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quarta-feira, 10 de junho de 2020

Guiné 61/74 - P21061: Jorge Araújo: ensaio sobre as mortes de militares do Exército no CTIG (1963/74), Condutores Auto-Rodas, devidas a combate, acidente ou doença - Parte VIII


Imagem recorrente após accionamento de engenho explosivo (mina anticarro) - Foto de Dálio João Gil Carvalho - https://www.facebook.com/dalio.carvalho, com a devida vénia.






O nosso coeditor Jorge Alves Araújo, ex-Fur Mil Op Esp/Ranger,
CART 3494 (Xime e Mansambo, 1972/1974), professor do ensino superior, indigitado régulo da Tabanca de Almada e da Tabanca dos Emiratos; tem 230 registos no nosso blogue.


ENSAIO SOBRE AS MORTES DE MILITARES DO EXÉRCITO, NO CTIG (1963-1974), DA ESPECIALIDADE DE "CONDUTOR AUTO RODAS": COMBATE, ACIDENTE, DOENÇA - PARTE VIII

 



1. – INTRODUÇÃO



Com este oitavo fragmento, retomamos a divulgação de mais alguns resultados obtidos na nossa investigação, titulada de «Ensaio sobre as mortes de militares do Exército, no CTIG (1963-1974), da especialidade de “condutores auto rodas”, tendo por principal fonte de consulta e análise o universo das “Baixas em Campanha” identificadas na literatura Oficial publicada pelo Estado-Maior do Exército e elaborados pela Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974), 8.º Volume; Mortos em Campanha; Tomo II, Guiné; Livros 1 e 2; 1.ª Edição, Lisboa (2001).


2. - ANÁLISE DEMOGRÁFICA DAS MORTES DE MILITARES DO EXÉRCITO, NO CTIG (1963-1974), DA ESPECIALIDADE DE "CONDUTOR AUTO RODAS": COMBATE-ACIDENTE-DOENÇA (n=191)

O estudo demográfico que comporta esta investigação, iniciada com o P20179, e as variáveis com ela relacionada, foi organizado segundo o competente tratamento estatístico, representado por gráficos e quadros de distribuição de frequências, simples e acumuladas. Cada gráfico e respectivo quadro relata os valores quantitativos de cada um dos elementos das variáveis categóricas ou quantitativas relacionadas, tendo em consideração os objectivos que cada contexto encerra.


No caso presente, recuperamos os valores globais do estudo, apresentando um primeiro quadro estruturado segundo as três variáveis categóricas. No segundo quadro, referente à variável "causas de morte em combate", os números foram agrupados nas três variáveis desta categoria. 


Quadro 1 – Da análise ao quadro supra, verifica-se que as causas de morte de condutores auto rodas do Exército, no CTIG (1963-1974), ocorreram, em primeiro lugar na variável "combate", com 112 (58.6%) casos, seguida pela variável "acidente", com 57 (29.9%) casos e, finalmente, a variável "doença", com 22 (11.5%) casos.



Quadro 2 – Da análise ao quadro supra, verifica-se que as causas de morte "em combate" de condutores auto rodas do Exército, no CTIG (1963-1974), ocorreram, em primeiro lugar na variável "contacto", com 67 (59.8%) casos, seguida pela variável "minas", com 33 (29.5%) casos e, finalmente, a variável "ataque ao aquartelamento", com 12 (10.7%) casos.

 


De seguida, apresentam-se os quadros nominais referentes aos trinta e três casos do estudo onde se verificaram "mortes por efeito de rebentamento de explosivos" (minas). Na coluna mais à direita, referem-se os números dos postes onde estão descritos alguns detalhes de cada uma das cruéis ocorrências. 






3. – MAIS ALGUNS EPISÓDIOS E CONTEXTOS ONDE OCORRERAM nMORTES DE CONDUTORES AUTO RODAS ["CAR"] POR EFEITO DE REBENTAMENTO DE "MINAS"


Neste ponto, reservado à caracterização de cada uma das ocorrências identificadas durante a realização do estudo, apresentamos mais quatro "casos" (de um total de trinta e três). Em cada um deles, recuperamos algumas memórias, consideradas relevantes, extraídas das diferentes fontes de informação consultadas, em particular o vasto espólio do nosso blogue, enquadradas pelos contextos conhecidos.



3.22 - O CASO DO SOLDADO 'CAR' RAÚL FELICIANO SILVA, DACCAÇ 1497, EM 05.JUN.1967, ENTRE BULA E JOÃO LANDIM



A décima morte de um condutor auto rodas, do Exército, em "combate", por efeito do rebentamento de uma mina anticarro, foi a do soldado Raúl Feliciano Silva, natural da freguesia dos Anjos, Lisboa, ocorrida no dia 05 de Junho de 1967, 2.ª feira, no itinerário entre Bula e João Landim, durante a realização de uma coluna militar.
O condutor Raúl Silva pertencia à CCAÇ 1497 [26Jan66-04Nov67; do Cap Inf Carlos Alberto Coelho de Sousa (1.º) e Cap Mil Art Carlos Alberto Morais Sarmento Ferreira (2.º), unidade mobilizada pelo Regimento de Infantaria 2, de Abrantes, tendo zarpado de Lisboa, rumo ao CTIG, em 20 de Janeiro de 1966, 5.ª feira, a bordo do N/M "UÍGE", onde chegou seis dias depois.

► SÍNTESE DA MOBILIDADE OPERACIONAL DA CCAÇ 1497

Após a sua chegada a Bissau, onde ficou instalada e integrada no dispositivo e manobra do seu Batalhão (BCAÇ 1876) [do TCor Inf Jacinto António Frade Júnior], assumiu a responsabilidade e protecção das instalações e das populações da área, em substituição da CART 640 [03Mar64-27Jan66; do Cap Art Carlos Alberto de Matos Gueifão (1.º) e Cap Art José Eduardo Martinho Garcia Leandro (2.º)].

Dois meses depois, a 29Mar66, iniciou o deslocamento para Fajonquito, por fracções, a fim de render, por troca, a CCAÇ 674 [13Mai64-27Abr66; do Cap Inf José Rosado Castela Rio]. Passados quinze dias, a 12Abr66, assumiu a responsabilidade do respectivo subsector de Fajonquito, com um Gr Comb destacado em Cambajú e depois outro em Tendinto, este a partir de 02Nov66, ficando integrada no dispositivo e manobra do BCAV 757 [23Abr65-20Jan67; do TCor Carlos de Moura Cardoso] e depois do BCAÇ 1877 [08Fev66-06Out67; do TCor Inf Fernando Godofredo da Costa Nogueira de Freitas].

No final do primeiro ano de comissão, a CCAÇ 1497 foi rendida no subsector de Fajonquito, em 31Jan67, pela CCAÇ 1501 [02Fev66-06Out67; do Cap Inf Rui Antunes Tomaz], tendo seguido para Binar a fim de substituir a CCAV 789 [28Abr65-08Fev67; do Cap Cav Gabriel da Fonseca Dores (1.º); Cap Inf Joaquim Manuel Martins Cavaleiro (2.º) e Cap Cav Eurico António Sacavém da Fonseca (3.º)]. Ao segundo dia, em 02Fev67, assumiu a responsabilidade do subsector de Binar, ficando novamente integrada no dispositivo e manobra do seu Batalhão.

