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segunda-feira, 12 de outubro de 2020

Guiné 61/74 - P21444: Efemérides (338): Para que não se esqueça o fatídico dia 12 de Outubro de 1970 - Emboscada do Infandre que vitimou 10 dos nossos camaradas (Jorge Picado, ex-Cap Mil, CMDT da CCAÇ 2589)


Gravura retirada do Poste 2162, trabalho exaustivo sobre a emboscada de Infandre de autoria do nosso camarada Afonso Sousa.[2]


1. Mensagem do nosso camarada Jorge Picado (ex-Cap Mil do CAOP 1,
Teixeira Pinto, e CMDT da CCAÇ 2589/BCAÇ 2885, Mansoa e da CART 2732, Mansabá, 1970/72) com data de 11 de Outubro de 2020, recordando a emboscada do Infandre, ocorrida há precisamente 50 anos, no fatídico dia 12 de Outubro de 1970, que vitimou mortalmente 10 militares das NT:

Amigo e camarada Carlos Vinhal
Como estamos em 11 de Outubro, pedia-te mais um trabalhinho na nossa Tabanca.



PARA QUE NÃO SE ESQUEÇA

Completa-se amanhã meio século duma triste efeméride passada na Guiné. A para mim maldita emboscada efectuada ao pessoal de Infandre, quando pouco depois do meio-dia regressavam à base após saída de Mansoa e Passagem por Braia.
Acontece que por casualidade também será segunda-feira e quando estou escrevendo este email, domingo, a esta hora, naquela data, estaria aguardando a coluna que me transportaria de regresso a Mansoa a partir do cruzamento de Infandre, ou a passar pelo fatídico local, quiçá já em Mansoa.

Gostaria que colocasses uma pequena lembrança no Blogue, como homenagem aos bravos que perderam, aí, as suas vidas e que continuam presentes, as suas lembranças, para quem ainda está neste mundo.

Abraços
JPIcado


********************

2. Nota do editor:

Transcreve-se parte do poste P7115 de 12 de Outubro de 2010[1] onde o Jorge Picado, CMDT da CCAÇ 2589, relata exaustivamente o desenrolar da terrível emboscada:

RECORDANDO. 

HOMENAGEM AOS CAMARADAS MORTOS NA EMBOSCADA DO INFANDRE

Foi há quarenta anos. Segunda-feira, 12 de Outubro de 1970, entre o meio dia e as 13 horas, ou mais exactamente talvez perto do meio dia e meia hora.

A coluna tinha saído de Mansoa, no seu regresso ao Destacamento de Infandre, pouco depois das 12 horas e nas messes do Batalhão, o pessoal iniciara pouco depois a refeição do almoço, quando se ouviram as primeiras explosões, quais lúgubres sinais agoirentos de que algo estava a correr mal com “a Nossa Gente”. 
 

Esquema da emboscada à coluna de Infandre em 12 de Outubro de 1970, enviado pelo nosso camarada Jorge Picado (Poste 2807)

Pois se o barulho era de tão perto... só podia relacionar-se com a coluna saída há tão pouco do Quartel, pois, àquela hora do dia, não era provável que fosse ataque ao Destacamento de Braia, o mais próximo, para os sons serem tão audíveis.

A corrida para as Transmissões, assim o confirmou.

Nem a rápida saída do pessoal de Braia, a poucos quilómetros do funesto local, mas apanhado igualmente com os talheres na mão, e por onde tinham acabado de passar poucos minutos antes, evitou a destruição que encontraram. Mas minoraram, pelo menos o que podia ter sido uma maior hecatombe.

Este triste acontecimento provocou-me grande trauma psicológico de imediato, deixando-me bastante afectado e marcou-me por muito tempo.

Passados 40 anos sobre esta data, quero aqui recordar nesta Tabanca Grande e prestar sentida homenagem, àqueles que então nos deixaram para sempre.

Furriel Mil Op Esp NM 15398468, Dinis César de Castro, da CCaç 2589/BCaç 2885
1.º Cabo NM 17762169, José da Cruz Mamede, do Pel Caç Nat 58/CCaç 2589
1.º Cabo NM 82062566, Joaquim Baná, do Pel Caç Nat 58/CCaç 2589
Soldado NM 19055368, Duarte Ribeiro Gualdino, da CCaç 2589/BCaç 2885
Soldado NM 18901168, Joaquim João da Silva, da CCaç 2589/BCaç 2885
Soldado NM 06975968, Joaquim Manuel da Silva, da CCaç 2589/BCaç 2885
Soldado NM 82047266, Betiqueta Cumba, do Pel Caç Nat 58/CCaç 2589
Soldado NM 82067668, Gilberto Mamadú Baldé, do Pel Caç Nat 58/CCaç 2589
Soldado NM 82023966, Idrissa Seidi, do Pel Caç Nat 58/CCaç 2589
Soldado NM 82040866, Tangatná Mundi, do Pel Caç Nat 58/CCaç 2589

Devo acrescentar a esta lista, dos que morreram nesse dia, o nome do Soldado NM 82066965, Serifo Djaló, do Pel Caç Nat 58/CCaç 2589, que tendo sido um dos feridos que foram evacuados no dia seguinte, 13OUT70, para o HM 241 de Bissau, veio a falecer em 17OUT70, segundo informações fornecidas por pessoal da CCaç 2589, num dos últimos encontros em que estive presente.

Quanto aos feridos, evacuados em 13OUT70 para o HM 241 de Bissau, da HU apenas se pode extrair a lista dos pertencentes ao Pel Caç Nat 58/CCaç 2589 e que foram, além do que atrás indico como tendo depois falecido:

2.º Sargento Mil NM 05040966, Augusto Ali Jaló
1.º Cabo NM 82038960, Jamba Seidi
Soldado NM 82043366, Jorge Cantibar
Soldado NM 82065965, Malam Dabó
Soldado NM 82094468, Samba Canté

Tendo em consideração que na HU, sobre este acontecimento, a notícia é muito resumida, mas refere 9 feridos graves, dos quais um é Furriel (?), e 8 feridos ligeiros, sem outras referências, verifica-se que a lista dos feridos evacuados só menciona os 6 (dos quais um morreu posteriormente) para o HM de Bissau.

Não quero acreditar que os outros 3 feridos graves tenham ficado em Mansoa e por isso, fica-me no entanto uma dúvida que ainda não consegui esclarecer, pelo menos quanto ao 1.º Cabo NM 14992669, José Fernandes Pereira, da CCaç 2589/BCaç 2885, que foi evacuado em 02DEZ70 para a Metrópole por ferimentos em combate, se não teria sido um dos feridos nesta emboscada, uma vez que depois dela não há registo de ter havido, até esta data de Dezembro, qualquer ocorrência de combate com baixas.

Jorge Picado
Ex-Cap Mil Art
CCaç 2589, CART 2732, CAOP 1
11 de Outubro de 2010
____________

Notas do editor:

[1] - Vd poste de 12 de outubro de 2010 > Guiné 63/74 - P7115: Efemérides (53): Recordando os camaradas mortos na emboscada do Infandre no dia 12 de Outubro de 1970 (Jorge Picado)

[2] - Vd poste de 7 de outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2162: O fatídico dia 12 de Outubro de 1970 - Emboscada no itinerário Braia/Infandre (Afonso M. F. Sousa)

Último poste da série de 6 de outubro de 2020 > Guiné 61/74 - P21425: Efemérides (337): O 4 de Outubro, dia do meu mentor espiritual, Francisco de Assis (1181-1226)... É uma ocasião também para lembrar os 7 capelães do Exército, no CTIG, que eram da Ordem dos Frades Menores (João Crisóstomo, Nova Iorque)

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Guiné 63/74 - P7115: Efemérides (53): Recordando os camaradas mortos na emboscada do Infandre no dia 12 de Outubro de 1970 (Jorge Picado)

1. Mensagem de Jorge Picado* (ex-Cap Mil da CCAÇ 2589/BCAÇ 2885, Mansoa, CART 2732, Mansabá e CAOP 1, Teixeira Pinto, 1970/72), com data de 11 de Outubro de 2010:

Caro Carlos Vinhal
Assinalando-se amanhã mais um aniversário, daquele que foi um dos mais tristes acontecimentos que vivi na Guiné, envio-te um pequeno memorando que desejava, se fosse possível, ver publicado no Blogue.

Desde já os meus agradecimentos, pelo que possas fazer.

Abraços para todos
Jorge Picado


RECORDANDO. 
HOMENAGEM AOS CAMARADAS MORTOS NA EMBOSCADA DO INFANDRE

Foi há quarenta anos. Segunda-feira, 12 de Outubro de 1970, entre o meio dia e as 13 horas, ou mais exactamente talvez perto do meio dia e meia hora.

A coluna tinha saído de Mansoa, no seu regresso ao Destacamento de Infandre, pouco depois das 12 horas e nas messes do Batalhão, o pessoal iniciara pouco depois a refeição do almoço, quando se ouviram as primeiras explosões, quais lúgubres sinais agoirentos de que algo estava a correr mal com “a Nossa Gente”.

Gravura retirada do Poste 2162, trabalho exaustivo sobre a emboscada de Infandre de autoria do nosso camarada Afonso Sousa.

Esquema da emboscada à coluna de Infandre em 12 de Outubro de 1970, enviado pelo nosso camarada Jorge Picado (Poste 2807)

Pois se o barulho era de tão perto... só podia relacionar-se com a coluna saída há tão pouco do Quartel, pois, àquela hora do dia, não era provável que fosse ataque ao Destacamento de Braia, o mais próximo, para os sons serem tão audíveis.

