segunda-feira, 22 de abril de 2024

Guiné 61/74 - P25425: CCAÇ 675 - Guiné 1964 / 66 - Retalhos do nosso pós-guerra - II (Parte I) (Belmiro Tavares)


CCAÇ 675
Guiné 1964 / 66
Retalhos do nosso pós-guerra - II (Parte I)

Belmiro Tavares

2023/24

No início de 2023, divulgámos os “Retalhos I”[1] à maioria dos nossos companheiros. Em 2024, faremos nova comunicação aos nossos rapazes. Ninguém pode esquecer que “a Gloriosa” continua viva e de boa saúde.

A nossa CCaç 675 é aquela máquina! Sempre afinada… mas os seus filhos (somos nós) têm a obrigação de a alimentar. Sabemos que ela não é exigente: contenta-se com pouco! Basta um chisco de amor, de carinho, alguma dedicação e… ela rejuvenesce e está sempre de braços abertos para acalentar os seus filhos. Como bem sabeis, ela tinha, inicialmente, mais de 160 filhos; hoje somos apenas um pouco menos de cem – corrupção do tempo. Estes números até amedrontariam muita gente mas… a CCaç 675 nunca tremeu, ainda não treme nem há de tremer, nunca! Resta-nos uma consolação: os seus netos (filhos e outros familiares dos antigos combatentes) vão seguindo as peugadas dos seus antepassados. É verdade! Será – temos a certeza – um caso único! Um caso digno de estudo!

Já repararam na quantidade de pessoas (os descendentes e outros familiares dos antigos combatentes) que têm vindo a acompanhar-nos? Uns, com o devido respeito, ocupam o lugar dos pais ou avós que, obedecendo às rigorosas leis da vida, foram partindo. Filhos, irmãos, sobrinhos e netos têm vindo a tomar parte nas nossas confraternizações. É sintomático! Aquele bichinho, criado no meio de tantos sacrifícios, entre inúmeros perigos, “temperado” com água lodosa e salgada das bolanhas e com montes de pó das estradas de terra batida e das “picadas” – dizíamos – aquele animalejo não morre cedo! Por isso, nós afirmamos: a nossa CCaç 675, a menina dos nossos olhos, viverá enquanto nós quisermos. Fiquem com esta certeza: - chegada a nossa hora… nós partimos mas… ela fica!

Agora – escrevemos no princípio de 2023 surgiu mais um caso bicudo: não conseguíamos contatar a viúva do soldado n.º 2166, Eurico Leite Magalhães ou outro familiar para lhes entregar a lápide, pois ninguém, nem de noite nem de dia, atendia os telefones de que dispúnhamos. Pensou-se que ela teria ido viver com um dos seus filhos. Onde? Manuseando os nossos alfarrábios, encontrámos o telefone duma “loja de óculos” que pertencera ao nosso Magalhães e fizemos a ligação. A senhora que nos atendeu já tinha vendido a loja mas ficou com o telefone. Solicitámos-lhe, encarecidamente, que tentasse descobrir o contacto de alguém da família do nosso companheiro. Volvidos poucos dias, a senhora informou que o filho, Miguel Magalhães, era membro da direção do Maia Futsal e transmitiu-nos o telefone do clube.

Mais um caso resolvido… a contento!

Proclamamos, mais uma vez, que o povo português é extraordinário; também é único! Basta um pedido, apelando ao sentimento e todos se esforçam para ser prestáveis… sem pedir nada em troca.

Nós sabemos – muitos de vós sabem também – que o alf. Tavares correu “mundos e fundos”, procurando companheiros cujos paradeiros eram desconhecidos; sempre encontrou pessoas amáveis e prestantes que não olhavam a esforços para ajudar no que ele precisava. A única aberração foi a CRC de Guimarães que pretendia cobrar 30$00 (trinta escudos) por cada informação e um envelope selado e endereçado para enviar a resposta. Foram mandados “tocar tangos na sua rua”. Era o mínimo que se podia fazer.