Em 17Mar67, foi substituída em Binar pela CCAÇ 1498 [26Jan66-04Nov67; do Ten Inf Manuel Joaquim Fernandes Vaz (1.º); Cap Cav Miguel António Carvalho Santos de Melo e Castro (2.º) e Cap Mil Art Luís Filipe Anacoreta Soares (3.º)], a terceira unidade operacional do BCAÇ 1876, seguindo para Bissum (Naga), onde procedeu à construção do aquartelamento, assumindo a responsabilidade do respectivo subsector então criado.




Bissum Naga – Março/Abril de 1967. Fase inicial da construção do aquartelamento. Foto do álbum de Carlos Gomes Ricardo, cor inf DFA (ex-alf da CCAÇ 1496 / BCAÇ 1876, Bula e Bissum Naga, 1967/68; ex-cap, CCS/QG/Bissau e Cmdt da CCAÇ 3, Guidaje, 1970/72) – P17577, com a devida vénia. 


[O aquartelamento de Bissum Naga foi desactivado, e entregue ao PAIGC, em 26Ago74, pela 3.ª CCAV [23Jun74-14Out74; do Cap Mil Grad João Pedro Melo Martins Soares] do BCAV 8320/73 [do Maj Cav Luís Manuel Lemos Alves].


Em 14Set67, a mês e meio do final da comissão e consequente regresso à "Metrópole", a CCAÇ 1497 foi rendida no subsector de Bissum (Naga) pela CCAV 1747 [25Jul67-20Jul67; do Cap Mil Inf Manuel Carlos Dias], e recolheu seguidamente a Bissau, onde substituiu a CART 1742 [30Jul67-06Jun69; do Cap Mil Inf Álvaro Lereno Cohen], no dispositivo do BART 1904 [18Jan67-31Out68; do TCor Art Fernando da Silva Branco], com vista à segurança e protecção das instalações e das populações da área, tendo um Gr Comb permanecido em Bissum (Naga) durante mais duas semanas (até 29Set67). Em 02Nov67, foi substituída no sector de Bissau pela CCAÇ 1549 [26Abr66-17Jan68; do Cap Mil Inf José Luís Adrião de Castro Brito], a fim de efectuar o embarque de regresso (Ceca; pp 76-77).

3.23     - O CASO DO SOLDADO 'CAR' ÁLVARO LOUREIRO BARATA, DO PEL MORT 1211, EM 21.OUT.1967, ENTRE BULA E JOÃO LANDIM

A décima terceira morte de um condutor auto rodas, do Exército, em "combate", foi a do soldado Álvaro Loureiro Barata, natural de Álvares, uma das quatro freguesias do Município de Góis, Distrito de Coimbra, por efeito do rebentamento de uma mina anticarro provocado pela viatura em que se fazia transportar, durante uma coluna militar.

Essa ocorrência teve por cenário a estrada entre Bula e João Landim, quatro meses e meio depois do episódio narrado no ponto anterior.

Socorrido pelos seus camaradas, e pedida a sua evacuação para o HMB 241, em Bissau, aí viria a falecer no dia 21 de Outubro de 1967, sábado, devido aos seus ferimentos e queimaduras.

O condutor Álvaro Barata pertencia ao Pelotão de Morteiros 1211 (PMORT 1211) [25Mai67-07Jun69, do Alf Mil Inf Guilherme Cristóvão], unidade mobilizada pelo Batalhão de Caçadores 10 (BC 10), de Chaves, tendo embarcado na Rocha Conde de Óbidos, em Lisboa, na companhia de outros três Pelotões de Morteiros (1208; 1209 e 1210), rumo ao CTIG, em 19 de Maio de 1967, 6.ª feira, a bordo do N/M "UÍGE", onde chegaram a 25 do mesmo mês.

► SÍNTESE DA MOBILIDADE OPERACIONAL DO PMORT 1211

Após a sua chegada a Bissau, seguiu para Bula onde se manteve até ao fim da sua comissão, ficando integrado no dispositivo e manobra do BCAÇ 1876 [do TCor Inf Jacinto António Frade Júnior], que abrangia os subsectores de Bissum, Bissorã, Biambe, Binar e Bula, e depois, a partir de 14Out67, do BCAV 1915 [14Abr67-03Mar69; do TCor Cav Luís Clemente Pereira Pimenta de Castro], composto apenas por Comando e CCS.

3.24 - O CASO DO SOLDADO 'CAR' JÚLIO ANTUNES SAPO, DA CCS DO BCAÇ 1932, EM 19.DEZ.1967, ENTRE GUBIA EUGÉNIA E LALA


A décima quarta morte de um condutor auto rodas, do Exército, em "combate", por efeito do rebentamento de uma mina anticarro, foi a do soldado Júlio Antunes Sapo, natural de Salvador, uma das nove freguesias do Município de Penamacor, ocorrida no dia 19 de Dezembro de 1967, 3.ª feira, no itinerário entre Gã Eugénia e Lala, durante a actividade operacional iniciada com a «Operação Quebra-Vento», em 29Nov67, envolvendo as forças terrestres destinadas à guarnição de Gubia Mancanha, S1, constituídas pela CART 1689 [01Mai67-02Mar69; do Cap Art Manuel de Azevedo Moreira Maia (1.º), Cap Inf Martinho de Sousa Pereira (2.º) e Cap Art Rui Manuel Viana de Andrade Cardoso (3.º), 1 Gr Comb CCAÇ 1587 [04Ago66-09Mai68; do Cap Mil Inf pedro Eurico Gaivão dos Reis Borges], PSap do BCAÇ 1932 e PMil 120, contando estas com o apoio de forças paraquedistas, apoio aéreo e naval (Ceca; p 74).


Infogravura dos itinerários utilizados pelas NT durante a «Operação Quebra-Vento»


As NT e a restante logística foram desembarcadas na Ponta Gã Eugénia, tendo-se procedido à abertura do itinerário para Gubia Mancanha e iniciado os trabalhos de instalação do destacamento, guarnecido, a partir de 24Dez67, pelo Gr Comb da CCAÇ 1587. O fatal desenlace, provocado pelo accionamento de mina anticarro, ocorreu no cruzamento das estradas de Gubia Eugénia - Lala - Gã Suleiman (infogravura acima).

O condutor Júlio Sapo pertencia à CCS do BCAÇ 1932 [02Nov67-20Ago69; do TCor Inf Narsélio Fernandes Matias], unidade mobilizada pelo Regimento de Infantaria 15, de Tomar, tendo embarcado a 28 de Outubro de 1967, sábado, no Cais da Rocha, em Lisboa, a bordo do N/M "UÍGE", com a chegada a Bissau a ter lugar a 02 de Novembro do mesmo ano.

► SÍNTESE DA MOBILIDADE OPERACIONAL DO BCAÇ 1932

Após a sua chegada a Bissau, o BCAÇ 1932 manteve-se aí instalado, sendo as suas subunidades atribuídas em reforço de outros Batalhões: a CCAÇ 1787 [do Cap Inf Marcelo Heitor Moreira] em Bula; a CCAÇ 1788 [do Cap Inf Artur Manuel Carneiro Geraldes Nunes (1.º) e Cap Inf Luís Andrade de Barros (2.º)] em Contuboel, e a CCAÇ 1789 [do Cap Mil Art Jerónimo de Almeida Rodrigues Jerónimo] em Olossato.

Em 15Jan68, rendendo o BCAÇ 1887, o BCAÇ 1932 assumiu a responsabilidade do Sector O2, com sede em Farim e abrangendo os subsectores de Binta, Farim, Bigene, Canjambari, Cuntima e Saliquinhedim, este desactivado em 07Dez68.