A corrida para as Transmissões, assim o confirmou.

Nem a rápida saída do pessoal de Braia, a poucos quilómetros do funesto local, mas apanhado igualmente com os talheres na mão, e por onde tinham acabado de passar poucos minutos antes, evitou a destruição que encontraram. Mas minoraram, pelo menos o que podia ter sido uma maior hecatombe.

Este triste acontecimento provocou-me grande trauma psicológico de imediato, deixando-me bastante afectado e marcou-me por muito tempo.

Passados 40 anos sobre esta data, quero aqui recordar nesta Tabanca Grande e prestar sentida homenagem, àqueles que então nos deixaram para sempre.

Furriel Mil Op Esp NM 15398468, Dinis César de Castro, da CCaç 2589/BCaç 2885

1.º Cabo NM 17762169, José da Cruz Mamede, do Pel Caç Nat 58/CCaç 2589

1.º Cabo NM 82062566, Joaquim Baná, do Pel Caç Nat 58/CCaç 2589

Soldado NM 19055368, Duarte Ribeiro Gualdino, da CCaç 2589/BCaç 2885

Soldado NM 18901168, Joaquim João da Silva, da CCaç 2589/BCaç 2885

Soldado NM 06975968, Joaquim Manuel da Silva, da CCaç 2589/BCaç 2885

Soldado NM 82047266, Betiqueta Cumba, do Pel Caç Nat 58/CCaç 2589

Soldado NM 82067668, Gilberto Mamadú Baldé, do Pel Caç Nat 58/CCaç 2589

Soldado NM 82023966, Idrissa Seidi, do Pel Caç Nat 58/CCaç 2589

Soldado NM 82040866, Tangatná Mundi, do Pel Caç Nat 58/CCaç 2589

Devo acrescentar a esta lista, dos que morreram nesse dia, o nome do Soldado NM 82066965, Serifo Djaló, do Pel Caç Nat 58/CCaç 2589, que tendo sido um dos feridos que foram evacuados no dia seguinte, 13OUT70, para o HM 241 de Bissau, veio a falecer em 17OUT70, segundo informações fornecidas por pessoal da CCaç 2589, num dos últimos encontros em que estive presente.

Quanto aos feridos, evacuados em 13OUT70 para o HM 241 de Bissau, da HU apenas se pode extrair a lista dos pertencentes ao Pel Caç Nat 58/CCaç 2589 e que foram, além do que atrás indico como tendo depois falecido:

2.º Sargento Mil NM 05040966, Augusto Ali Jaló

1.º Cabo NM 82038960, Jamba Seidi

Soldado NM 82043366, Jorge Cantibar

Soldado NM 82065965, Malam Dabó

Soldado NM 82094468, Samba Canté

Tendo em consideração que na HU, sobre este acontecimento, a notícia é muito resumida, mas refere 9 feridos graves, dos quais um é Furriel (?), e 8 feridos ligeiros, sem outras referências, verifica-se que a lista dos feridos evacuados só menciona os 6 (dos quais um morreu posteriormente) para o HM de Bissau.

Não quero acreditar que os outros 3 feridos graves tenham ficado em Mansoa e por isso, fica-me no entanto uma dúvida que ainda não consegui esclarecer, pelo menos quanto ao 1.º Cabo NM 14992669, José Fernandes Pereira, da CCaç 2589/BCaç 2885, que foi evacuado em 02DEZ70 para a Metrópole por ferimentos em combate, se não teria sido um dos feridos nesta emboscada, uma vez que depois dela não há registo de ter havido, até esta data de Dezembro, qualquer ocorrência de combate com baixas.

Jorge Picado
Ex-Cap Mil Art
CCaç 2589, CART 2732, CAOP 1
__________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 29 de Setembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7053: Eu, capitão miliciano, me confesso (4): A minha tropa, em 1960/62, antes da minha guerra, em 1970/72 (Jorge Picado)

Sobre a emboscada do Infandre, vd. postes de:

7 de Outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2162: O fatídico dia 12 de Outubro de 1970 - Emboscada no itinerário Braia/Infandre (Afonso M. F. Sousa)
e
3 de Maio de 2008 > Guiné 63/74 - P2807: Estórias de Jorge Picado (1): A emboscada do Infandre vivida pelo CMDT da CCAÇ 2589 (Jorge Picado)

Vd. último poste da série de 30 de Setembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7061: Efemérides (52): A independência da Guiné-Bissau comemorada em Angola (Paulo Salgado)

terça-feira, 24 de junho de 2008

Guiné 63/74 - P2983: Dando a mão à palmatória (14): O Régulo Iero não veio na coluna (Jorge Picado)



Jorge Picado,
ex-Cap Mil,
CCAÇ 2589 e CART 2732,
Guiné 1970/72




1. No dia 22 de Junho recebemos uma mensagem do nosso camarada Jorge Picado, com uma correcção ao poste 2807 (1), entre algumas ideias que também expõe.

Amigo Carlos
Já se passaram alguns dias sem dar notícias, mas não foi por esquecimento. Apenas para além das obrigações com os meus netos, tenho agora a passar uns tempos cá na terra, o meu único irmão ainda vivo, emigrante nos USA, está doente… de forma que a minha disponibilidade diminuiu ainda mais. Mas não me esqueci de aparecer por aí e espero fazê-lo numa das vossas quartas-feiras. Depois aviso-te para me indicares como lá chegar, indo de combóio até ao Porto e depois de metro.

Fiz algumas tentativas para contactar ex-camaradas da minha CCAÇ 2589, pois agora não me conformo por não os ver a contar os seus sofrimentos e também as boas recordações muito mais ricas que as minhas.
Já estive pessoalmente com um ex-1.º Cabo de Trms Victor Vieira e falei pelo telefone com o ex-Alf Assude, mas com este foi uma conversa relativamente curta e não foi possível obter alguns esclarecimentos que desejo sobre o assunto de 12OUT70 (P2807).

No quase dia que passei com o Victor Vieira pressionei-o bastante para transmitir ao papel a sua vida de militar na Guiné, porque é riquíssima de factos operacionais e de militância de Apsico. Eu já sabia algo, mas agora ainda fiquei mais impressionado pelo muito mais que me contou, já que nada sabia sobre o ano anterior à minha chegada à CCAÇ.

Vou só referir que desde o 1.º dia que desembarcaram em Bissau assumiu as funções de comando duma Secção do seu Pelotão (logo como se fosse Furriel) porque o Sargento do quadro respectivo instalou-se imediatamente em Bissau (até montou um negócio, acho que de batatas fritas!) e depois de 8 meses de actividade operacional por Mansoa, Porto Gole e Bindoro, foi encarregado de acções de Apsico (sem no entanto ser dispensado das operacionais) fundamentalmente no Infandre, onde praticamente cumpriu o resto da comissão, ainda que tenha desenvolvido algumas em Braia.
Deu a instrução primária a muitas crianças de ambos os sexos e até a adultos das milícias.

Tenho de conseguir que ele não deixe perder todo o manancial de factos que, graças à sua excelente memória armazena. Pena é que sobre o 12OUT70, pessoalmente não tenha assistido, porque estava de férias na Metrópole quando se deu tal acontecimento, mas confirmou-me que era o Pelotão do Alf Mil Assude que estava em Braia e foi ele que acorreu em socorro, estando o Alf Mil Almeida no Infandre, como aliás eu tinha na ideia.
Sobre este Alf Mil Almeida (que julgo era licenciado em letras) aí dos teus lados (Porto?, Matosinhos?, Póvoa?), ninguém mais conseguiu contactar com ele, apesar de terem tido conhecimento que trabalhou na empresa das Páginas Amarelas. Creio que bloqueou o seu contacto.

Quero para já, mesmo antes de obter quaisquer informações do Assude que promovas umas correcções no meu P2807 se for possível, pois a verdade acima de tudo.

“Referi que o Régulo Iero também veio na coluna e que depois foi capturado.”

Não é verdade pelo que me penitencio, mas tenho uma desculpa. Lembrava-me que tinha deixado de ver este régulo no Infandre. Sabia quanto ele tinha a cabeça a prémio.
Dada a sua posição como régulo do Cubonge, por direito ancestral e mansoanca como era, tinha muito prestígio e exercia uma grande influência sobre todos os chefes das Populações vizinhas estando totalmente ligado às NT.

Enganei-me porque a sua captura tinha acontecido quando eu me encontrava de férias na Metrópole de 5JUL-9AGO70 e por isso passou-me. Transcrevo o que consta da História da Unidade (HU) no Cap II/Fasc 12 : “Em 111630JUL70, foi raptado o Régulo IERO BAMBA, empenhado na recuperação de um chefe In importante”.

Será que conseguirei ver esta e outras histórias contadas pelo ex-1.º Cabo de Trms da CCAÇ 2589 Victor Vieira? Tenho uma certa esperança, porque agora não o vou largar até que ele se decida.

Quanto ao posicionamento dos Pelotões da CCAÇ naquela época, posso agora afirmar que no Infandre estava o Pelotão do Alf Mil Almeida (um ex-camarada da zona metropolitana do Porto). Pelo que a foto que está no P2162 (2) onde se identificam os Furriéis Serralha e Simões (pertenciam ao Pelotão do Almeida) não é desse período.

Em Braia estava estacionado o Pelotão do Alf Mil Assude. Em boa verdade a ideia que guardava na memória era a de que tinha sido o Assude que me informara que a coluna não tinha parado, que ele tinha acorrido logo que possível, tinha mandado fazer fogo de morteiro para a zona adjacente à medida que avançavam e que tinha dado com o Augusto Djaló ferido.
Este ex-2.º Sarg Mil, louvado e condecorado em 20AGO70 por S.Exa. o Ministro do Exército, também tinha a cabeça a prémio, pela sua posição militar e social.