Contactado o filho do nosso Magalhães, ele prometeu comparecer com a esposa e a mãe, na nossa confraternização, em Santo Tirso. Será mais um filho da CCaç 675 a tomar parte em futuras reuniões, em representação do pai. Por azar, não pôde comparecer mas veio a irmã com o marido, na companhia da mãe, a viúva.

Meus caros! Vencemos mais uma batalha mas, desta vez, os despojos são chorudos. Viva a gloriosa, CCaç 675!

Vamos citar os companheiros e os descendentes dos falecidos que compareceram na confraternização do norte, no dia 24 de setembro de 2023.

Em representação do sold. n.º 2326, Jerónimo Justo, compareceram:
- Uma filha, Natália Cardoso;
- Um filho, José Luis Justo;
- A nora, Maria de Lurdes;
- O neto, Ruben e a sua namorada, é filho da Natália;
- O neto, Tiago é filho do José Luis.

Em representação do sold. n.º 2166, Eurico Leite Magalhães, compareceram:
- A esposa, Virgínia;
- A filha, Ângela e o marido.

A doutora Teresa Mesquita e seu filho, dr. Francisco Mesquita, foram visitas frequentes durante cerca de 30 anos, sem qualquer falta, em representação de seu irmão e tio, o nosso companheiro fur. mil. Álvaro Mesquita, morto em combate. Como se lembrarão (ninguém o esquece) ele foi vítima fatal da explosão duma mina anticarro, na estrada de Bigene, entre Sansancutoto e Genicó Mandinga, no dia 28 de dezembro de 1964. Foi a primeira mina que nos fustigou… e de que maneira! Foi, entre várias, a de mais graves consequências. Este ano, por motivos aceitáveis não puderam comparecer.

A viúva e o filho do alf. Mendonça prometeram comparecer mas, à última hora, a cooperativa de Felgueiras marcou a vindima das uvas da sua quinta para aquela data. Foi pena! Mas aquele vinho é fabuloso! Há que preservá-lo!

O fur. mil Mouta e o sold. cond. n.º 2552, Baltazar (residentes em Albergaria-a-Velha e em Águeda, respetivamente) foram juntos até Santo Tirso.

O sod. 28, Martins (do morteiro) compareceu com a esposa e outro familiar.

O sold. 30, Monteiro Pinto, também do morteiro, trouxe consigo a esposa, o filho e a nora. Há alguns anos, por relevantes serviços prestados na organização duma confraternização do pessoal do norte, o Pinto foi “louvado, verbalmente” pelo alf. Tavares e, em consequência, foi promovido a “31”. Tratou-se de uma razoável progressão na carreira. A promoção, por tardia, não teve efeitos no “pré”. Provavelmente, teve-se em devida conta o facto de ele ter tentado (e conseguiu durante algum tempo) “ludibriar” a lavadeira e… mais não contamos.

O 1.º cabo corneteiro, n.º 2440, Gabriel A. Rosa trouxe consigo a esposa, um filho e dois netos. Partiram da Estrada da Beira, distrito de Coimbra e juntaram-se a nós em Santo Tirso.

O sold. n.º 412, Manuel Cardoso, não compareceu por causa do Covid; passou um mau bocado!

O alf. Tavares, na companhia da filha e do genro, partiu de Lisboa e fez “escala técnica”, em Sever do Vouga, a sua terra natal.

Por último, mas muito mais importante, o nosso sublime general, Alípio Tomé Pinto, deslocou-se, no dia 23, à região de Viseu para confraternizar com os antigos combatentes da sua companhia de Angola. No regresso de Viseu, o alf. Tavares preparou-lhe uma imprevista emboscada (se não fosse imprevista não era emboscada) mas proveitosa, na A25; foi feito prisioneiro e foi “obrigado” a jantar e a pernoitar em Sever do Vouga. Cremos que terá sido um bom castigo!

Já viram algo parecido? Um mísero alferes (na verdade ele vale por dois mas apenas em volume e peso) aprisionar um senhor general e obrigá-lo a comer e pernoitar naquele interior profundo da Beira Litoral, lá, onde o Judas talvez tenha perdido as botas?! Cremos que terá sido uma penalização de respeito! Ou terá sido um grande abuso! Na CCaç 675, até disto acontece!
Será que o abusador escapa duma valente e merecida “porrada”?!
Perdoai-lhe, Senhor, porque, por vezes, ele não sabe o faz! Será, talvez, fruto da idade!

