de longe, empoleirado em cima de um poilão, o velho já o sabia, sentado em baixo da árvore a fumar o seu cachimbo". ]
Segundo alguns portugueses, desde o nascimento do Infante Dom Henrique até ao General Spínola, 580 anos, todos os heróis nacionais desse período, com estátuas, bustos ou referências em ruas e praças, deviam ser "recolhidos", senão apagados da história como heróis, porque acham que a história está a ser mal contada.
Nota do editor:
Último poste da série > 25 de abril de 2018 > Guiné 61/74 - P18559: Caderno de notas de um mais velho (Antº Rosinha) (55): 25 de Abril: somos ingratos?
Data: 9 de julho de 2018 às 23:04
Assunto: Entre 1394 e 1974 da História de Portugal deve ser re-escrita e ir para o Museu?
Luís, como está na ordem do dia, e se não for excessivo, aproveita.
Abraço, António,
2. Caderno de notas de um mais velho (Antº Rosinha) (56): Entre 1394 e 1974, a História de Portugal deve ser reescrita e ir para o Museu?
[ António Rosinha, foto acima, à direita, 2007, Pombal, II Encontro Nacional da Tabanca Grande]
(i) beirão, tem mais de 110 referência no nosso blogue;
(ii) é um dos nossos 'mais velhos' e continua ativo, com maior ou menor regularidade, a participar no nosso blogue, como autor e comentador;
(iii) andou por Angola, nas décadas de 50/60/70, do século passado;
(iv) fez o serviço militar em Angola, sendo fur mil, em 1961/62;
(v) diz que foi 'colon' até 1974 e continua a considerar-se um impenitente 'reacionário' (sic);
(vi) 'retornado', andou por aí (, com passagem pelo Brasil), até ir conhecer a 'pátria de Cabral', a Guiné-Bissau, onde foi 'cooperante', tendo trabalhado largos anos (1987/93) como topógrafo da TECNIL, a empresa que abriu todas ou quase todas as estradas que conhecemos na Guiné, antes e depois da 'independência';
(vii) o seu patrão, o dono da TECNIL, era o velho africanista Ramiro Sobral;
(viii) é colunista do nosso blogue com a série 'Caderno de notas de um mais velho'';
(ix) pelo seu bom senso, sabedoria, sensibilidade, perspicácia, cultura e memória africanistas, é merecedor do apreço e elogio de muitos camaradas nossos, é profundamente estimado e respeitado na nossa Tabanca Grande, fazendo gala de ser 'politicamente incorreto' e de 'chamar os bois pelos cornos';
(x) ao Antº Rosinha poderá aplicar-se o provérbio africano, há tempos aqui citado pelo Cherno Baldé, o "menino e moço de Fajonquito": "Aquilo que uma criança consegue ver de longe, empoleirado em cima de um poilão, o velho já o sabia, sentado em baixo da árvore a fumar o seu cachimbo". ]
Mas não no Museu das Descobertas, porque estas só podem ser consideradas até Magalhães com a volta ao mundo, 1521, 127 anos a viajar e a ligar terras e continentes desconhecidas entre si e localizá-los no mapa.
E, sendo assim, tal como fizeram os guineenses que levaram as estátuas dos heróis portugueses para a fortaleza de Cacheu, era de sugerir, digo eu, que cá, na ex-Metrópole, se fizesse um Museu na fortaleza de Sagres, onde tudo começou.
Talvez não coubessem todos, desde o próprio Dom Henrique um sem vergonha, sonhador, mas talvez a culpa foi da mãe que até era inglesa, até ao Camões um gabarola, e um Cabral que até se enganou no caminho porque se fiou no GPS que estava desactualizado.
E o Marquês onde o Benfica festeja à volta do leão, que mandou os jesuítas para lá do Atlântico, pregar para outra freguesia, esse ia também para Sagres.
Nem os santos escapavm, até São Francisco Xavier que foi convencer gente que vacas não são sagradas e que toucinho faz uma rica banha, esse também não escapava.
Quem vai para Sagres é tambem o Gama que viciou os europeus na canela e no açafrão e outras drogas.
Mouzinho que embarcou Gungunhana e a família para a Metrópole, e não naufragou, será uma das figuras principais no museu.
Enfim, se misturarmos numa mesma casa desde o Henrique, o navegador, e o Gama e Bartolomeu Dias e Cabral, junto com Salvador Correia de Sá e outros brasileiros mais uns tantos cabo-verdianos e angolanos que atravessaram o Atlântico com escravos para o Brasil e juntarmos ainda outros como o próprio Eusébio e todos os Magriços do Estado Novo, que inovaram com futebol luso-tropical na Europa, moda que pegou (França e Inglaterra), então ficamos sem saber como havemos de chamar a esse museu.
Mas Museu das Descobertas é que não pode ser chamado como tal.
Passámos mais anos a caminho e a viver nos trópicos do que quietinhos no nosso cantinho.
Seriam 580 anos da nossa história que foram uma mentira, porque nos primeiros127 anos já estava tudo descoberto, reconhecido e identificado e mapeado, o resto 353 anos, foi conquista e colonização.
E só teríamos 274 anos em que fomos verdadeiramente Portugueses ou Lusitanos, e não Luso-Tropicais.
Temos que perder complexos e não somar complexos a mais complexos. Descobertas foi uma coisa, conquistas foi outra. E escravatura foi ainda outra, e todas estas coisas devem ser tratadas no seu devido lugar (museu).
Como os portugueses mais recentes, africanos, que à maneira americana se dizem afro-descendentes, e não sei se indianos e chineses descendentes também se queixam que os herois portugueses das Descobertas e das conquistas não são os seus heróis, talvez a maioria dos portugueses se interrogue se não será também descendente dos milhares de escravos e escravas e voluntários e voluntárias que se fixaram durante 580 anos neste cantinho de heróis, e aí ficamos na dúvida sem saber o que fazer a tanto herói.
E mais uma coisa, toda a Europa está numa transição tal, que há países europeus a temer que a maioria dos seus cidadãos venham um dia a ser "afro-descendentes" e aí também os heróis "mudam de figura".
Já há muitos anos os romanos lutaram contra cartagineses que chegavam de elefante, agora lutam contra quem chega de bote.
A história universal pode ter muitas leituras, mas ninguém culpe os navegadores, porque "navegar é preciso".
Um abraço
António Rosinha
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Nota do editor:
Último poste da série > 25 de abril de 2018 > Guiné 61/74 - P18559: Caderno de notas de um mais velho (Antº Rosinha) (55): 25 de Abril: somos ingratos?