Da HU Cap II/Fasc 15 (Período de 01OUT70 a 31OUT70) A – Situação Geral

2.Inimigo, pode ler-se: - “Em 121230OUT, numeroso grupo In (mais de 100 elementos), utilizando Mort, LGrGog e Arm Aut, emboscou uma coluna que se dirigia a Infandre, na região MANSOA 5 F3. O In, que chegou ao corpo a corpo, provocou 10 mortos (01 Furriel), 09 feridos graves (01 Furriel) e 08 feridos ligeiros e reteve 01 praça.”

Depois em B – Actividades e relativo a 14OUT pode-se ler : - “… notícia C-3 refere que o grupo In que fez a emboscada à coluna de Infandre em 12OUT, passou por NHAÉ, nessa mesma noite, em direcção a QUERÉ”. E mais à frente - “Em 22OUT70, notícia B-2 refere que o ataque à coluna de Indandre em 12OUT, foi executado por dois grupos, com cerca de 50 elementos cada, sendo um de SANSABATO (armas pesadas) e outro de QUERÉ.”.

Anexo também o esquema da emboscada que já digitalizei.

Esquema da emboscada à coluna de Infandre em 12 de Outubro de 1970, enviado por Jorge Picado

Para já é tudo.
Um abraço e até à próxima oportunidade.
J Picado
_____________

Notas de CV:

(1) Vd poste de 3 de Maio de 2008> Guiné 63/74 - P2807: Estórias de Jorge Picado (1): A emboscada do Infandre vivida pelo CMDT da CCAÇ 2589 (Jorge Picado)

(2) Vd. poste de 7 de Outubro de 2007> Guiné 63/74 - P2162: O fatídico dia 12 de Outubro de 1970 - Emboscada no itinerário Braia/Infandre (Afonso M. F. Sousa)

sábado, 3 de maio de 2008

Guiné 63/74 - P2807: Estórias de Jorge Picado (1): A emboscada do Infandre vivida pelo CMDT da CCAÇ 2589 (Jorge Picado)




Jorge Picado,
ex-Cap Mil,
CCAÇ 2589 e CART 2732,
Guiné 1970/72



1. Em 30 de Abril de 2008, recebi do ex-Capitão Mil Jorge Picado a seguinte mensagem:

Acedendo ao solicitado pelo camarada Sousa Gomes (1) vou tentar dizer o pouco de que me recordo sobre a Emboscada de 12 de Outubro de 1970, por sinal matéria bem dolorosa para mim, não só pelas funestas consequências, mas também pelas recordações da véspera desse dia.

Entretanto diz o camarada na sua mensagem, referindo-se a mim…responsabilidades e experiência … e mais à frente …ilustre Ilhavense

Acerca das minhas responsabilidades e experiência, no capítulo militar entendamo-nos, não rejeito as responsabilidades que me cabiam, mas quanto à experiência, estamos conversados, era fraquíssima e, quanto a ser ilustre Ilhavense, tomo-o como um excesso de linguagem, que perdoo, pois o simples facto de ter cumprido uma comissão naquela guerra não me dá direito a tal e até agora nada fiz para me diferenciar de um simples e normal cidadão Ilhavense.

Sobre o meu passado no TO da Guiné possuo muito poucos documentos (1 pequena agenda de bolso, onde religiosamente eram cortados os dias que passavam para me embriagar na esperança de que só faltavam ene dias! e onde apontei – esporadicamente – alguns factos desses 2 anos, pelo que às vezes há sobreposição nos dias, constitui a base dos meus recuerdos) e essas recordações passaram a ser vagas e pouco precisas, resultado de diversos factores que agora não interessa revelar, apenas aflorando o seguinte: fruto duma preparação mental, consegui quase sempre actuar como um perfeito autómato, podendo dizer que, em verdade, olhava, mas não via (era como se falássemos em linguagem informática, a minha ram cerebral não funcionava, já que consegui desligá-la na maior parte do tempo).

Posso também afirmar que, não havendo (creio) drogas para nos alienar, só assim e, com a ajuda de cigarros (não sou nem nunca fui fumador) e algum (por vezes bastante) álcool (apenas bebia e bebo um pouco de vinho às refeições e muito excepcionalmente algo mais) suportei aqueles anos sem ficar com mazelas do foro psicológico, como infelizmente aconteceu com tantos camaradas a quem a Pátria (leia-se os que durante todos estes anos têm tomado em mãos os destinos do País) tanto maltratou e continua a não respeitar…

2. Mas vamos ao que interessa agora, fazendo previamente o ponto da situação.

Fui parar (não digo cair de pára-quedas como é uso dizer-se) à CCAÇ 2589 quando esta já tinha pouco mais de 1 ano de campanha. Não sou portanto da sua origem, pelo que aqueles laços que se estabeleciam durante o período da formação desses conjuntos de homens não foram criados. Felizmente para mim, naquele período, a unidade encontrava-se em Mansoa, junto da sede do Batalhão, o BCAÇ 2885, e não estava concentrada. Por este motivo a minha actividade operacional encontrava-se muito atenuada, pelo que fui um sortudo.

Três pelotões estavam dispersos por, Infandre, Braia e Cutia e o quarto encontrava-se na sede. Por este motivo e para cumprir as missões que lhe estavam confiadas, ou seja e muito resumidamente a segurança e defesa de cerca de 1/3 (área NO) do concelho de Mansoa, que era o sector do BCAÇ a 2589 estava reforçada com pelo menos 2 Pelotões de Africanos – ainda que admita como mais verídico serem 3 essas unidades.

Como agora confirmo no P2162, deveriam ser 3 essas unidades, já que apenas tinha em meu poder a indicação dos Pel Caç Nat 15 e 61, faltando o 58.

Uma das minhas actividades consistia em efectuar visitas aos Destacamenntos para:
a) – acompanhamento da realização de acções da APSICO;
b) – uma certa moralização das tropas para que não se sentissem abandonadas pelo seu Capitão (não sei se consegui transmitir-lhes esse sentimento de camaradagem);
c) – transmitir aos respectivos Alferes certas directivas emanadas pelo Comando.

Dada a proximidade de Braia e a maior rapidez com que se fazia o trajecto Mansoa – Cutia, por ser em estrada asfaltada, apenas pernoitava em Infandre (excluindo o período de cerca de pouco mais de 3 meses em que por razões operacionais estive sediado em Cutia).

E chegamos assim à fatídica segunda-feira de Outubro, dia 12 (2).

Esse fim-de-semana passei-o no Infandre. Foi a 10.ª deslocação que efectuei a este Destacamento. Fui para lá no sábado de manhã e só regressei à sede no fim da tarde de domingo!

Permitam-me uma confidência escrita 32 anos depois, quando verifiquei que já não me impressionava com as lembranças do passado da Guiné.

Se não viesse a acontecer uma situação bastante grave no dia seguinte com a coluna deste Destacamento, a forma como se processou o meu regresso nesse domingo não merecia ser descrita, pois assemelhar-se-ia a tantas outras.

Quando a meio da tarde contactei o BCAÇ para enviar a coluna que me levaria de volta a Mansoa, desloquei-me, como sempre fazia nestas circunstâncias e com a segurança feita pelas forças do Destacamento, para o cruzamento do itinerário (era a picada Mansoa – Bissorã), onde seria recolhido pela coluna.

Como se aproximava o fim da estação chuvosa, a precipitação era já mais reduzida e como a temperatura estava numa fase descendente, os dias eram mais agradáveis. Nesse fim de tarde, o tempo estava mesmo óptimo. Quente, mas não excessivo, sem chuva, de forma que à sombra das árvores frondosas que ladeavam o caminho, numa quietude agradável dado o silêncio envolvente, saboreávamos aqueles momentos, em amena cavaqueira, podendo mesmo dizer que se gozava uma "perfeita paz". Se não fosse o vestuário e toda aquela parafernália militar – “Unimogs”, camuflados, “G-3”, morteiros, lança granadas e a segurança próxima que tinha ocupado posições – poder-se-ia dizer que se tratava dum bucólico passeio efectuado por um grupo de excursionistas, talvez de desportos radicais, que por momentos se tinham rendido àquele ambiente agradável e bonito, proporcionado por aquela paisagem, verdejante e já com algum dourado do capim, que nos envolvia.

Quando passou um avião, “T-6” armado de “rockets”, que regressava a Bissalanca, vindo provavelmente do Norte de Bafatá ou do Este de Farim – das zonas de Canjambari, Jumbembem ou Cuntima, muito sensíveis – todos olhámos para o céu, que se apresentava dum azul bonito, e comentou-se: “Onde teriam ido descarregar a carga transportada?”

Não sei quanto tempo permanecemos ali, até que finalmente ouvimos o barulho característico do aproximar das viaturas, com o inconfundível, por mais ruidoso e barulhento, da “chocolateira” ou “assadeira” – autometralhadora “Fox” – que era sempre quem abria a coluna.

Após a confraternização, que se efectuava sempre entre os vários elementos e, feitas as despedidas, regressei serenamente, abrandando à passagem por Braia, para as saudações da praxe, e cheguei em paz, mas já ao lusco-fusco, ao quartel, ainda a tempo de tomar uma banhoca, mudar de roupa e seguir para a messe, já que a hora do jantar estava próxima.

Posteriormente, sempre que recordo estes factos, me interrogo. Como foi possível, aquele fim de tarde tão calmo, tão sereno e tão agradável, se passadas pouco mais de 16 horas, a tão curta distância desse lugar, a Unidade sofreu, creio, o maior número de baixas e estragos que o Agrupamento de Mansoa registou, pelo menos durante a “Era” deste BCAÇ?