No dia seguinte, domingo, 24 de setembro, seguiram para Santo Tirso; pelas onze horas, encontravam-se; no local de encontro.

Aproveitámos a oportunidade para entregar a lápide à família (viúva, filha e genro) do Eurico Magalhães, que faleceu, há alguns anos. A viúva brindou-nos com uma ligeira preleção cheia de carinho e agradecimento. Mais tarde, ela informou que aquela lápide não podia ser colocada na sepultura do marido; ele encontra-se num “gavetão” e ocupa o lugar cimeiro. Que iria colocá-la no jardim da sua casa.

No fim de contas, a família CCaç 675 vai rejuvenescendo a olhos vistos: uns vão partindo – por vontade de Deus! – mas outros vão entrando por amor aos familiares e por adoração à nossa CCaç 675, à qual os seus antepassados, honrosamente, pertenceram. Eles vão partindo! Mas fica a amizade férrea, pura, simples, desinteressada… eterna. Desta vez (mais uma vez) não houve missa pelos nossos falecidos, porque, em Santo Tirso, não há igrejas abertas depois das 11H00. Por outro lado, com a “chamada dos mortos” e a entrega da lápide, esquecemo-nos de rezar um Pai Nosso e uma Avé Maria; que Deus e os nossos mortos nos perdoem!

O almoço foi de boa qualidade e bem servido – até parecia que estávamos a comer em Binta! Tivemos direito a uma sala só para nós, onde passámos uma boa parte da tarde, em amena cavaqueira. Cerca das 18H00, os de mais longe (o nosso general e o alf. Tavares) foram os primeiros a partir.

Unidos pelo espírito da CCaç 675, mais uma vez, cumprimos a nossa nobre missão. Todos recolheram aos seus aposentos… sãos e salvos… e sem mais emboscadas. Na verdade, a emboscada é um vício que nos ficou dos tempos de Binta mas, agora, elas são mais meigas.

Nas emboscadas que os nossos adversários nos prepararam houve apenas um morto: o saudoso fur. mil Álvaro Mesquita. Na primeira emboscada, quando vínhamos de Lenquetó, tivemos dois feridos (o 2.º sarg. Marques e o 1.º cabo Marques); em boa verdade, este não era um dia bom para os Marques. Isto ocorreu no dia 4 de julho de 1964. Não recordamos outros feridos nas emboscadas, que os nossos adversários nos prepararam. Eles, graças a Deus, não poderão dizer o mesmo.

Recordemos a significativa emboscada da serração, na estrada de Farim. Esta terá sido a emboscada mais minuciosamente preparada pelo nosso ilustre capitão e foi superiormente executada pelo alf. Santos e seus “muchachos”. Os sete combatentes que compunham o grupo tombaram: cinco morreram na estrada; um apareceu morto entre o capim a 50 metros do local e o último (era chefe) morreu ao entrar no Senegal, com um tiro no rosto e outro nas costas. É caso para dizer que era muito grave voltar as costas à célebre CCaç 675, a Gloriosa.

Não temos palavras para narrar o espírito de união existente entre nós; essa amizade, como todos vós bem sabeis, foi gerada no meio dos maiores perigos, nas bolanhas de Binta e arredores, com alguns graves acidentes pelo meio, mas… pelo que estamos a reviver e a construir… podemos afirmar que valeu a pena. A CCaç 675 continua a ser única.

Passado o verão de 2023 voltaremos a colocar lápides nas sepulturas dos nossos mortos. A máquina não pode parar! Creiam que até já é um razoável “sacrifício” mas o dever a isso nos obriga!, principalmente, tendo em devida conta a nossa idade já provecta. Mas é uma satisfação enorme conviver com os descendentes dos nossos companheiros que já partiram. Todos deliram com a nossa atitude e a nossa presença benfazeja, porque se trata de um caso único, um grande amor. A nossa CCaç 675 foi e continua a ser um caso digno de estudo. Pela positiva, ela foi diferente de qualquer outra e assim continua. Acima de tudo, comove-nos o respeito, a gratidão e quase adoração dos “doridos” o que provoca em nós uma enorme satisfação do dever cumprido, uma alegria desmedida.