Em 01Set68, por criação do COP 3, o sector foi reduzido dos subsectores de Binta e Bigene. Em 07Dez68, após reformulação dos limites dos subsectores, foi ainda criado o subsector de Jumbembem, na zona de acção do subsector de Canjambari. Em 08Fe69, por troca de sectores com o COP 3, assumiu a responsabilidade do Sector O2, agora com sede em Bigene e abrangendo os subsectores de Bigene, Guidage e Barro, este transferido em 01Ago69 para o Sector do BCAV 2876 [24Jul69-04Jun71; do TCor Cav José Carlos Sirgado Maia].

Desenvolveu intensa actividade operacional de patrulhamentos, emboscadas e acções ofensivas sobre as linhas de infiltração de Lamel e Sitató, no sector de Farim e de Sambuiá e Canja, no sector de Bigene, para além de executar várias operações sobre as instalações inimigas nas regiões de Bricama e Biribão e de garantir a segurança e controlo dos itinerários e a autodefesa das populações.

Pelos resultados obtidos ou pela duração, efectivos e importância das áreas batidas, destacam-se as operações: "Amigo Bom"; "Façanha Grande"; "Agarra Bem"; "Sempre Tesos"; "Entrada Fechada" e "Segura Turra", entre outras.

Em 04Ago69, foi substituído pelo COP 3, novamente regressado à zona de acção do sector de Bigene, recolhendo seguidamente a Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso (Ceca; pp 98-99).

3.25 - O CASO DO SOLDADO 'CAR' MANUEL GONÇALVES MARTINS DE LIMA, DO EREC FOX 2350, EM 23.OUT.1968, EM DARA, ENTRE NOVA LAMEGO E PICHE




A vigésima morte de um condutor auto rodas, do Exército, em "combate", por efeito do rebentamento de uma mina anticarro, foi a do soldado Manuel Gonçalves Martins de Lima, natural da freguesia de Santa Maria Maior, Município de Viana do Castelo, ocorrida em 23 de Outubro de 1968, 4.ª feira, no sítio de Dara, no itinerário entre Nova Lamego e Piche, durante a realização de uma escolta militar, no período em que a sua unidade havia sido colocada em reforço da guarnição de Piche.

O condutor Manuel Lima pertencia ao Esquadrão de Reconhecimento "Fox" 2350 (EREC 2350) [15Jan68-23Nov69; do Cap Cav Carlos Fernando valente de Ascensão], unidade mobilizada pelo Regimento de Cavalaria 8 [RC8], de Castelo Branco, tendo embarcado a 10 de Janeiro de 1968, 4.ª feira, no Cais da Rocha, em Lisboa, rumo ao CTIG, a bordo do N/M "UÍGE", com o desembarque em Bissau a ter lugar a 15 do mesmo mês.


Infogravura do itinerário Nova Lamego-Piche, onde se assinala o local da explosão.





► SÍNTESE DA MOBILIDADE OPERACIONAL DO EREC FOX 2350



O EREC 2350, após o desembarque em Bissau seguiu para o Sector L3, com sede em Nova Lamego, onde substituiu, em 21Jan68, o EREC 1578 [13Mai66-25Jan68; do Cap Cav António Francisco Martins Marquilhas], ficando como subunidade de reserva móvel do Cmd Agr 1980 e depois do Cmd Agr 2957, tendo sido colocado em Bafatá, com um pelotão deslocado em Piche, este na dependência do BCAÇ 1933 [27Set67-20Ago69; do TCor Inf Armando Vasco Campos Saraiva (1.º) e TCor Renato Nunes Xavier (2.º)] e depois do BCAÇ 2835 [24Jan68-04Dez69; do TCor Inf Joaquim Esteves Correia (1.º), Maj Inf Cristiano Henrique da Silveira e Lorena (2.º) e TCor Inf Manuel Maria Pimentel Bastos] e, após a criação do Sector L4, do BART 2857 [15Nov68-05Out70; do TCor Art José João Neves Cardoso (1.º) e Maj Art Rui Ferreira dos Santos].

De 22Set68 a 23Nov68, o EREC 2350 esteve colocado em reforço da guarnição de Piche, com vista a actuação prioritária naquela zona de acção. Nesta situação, realizou acções de patrulhamento, escoltas a colunas de reabastecimento, reforço de guarnições e apoio de combate a localidades atacadas, tendo actuado em reforço dos sectores de Bambadinca, Bafatá, Nova Lamego e Piche.

Em 24Nov69, foi substituído pelo EREC 2640 [21Nov69-03Out71; do Cap Cav Fernando da Costa Monteiro Vouga], recolhendo a Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso (Ceca; p 555).
Continua …
Fontes Consultadas:
Ø  Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 7.º Volume; Fichas das Unidades; Tomo II; Guiné; 1.ª edição, Lisboa (2002).
Ø  Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 8.º Volume; Mortos em Campanha; Tomo II; Guiné; Livro 1; 1.ª edição, Lisboa (2001); pp 23-569.
Ø  Outras: as referidas em cada caso.
Termino, agradecendo a atenção dispensada.
Com um forte abraço de amizade… com a máxima protecção do "Covid-19".

Jorge Araújo.
19Abr2020

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quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Guiné 61/74 - P20179: Jorge Araújo: ensaio sobre as mortes de militares do Exército no CTIG (1963/74), Condutores Auto-Rodas, devidas a combate, acidente ou doença - Parte II


Foto 1 – Estado em que ficou a GMC da CCAÇ 423 (São João e Tite: de 22Abr1963 a 29Abr1965) por efeito do rebentamento de uma mina/fornilho [a segunda da historiografia da Guerra], colocada na estrada Nova Sintra - Fulacunda, accionada em 18 de Julho de 1963 (5.ª feira), de que resultou a morte do Ten Mil Inf Carlos Eduardo Afonso de Azevedo, natural de Nossa Senhora do Carmo, Luanda (Angola).

Recorda-se que a primeira mina/fornilho accionada no CTIG ocorreu às 09h00 do dia 03 de Julho de 1963 (4.ª feira), no mesmo itinerário acima, no sítio de Bianga, tendo-se verificado quatro baixas no contingente da CCAÇ 423, a saber: 1.º cabo António Augusto Esteves Magalhães, natural de Amares; soldado Alberto dos Santos Monteiro, de Soutelo, Rio Tinto, Gondomar; soldado José Isidro Marques, de Alguber, Cadaval, e o fur Inf Hércules Arcádio de Sousa Lobo, natural de Nossa Senhora das Dores, Ilha do Sal (Cabo Verde). Este último militar seria evacuado para o HMP, em Lisboa, vindo aí a falecer em 16 do mesmo mês. Foi sepultado no Cemitério do Alto de São João, em Lisboa [Poste P17522]


Mapa do itinerário entre Nova Sintra e Fulacunda, assinalando-se BIANGA como sendo o local onde foi accionada a primeira mina/fornilho da historiografia da Guerra no CTIG.





O nosso coeditor Jorge Alves Araújo, ex-Fur Mil Op Esp/Ranger, CART 3494 (Xime e Mansambo, 1972/1974), professor do ensino superior, indigitado régulo da Tabanca de Almada; tem 225 registos no nosso blogue.