Habitualmente faziam-se 2 colunas por semana do Infandre para Mansoa, com o objectivo de se proceder ao reabastecimento, nelas se incorporando sempre pessoal civil do aldeamento e familiares dos militares africanos que vinham à vila para efectuarem compras, à consulta dos médicos do BCAÇ (havia 2 Alferes Milicianos Médicos de nomes Brandão e Sampaio) ou simplesmente passear.
Nesse dia também veio o Régulo do Infandre, de nome Iero e persona non grata do PAIGC.

Referindo-me ao regresso, não concordo com a passagem onde se diz que houve uma paragem em Braia, porque não é verídica.

Vou transcrever os meus hieróglifos desse dia na agenda.

Emb. INF. 12,30 M – 12 (5 Cont. (1 Fur.) 16 (1 Cont + 2 Sarg. + 2 civis). Ataque Mansoa 19h, curto. 22 C/SR + Mort.

Procurando traduzir estas anotações posso dizer que a emboscada se iniciou muito provavelmente às 12h30m, pois em Mansoa estávamos à mesa no início do almoço quando fomos surpreendidos pelo barulho dos rebentamentos, que por ser tão próximo foi imediatamente relacionado com a coluna que pouco tempo antes tinha saído do quartel.

M – 12, era o número de mortos posteriormente contabilizado dos quais, 5 eram do continente sendo um Furriel (este o malogrado Dinis César de Castro).
Por sua vez, 16 era o número de feridos (não descriminando a gravidade) dos quais 1 seria continental, 2 da classe dos sargentos (teria sido melhor indicar furriéis?) e incluía este número 2 civis.
O ferido do continente era o 1.º Cabo Enf. Seguidamente indico o ataque a Mansoa aproximadamente às 19 horas.
Foi de curta duração (curto), tendo sido contabilizados 22 rebentamentos de canhão sem recuo e de morteiros (22 C/SR + Mort.).

Estes ataques eram sempre executados do lado Este, da zona de Cussanja ou de Anha (zona Sul de Canjambari, segundo a designação do dispositivo do PAIGC e que ficava perto das bolanhas na confluência do Rio Mansoa com um seu afluente, o Rio Olom que segue para NE ultrapassando Mandingará, já acima de Cutia e não junto às margens do Rio Geba, como se diz).

Tenho em meu poder (como resistiu às limpezas da papelada que a certa altura fiz, nem sei explicar) uma cópia a tinta-da-china feita por um desenhador possivelmente da CCS, do esquema das posições IN recolhidas no terreno no dia seguinte, que acompanhou o respectivo relatório discriminativo da ocorrência, que deve existir nos Arquivos Militares.

Não possuo elementos para confirmar quais os Pelotões da CCAÇ que se encontravam nesse período respectivamente no Infandre e em Braia (havia uma rotação periódica, já que a perigosidade era diferente nos três Destacamentos e a estadia em Mansoa era considerada como descanso), mas uma vez que quem descreve a chegada ao local é o A. S. Gomes, identificado na foto ao lado dos camaradas Serralha e Simões, de quem me lembro muito bem já que possuo fotos da mesa do almoço de Páscoa em Braia, direi que era o Pel do Alf Almeida.
Por sua vez no Infandre estaria o Pel do Alf Assude (estou procurando confirmar este dado com o próprio).

Todo o pessoal do quartel em Mansoa, que mais uma vez afirmo estava almoçando, deixou alvoroçado e preocupado, os refeitórios, como era habitual acorrendo à parada, para receber instruções do Comando do BCAÇ, enquanto os oficiais acorriam para as Transmissões e Sala de Operações para contactar as nossas forças e dirigir as manobras.
Posso afirmar que certamente eu devia estar extremamente pálido e meio atónito, porque me lembrei imediatamente do fim de tarde do dia anterior… o Ten Cor Chaves de Carvalho não me mandou seguir…

Quem primeiro confirmou o sucedido foi Braia, dizendo que a coluna que tinha passado pouco tempo antes estava a ser atacada e estavam-se aprontando para seguir em seu auxilio.
Logicamente que Infandre confirmava.
Como, pelas informações, seriam os de Braia os primeiros a chegar foi lhes pedido que dessem as localizações (de acordo com as quadriculas) para o fogo de apoio dos obuses, como de facto depois foi feito.

Por sua vez em Mansoa estava o Pelotão do Alf Martinez (ele quase que não precisava de ordens do Cmdt para arrancar, já que era o 1.º a subir para a viatura com os seus camaradas que o seguiam imediatamente), tendo sido ele que seguiu com o primeiro grupo.
Posteriormente foi dada ordem para 2 Pelotões da CCAÇ operacional (uma unidade de reforço ao BCAÇ existente em Mansoa de que não recordo o número e era comandada por um Cap do QP) seguirem até Braia, com o objectivo de efectuarem uma batida a partir daí na zona de retirada dos elementos do PAIGC e um grupo misto de pessoal de serviços para as restantes tarefas de remoção dos destroços.
Por sua vez o Cmdt do BCAÇ determinou que eu, acompanhado pelo Martinez, me preparasse para no dia seguinte proceder ao reconhecimento detalhado do local da emboscada, com vista à elaboração dum esquema que acompanhasse o relatório da ocorrência.

A ideia que tenho, não digo que seja correcta, é de que quando o pessoal de Braia (que julgo terem começado a fazer fogo de morteiro ainda que às cegas, para os terrenos a Norte do itinerário e aqui peço ao A. S. Gomes que me corrija ou confirme) chegou às proximidades, os emboscantes já estariam em retirada.

As viaturas ficaram inoperacionais fora da estrada na berma do lado S, a mina não foi activada (porquê? Terá sido detectada pelo condutor da viatura a tempo, que fez desviar a viatura para a berma esquerda? Aperceberam-se as NT da emboscada, obrigando assim os guerrilheiros a iniciá-la prematuramente?).

Os géneros foram praticamente todos saqueados e raptaram vários elementos da População incluindo o régulo Iero, de quem nunca mais se teve conhecimento.

Na minha ignorância militar, fiquei sempre com a ideia de que este rapto tinha sido o objectivo da emboscada… se houver alguém que me tire isto da ideia, agradeço.

O esquema da emboscada, fruto dum minucioso e cauteloso (não fossemos deparar com alguma desagradável surpresa de armadilhas deixadas) reconhecimento efectuado logo pela manhã do dia seguinte, revelou tratar-se duma operação bem planeada e demoradamente concebida, pelos efectivos e armamento aplicados. Não me sinto diminuído por afirmar que estas apreciações são mais fruto da experiência do Martinez, do que minhas!

De acordo com a cartografia, depois da curva para a direita no sentido Braia/Infandre, a picada com a orientação ONO, desenvolve-se praticamente em linha recta numa extensão de cerca de 3 km e a emboscada foi montada (logicamente do lado Norte) sensivelmente a meio do trajecto curva-pontão antes do desvio para o Infandre, em local não capinado por não ser cultivado pela População que não se aventurava até aí para fazê-lo.

O capim, então no seu máximo desenvolvimento estava mesmo em cima da picada e, como sabem ultrapassava a altura das viaturas, ainda meio verdejante apresentava já uns tons amarelados permitindo reconhecer, pelo seu calcamento, todas as posições, os trilhos e o próprio local de retirada.

Numa extensão de cerca de 260m, medidos entre as posições extremas, pudemos identificar 14 posições no total, a diferentes distâncias da berma. No meio havia 2 posições maiores distantes 15 a 20m da berma, seguindo-se para cada lado 2 a cerca de 10m, mais 3 entre 3 a 5m e a extrema a 3m.
O local de reunião do lado da extremidade O estava a cerca de 200m e havia os vestígios de instalação daquilo que designámos por armas pesadas (morteiros? C/SR?) a cerca d 1km.

A mina A/C instalada na estrada estava sensivelmente a meio, no enfiamento da separação das posições centrais e a 1.ª viatura metida pela berma dentro (lado S) antes da mina.
A distância para a outra viatura, que não chegou a entrar tanto pelo terreno, era de cerca de 90m, mas tendo já ultrapassado a 3.ª posição da emboscada, portanto todos bem envolvidos pelos elementos do PAIGC.
A retirada foi na direcção do Cubonge, a caminho do Morés.

Estou de acordo com o que diz o A. S. Gomes, de que não houve paragem em Braia.
Não vieram ambulâncias de Bissau, como diz o Cabo Enf A. Costa. O César Dias tem razão.

Os mortos e os feridos supostamente menos graves vieram para Mansoa, sendo tratados pelos serviços médicos da Unidade e só no dia seguinte seguiram para Bissau aqueles que os médicos entenderam que precisavam de maiores cuidados.

Não tenho conhecimento de que o Marcelino da Mata tenha estado no local nesse dia, nem no seguinte, quando realizei como disse o reconhecimento do mesmo.

O 1.º Cabo Enf do Pel Caç Nat só não morreu, porque encontrando-se gravemente ferido de barriga para baixo (estaria desmaiado?), não reagiu à provocação feita por um dos assaltantes com o cano em brasa da Kalash, segundo me disseram na altura.

Não preciso indicar como, porque os camaradas calculam, já que este acto tinha sido referenciado noutras ocasiões, deixando-nos sempre na dúvida de sabermos se os corpos encontrados já mortos, tinham morrido imediatamente em combate ou se algum foi abatido quando se encontrava apenas ferido.

Da batida efectuada relataram ter encontrado rastos ensanguentados, mas não se soube, na altura, se houve mortos ou feridos da parte do PAIGC.