A verdade nua e crua é que na guerra aprendemos a matar mas o nosso mui ilustre capitão ensinou-nos algo mais e de suma importância: ensinou-nos a respeitar as vidas dos nossos adversários, principalmente, as dos que, sem armas, os acompanhavam ou a isso seriam obrigados. Para nós, matar seria uma inevitabilidade! Mas os homens da CCaç 675, ao contrário de muitos outros, não matavam desnecessariamente. Eliminávamos o adversário apenas quando não havia alternativa e, acima de tudo, se a nossa vida estava em jogo, correndo sérios riscos. Assim, a escolha não seria tão complicada quanto possa parecer. Nós não podíamos premir o gatilho por “dá cá aquela palha”. O nosso capitão, logo de início, determinou:
- Ninguém dispara sobre mulheres e crianças!
- Ninguém atira sobre homens desarmados!

Creiam que, em Binta, as regras, mesmo as internas, tinham de ser, escrupulosamente, cumpridas. Era mesmo isso que fazíamos. Todos sabíamos obedecer às ordens no nosso mui ilustre capitão.

O senhor general, Arnaldo Schulz, que foi, no nosso tempo, governador da Guiné, dizia que o nosso capitão já não era um “Pinto”; era já um galo… muito importante e… acima de tudo, duro de roer!

Pouco depois de ter sido determinado que não podíamos disparar sobre mulheres, crianças e homens desarmados, um soldado comentou com o seu alferes, seu comandante de pelotão, como segue:
- Oh meu alferes! Se nós matarmos as mulheres, as crianças, os homens desarmados e também alguns armados, em breve, a guerra acaba por falta de combatentes do outro lado – missão cumprida! Vamos para a santa terrinha!

Responde-lhe o alferes:
- Brinca com coisas sérias e verás o que te acontece! Sujeitas-te a um grande trambolhão!
- Não, meu alferes, isto é só brincadeira, entre nós!
- Creio que queres mesmo divertir-te e não pensas em transgredir. É bom que seja assim!

A conversa acabou ali.

Naqueles tempos, o mais importante era ir acordando, todos os dias, com o dedo grande do pé a mexer! Onde é que já ouvimos este dito tão interessante?! Para justificar o que atrás narrámos, acerca de poupar a vida de certas pessoas (infelizmente, ainda não foi inventada uma guerra sem mortos) vamos recordar a nossa ida (visita de cortesia) a Genicó Mancanho, na estrada de Guidage; naquele tempo – princípios de julho de 1964 – era ainda uma “picada”… de triste memória pelas terríveis dificuldades com que fomos, ali, mimoseados… até que, depois de muitos e duros sacrifícios, passou a ser estrada de… terra batida.

Esta operação ocorreu, no dia 10 de julho de 1964, poucos dias após o nosso badalado “batismo de fogo”. O cerco à aldeia foi parcial (cerca de ¾ de perímetro) para que, quem assim pretendesse, pudesse fugir em segurança… mais ou menos relativa. A parte não cercada ficou, propositadamente, voltada para o Senegal, que ficava ali perto. Fomos recebidos a tiro mas não houve mortos nem feridos em nenhuma das partes beligerantes. Os habitantes daquela pequena tabanca (aldeia) refugiaram-se no Senegal e lá viveram, miseravelmente, durante largos meses.

Anos mais tarde, já depois da independência da Guiné, aquela aldeia foi reativada; um dos casais para lá enviados (temos indicação que foram quatro) foi a nossa conhecida Dandan e o marido. Ela foi aprisionada em Mansacunda e não quis voltar ao “mato”. Chorou, copiosamente, durante o dia todo, pensando (temendo), certamente, que viria a ser comida pelos “caras pálidas”.