ENSAIO SOBRE AS MORTES DE MILITARES DO EXÉRCITO, NO CTIG (1963-1974), DA ESPECIALIDADE DE "CONDUTOR AUTO RODAS": COMBATE, ACIDENTE, DOENÇA (PARTE II)


1. – INTRODUÇÃO

No poste  P20126 (*)  demos início à divulgação e análise dos primeiros resultados obtidos no novo projecto de investigação, tendo por objecto de estudo o universo das "baixas em campanha" de militares do Exército, e como amostra específica os casos de mortes de "condutores auto rodas", ocorridas durante a guerra no CTIG (1963-1974), identificados na literatura "Oficial" publicada pelo Estado-Maior do Exército.

Recordo que,  para além da colecta e organização quantitativa dos dados, um outro objectivo incluía a possibilidade de os completar com partes de algumas narrativas históricas, produzidas por cada um dos sujeitos nelas envolvidas, com recurso às memórias postadas no blogue e a outras que, por via do seu aprofundamento, encontrámos em diversos lugares. Estas serão abordadas nos diferentes fragmentos.

A opção por esta "especialidade" do organograma da organização militar foi influenciada pelo facto da primeira morte em combate ter sido a de um "condutor auto rodas" – Veríssimo Godinho Ramos, natural de Vale de Cavalos, Chamusca – episódio ocorrido durante o ataque ao aquartelamento de Tite, em 23 de Janeiro de 1963, quando este cumpria o seu serviço de vigia noturno, contexto abordado no primeiro poste.

Porque se trata, como referido, de um "ensaio", o resultado final pode vir a ser alterado em função de outras informações complementares que possam surgir após a avaliação realizada por cada um de vós. A esta situação acresce, ainda, o facto de existirem registados, nos Dados Oficiais, óbitos onde consta somente o posto do militar falecido.

2. – ANÁLISE DEMOGRÁFICA DAS MORTES DE MILITARES DO EXÉRCITO, NO CTIG (1963-1974), DA ESPECIALIDADE DE "CONDUTOR AUTO RODAS": COMBATE-ACIDENTE-DOENÇA (n=191)

A análise demográfica desta investigação, e as variáveis com ela relacionada, incidiu sobre os casos de mortes de militares do Exército da especialidade de "condutor auto rodas", ocorridas durante a guerra no CTIG (1963-1974), e identificados nos "Dados Oficiais" publicados pelo Estado-Maior do Exército, elaborados pela Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974), 8.º Volume; Mortos em Campanha; Tomo II, Guiné; Livros 1 e 2; 1.ª Edição, Lisboa (2001).

O tratamento estatístico, iniciado no primeiro fragmento, continuará a ser representado por gráficos e
quadros de distribuição de frequências, simples e acumuladas, conforme se indica em cada um dos títulos. 

Considerando a análise apresentada no primeiro fragmento, o estudo mostra que dos 191 indivíduos que constituíram a população deste estudo, 178 (93.2%) dos casos eram soldados, enquanto 13 (6.8%) casos eram 1.ºs Cabos [gráfico acima].

Deste grupo populacional, verifica-se que o número total de condutores auto rodas do Exército que morreram no CTIG (1963-1974), 171 (89.5%) eram militares continentais, enquanto 20 (10.5%) eram do recrutamento local. Quanto ao número de continentais, 162 (94.7%) eram soldados e 9 (5.3%) eram 1.ºs cabos. No âmbito do recrutamento local, 16 (80%) eram soldados, enquanto 4 (20%) eram 1.ºs cabos. (Gráfico a seguir)



3. – ALGUNS EPISÓDIOS E CONTEXTOS ONDE OCORRERAM MORTES DE CONDUTORES AUTO RODAS ["CAR"] POR EFEITO DE REBENTAMENTO DE "MINAS"

Neste ponto, em homenagem a todos os camaradas que tombaram em campanha - reforçada com os comentários do poste anterior - foram recuperadas algumas narrativas históricas sobre cada um dos cinco "casos" identificados neste fragmento (do total de trinta e três casos), bem como dos seus contextos conhecidos. 

Como principal fonte de consulta, foi utilizado o espólio do blogue, ao qual adicionámos, ainda, outras informações obtidas em informantes considerados privilegiados.

Do total de 191 mortes de condutores auto rodas apuradas no período em análise (1963-1974), (n=112) tiveram origem no conceito de "combate" (58.6%), dividido por três categorias: (n=67) em "contacto" (emboscadas…) (59.8%), (n=33) por "minas" (engenhos explosivos…) (29.5%) e (n=12) em "ataque ao quartel" (aquartelamento, destacamento..) (10.7%), conforme se indica no quadro abaixo. [Nota: este quadro foi corrigido em função da análise dos registos oficiais quando comparados com a descrição das narrativas].




Quadro 1 – Quadro das causas de morte em "combate" de condutores auto rodas do Exército, por ano e por categorias (1963-1974) – (n=112)




Lista dos trinta e três "condutores auto rodas" que tombaram por efeito de "minas e/ou explosivos" durante o período em análise.


3.1 - 05 DE NOVEMBRO DE 1963: A PRIMEIRA BAIXA DE UM "CAR" POR MINA A/C - O CASO DO SOLDADO DOMINGOS RODRIGUES TORRES, DA CCAÇ 510, ENTRE XITOLE E BAMBADINCA

A primeira morte de um condutor auto rodas, do Exército, em "combate", por efeito do rebentamento de uma mina anticarro [categoria de "minas"], foi a do soldado Domingos Rodrigues Torres, natural de Santa Maria Maior, Viana do Castelo, ocorrida em 05 de Novembro de 1963, 3.ª feira, no itinerário entre o Xitole e Bambadinca (Sector L1).

Pertencia à CCAÇ 510, do Cap Inf João Fernandes da Ressurreição, cuja comissão decorreu entre 20Jul63, chegada a Bissau, e 07Ago65, embarque para a Metrópole (Lisboa). Do ponto de vista da missão, esta Unidade, em 10Ago63, assumiu a responsabilidade do sector de Xitole, então criado, com um Gr Comb destacado em Saltinho, tendo substituído os efectivos da CCAÇ 412 (09Abr63-29Abr65, do Cap Inf Manuel Joaquim Gonçalves Braga) ali estacionados e ficando integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 506 e depois do BCAÇ 697. Por períodos variáveis, destacou forças para guarnecer outras localidades e pontos sensíveis da sua zona de acção [ZA], nomeadamente Quirafo, Camamungo, Cossé, Galomaro e a ponte do rio Pulom, entre outras. Os seus Grs Comb tomaram parte em acções de reforço das guarnições de Canquelifá, Ponta Varela e Ponta do Inglês. Em 16Jul65, foi rendida pela CCAÇ 818 [26Mai65-08Fev67, do Cap Inf José Manuel Pires Ramalho (1º) e do Cap Inf Humberto Amaro Vieira Nascimento (2º)], recolhendo a Bissau, onde permaneceu até ao embarque.

Porque nada consta no espólio de memórias publicadas no blogue, acerca da CCAÇ 510, tomei a iniciativa de recuperar uma imagem do mesmo itinerário Bambadinca-Xitole onde ao longo do conflito foram accionadas várias minas, como foi o exemplo seleccionado.


Foto 2 – Uma viatura civil, na Estrada (de terra batida) Bambadinca-Mansambo-Xitole, transportando cunhetes de granadas e, em cima, pessoal civil.