Há uma certa discrepância nos números apresentados pelo César Dias (10 mortos e 17 feridos) e os meus (12 mortos e 16 feridos), mas não sei quem terá razão.
Quanto ao soldado capturado, não seria o tal Soldado Condutor, que apareceu à noite, segundo afirma o Luís Camões? Eu não me recordo deste facto.

Não registei os nomes dos mortos, apenas recordando, por razões especiais o do ex-Fur Mil Dinis César de Castro.

Quando a partir de 2002 procurei alinhar algumas recordações do meu passado na Guiné, socorri-me da publicação de Joaquim Vieira, Angola-Guiné-Moçambique. Os Que Não Voltaram, do Caderno Expresso de 1994, para captar os possíveis nomes desse dia.

Nessas 31 páginas com 3 colunas cada de letra miúda, encontrei precisamente, e apenas, 12 nomes de mortos em combate em 12-10-70, todos do exército.

Tomei esses nomes como os referentes aos mortos dessa emboscada (uma vez que coincidiam com o meu apontamento) e que, por ordem alfabética, estão assim escritos:

Betiquete Cumbá, Sold.;
Diniz César de Castro, Fur.;
Duarte Ribeiro Gualdino, Sold.;
Gilberto Mamadu Baldé, Sold.;
Idrissa Seidi, Sold.;
Joaquim Banam, 1.º Cabo;
Joaquim João da Silva, Sold.;
Joaquim Manuel da Silva, Sold.;
Joaquim Marmelo da Silva, Sold.;
José da Cruz Mamede, 1.º Cabo.;
José Simões F. Serra, Sold.;
Tangtna Mute, Sold.

Uma vez que, por afirmações feitas nesta Tabanca não aparece o nome de José S. F. Serra e segundo Abreu Santos, Joaquim Manuel ou Marmelo(?) da Silva morreu nesse dia, mas em Nova Lamego, é possível que os mortos militares tivessem sido realmente 10 e nos meus 12 estivessem contabilizados 2 civis.

A distribuição dos efectivos militares nos 2 Destacamentos à data da emboscada não era a indicada no que se refere ao pessoal da CCAÇ 2589. Não eram secções que lá estavam, mas sim um Pelotão em cada Destacamento, reforçado sim com secções do Pel Caç Nat 58.
Não me recordava do nome do seu Cmdt, mas ao lê-lo agora reactivou-se na minha ram. Havia sim um Guerra, tal como um Alf Simeão que comandava o Pel Caç Nat61 e esteve comigo em Cutia.

Segundo o depoimento de Augusto Jaló o condutor ter-se-ia desviado da mina para a direita, mas a viatura ficou na berma esquerda? Uma vez que se desviou, foi porque naturalmente a detectou ou pelo menos viu algo de anormal na estrada e talvez por isso a emboscada foi iniciada mais cedo. Teria sido assim?

Numa das fotos coloridas (algures, após o Fortim de Braia) pode ver-se a vegetação luxuriante e o capim, bem alto, mesmo em cima da picada tal como quando da emboscada.
Não havia era este tipo de árvores com os ramos cobrindo a picada, mas apenas umas árvores mais dispersas e com a copa alta como na foto a preto e branco que a antecede.

Para já é tudo.
Se conseguir contactar o Assude e tiver mais conhecimentos transmiti-los-ei.

No encontro de 17 de Maio levarei uma fotocópia da emboscada, porque não tenho de momento hipótese de a transcrever.

Abraços.
Jorge Picado
_________________

Notas de C.V.

(1) - Jorge Picado quererá referir-se certamente ao nosso estimado camarada Afonso M.F. Sousa que dedicou exaustivo trabalho de pesquisa a esta emboscada.

Vd. poste de 10 de Abril de 2008 > Guiné 63/74 - P2748: Para o estimado Jorge Picado (Afonso Sousa)

(2) - Sobre a emboscada do Infandre Vd. postes de:

3 de Abril de 2008

Guiné 63/74 - P1641: A morte do 1º Cabo José da Cruz Mamede, do Pel Caç Nat 58 (1): Onde e em que circunstâncias ? (Afonso M. F. Sousa)

Guiné 63/74 - P1642: A morte do 1º Cabo José da Cruz Mamede, Pel Caç Nat 58 (2) : Em Infandre, a 13 km de Mansoa (Afonso M. F. Sousa)

e ainda > Guiné 63/74 - P1643: A morte do 1º cabo José da Cruz Mamede, do Pel Cacç Nat 58 (3): 10 mortos em emboscada com luta corpo a corpo (César Dias)

4 de Abril de 2007> Guiné 63/74 - P1644: A morte do 1º cabo José da Cruz Mamede, Pel Caç Nat 58 (4): Recordando o mítico Morés (Afonso M.F. Sousa / Carlos Fortunato)

7 de Outubro de 2007> Guiné 63/74 - P2162: O fatídico dia 12 de Outubro de 1970 - Emboscada no itinerário Braia/Infandre (Afonso M. F. Sousa)

domingo, 7 de outubro de 2007

Guiné 63/74 - P2162: O fatídico dia 12 de Outubro de 1970 - Emboscada no itinerário Braia/Infandre (Afonso M. F. Sousa)


Afonso M. F. Sousa, ex-Fur Mil Trms, CART 2412 (Bigene, Binta, Guidage e Barro) (1968/70)

Mais um dossiê organizado pelo nosso camarada Afonso Sousa (1), residente actualmente em Maceda, Ovar, a quem o nosso blogue agradece a persistência, o entusiasmo, a paixão do rigor, o amor da verdade, a discrição e a camaragem (Carlos Vinhal, co-editor)


O fatídico 12 de Outubro de 1970
Guiné - Região de
Mansoa

Dossiê organizado por Afonso M.F. Sousa

A sequência dos momentos que precederam a trágica emboscada (Uma descrição sumária onde se procura circunscrever os passos e os momentos que preencheram este trágico dia do Pel Caç Nat 58 e da CCAÇ 2589)


Brasão do Pel Caç Nat 58

O Pel Caç Nat 58, em Outubro de 1970, estava sediado em Infandre. Defendia, juntamente com a CCAÇ 2589, o itinerário Mansoa - Infandre – Namedão (segurança e picagem).

Um aspecto do aquartelamento de Infandre

Vista parcial do aquartelamento de Infandre

Vista parcial da Parada de Infandre

Militares de Infandre numa pausa do quotidiano de guerra


O 12 de Outubro de 1970

7 horas da manhã. Militares do Pel Caç Nat 58 e da CCAÇ 2589, acantonados em Infandre (cerca de 10 Km a NW de Mansoa), partem deste aquartelamento em direcção a Mansoa, em 2 viaturas Unimog, a fim de efectuarem mais um reabastecimento da Unidade.

Para a detecção de minas, um grupo de militares segue à frente das viaturas, fazendo a habitual picagem da estrada (de terra batida). Duas horas depois a coluna chega a Mansoa.

As viaturas são colocadas nas posições de reabastecimento. Alguns dos militares, como sempre o fazem (sempre que se deslocam à vila), procuram de imediato o único estabelecimento de comidas onde poderão refrear todo o seu justificado apetite pelo esforço destas 2 horas de marcha.

Encaminham-se, como sempre, para a Casa Simões, ali mesmo ao lado da Igreja de Mansoa. O Simões havia também cumprido o seu serviço militar na PM em Bissau e resolveu continuar na Guiné, abrindo em Mansoa um pequeno restaurante, sobretudo para apoio à comunidade militar desta zona. Por aqui, ele estava na boca de quase todos. Os que vinham da periferia não hesitavam em fazer uma visita ao restaurante. Assim aconteceu com estes militares do aquartelamento de Infandre. Era como que reviver, por instantes, sabores e momentos da saudosa Metrópole.

Mansoa > Igreja onde estiveram as urnas, para as devidas honras e formalidades

Mansoa > Na Esplanada da Casa Simões, almoçam os furriéis César Dias e Caetano

Mansoa > O Fur Mil César Dias (à direita) e o 1º Cabo Brogueira

Reconfortados, estes militares lá voltaram ao espaço do reabastecimento. A operação de carga conclui-se. Eram cerca de 11 e meia. Ia começar a viagem de regresso a Infandre. Alguns civis, como de costume, acomodam-se nas viaturas, com as suas compras. A velocidade rondam os 50 - 60 Km/h. Por volta das 11,45h a coluna está à vista do aquartelamento de Braia. Resolvem parar para um cumprimento rápido aos seus vizinhos e camaradas amigos e tomarem uma bebida. Deixam as viaturas sobre a direita da picada e vão até ao interior do fortim. A visita é rápida, não mais que 10 minutos.

Braia > Um aspecto do aquartelamento

Efectivos de Braia > Parte do 3.º Pelotão da CCAÇ 2589 (Os Peras) mais quatro elementos do PEL CAÇ NAT 58 (um deles é o Fur A. Silva Gomes). Os restantes elementos destes dois Pelotões, juntamente com um Grupo de Milícia, constituiam o efectivo de Infandre.

Braia > Interior do aquartelamento (Messe)

Braia > Em posição de continência, o Fur A. Silva Gomes do PEL CAÇ NAT 58

É agora quase meio-dia. Vão retomar o caminho rumo a Infandre. Faltam apenas pouco mais que 4 Km.