Há mais de trinta anos, uma africana da Guiné hospedou-se no hotel Dom Carlos, onde o alf. Tavares trabalha. Pela manhã, ela perguntou ao porteiro de serviço onde ficava a “rua não sei quê de farmácias”. Perguntaram-lhe se não seria a Rua da Sociedade Farmacêutica; eufórica, ela respondeu que sim. Explicaram-lhe onde ficava a tal rua e ela foi tomar o pequeno-almoço.

Logo, o Tavares entrou na sala e um rapaz que, estava ali, de serviço, e tinha cumprido tropa na Guiné, informou:
- Esta moça é da Guiné e sabe muito acerca da guerra.

O Tavares perguntou-lhe se podia comer, na mesma mesa. Para início de conversa, perguntou-lhe de onde era natural:
- Sou de Bissau!
- Nasceste mesmo, lá?
- Nasci no norte, perto de Farim!
- Em que tabanca?
- Genicó Mancanho, perto de Binta.
- A tua aldeia estava cercada de bananeiras, anormalmente, altas!
- Como “sabi”?
- Eu ajudei a destruí-la, porque fomos recebidos com fogo!

Ela comentou:
- É verdade! A tropa não nos matou a todos porque não quis; se a tropa fosse tão má como nos contavam, ninguém sobreviveria para contar como tudo aconteceu!

Todos fugiram, em segurança, para o Senegal. Pouco mais atarde, ela partiu com a família para Bissau. Cresceu um pouco e andou, durante anos, a carregar armamento e géneros alimentícios da Guiné Conacry para o Oio. Após a guerra, foi enviada para a Checoslováquia para tirar um curso de farmácia. Agora, veio a Lisboa para fazer um curso de atualização.

Durante a sua permanência no hotel, tomou sempre o café da manhã com o amigo, Tavares; afinal… nunca foram inimigos.

Recordemos outros casos:
- Dos trinta e nove prisioneiros que trouxemos de Lenquetó, apenas um foi abatido, porque nos conduziu, intencionalmente, à tremenda emboscada que o seu bi grupo nos preparou perto Caurbá; quando fugiu para se juntar aos seus subordinados, teria de ser baleado. Inevitável!

- O prisioneiro de Cufeu estava apavorado, temendo ser comido pelos soldados brancos, mas nada de mal lhe aconteceu.

- O padre de Gebacunda, uma povoação no norte do Oio, mesmo frente a Binta. Viveu connosco uma vida airada; pediu para ir ao Senegal para trazer as suas duas mulheres; foi e… não mais voltou! Pela aparência, ele seria mais abade que padre!

- Uma prisioneira da região Buborim viveu em liberdade total, no aquartelamento de Binta. Volvidos cerca de quinze dias, o nosso capitão perguntou-lhe se pretendia continuar em Binta ou voltar ao mato. Ela, dando uma no cravo outra na ferradura, alegou que todos a trataram bem, mas… os familiares estavam no mato e gostaria de voltar para junto deles… se o capitão de Binta autorizasse.

O nosso ilustre comandante de companhia ofereceu-lhe um saco de arroz e uns “panos”, informando:
- Os “panos” são para ti! O arroz é para a família! Diz ao pessoal que retire as abatis da via, porque o caminho é de todos! Se não obedecerem, destruiremos os vossos acampamentos e… não há mais arroz nem “panos” para ninguém!

Na verdade, eles retiraram as abatis pequenas e queimaram algumas das outras. Entenderam que a tropa de Binta deveria retirar as grandes. Se a estrada era de todos, o trabalho não deveria ser só deles.

Fizemos vários “prisioneiros” mas nenhum entrou na prisão – em Binta não havia disso – porque não era necessário. Também não eram obrigados a apresentações temporária à PSP, nem usavam pulseira eletrónica! Modernices!

(continua)

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Nota do editor

[1] - Vd. post de 7 DE SETEMBRO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24631: CCAÇ 675 - Guiné, 1964/66 - Retalhos do nosso pós-guerra - I (Belmiro Tavares, ex-Alf Mil Inf)

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