[Nessa mesma estrada, em 18 de Setembro de 1969, 5.ª feira, uma GMC da CCAÇ 2590 (CCAÇ 12; do camarada Luís Graça), com três toneladas de arroz, foi destruída por uma mina anticarro na ponte do rio Jago. Este itinerário, com cerca de trinta quilómetros, era a única via terrestre por onde se faziam as colunas logísticas de reabastecimento. [Poste P7354 e foto do Humberto Reis, com a devida vénia].


3.2 - O CASO DO SOLDADO 'CAR' PAULO LIMA, DO PRECD 1129, EM 12.FEV.68, ENTRE CHÉ-CHE E CANJADUDE


A morte em "combate" do soldado condutor auto rodas Paulo Lima, do Pelotão de Reconhecimento Daimler 1129, ocorrida em 12 de Fevereiro de 1968, 2.ª feira, por efeito do rebentamento de uma mina anticarro, accionada no itinerário entre o Ché-Che e Canjadude (Sector Leste), consta do espólio de memórias publicadas no blogue [P13437], sendo considerada, do ponto de vista cronológico, como a décima sexta baixa registada na categoria de "minas".
Tendo em consideração os objectivos do presente trabalho, recuperámos, a propósito desta ocorrência, o que consta no "Diário da CART 1742", da autoria de Mário dos Anjos Teixeira Alves, 1.º Cabo Corneteiro, à qual lhe adicionámos mais algumas informações consideradas complementares.

Nos seus registos do dia 12Fev68, é referido o seguinte:

"Chegou a companhia [CART 1742, "Os Panteras" - Nova Lamego e Buruntuma, de Set67 a Mai69, sob o comando do Cap Mil Inf Álvaro Lereno Cohen] da escolta a Béli, que fica na zona de Madina [do Boé]. No regresso, hoje de manhã, entre o Ché-Che e Canjadude, uma mina rebentou debaixo de uma das Daimler [do PRecD 1129; Nova Lamego, Ago66 a Mai68]. Morreu o condutor [Paulo Lima, natural de Cepões, Lamego] e o apontador ficou gravemente ferido, eram do pelotão Daimler [1129], que estavam prestes a ir embora. O IN não ataca a escolta, porque a aviação faz [fez] segurança voando sobre o trajecto que era percorrido pela companhia."



Foto 3 - A Daimler do P13437, com a devida vénia.


3.3 - O CASO DO SOLDADO 'CAR' ARMINDO RIBEIRO DE SOUSA, DA CÇAÇ 1792, EM 14.JUL.68, ENTRE ALDEIA FORMOSA E BUBA


De acordo com o tratamento de dados realizado neste "ensaio", a morte em "combate" do soldado condutor auto rodas Armindo Ribeiro de Sousa, natural de Caramos, Felgueiras, pertencente à CCAÇ 1792 [02Nov67-20Ago69; do Cap Mil Art António Manuel Conceição Henriques (1.º)], ocorrida em 14 de Julho de 1968, domingo, no decurso da coluna de reabastecimentos entre Aldeia Formosa e Buba, foi a décima nona baixa na categoria de "minas" e aconteceu a quinhentos metros de Uane, na Região de Tombali.

A descrição desta ocorrência consta na resenha histórica do Batalhão de Caçadores 2834 [BCAÇ 2834; Buba (15Jan68-23Nov69) do TCor Inf Carlos Barroso Hipólito], em documento elaborado pelo 1.º Cabo Escriturário Francisco dos Santos Gomes, e disponível no sitio: https://guine6869. wordpress.com/historia-do-bcac2834/

Nele encontrámos o seguinte relato:

"Em 14 de Julho de 1968 [domingo], durante a coluna de reabastecimentos Aldeia Formosa/ /Buba/Aldeia Formosa, foi accionada pela 1.ª viatura da CCAÇ 1792 uma mina anticarro, na estrada Sare Donha causando 3 mortos (1 Sarg) e três feridos às NT e a destruição da viatura. [Os mortos foram: Soldado "CAR" Armindo Ribeiro de Sousa; Fur Inf Carlos Alberto de Sampaio e Melo Valente, de Izeda, Bragança e o Caç Nat Mamadu Uri Bari, de Aldeia Formosa]. Quanto às causas da morte do Caç Nat é mencionado de que este accionou uma mina anticarro, com dispositivo antipessoal, ficando pulverizado."



No decurso da presente investigação, encontrámos no poste  P5304 «As minhas memórias da guerra» do camarada Arménio Estorninho, uma fotografia de Aldeia Formosa, com data de Julho de 1968, pertencente à CCAÇ 1792, com uma viatura destruída por mina anticarro.



Foto 4 – Aldeia Formosa (Quebo) – Julho de 1968. A viatura destruída por mina a/c. Esta (?) era a da Rádio de Transmissões, tendo ocasionado a morte do Operador [Será que foi o Soldado Radiotelegrafista Joaquim Barreira, do PRecFox 2022? Na sua ficha de óbito consta a data de 24/07/68, um dia antes da indicada no poste. Era natural da Freguesia do Socorro, Lisboa. É referido, ainda, que a mina anticarro foi accionada em Bolola]. Será que estamos a sinalizar a mesma situação? 


3.4 - O CASO DO SOLDADO 'CAR' MANUEL JOSÉ COELHO PARREIRA, DA CART 2439, EM 07.OUT.69, ENTRE DUNANE E CANQUELIFÁ

Este episódio, de que resultou a morte em "combate" do soldado condutor auto rodas Manuel José Coelho Parreira, natural de Faro do Alentejo, Cuba, da CART 2439 [Canquelifá; 15Nov68-05Out70, do Cap Mil Art António Regêncio Martins Ferreira (1.º)] – a vigésima quinta baixa de um 'CAR' na categoria de "minas" – é-nos relatado pelo furriel João Maria Pereira da Costa, da CCS/BART 2857 (Piche; 15Nov68-05Out70, do TCor Art José João Neves Cardoso), nos seguintes termos:

"No dia 07 de Outubro de 1969 [3.ª feira], pelas 06h30, saiu de Canquelifá para Dunane, uma coluna, como sempre, precedida por uma equipa de picadores, acompanhada de dois Grs Comb da CART 2479, um que ficou ao longo do itinerário montando segurança, outro que acompanhou até ao limite do subsector. Nada de anormal foi notado, tendo a coluna e o pessoal da segurança, regressado ao Aquartelamento, cerca das 12h00.

"Às 15h00, nova coluna saiu de Canquelifá para Dunane, decorrendo o percurso sem incidentes. Mas, no regresso, a cerca de 2 km do Aquartelamento, uma segunda viatura accionou uma mina anticarro reforçada, tendo ficado quase destruída, e gravemente feridos todos aqueles que nela seguiam. O rebentamento foi ouvido no Aquartelamento cerca das 16h30..


Foto 5 – Blogue do BART 2857, com a devida vénia


"Depois chegava uma viatura GMC que vinha à testa da coluna, e que passara no local sem accionar a mina, informando do que sucedera e pedindo socorros, pelo que saiu, imediatamente uma força constituída por um Gr Comb, duas Secções de Picadores e Pessoal de Enfermagem, tendo-se cruzado com um Unimog que trazia alguns feridos, pois ficara um, no local do desastre, entalado debaixo da viatura. Montada a segurança, iniciou-se uma picagem da zona, ao mesmo tempo que se libertava dos destroços, o ferido que faltava socorrer.