Decorrem cerca de 5 minutos, após a partida. Os militares de Braia ouvem um intenso tiroteio para o lado do caminho que a coluna de Infandre seguia. Pressentiram, de imediato, que estava a ser atacada. A sua reacção foi instantânea. As duas viaturas do fortim, puseram-se estrada fora, a toda a velocidade. A estrada descreve uma curva à direita. Há um fardo de palha (talvez colmo) na estrada. Contornam-no. Cerca de trezentos metros depois da curva avistam-se as duas viaturas do aquartelamento de Infandre. Estão paradas na estrada. Em cima delas, nativos de armas apontadas ripostam à progressão dos homens de Braia. Estes saltam das viaturas e começam a progressão de forma mais cautelosa, pelas bermas da picada, junto ao capim. O Furriel António Gomes refere que teve necessidade de reposicionar-se para não ser atingido. Alguém lhe estava a chamar a atenção para isso. A nossa reacção foi determinada e eficaz. Os elementos do PAIGC começam a evadir-se no mato. Os militares socorristas aproximam-se. Junto às duas viaturas o ambiente é desolador, dramático...

Militares mortos e feridos, no chão, em redor das duas viaturas. Os feridos em estado desesperado. Começam a ouvir-se o estrondo das granadas dos obuses de Mansoa que caíam para o lado da fuga do inimigo. Alguém já tinha dado o alerta. Procura-se o socorro possível aos feridos e estabelece-se a comunicação para as necessárias evacuações. O cenário é dantesco e de profunda emoção e tristeza. Um pelotão inteiro está ali, naquele pequeno espaço, completamente abatido. Os olhos humedecidos são de tristeza e de raiva. O inimigo tinha atingido os seus desígnios de forma cruel e bárbara. Diz o Furriel António Gomes: - Deparámos depois que a cerca de 50 metros, para o lado contrário da emboscada, junto a um baga-baga, aí se haviam escondido 5 dos nossos militares, sobreviventes sem ferimentos, que de forma instantânea e algo feliz conseguiram evadir-se através do alto capim, para o outro lado da picada.

Entretanto chegavam também, em socorro, militares de Infandre. Estes demoraram mais porque tiveram que fazer a deslocação a pé (as duas únicas viaturas existentes eram as que tinham sido emboscadas).

Introduzo aqui um parêntesis para referir que tive, entretanto, conhecimento que o 1.º cabo enfermeiro António Oliveira, do Hospital Militar 241 de Bissau, chegou, exactamente ao local da emboscada, por volta das 12,30h. Ele era um dos elementos que integrava a equipa do helicóptero que procedeu à evacuação dos feridos de maior gravidade.

Por ironia do destino, o Oliveira também é da Mealhada e morava a pouco mais de 2 Km do José da Cruz Mamede. Este tinha estado a gozar férias em Bissau onde, conforme combinação prévia, deveria ter visitado o António Oliveira, no Hospital Militar. Por qualquer circunstância o José não esteve com ele e voltou a Infandre uns dias antes da fatídica emboscada.

O António Oliveira reconheceu, no capim, o seu amigo. Estava do lado esquerdo (conforme a orientação das viaturas), a cerca de 10/15 metros da berma da estrada. Já estava sem vida. À minha observação para a distância a que se situava em relação ao local exacto da emboscada, disse-me que, provavelmente, ainda se terá arrastado naquele espaço, enquanto as forças lho permitiram.

Quanto ao Serifo Djaló, que morreu em Bissau, 5 dias depois e o Natcha que morreu em 20 de Novembro, confirma que se tratavam de elementos apanhados nesta emboscada e que haviam sido evacuados para Bissau.

Dada a quantidade de feridos, deram instruções imediatas para que de Bissau, partissem 2 ambulâncias, por estrada. Os 3 ou 4 feridos de maior gravidade, foram, de imediato, evacuados de helicóptero.
Refere que, antes de procederem à descida, no local, um T6 procedeu a bombardeamentos no enfiamento de Morés e Canquebo.

O António Oliveira não põe de lado a hipótese da coluna ter parado entre o fortim de Braia e a zona da emboscada, para dar boleia a alguém da população. Continua, por isso, a haver alguma dúvida se terão parado, para esse efeito (**). A paragem poderia ser tácita com os elementos do PAIGC. Por ora, é ainda uma questão difícil de investigar ou concluir. Sobre esta questão, o ex-Furriel António Silva Gomes (um dos socorristas de Braia) afirma de forma quase peremptória que não houve qualquer paragem, dado que entre a saída de Braia e o momento da emboscada, apenas decorreu um intervalo de cinco minutos.
Quem sabe se algum daqueles 5 militares que estavam ilesos, atrás de um baga-baga, poderiam ajudar a esclarecer o assunto.

O problema é que ainda não se descobriu os seus nomes. Supõe-se que um deles terá sido o 1.º Cabo Costa (Laureano Augusto Costa ?) que esteve emigrado em França e que acaba de regressar à sua terra, em Mirandela. O seu depoimento seria de grande interesse, mas não foi ainda possível contactá-lo.

Segundo o António Oliveira, quem esteve também no local, nesse momento ou no dia seguinte, foi o Marcelino da Mata. O seu testemunho também poderia ajudar na pormenorização de uma ou outra questão sobre as quais pareça subsistir ainda alguma dúvida ou menor clarificação, como, por exemplo, esta: o ex-Furriel César Dias diz que só no dia seguinte (13 de Outubro) foram evacuados, de Mansoa, 6 elementos do Pel Caç Nat 58. O Cabo Enf António Oliveira diz que, de imediato (12 de Outubro), foram chamadas ambulâncias, de Bissau, para procederem à evacuação de todos os feridos que o transporte de helicóptero não pôde contemplar.

Falta saber, quanto ao atado de palha, deixado na estrada (logo após a curva, pouco mais de 1 Km à frente de Braia), se foi ou não aí colocado pelo IN e, em caso afirmativo, se o terá feito antes ou depois da passagem da coluna emboscada.

Os taipais das viaturas encontravam-se muito esburacados por força das rajadas, feitas quase à queima-roupa, já que a emboscada foi executada por elementos do PAIGC, camuflados no alto capim (lado N), a escassos 2 metros da borda da picada. Os nossos militares estimaram que seriam cerca de 100 guerrilheiros, com um relevante potencial de armamento.

O Furriel Dinis César de Castro, foi capturado, tendo-lhe sido exigido que tirasse a farda. Recusou-se, com grande determinação e enorme sentido de patriotismo. Foi cruelmente rasgado, de lado a lado, com rajada de metralhadora. Este incomensurável gesto de patriotismo haveria de ser reconhecido pelo Estado português, quando, na cerimónia do 10 de Junho de 1971, Dinis César de Castro foi condecorado, a título póstumo, com a Cruz de Guerra.

Introduzo aqui um testemunho, recente, de alguém que, na altura, seguiu e viveu este acontecimento:

"12-10-1970 é uma data que recordo com tristeza. Como muitas outras, era mais uma coluna a passar naquele itinerário, (Braia-Infandre), mas daquela vez havia à volta duma centena de guerrilheiros emboscados com morteiros, lança-granadas-foguete e armas automáticas. Chegaram mesmo a lutar corpo a corpo. Sofremos 10 mortos (entre os quais, do Pel Caç Nat 58, o 1.º cabo José Mamede, o 1.º cabo Joaquim Baná e os soldados Cumba, Seidi, Mundi, e Baldée da CCAÇ 2589 o meu amigo Furriel Mil de Op Esp Dinis Castro, e os soldados Joaquim M Silva, Joaquim J Silva, Duarte Gualdino, a quem presto sentida homenagem), 9 feridos graves, 8 feridos ligeiros e um soldado capturado. Recorri aos documentos que guardo com muito carinho, e mais uma vez fiquei emocionado" (Furriel Mil César Dias – CCS BCAÇ 2885, Mansoa)

Em 20 de Novembro de 1970, o Furriel Carlos Fortunato, da CCAÇ 13, que se dirigia para Bissau para participar na Operação Mar Verde, passou no local da emboscada e viu, espetada num tronco, uma granada de RPG-7, que não tinha explodido. Estimava em cerca de 3 Km a distância até Braia. E, de facto, esse cálculo não estava muito longe da realidade.

Mais duas informações, entretanto recolhidas:

- Às 18,35h do próprio dia 12 de Outubro de 1970, o IN flagelou Mansoa, com canhão sem recuo, a partir de Cussanja (junto ao Rio Geba) - 4,4 Km a SE de Mansoa, no entroncamento da estrada Mansoa-Cussaná-Cussanja com a estrada de Jugudul-Porto Gole. Cussanja, pela sua situação, junto à margem do Rio Geba, o IN tinha-a como um ponto privilegiado para flagelações de Mansoa. Tudo indica que esta flagelação terá surgido como retaliação aos bombardeamentos aéreos feitos pelas nossas tropas, logo a seguir à emboscada e teriam como objectivo surpreender os efectivos de Mansoa que estavam preocupados com a recolha dos mortos e feridos e com todas as acções inerentes ao desfecho da emboscada. Cussanja ficava precisamente do lado oposto de Braia/Infandre, a NW de Mansoa.

- As pesquisas levam-nos, por vezes, a resultados surpreendentes, como é este caso que me acaba de ser relatado pelo 1.º Cabo Luís Camões, à altura, em Mansoa: - O condutor de uma das duas viaturas emboscadas, quase dado como desaparecido, surgiu, à noite, em Mansoa (com a sua G3), depois de ter percorrido, pela mata, cerca de 9 km, previsivelmente em puro sofrimento (*). Falta averiguar o seu nome e se ainda permanece entre nós para, neste caso, procurar obter o seu testemunho e o porquê deste seu arriscado procedimento.
(*) Pertencia à C. Caç. 2589 e estava adstrito ao PEL CAÇ NAT 58, em Infandre.