"Depois, já quase noite, ao reorganizar-se a coluna de regresso, um Unimog accionou outra mina anticarro, não detectada, sobre a qual já haviam passado várias viaturas, daí resultando mais feridos e a destruição daquela. Finalmente posta em movimento, uma coluna regressou ao Aquartelamento pelas dezanove horas, com cinco baixas, quatro da CART 2439, sendo um o soldado condutor Manuel José Coelho Parreira e os restantes, o 1.º cabo enf.º José Manuel Justino Laranjo, de São José da Lameirosa, Coruche; o soldado Joaquim Teixeira de Carvalho, de Solveira, Montalegre; e o soldado Manuel de Jesus Ferreira, de Cristelo, Barcelos, e, ainda, o soldado de Recrutamento Local, Satoné Colubali, natural de Bentém, Nova Lamego, da CART 2479."-



Foto 6 – Blogue do BART 2857,  com a devida vénia.


3.5 - O CASO DO SOLDADO 'CAR' MANUEL GUERREIRO JORGE, DA CCS/BCAÇ 2852, EM 16.OUT.69, ENTRE FINETE E MISSIRÁ

Esta última circunstância, seleccionada para constar no presente fragmento, está relacionada com a morte em "combate" do soldado condutor auto rodas Manuel Guerreiro Jorge, natural de Santana da Serra, Ourique, ocorrida no dia 16 de Outubro de 1969, 5.ª feira, por efeito do rebentamento de uma mina anticarro, na zona de Canturé, na Estrada Finete-Missirá, durante o regresso de uma coluna de reabastecimento realizada pelo PCaçNat 52, entre o destacamento de Missirá e Bambadinca.
O condutor Manuel Jorge pertencia à CCS/BCAÇ 2852 [30Jul68-16Jun70, do TCor Inf Manuel Maria Pimentel Bastos (1.º)], unidade que, ao render o BART 1904 (18Jan67-31Out68, do TCor Art Fernando da Silva Branco), em 16Out68 assumiu a responsabilidade pelo Sector L1, com sede em Bambadinca, abrangendo os subsectores de Xime, Xitole e Bambadinca. Este condutor estava em missão de serviço do PCaçNat 52, cujo Cmdt era, então, o Alf Mil Beja Santos (Missirá e Bambadinca, 1968/1970), que seguia nessa coluna e que viveu um "monumental sobressalto", como se pode inferir da descrição que o próprio partilhou no blogue no P2270 «Operação Macaréu à vista – Parte II: e de súbito uma explosão, uma emboscada, um caos…». 

Sugiro a sua leitura na íntegra, pela impossibilidade de a repetir neste contexto. 


Foto 7 – O Beja Santos, Cmdt do PCaçNat 52, acompanhado com mais alguns militares da sua unidade, num Unimog conduzido por um dos condutores auto rodas da CCS do BCaç 2852, dias antes da ocorrência. Foto do P2270, do camarada Beja Santos, com a devida vénia.

Do "diário" desse dia, elaborado pelo camarada Beja Santos, retive o seguinte:

"A 16 de Outubro [de 1969], a coluna que parte de Missirá para Bambadinca vai à procura de mantimentos e combustível, para que não haja problemas logísticos momentosos para quem nos vem substituir. Prevê-se a chegada iminente do PCaçNat 54; um Gr Comb da CCaç 12 vai nesse dia a Mato de Cão; as populações civis de Missirá e Finete estão sem arroz; muitos dos soldados do PCaçNat 52 andam à procura de quartos em moranças na tabanca de Bambadinca; passo horas a apresentar-me junto dos senhorios e dos comerciantes locais como fiador na compra de camas e colchões. (…) É uma manhã que pronuncia o fim das chuvas, um céu azul de cobalto e despido de quaisquer nuvens caindo ao fundo na cobertura vegetal cor garrafa escuro, as picadas estão secas, o capim ergue-se louro como se fosse trigo. (…) Passa-se por Canturé; há árvores em flor; os picadores estão prudentes tal a densidade da vegetação; tal a poeira que se levanta no estradão. (…)

"Passamos a manhã numa roda-viva; sou fiador não sei quantas vezes; subo ao quartel; há conversas na engenharia; requisitam-se peças para o 'burrinho' [Unimog] (…). Depois é a compra de comida; deixo o Alcino Barbosa a regatear com os vagomestres. Logo a seguir ao almoço vou a Afiá comprar arroz, regresso com oito sacos. Junto ao paiol, pegamos em vários cunhetes de munições; as nossas operações logísticas estão finalmente concluídas. (…)

"No regresso: a travessia da bolanha é penosa; o "404" vai ajoujado com bidões, sacos de arroz, caixas de tudo, desde cerveja a esparguete. O entardecer encaminha-se perigosamente para o ocaso. O condutor Manuel Guerreiro Jorge, que veio esbaforido desde o Geba até Finete, sempre a fintar os buracões da bolanha com um peso anormal de mercadorias, fuma nervosamente um cigarro e pede-me para partirmos cedo, estamos mesmo a entrar no lusco-fusco. (…) No guincho à frente está Cherno Suane; sigo ao lado de Manuel Guerreiro Jorge [o condutor]; estamos ladeados por Alcino Barbosa e Arlindo Bairrada. No alto, sentado no bidão vai Mamadu Djau com a bazuca nas pernas. O condutor está cada vez mais nervoso com a semiescuridão que desce. Apaga o último cigarro e pergunta-me: - A que velocidade vamos, meu alferes? 

Peço-lhe, atendendo à segurança que julgo existir, "que vá a toda a velocidade até um pouco depois de Canturé; a seguir é que temos problemas, a picada está escorregadia até ao pontão de Caranquecunda. E a viatura parte à desfilada. Exactamente quando a recta de Canturé está no fim, um estrondo medonho levanta o "404"; os fios eléctricos silvam; a viatura afocinha na agonia; oiço o primeiro urro do condutor que pisou a mina anticarro: há a surpresa dos transportados; sou cuspido; sinto os óculos voarem; uma massa quente e ácida cega-me o olho direito; quer o destino que eu salte de escantilhão com a G3 na mão direita."

Esta foi a última coluna de reabastecimento do Pel Caç Nat 52 em Missirá, pois seria substituído dias depois pelo Pel Caç Nat 54, sendo esta a vigésima sexta morte de um condutor auto rodas por efeito do rebentamento de uma mina anticarro, de seu nome: Manuel Guerreiro Jorge.


Foto 8 – O Fur Op Esp Humberto Reis (à esquerda) e o Alf Mil António Manuel Carlão (à direita), do 2.º Gr Comb da CCaç 12, examinando o estado em ficou o Unimog depois de ter accionado a mina anticarro em Canturé, estrada Finete-Missirá, em 16 de Outubro de 1969, de que resultou a morte do condutor auto rodas Manuel Guerreiro Jorge, natural de Santana da Serra, Ourique. Foto do P2270, do camarada Humberto Reis, com a devida vénia.

Nota: Os cinco "casos" descritos no presente fragmento, e os que se seguirão, não respeitam a ordem cronológica global das ocorrências. Esta opção, aleatória, teve por critério de escolha as diferentes datas, locais, épocas e missões, de modo a fazer-se, se possível, uma análise comparativa entre os acontecimentos.

Continua …

Fontes Consultadas:

Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 8.º Volume; Mortos em Campanha; Tomo II; Guiné; Livro 1; 1.ª edição, Lisboa (2001); pp 23-569.

 Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 8.º Volume; Mortos em Campanha; Tomo II; Guiné; Livro 2; 1.ª edição, Lisboa (2001); pp 23-304.

 Outras: as referidas em cada caso.

Termino, agradecendo a atenção dispensada.