O trajecto

A zona da ocorrência e o percurso para Bissau

No trajecto da emboscada

…e os momentos

7 horas – Saída (Infandre)
9 horas – Chegada a Mansoa
9,30 às 10 h – Alguns dos elementos da coluna fazem a habitual visita à Casa Simões
10 às 11,30 h – Carregamento do reabastecimento
11,50 h - Chegada a Braia
11,45 ás 11,55 h – Paragem em Braia
12,00 h – Emboscada
12,04 h - Ajuda de Braia (chegada a 300m do local da emboscada)
12,10 h – Termo dos confrontos – evasão dos guerrilheiros do PAIGC

Distâncias:

Braia ao local da emboscada: 2,26 Km (0,8 Km na parte recta)
Braia a Infandre: 4,69 Km
Local da emboscada a Infandre: 2,43 Km
Infandre – Mansoa: 9,56 Km
Infandre – Namedão: 8 Km

Recta de 800 metros, entre a estrada da emboscada e a entrada do aquartelamento de Infandre

Local: a cerca de 500 metros do cruzamento para Infandre.
Deslocação de uma das viaturas de Infandre, para apanhar lenha precisamente junto à estrada, a cerca de 1500 metros, onde, mais tarde, havia de acontecer a emboscada


Algures, após o Fortim de Braia

A coluna da CCAÇ 13 acaba de atravessar a bolanha e o Rio Braia e aproxima-se do aquartelamento de Braia

Uma coluna da CCAÇ 13 após atravessar a bolanha, junto ao Rio Braia

Notas:

Justificação do espaço de 5 minutos entre a saída da coluna de Braia e o momento da emboscada:

Saída do fortim, chegada às viaturas e pô-las em movimento: 2 minutos.
Percurso de 2,26 Km (à velocidade provável de 50 Km/h): 2,71 minutos.
(total: +/- 5 minutos).

Tem este cálculo o objectivo de comprovar (e confirmar testemunhos) de que neste espaço de 2,26 Km a coluna não fez qualquer paragem e que o molho de palha encontrado na estrada, pelos militares de Braia, terá, eventual e estrategicamente, ali sido colocado por algum dos guerrilheiros do PAIGC, logo após a passagem da coluna, talvez com o objectivo de confundir ou surpreender os homens de Braia ou moderar a passagem das suas viaturas.

- José da Cruz Mamede (n.º 17762169), desembarcou em Bissau em 21/11/69. Veio, em rendição individual, para substituir o 1.º Cabo Joaquim da Silva Magalhães (n.º 01779368), falecido em combate (PEL CAÇ NAT 58) em 30/8/69.

- O Pel Caç Nat 58 chegou a Infandre a 16/11/69, para substituir o Pel Caç Nat 62, que foi extinto.

- Durante a permanência em Infandre, o Pel Caç Nat 58 sofreu 16 confrontos, entre flagelações e emboscadas.

- À data da emboscada, era esta a distribuição dos efectivos militares, nestes 2 destacamentos:


Infandre: 2 SEC do Pel Caç Nat 58 + 1 SEC de um 1 Gr Comb da CCAÇ 2589 + Grupo de Milícia
Braia: 2 SEC de um PEL da CCAÇ 2589 + 1 SEC do Pel Caç Nat 58

- Henrique Martins de Brito – Furriel – mais tarde (20/11/70), viria a ser evacuado para a Metrópole, não se sabe se em consequência de ferimentos, nesta emboscada.
- Era comandante do PEL CAÇ NAT 58 o Alferes Eduardo Ribeiro Manuel Cardoso Guerra que não esteve envolvido neste acontecimento, visto não ter feito parte da coluna de reabastecimento. Consta-se que, posteriormente, foi evacuado para a Metrópole, não se sabe se por doença ou por ferimentos em combate.

- Em Mansoa estava sediado o BCAÇ 2885 (RI 15 – Tomar – Maio de 1969 a Fevereiro de 1971).

- Manuel João Mimoso Belo – (Sacavém) – Foi posteriormente para Infandre, para substituir o José da Cruz Mamede.

- Rendição do BCAÇ 2885 pelo BCAÇ 3832 (RI 2 – Abrantes - Janeiro de 1971 a Janeiro de 1973.

José da Cruz Mamede > Um quadro de saudade

Os mortos e feridos

A trágica ocorrência redundou em 10 mortos, 9 feridos, 8 feridos ligeiros e um soldado capturado. (6 mortos e 6 feridos(*) eram do Pel Caç Nat 58 e os restantes da CCAÇ 2589 e população) .

(*) Dois, vieram depois a falecer em Bissau, o que elevou o número de mortos, do Pel Caç Nat 58, para oito.

Listagem de mortos do PEL CAÇ NAT 58 e da CCAÇ 2589

As listas dos combatentes falecidos no Ultramar, que podem ser consultas no site da APAV, ou da Liga dos Combatentes, nem sempre são rigorosas, neste caso omitiram o falecimento do (Sold) Joaquim Manuel da Silva da CCAÇ 2589 - (12/10/1970).

Lista dos mortos do Pel Caç Nat 58

Bomboro Joaquim - 21-08-1969
Joaquim da Silva Magalhães, 1.º Cabo - 30-08-1969
José da Cruz Mamede, 1.º Cabo - 12-10-1970
Joaquim Banam, 1.º Cabo - 12-10-1970
Idrissa Seidi, Sold - 12-10-1970
Tangina Mute, Sold - 12-10-1970
Betaquete Cumbá, Sold - 12-10-1970
Gilberto Mamadú Baldé, Sold - 12-10-1970
Serifo Djaló, Sold - 17-10-1970
Natcha Quefique, Sold - 20-11-1970

Lista dos mortos da CCAÇ 2589/BCAÇ 2885

José Luciano Veríssimo Franco - 29-05-1969
António José Penhasco da Costa - 09-11-1969
Joaquim Moreira Marques - 09-11-1969
Dinis César de Castro, Fur Mil - 12-10-1970
Duarte Ribeiro Gualdino, Sold - 12-10-1970
Joaquim João da Silva, Sold - 12-10-1970

- Em 20-11-1970, o Fur Mil Henrique Martins de Brito, do Pel Caç Nat 58, foi evacuado para a Metrópole.

Feridos do Pel Caç Nat 58 evacuados de Mansoa, para o HM241 de Bissau, no dia seguinte ao da emboscada:

- Augusto Ali Jaló – 2.º Sarg Mil
- Jamba Seidi – 1.º Cabo
- Malam Dabó – Sold
- Serifo Djaló – Sold – (Viria a falecer 4 dias depois – 17-10-1970)
- Jorge Cantibar – Sold
- Samba Canté – Sold

Agradecimentos

A todos os que, de alguma forma, contribuíram com as suas informações ou testemunhos, para que se pudesse encontrar a clarificação possível sobre esta trágica ocorrência.

Entre esses, permito-me destacar:

- César Dias (1)
- António Silva Gomes (2)
- “Kimbas do Olossato” (3)
- Benjamim Durães (4)
- Manuel João Mimoso Belo (5)
- Dinis Pinto Silva (6)
- Manuel Simões (7)
- Carlos Fortunato (8)
- “Os Leões Negros” (9)
- Luís Graça (10)
- Paulo Raposo (11)
- Joaquim Mexia Alves (12)
- Jorge Cabral
- Augusto Ali Jaló
- Eduardo Ribeiro (13)
- Artur Conceição
- Paulo Reis (Inglaterra) (14)
- Aniceto Henrique Afonso (15)
- António Oliveira (16)
- Lucília da Cruz Mamede (17)

Nenhuma pesquisa deste género poderá dar-se por finalizada enquanto subsistirem dúvidas, omissões, imprecisões ou desencontro de informações.

Pese embora toda a boa vontade, interesse e persuasão, como esforço investigativo, a exactidão, pela exaustão e cruzamento dos relatos, o fundamento dos conceitos ou a isenção, são factores determinantes que conduzem à autêntica realidade. Enquanto não se atingir esse patamar, teremos sempre e apenas relatos próximos ou tendentes a essa certeza, por onde, eventualmente, perpassam ainda algumas interrogações.

Vem a propósito referir que o Carlos Fortunato conta voltar a Infandre (provavelmente ainda este ano de 2007) e propõe-se encontrar alguém que tenha estado envolvido nesta sinistra emboscada, que vitimou, praticamente, um pelotão. Será agora um repórter, quase quarenta anos depois de haver calcado aquelas paragens, envergando a farda do exército português. Ele irá à procura de outros eventuais pormenores, testemunhos e justificações e trará mais algumas imagens da realidade presente destas terras de Mansoa.

(**) Testemunho que acabo de obter de um dos feridos na emboscada :

-"Augusto Ali Jaló, então 2.º Sargento, era o Comandante desta coluna de reabastecimento. Acabo de localizá-lo na zona de Lisboa. Tive com ele uma agradável conversação, no sentido de tentar obter a clarificação de algumas destas questões. Nesta coluna, o Augusto seguia na viatura da frente, a mesma onde também seguia o José Mamede. Ao eclodir da emboscada, saltou da viatura. Não foi atingido mas sofreu um severo trautamatismo craneano e uma grave contusão no joelho esquerdo. O helicóptero que se apresentou no local, 20 minutos depois da emboscada, levou o Jaló para Bissau, juntamente com outros 3 dos feridos mais graves. Esteve 3 meses, com gesso, no Hospital de Bissau.

Quanto à sua condecoração, confirma-se. Na cerimónia do 10 de Junho de 1970, em Bissau, foi condecorado com a medalha de cobre de Serviços Distintos com Palma. Em Agosto, seguinte, foi promovido a 2.º Sargento.