Com um forte abraço de amizade e votos de muita saúde.
Jorge Araújo.
09SET2019
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quinta-feira, 25 de julho de 2019

Guiné 61/74 - 20010: (D)o outro lado do combate (52): O T-6G FAP 1694 e o cap pilav João Rebelo Valente, desaparecido em 14/10/1963, na região do Óio- Morés (Jorge Araújo)


Foto nº 1 - Número de matrícula do “T-6G” pilotado pelo Capitão Pilav João Rebelo Valente




Jorge Alves Araújo, ex-Fur Mil Op Esp/Ranger,  CART 3494 
(Xime-Mansambo, 1972/1974);  coeditor do blogue desde março de 2018


 (D)O OUTRO LADO DO COMBATE:

A MORTE DO CAPITÃO PILAV JOÃO CARDOSO DE CARVALHO REBELO VALENTE E A MISSÃO DA FORÇA ÁREA COM O "T-6G - 1694", EM 14 DE OUTUBRO DE 1963, NA REGIÃO DO ÓIO-MORÉS: O QUE REFEREM AS FONTES DE HISTÓRIA



1. INTRODUÇÃO

No decurso da pesquisa realizada a propósito da actualização da lista dos camaradas capitães, que tombaram no CTIGuiné durante a «Guerra do Ultramar» ou «Guerra Colonial» (1963-1974) – P19315, estruturada segundo a tríade em que foram classificadas as causas das suas mortes: 'acidente', 'combate' e 'doença', descobri a existência de casos onde se observavam algumas discrepâncias entre as fontes consultadas.

Com efeito, o exemplo que hoje partilho no Fórum, e que se refere ao do Capitão Pilav João Cardoso de Carvalho Rebelo Valente, natural do Entroncamento, falecido no CTIG em 14 de Outubro de 1963, 2.ª feira, captou uma particular atenção, dela emergindo o interesse no seu aprofundamento na busca de poder ficar mais próximo das causas e dos factos reais.

Assim sendo, em primeiro lugar, recupero o que está expresso no nosso blogue – P6638 e P9758 – onde o camarada Carlos Cordeiro (1946-2018), autor da primeira lista, dava conta, nesses dois postes, de que o Capitão Pilav João Rebelo Valente havia falecido por "doença", na data acima indicada.

Por outro lado, na consulta à importante base de dados sobre as «baixas» contabilizadas pelas NT na Guerra, como é o caso  «Dos Veteranos da Guerra do Ultramar - Portal UTW», aí é referido que a sua morte aconteceu por "acidente", estando, porém, omisso o local onde foi sepultado. Esta última informação foi a que considerámos na elaboração do nosso anterior levantamento.


2. NOVAS FONTES CONSULTADAS E RESULTADOS OBTIDOS

Em função da problemática acima identificada, e sabendo-se, tão só, que na data do seu óbito o Capitão Pilav João Rebelo Valente dirigia uma aeronave "T-6G Harvard, matrícula 1694" [Foto nº 1, imagem acima], logo procurámos ultrapassar esse obstáculo através da consulta a novas fontes bibliográficas relacionadas com o tema.

Encontrámos um trabalho sobre "Acidentes Mortais em Aeronaves – 1917-2016", da autoria do General Pilav Jorge Manuel Brochado de Miranda (1926-), no qual se faz referência a esta ocorrência [capa ao lado].

A propósito do autor desta obra, é de salientar o facto de ter exercido o cargo de Chefe do Estado-Maior da Força Aérea, entre o dia 10 de Abril de 1984 e 28 de Agosto de 1988, tendo passado à reserva no dia seguinte e à situação de reforma cinco anos depois (1993). Em 31 de Janeiro de 2018, foi homenageado numa cerimónia que teve lugar no Auditório General José Lemos Ferreira, no Estado-Maior da Força Aérea, em Alfragide, que culminou com o descerrar de uma placa de homenagem. Após a cerimónia, o General Brochado de Miranda seguiu para a Presidência da República, em Belém, onde foi agraciado, pelo Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada.

Quanto ao valor científico deste trabalho, que está disponível no Arquivo Histórico da Força Aérea, com data de Setembro de 2016, o autor refere que "as fontes de história que registaram acidentes de aeronaves são essencialmente os Processos de Segurança de Voo (SV), mas por má elaboração ou falta de dados nem sempre aparecem elementos essenciais para a caracterização do acidente e das suas causas, ou, na falta destes, a imaginação entrou à solta e deu curso à fantasia. Vão, todavia, aparecendo, aqui e além, fora das fontes citadas, referências a acidentes que vem completar, por vezes, as informações incompletas ou mal descritas dos documentos oficiais" (op.cit.,  p5).


[Fonte: http://ahfa.emfa.pt/conteudos/acidentes_mortais_Aeronaves_1917_2016.pdf  [p57]


Por outro lado, uma segunda fonte consultada, respeitante a "acidentes da aviação militar", referia que a mesma aeronave, pilotada pelo Capitão Pilav João Rebelo Valente, ao colidir com o solo, "após manobra acrobática", em Olossato, provocou a morte do piloto.

Esse facto é comprovado com a informação abaixo e respectiva fonte.


[Fonte: https://acidentesaviacaomilitar.blogspot.com/search/label/T-6G, com a devida vénia.]

Influenciado pelas descrições supra, procurámos encontrar "D(o) Outro Lado do Combate" algo que nos pudesse ajudar a decifrar este "mistério" ou "conflito histórico". E tanto insistimos nessa busca, que no espólio documental de Amílcar Cabral (1924-1973), existente na CasaComum, da Fundação Mário Soares, encontrámos duas fotos alusivas ao "acidente".


Foto nº  2 - Citação: (1973), "Lay Sek junto de um pedaço de um avião português abatido pelo PAIGC", CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_43815 (2019-6) - matrícula 1694, com a devida vénia.

Fundação Mário Soares. Pasta: 05222.000.534. Título: Lay Sek junto de um pedaço de um avião português abatido pelo PAIGC [T-6 Harvard]. Assunto: Lay Sek junto de um pedaço de um avião português abatido pelo PAIGC, presumivelmente utilizando um míssil antiaéreo Strela, de origem soviética. Data: c.1973. Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral.


Foto nº  3 - Citação: (1973), "População junto de um pedaço de um avião português abatido pelo PAIGC", CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_43566 (2019-6) - matrícula 1694, com a devida vénia.

Fundação Mário Soares. Pasta: 05359.000.006. Título: População junto de um pedaço de um avião português abatido pelo PAIGC. Assunto: População junto de um pedaço de um avião português abatido pelo PAIGC [T-6 Harvard], presumivelmente utilizando um míssil antiaéreo Strela, de origem soviética. Data: c.1973. Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral. Tipo Documental: Fotografias.

Analisados os conteúdos narrados nas legendas sobre as duas fotos acima, constata-se que as datas citadas não estão correctas. Deve-se ler 1963. Quanto a Lay Sek [foto nº  2], guerrilheiro do PAGC e membro do Comité de Milícia Popular da Frente Norte, este estava, naquela altura, acantonado na base de Maqué (ou em trânsito) pelo que os destroços do "T-6G - FAP 1694" que nos aparecem nas imagens deveriam estar localizados na região de Morés (entre Maqué e Morés), conforme consta no livro da CECA, 6.º Volume, "Aspectos da Actividade Operacional" realizada pelas NT durante o período em análise (Outubro de 1963; pp121-122).

Assim sendo, o autor das legendas sobre as fotos {, um dos técnicos da Fundação Mário Soares], ao presumir que a data destas era de 1973, considerou que a queda da aeronave se ficara a dever à utilização de um míssil Strela, o que não corresponde à verdade, uma vez que este episódio ocorreu poucos dias antes do conflito armado completar o nono mês.


Foto nº 4 - Parelha de T-6 nos "Céus da Guiné". Foto do camarada Gil Moutinho, ex-Fur Pilav, BA12 (Guiné, 1972/1973) – P7088, com a devida vénia.


2.1.  COINCIDÊNCIAS… OU, TALVEZ, NEXO DE CAUSALIDADE

- A CARTA DE AMÍLCAR CABRAL ENVIADA A OSWALDO VIEIRA (NO MORÉS)

No desenvolvimento desta investigação foi identificada uma carta enviada por Amílcar Cabral (1924-1973) a Oswaldo Vieira (1938-1974), onde aborda este tema, entre outros.

Porém, o conteúdo dessa carta, conforme se apresenta abaixo, tem dois exemplares: um manuscrito, sem data; o segundo, dactilografado, com a data de 31 de Dezembro de 1963.

Nele(s) pode-se ler:

"Meu caro camarada Oswaldo,

São portadores desta os camaradas emissários que tinham vindo de Bissau. Só voltam agora, porque eu tinha estado ausente, em missão, e havia aqui muito que fazer.

Escrevi-te há dias pelo Bebiano. Espero que já tenhas recebido a carta, e que tudo corra bem. Espero também que tenhas mandado algumas notícias ao Lourenço [Gomes] para nos enviar, pois estamos sem notícias há quase dois meses.

Lamento muito os mortos no bombardeamento de 14 de Outubro [de 1963], em particular a da nossa grande camarada Joncon Seidi, cujo nome e coragem nunca devemos esquecer. Dá saudações minhas a toda a população do Morés e aos camaradas todos. Podem estar certos de que, depois da nossa libertação, na independência da nossa Pátria, Morés há-de ser uma das mais belas cidades da nossa terra.

Queria dar-te algumas palavras de ordem, mas não posso fazer isso, porque não tenho notícias, não sei como vão as coisas nas diferentes áreas sob a tua direcção. Para eu poder dirigir a luta, tenho de saber, em pormenor, o que se passa com os nossos e com o inimigo. Mas não recebo notícias nem relatórios dos meus camaradas de luta, responsáveis de região e de zonas. Espero ir para dentro do país, antes que tenha de ficar calado e desligado da luta, no exterior. Porque isso é coisa que não pode ser, que não tem justificação". (…)




Na parte final da carta, enviada a Osvaldo Vieira, Amílcar Cabral acrescenta:

"Mas preciso de relatórios detalhados do responsável.

Em relação à mensagem trazida pelos emissários de Bissau, eles te dirão o que penso e resolvemos. Acho que, como te mandei dizer pelo camarada Chico, é preciso uma boa coordenação entre vocês e Bissau, para fazer as coisas marchar.

Vão algumas bonecas para Bissau, que tu enviarás conforme for melhor. Vale a pena desenvolver as coisas [Zonas] em 0 [Ilha de Bissau], 1 [Varela e Barro], 2 [Bigene, Farim e Cuntima], 3 [Pirada, Canquelifá, Buruntuma, Piche e Nova Lamego], 6 [Geba, Bafatá, Contuboel, Sare Bacar e Sonaco] e 10 [Teixeira Pinto e Bula], com urgência.

Acho que não é indispensável esperar que chegue tudo o que desejamos mandar.

Sucesso no teu trabalho e para todos".



Fontes:

● Carta manuscrita: Citação: (s.d.), Sem Título, CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_34265 (2019-6).

Fundação Mário Soares. Pasta: 07058.020.026. Assunto: Entre outros assuntos lamenta os mortos no bombardeamento de 14 de Outubro [1963], em particular a de Joncon Seidi, e a falta de notícias e de relatórios. Refere também a necessidade de regressar ao interior do país. Remetente: Amílcar Cabral. Destinatário: Osvaldo [Vieira], Morés. Data: s.d. Observações: Doc. incluído no dossier intitulado Manuscritos de Amílcar Cabral. Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral. Tipo Documental: Correspondência.

● Carta dactilografada: Citação: (1963), Sem Título, CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_36712 (2019-6).

Fundação Mário Soares. Pasta: 04606.045.063. Assunto: Bombardeamento do dia 14 de Outubro [1963]. Remetente: Amílcar Cabral. Destinatário: Osvaldo [Vieira]. Data: Terça, 31 de Dezembro de 1963. Observações: Doc. incluído no dossier intitulado Cartas e textos dactilografadas enviados por Amílcar Cabral; 1960-1967. Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral. Tipo Documental: Correspondência.


Triângulo Maqué-Olossato-Morés, onde se supõe ter caído o "T-6G-1694" e onde morreu o Cap Pilav João Rebelo Valente, desconhecendo-se o que aconteceu ao seu corpo.


2.2. RESULTADOS… OU AS CONCLUSÕES POSSÍVEIS

Para encerrar este ponto, e esta narrativa, o que podemos concluir:

(i) – Com data de 14 de Outubro de 1963, 2.ª feira, foram encontrados diferentes registos historiográficos relacionadas com:

a) - A morte do Capitão Pilav João Cardoso de Carvalho Rebelo Valente, quando pilotava uma aeronave "T-6G, com matrícula 1694", de acordo com o referido pelo General Brochado de Miranda, no seu trabalho de investigação, titulado: "Acidentes Mortais em Aeronaves – 1917-2016, p57.

b) - Um outro apontamento, retirado do blogue sobre acidentes da aviação militar, acrescenta que a aeronave "FAP-1694" caiu no Olossato.

c) - O bombardeamento de uma base na região de Morés, de que resultaram alguns mortos, como referido por Amílcar Cabral em carta remetida a Osvaldo Vieira, então na base de Morés.

(ii) – Pelas imagens observadas, os destroços da aeronave "T-6G - FAP 1694" foram localizados:

a) - Não na "área do aeródromo", em Bissalanca, como é referido na obra do General Brochado de Miranda, acima citada.

b) - Mas, sim, numa das matas da região do Óio-Morés, no triângulo Maqué-Olossato-Morés [mapa acima], como se depreende/infere das fotos onde aparece o Lay Sek e alguns elementos da população.

(iii) – O que não é possível provar é que a queda da aeronave tenha sido provocada por fogo IN, ainda que nessa data/período as forças terrestres (NT) estivessem em manobras na região do Óio-Morés [Sector C, criado pela remodelação do dispositivo de 02Ago63], sob a supervisão do BCav 490 e do BCaç 512.

(iv) – Uma vez que não encontrámos qualquer referência ao local onde foi sepultado o corpo do Capitão Pilav João Rebelo Valente, considera-se, do ponto de vista académico, que ele não foi recuperado.

Eis, em síntese, o que foi possível apurar neste trabalho.

Termino, agradecendo a atenção dispensada.

Com um forte abraço de amizade e votos de muita saúde.

Jorge Araújo.
16jul2019
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Último poste da série >  3de julho de 2019 > Guiné 61/74 - P19944: (D)o outro lado combate (51): a morte de 'Guerra Mendes' (Jaime Silva) em Bulel Samba, Buba, em 14 de fevereiro de 1965, na Op Gira - II (e última) Parte (Jorge Araújo)