Outras clarificações:

- O Furriel Henrique Martins de Brito, evacuado para a Metrópole 8 dias depois da emboscada, não participou nesta coluna de reabastecimento. A sua evacuação terá derivado de doença.
- O molho de palha (molho de "fundo", segundo o Jaló) que estava na estrada, após a curva, foi deixado por algum elemento da população, logo após ouvir a 1.ª detonação da emboscada. Não se tratou, por isso, de qualquer estratagema do PAIGC. Quando a coluna passou não estava lá.

- Confirma o Augusto Jaló que não pararam para dar qualquer boleia o que, de todo, dissipa algumas dúvidas que ainda existiam sobre esta questão.

E revela ainda: na zona da emboscada, os guerrilheiros haviam colocado uma mina anti-carro mas, à vista da coluna e à sua aproximação ao sítio da mina, os guerrilheiros anteciparam-se com uma roquetada. O condutor da 1.ª viatura (onde ia o Jaló), desviou-se ligeiramente para a direita e, por felicidade, contornou a mina, não a accionando. De contrário a tragédia teria sido ainda maior. O José Mamede ia do lado direito dessa 1.ª viatura (lado da emboscada e lado do Morés). Foi atingido e ainda encetou um movimento de refúgio para o lado esquerdo. Morreu a cerca de 15 metros da estrada. Foi aí que o seu conterrâneo e amigo António Oliveira (1.º Cabo Enf do HM241 de Bissau) o encontrou, após a descida do helicóptero que veio proceder à evacuação dos feridos de maior gravidade, entre eles o Jaló.

- Confirma também o Augusto que uma secção do PEL CAÇ NAT 58 fez a picagem entre Infandre e Mansoa e que alguns dos elementos da coluna estiveram a comer na Casa do Simões (a) e na Tasca da Emília de Sá.
O Jaló, como responsável da coluna, não pôde deslocar-se a estes estabelecimentos, de visita costumada, por estar envolvido na orientação do reabastecimento.
(a) hoje, gerente e proprietário de “O Painel – Restaurante Simões, Lda”, próximo da Curia.
- Sobre os 5 militares que se protegeram atrás de um baga-baga, não sabe dizer quem eram, dado que estava muito ferido e foi, de seguida, evacuado para Bissau. O mesmo e pelas mesmas circunstâncias, quanto ao condutor que, à noite, apareceu em Mansoa, apenas acompanhado da sua G3.
- Os militares mortos foram levados para Mansoa, onde estiveram na igreja local, para as habituais formalidades.

Outros testemunhos poderão, ainda, vir a ser obtidos, no sentido de chegar a um registo factual, tão exaustivo quanto possível, sobre este trágico acontecimento.

Fotos cedidas por gentileza de:

António Silva Gomes (Lisboa – ex-Fur Mil Pel Caç Nat 58
Joaquim Carlos Fortunato (Lisboa) - ex-F Mil CCAÇ 13
César V. Dias (Santiago do Cacém) - ex-Fur Mil - BCAÇ 2885 (Mansoa)
Lucília Cruz Mamede – (Casal Comba – Mealhada)- Irmã do falecido José da Cruz Mamede
Com o meu especial agradecimento.


Fotos:© António S.Gomes, J.Carlos Fortunato, César Dias e Lucília Cruz Mamede (2007). Direitos reservados.

“Recordar é manter a memória colectiva ao transmitir os factos do passado às novas gerações”.
Afonso M. Ferreira Sousa

(1) – Fur Mil – CCS BCAÇ 2885 (Mansoa) – Procedeu a um armadilhamento na zona Braia-Infandre (por estas alturas).
(2) – Fur Mil – Pel Caç Nat 58 – Braia
(3) – Onde coloquei esta 1.ª mensagem, em Setembro de 2005, questionando se alguém poderia informar onde estaria sediado o Pel Caç Nat 58, em Outubro de 1970.
(4) – Fur Mil - CCS/BART 2917 - Foi crucial para o seguimento da pesquisa. Foi ele que, após ter visto a minha mensagem (de 2005) no sítio Kimbas do Olossato, se me dirigiu, em 18/3/2007, para me fornecer o guião do Pel Caç Nat 58.
(5) – 1.º Cabo – Pel Caç Nat 58 - Infandre
(6) – 1.º Cabo – Pel Caç Nat 58 – Infandre (depois da comissão: professor em Infandre).
(7) – Restaurante Simões dos Leitões – Tamengos (junto à Curia, Anadia) - telefone 231202031
(8 ) - Fur Mil – CCAÇ 13 - jcfortunato@yahoo.com
(9) - Site da CCAÇ 13 (http://leoesnegros.com.sapo.pt/)
Na página da CCAÇ 13 existe uma sub-página dedicada a este tema, com o título Pel Caç Nat 58.
(10) – Editor do maior Blog sobre a Guerra na Guiné: Luís Graça & Camaradas da Guiné
(11) – Alf Mil - CCAÇ 2405/BCAÇ 2852)
(12) - Alf Mil - CART 3492 – Pel Caç Nat 52 – CCAÇ 15
(13) - CCS/BCAÇ 4612 (mais conhecido por Pira de Mansoa)
(14) - pcv_reis@yahoo.co.uk – jornalista em missão de pesquisa nos arquivos do CTIG.
(15) - Ten Cor – Director do Arquivo Histórico Militar (Exército) – ahm@exercito.pt
(16) - 1.º Cabo Enfermeiro do HM241 de Bissau – Fez parte da equipa heli-transportada que procedeu à evacuação de alguns dos feridos, a partir do local da emboscada.
(17) –Irmã do falecido José da Cruz Mamede.
__________________

Nota de CV:

(1) Vd. posts sobre a emboscada do Infandre de 3 de Abril de 2007:

Guiné 63/74 - P1641: A morte do 1º Cabo José da Cruz Mamede, do Pel Caç Nat 58 (1): Onde e em que circunstâncias ? (Afonso M. F. Sousa)

Guiné 63/74 - P1642: A morte do 1º Cabo José da Cruz Mamede, Pel Caç Nat 58 (2) : Em Infandre, a 13 km de Mansoa (Afonso M. F. Sousa)

Guiné 63/74 - P1643: A morte do 1º cabo José da Cruz Mamede, do Pel Cacç Nat 58 (3): 10 mortos em emboscada com luta corpo a corpo (César Dias)

terça-feira, 3 de abril de 2007

Guiné 63/74 - P1642: A morte do 1º Cabo José da Cruz Mamede, Pel Caç Nat 58 (2) : Em Infandre, a 13 km de Mansoa (Afonso M. F. Sousa)

1. Mensagem do Afonso M. F. Sousa:

Olá, caro amigo Benjamim !

Com que satisfação recebi este seu mail, dando-me indicações sobre o trajecto do Pelotão de Caçadores nº 58 (1). Este é um assunto que me vem interessando há já algum tempo. Efectivamente, persisto em tentar descobrir o aonde, quando e em que circunstâncias terá caído mortalmente um amigo e conterrâneo meu, na Guiné (em 12/10/1970). É um objectivo que eu e uma irmã dele perseguimos com todo o entusiasmo.

Diligências nesse sentido já fiz muitas, mas não tinha ainda obtido quaisquer resultados práticos. Talvez que, agora, com a sua prestimosa informação, se possa avançar na procura do alferes ou furriel que em 12 de Outubro de 1970 comandava o Pel Caç Nat 58, em Infandre (a 13 Km de Mansoa, a 45 Km de Bambadinca e a 50 Km de Bissau).

Um deles poder-me-ia informar o sítio exacto da sua morte e em que circunstâncias. Vamos ver se consigo chegar a este desiderato.

Sei que a CCAÇ 13 fez patrulhamentos nesta zona, a partir de 7 de Março de 1971.Quem sabe se algum dos seus elementos conhecia o nome do alferes, comandante daquele pelotão, em Outubro de 70, ou algum outro dos seus elementos brancos. Sei que o Carlos Fortunato pertenceu à CCAÇ 13 e, eventualmente, talvez me possa dizer algo sobre isto. Por isso tomo a ousadia de lhe enviar, também, cópia deste mail, agradecendo-lhe, desde já, a sua eventual ajuda. E, se calhar, atrevo-me a pedir igual favor a outros nossos amigos que estiveram em terras de Mansoa, como o Paulo Lage Raposo, o José Afonso ou o Joaquim Mexia Alves, aos quais, antecipidamente peço
desculpa do meu atrevimento.

Um grandes abraço para todos.

Afonso M. F. Sousa

2. O Benjamim Durães, em mail de 1 de Abril de 2007, sugeriu ao Afonso para contactar o César Vieira Dias (2), membro recente da nossa tertúlia:

(...) "Aqui volto a dar-te mais algumas dicas quanto ao Pel Caç Nat 58 que esteve em Infandre.

"Salvo melhor opinião, penso que o Pel Caç Nat 58, em Outuibro de 1970 (mês em que morreu o teu amigo, 1º Cano José da Cruz Mamede) estava sob o comando da CCS do BCAÇ 2885, de que fazia parte o Furriel Miliciano César Dias, membro da nossa tertúlia. Talvez ele possa dar mais alguma informação" (...).

___________

Notas de L. G.:

(1) Vd. post de 3 de Abril de 2007 > Guiné 63/74 - P1641: A morte do 1º Cabo José da Cruz Mamede, do Pel Caç Nat 58 (1): Onde e em que circunstâncias ? (Afonso M. F. Sousa)

(2) Vd. post de 1 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1557: No regresso éramos menos 32 (César Dias, CCS do BCAÇ 2885, Mansoa, 1969/71)